-“O Yuki foi o meu primeiro amor. Também gosto do Kyo...Mas para mim, o Yuki é muito especial.” Foi exatamente isso que ele me disse.

-Eu percebi que o Kyo estava ainda mais irritado do que o normal durante o jogo. E as suas ondas estavam bem estranhas.

-E o que a sua alteza falou dessa declaração de amor?

-Humm... Perguntou o que ele ia fazer caso eu acreditasse naquilo. E o Hatsuharu-kun falou com toda a tranqüilidade que aquilo era a mais pura verdade.

-Err... será que esse garoto é yaoi, mesmo? Hei Hana-chan, me passa uma bolacha.

As três garotas estavam sentadas na grama comendo os seus lanches durante o intervalo do almoço.

-Aqui está Uo-chan. Mas, acho muito bonito quando uma pessoa fala tão calmamente sobre os seus sentimentos.

-Mas talvez o Hatsuharu-kun só estava brincando mesmo.

-Mas Tohru-chan, ele não está lá na casa do Shigure-san cuidando do Yuki-kun? Acho que pode ser verdade sim.

-A Hana-chan tem razão.

-E também as ondas do Kyo estão ainda piores esses dias.

Elas olham para o Kyo que estava sentado embaixo de uma árvore e a fracassada tentativa dos colegas de classe de falar com ele.

-Err... Eu vou tentar conversar com ele.

Tohru se levanta para ir falar com o Kyo, e a Hanajima fica a observando e enquanto comia a bolacha.

#Eu fiquei com inveja do Hatsuharu, por ele poder falar tão abertamente sobre os seus sentimentos. Durante anos eu tentei negar o que sinto pela Tohru para mim mesma. E ainda hoje, eu não tenho coragem de contar para ninguém o que sinto por ela.#

Saki se levanta e bate a poeira que estava na sua saia, ver a Tohru conversando tão tranqüilamente com o Kyo, alegrava o seu coração, mas ao mesmo tempo a deixava um pouco ferida.

-Uo-chan, eu vou ao banheiro.

-Peraí que vou também.

As duas garotas passam pela Tohru e Kyo, mas os dois nem percebem.

Aquele era o terceiro dia seguido que o Hatsuharu estava cuidando do Yuki. Suas crises de asma e a febre já estavam mais fracas agora.Haru voltava para o quarto levando uma pequena travessa com água gelada e um pano, para colocar mais uma vez na testa do Yuki. Ele se ajoelha ao lado da cama e começa a fazer a compressa no primo que dormia.

#Não me canso de vê-lo assim. A cada instante ele fica ainda mais bonito.#

Haru coloca delicadamente mais uma vez a compressa na testa do garoto.

-Haru... Já falei que não precisa fazer mais isso.

-Eu sei.

-Então por que continua fazendo?

-Porque eu quero.

Haru deixa a compressa na testa do garoto e volta a se sentar no chão olhando para o garoto que falava com os olhos fechados.

-Enquanto a gripe do Shigure e a daquele gato idiota durou apenas uma noite a minha já dura a dias. Eu me odeio por ter essa saúde tão frágil assim.

-Hei, já falei para não dizer que se odeia.

-Eu... eu não me sinto bem por saber que está perdendo tantos dias de aula por minha culpa.

Haru se levanta do chão e se senta na cama ao lado do garoto.

-Já falei que estou fazendo isso porque eu quero. Eu gosto de você.

Yuki fica ainda mais vermelho e vira o rosto.

-Haru, já falei para não fazer essas brincadeiras.

-Mas não é brincadeira, eu...

BLAMM

-Cadê o meu amado e doentinho irmãozinho. Vim assim que fiquei sabendo do seu pobre infortúnio. O Tori-san apenas me contou hoje o que estava acontecendo com o meu amado irmãozinho.

-Se viesse mais vezes em minha casa saberia o que está acontecendo com o seu amado irmão.

Ayame havia entrando correndo pela casa, e ido voando para os quartos, nem ao mesmo se lembrou que o Shigure poderia estar em casa naquela hora. O escritor estava parado na porta com os braços cruzados e lhe olhando bem sério.

-OH, CHERRY..... CHERRY MEU QUERIDO CHERRYY.....

Ayame se aproxima dele e fala todo meigo.

-Me perdoe, mas sabe como fico quando se trata do meu amado irmãozinho.

Shigure segura em suas mãos e lhe fala olhando nos olhos.

-Só te perdôo por que ele é o seu irmão.

-Hei, querem parar com esse teatrinho na frente das crianças.

-uhm, até parece que isso é apenas um teatro.

Haru fala em voz baixa, mas o Yuki acaba escutando, mas não tem tempo de falar nada, porque o Hatori já estava ao seu lado para examinar o garoto.

-Pelo visto o Haru-kun está sendo um bom enfermeiro. Já está com um aspecto melhor, Yuki-kun.

-Ele não sai do lado do Yuki-kun, Haa-san. A pobre da Tohru-kun nem tem chance de cuidar dele.

-Tohru-kun?? Ah.. Tohru Honda é a jovem que está morando aqui com vocês. Onde ela está? Ela ainda não teve a grande honra de conhecer ao mais lindo dos Sohmas. Pelo visto, não é uma menina muito educada, ainda não apareceu para me cumprimentar.

-A Tohru-chan está na escola agora, não é mesmo, Shii-chan?

-Também está aqui Momicchi? Daqui a pouco ela estará em casa.

-Eu vim ver a Tohru-chan e também para trazer a lição de hoje para o Haru-kun. Ahhh, e também para ver o Yuki-kun. Te trouxe algumas frutas.

O possuído pelo espírito do coelho entrega a cesta de frutas para o garoto que estava sentado na cama enquanto era examinado pelo Hatori.

-Obrigado, Momiji-kun.

Yuki começa a olhar cada uma daquelas frutas e fica espantado.

-Momiji-kun, como é que você sabia de todas as frutas que eu gosto?

-Ah, foi o Haru-kun quem me falou. Eu vou esperar pela Tohru-chan lá embaixo.

Yuki apenas olha com os cantos dos olhos o primo que estava sentado novamente no chão e que se distraia mexendo o pingente da corrente que tinha no pescoço.

#Ele sabe tanto assim de mim? Não me lembro de ter lhe contado que eu gostava de maçãs verdes.#

O médico acaba de lhe examinar e se levanta da cama.

-A sua respiração já está melhor, mas ainda não está 100%. Acho que deveria aproveitar que hoje é sexta e ir descansar mais um pouco nas termas. Um banho termal lhe fará bem.

-Sim.. Sim... O Tori-san está certo. Que sorte nós temos por ter um médico tão brilhante na família. Um final de semana relaxante numa piscina natural de água quente é o que fará com que o meu amado irmãozinho se recupere por completo. Irei ligar agora mesmo na sede para pedir dois motoristas para irmos. Venha meu querido Cherry. Vamos arrumar as suas coisas também. A quanto tempo que não passamos um final de semana juntos. Quero que leve aquela cueca de seda que veio de Paris, vamos... vamos...

Ayame sai do quarto e o Shigure vai atrás dele, deixando o Yuki cheio de raiva sentado na cama.

-Não adianta ficar assim. Pode deixar que irei falar com ele para que não vão.

-Não, deixa. Ele parece que está preocupado também, apesar de não agir da mesma forma.

-Uhmm, mais um efeito Tohru Honda. Essa menina está conseguindo te deixar uma pessoa mais tranqüila mesmo.

-Já que o Ayame e o Shigure também irão, por que não a convidam para ir também?

-O Tori-nii tem razão. Acho que ela vai curtir muito. Você também irá?

-Eu não posso. A saúde de Akito-san também não está nada boa. #Se eu for viajar agora é capaz que piore ainda mais.# -Avisarei os seus pais que você foi para as termas. Qualquer coisa me telefone.

O médico sai fechando a porta do quarto e o Haru se levanta do chão para começar a arrumar as coisas do garoto. Yuki não fala nada, apenas fica o observando silenciosamente.

#Eu queria perguntar o que ele quis dizer com aquilo que falou do meu irmão e do Shigure, mas acho melhor deixar para lhe perguntar depois.#

O garoto volta a se deitar sem tirar os olhos do garoto que não percebia nada.

#Não é possível. Ele fala aquelas coisas só para me deixar envergonhado. É claro que ele não gosta de mim. Ele é um homem como eu, como ele poderia gostar de mim.#

Continua...