I.

Durante os dois meses seguintes a rotina de Sora foi a mesma. Acordava sem muito ânimo, fazia sua refeição matinal, ia até o consultório médico uma vez por semana para poder acompanhar a gravidez com todas as tensões que passava, visitava o Leon no hospital, voltava para seu apartamento e ficava lá até o outro dia.

As amigas ficavam preocupadas com o estado dela, mas preferiam deixá-la com sua rotina. Não queriam tirá-la do sério, se ela estava se cuidando e ficando saudável já estava de bom tamanho. Parecia que a japonesa estava começando a aceitar a nova vida que levaria pela frente. Até a criança ela parecia aceitar mais. Sempre que as meninas viam a acrobata, ela estava comendo uma fruta, uma salada de frutas ou tomando um suco natural.

As coisas pareciam estar se encaixando. Ouvira mais vezes a voz de Leon em sua mente. Sabia que não era realmente ele que estava falando com ela, mas aquilo a reconfortava. Aquela voz parecia fazê-la se sentir melhor e aceitar mais aquela vida que o destino tinha reservado para ela. O filho que ela carregava no ventre já não era um fardo tão grande para ela carregar. Pelo menos ela não o via mais assim.

Cada dia que passava parecia que Leon estava querendo se recuperar. As vezes Sora dizia aos médicos que tinha visto ele levantar um dedo ou parecer piscar. Os médicos sempre diziam que era impossível, mas ela sentia que mais cedo ou mais tarde ele voltaria para ela.

Naquele dia, a jovem japonesa estava mais animada. Era como se algo tivesse dito para ela que algo maravilhoso iria acontecer em sua vida e a mudaria para sempre. Nos últimos meses ela se apegara demais no que sentia, e isso não estava a desapontando.

– Bom dia May! – encontrou a chinesa no corredor quando estava indo para o refeitório.

– Bom dia Sora! Vejo que o brilho retornou aos seus olhos. E como vai o pequeno ou pequena? – todos já podiam brincar e falar sobre aquele ser pequenininho que crescia dentro dela sem se preocuparem. A mãe até gostava disso.

– Vamos lá ao refeitório. Eu estou morrendo de fome e esse aqui também – disse passando a mão em sua barriga. – Aliás, eu queria conversar com você.

– Tudo bem, eu estava indo para lá também. Estava indo chamar a Mia, mas vamos! – disse animada e as duas foram para o refeitório.

Quando chegaram no refeitório, sentaram numa mesa vazia no canto. O que Sora queria conversar era particular com May e não queria que ninguém mais ouvisse.

– May, eu acordei hoje com uma sensação boa. Sabe, como se algo maravilhoso fosse acontecer na minha vida. – a japonesa sorria muito enquanto falava e seus olhos brilhavam com um brilho até então desaparecido.

– Você ainda acredita que se chegar no hospital o Leon vai reagir a sua voz? Você disse isso a três semanas e até agora nada Sora. Acho melhor você não se apegar a coisas tão incertas.

– Já tem quatro meses que ele está nesse estado, li reportagens sobre pessoas que os médicos dizem que estão de coma por tempo indeterminado acordarem três ou quatro meses depois.

– Bom... Se você acredita nisso e se sente melhor assim. Eu também acredito que ele vai sair dessa.

A japonesa parou por alguns segundos e respirou fundo. Não era sobre aquilo que queria conversar com a amiga. E queria saber como poderia começar.

– Mas, não era sobre isso que eu queria falar com você. – respirou fundo novamente. – Como você sabe, eu faço cinco meses de gravidez daqui duas semanas.

– Sim, você quer que façamos chá de bebê?

– Não é isso. É que como eu te falei, sinto que o Leon vai voltar a qualquer momento. Se isso acontecer, como vou aparecer assim para ele? Como vou dizer para ele que estou esperando um filho de outro? – Sora não conseguia mencionar o nome do pai da criança, mesmo já aceitando bem o seu destino ainda não queria lembrar daquele ser humano.

– Ele não reagiria de uma forma muito boa, eu creio.

– Isso mesmo! É disso que tenho medo. Não quero perder o homem que eu amo por estar grávida de outro.

– Infelizmente amiga, isso é uma coisa que só podemos afirmar e ver como vai ser quando acontecer. Mas tenho certeza de que ele poderia tentar entender. O Leon ama muito você, e não te deixaria mesmo sabendo que você está esperando um filho do rival dele. – May não queria se expressar mal, mas aquilo era verdade. Mesmo que os dois tinham resolvido as suas diferenças, a mágoa ainda existia e agora estava se formando outra.

– Bom... Hoje vou lá visitá-lo. E queria muito que reagisse à minha voz.

o-o-o-o-o-o-o-o

Fazia dois meses que o jovem pintor enviava dinheiro para a acrobata. Aquela contribuição mais servia para que ela não falasse para ninguém sobre ele ser o pai. Não achava certo subornar Sora daquele jeito, mas estava com muito medo de perder Layla. Além de tudo, faltava apenas dois meses para ele subir ao altar e aceitar viver para sempre ao lado da leonina e não queria que nada estragasse aquilo. Depois, com o tempo, ele contaria para a esposa toda a verdade. Mas naquele momento não era uma boa ideia.

– No que você tanto pensa meu amor? – Layla estava deitada na cama, enrolada com um lençol. Havia passado mais uma noite de amor com aquele que ela amava. Mas uma coisa a intrigava, todas as vezes que eles faziam amor, Yuri ia até a janela e ficava a pensar em coisas.

A leonina tirou-o de seus pensamentos e ele voltou sua atenção para ela. Quando seus olhos viram-na sentada na cama enrolada no lençol, teve certeza de queria aquela mulher em sua vida para sempre. Amava-a com todas as suas forças.

– Não é nada demais, mon amour! Só estava pensando em quanto você é linda e que te quero ao meu lado pelo resto da minha vida. – beijou os lábios da atriz com muito amor e deitou-se sobre ela. Depois de muitos beijos e carinhos, fizeram novamente amor.

II.

Já era meio dia, e a japonesa já estava indo para o hospital. Enquanto caminhava até lá, pedia mentalmente que seu desejo se tornasse realidade e que Leon voltasse para ela naquele dia. Ao mesmo tempo em que seu estômago revirava com a ideia de ele a ver assim.

Chegando ao hospital, cumprimentou todos os trabalhadores no caminho e rumou em direção a UTI, onde fora seu destino nos quatros meses. Cumprimentou as enfermeiras daquela ala e foi até o quarto. Seu coração batia forte, sua respiração estava começando a ficar ofegante quando segurou na maçaneta e abriu a porta. Adentrou no quarto e se aproximou da cama. Leon estava como no dia anterior que ela tinha ido visitá-lo. Mas ela acreditava que aquele dia seria diferente.

– Boa tarde meu amor! Como você está se sentindo hoje? Você parece melhor que ontem. Eu estou bem e vivendo na medida do possível. Mas você faz muita falta. Já faz quatro meses que eu não tenho você, queria muito você aqui comigo. Volta pra mim... – Lágrimas começaram a escorrer dos olhos da acrobata, mas ela as enxugou. – Me perdoe, não queria chorar perto de você. Lembra que eu te prometi que seria forte e não choraria? Eu estou fazendo o meu possível, mas é muito difícil aqui sem você.

A jovem segurou na mão do acrobata e fazia carinho. Olhava para ele e lágrimas teimavam em cair. Ergueu sua mão e deu um beijo nas costas da mão do rapaz. Carinho era uma coisa que a acrobata não deixava faltar para o rapaz, em circunstância nenhuma.

– Volta para mim! Sou eu... A sua Sora. O seu amor. Volta pra mim... – fechou os olhos e continuou a derramar lágrimas freneticamente. – Se você pode me ouvir, por favor aperte a minha mão.

Todas as vezes que a jovem visitava-o pedia para apertar a mão se conseguisse ouvir, mas nada acontecia. E mais uma vez ela ficava frustrada. Mas ela acreditava que aquele dia seria diferente, tinha que ser. Ela necessitava daquela resposta dele, e ele precisava responder a ela.

– Eu te amo Leon! Preciso de você meu amor, volta pra mim! Aperte a minha mão se você puder me ouvir.

Naquele momento a porta do quarto se abriu e Kate entrou no quarto. Fazia uma visita rotineira ao acrobata. E também para ficar de olho em Sora. Acreditava que o amor que ela sentia por Leon podia o trazer de volta, mesmo que pela ciência aquilo fosse impossível.

– Ei Sora! Algum progresso?

– Não, nenhum! Mas eu não quero desistir. Eu preciso dele aqui comigo Kate, eu quero que ele volte para mim. Queria saber se ele está me ouvindo ou não. Mas parece que tudo que eu faço é em vão. Será que devo acreditar no que os médicos dizem em relação ao estado dele? Que é irreversível?

A jovem sentiu algo se mexer na sua mão. Quando olhou para a sua mão segurando a de Leon viu que ele estava tentando apertar a mão de Sora. O choro ficou muito mais alto e a jovem levou a mão livre a boca sem acreditar que ele realmente tinha respondido ao seu pedido.

– Ele apertou a minha mão! Ele apertou sim!

Kate se aproximou da cama e viu que Leon estava segurando na mão de Sora. Não conseguia acreditar no que estava vendo. Depois de quatro meses, ele estava reagindo a voz da garota. A médica rapidamente saiu do quarto e foi contar para os demais médicos e pedirem que fosse feito alguns exames nele para saber se ele estava retornando mesmo.

Sora aproximou seus lábios dos dele e selou com um beijo carinhoso e sentiu que ele queria retribuir, mas não conseguia fazer de forma perfeita. Aquilo era incrível demais. Nem ela que tanto esperava sabia como reagir àquilo. Pegou o celular e discou para a amiga loira e esperou que ela atendesse do outro lado da linha.

Alô! Oi Sora. – a voz da loira estava animada.

– Oi Srtª Layla. Eu to aqui no hospital, e o Leon reagiu a minha voz. Ele está voltando! – começou a chorar novamente.

Sério? Você vai ficar aí ou vai para casa?

– Vou ficar aqui. Eles vão fazer uns exames nele para saberem se ele está fora de perigo e se está mesmo voltando.

Vou passar aí então. Daqui a pouco estou ai!

– Obrigada Srtª Layla! Até daqui a pouco.

A ligação se finalizou e Sora ligou para todos os seus amigos para dar as boas notícias. Estava muito feliz e realmente aquilo com que sonhara tanto estava acontecendo. A vida estava voltando para seus olhos.

Meia hora depois a loira chegou ao hospital e foi em direção a lanchonete, onde Sora havia falado com ela segundo antes que estaria esperando-a. Entrou na lanchonete e avistou a japonesa sentada numa das mesas sozinha, aproximou-se e sentou na cadeira ao lado.

– Como você está?

– Eu não consigo descrever o que estou sentindo. É algo maravilhoso. Parece que meu coração vai saltar do meu peito. Sabe aquela sensação de que você vai se encontrar com a pessoa que você ama pela primeira vez?

– Sei! – a loira segurou na mão de Sora e abriu um sorriso para a mesma. – Vai dar tudo certo. E vocês vão ser muito felizes.

– Espero muito que isso aconteça, espero mesmo.

– Haverá de acontecer.

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Enquanto isso no Kaleido Stage todos estavam animados. A notícia de Sora era muito boa. A esperança voltou aos olhos de todos os funcionários. Ninguém acreditava muito na recuperação de Leon, apenas Sora apostava alto que ele voltaria. E agora a razão sempre esteve com ela.

– Quando ele voltar, vai querer ir para o apartamento dele. Deveríamos pedir a chave ao Karlos e ir até lá dá uma arrumada. Já faz quatro meses que não vê uma limpeza, deve estar com muita poeira. – Anna falou animada. Estava muito feliz com a volta de Leon. Finalmente a felicidade ia voltar para aquele lugar e para Sora.

– Agora a criança não vai ficar sem pai. Leon poderá acompanhar o que resta da gravidez e o nascimento do filho! – Mia falou emocionada. Estava mais empolgada que a própria mãe da criança.

May não estava muito confiante de que eles poderiam viver de uma forma muito harmoniosa no início não. Afinal, só ela sabia que aquela criança ainda renderia muitas brigas e primeiras páginas. E claro, poderia acabar com a vida de algumas famílias. Mas não podia contar isso para ninguém.

– Concordo com a arrumação no apartamento de Leon, se quiserem eu ajudo. – May se ofereceu.

Anna se propôs a ir até o Karlos e pedir a chave do apartamento de Leon, mas tinha convicção que o chefe não entregaria muito facilmente. Decidiu então procurar Sarah, ela com certeza entregaria a chave sem o consentimento de Karlos e este não falaria nada da decisão da esposa. Então, a comediante foi até o quarto de Sarah procurá-la. Bateu a porta e uma Sarah vestida de ninja abriu a porta e Anna tomou um susto.

– Olá Anna! O que a traz aqui?

– Eu ainda não sei por que me assusto com você.

A cantora do circo apenas deu uma risadinha e convidou a comediante para entrar.

– Eu vim aqui, pois como você sabe o Leon está se recuperando.

– Sim, sim. Hoje a Sora me ligou e me deu a boa notícia. E o que deseja?

– Bom, eu e as meninas estávamos pensando que quando ele receber alta vai querer voltar para seu apartamento. Já faz quatro meses que não é limpo, então pensamos em pedir a chave para o Karlos para ir lá limpar. Mas como eu sei que ele não daria, vim até você.

– Entendo. Gosto do que vocês pensaram. - Sarah foi até seu quarto, abriu o armário e retirou uma chave de lá e entregou para Anna. – O Karlos deixou aqui guardado, pois disse que assim estaria mais segura.

– Muito Obrigada Sarah! Fico te devendo essa. Depois eu venho trazer.

– Sem problemas. Vá lá!

A comediante se despediu da amiga doidinha e voltou para o refeitório. Mostrou a chave para as meninas e elas decidiram que limpariam o apartamento assim que tivessem notícias melhores sobre o estado do rapaz.

III.

Em meados da tarde, os médicos terminaram de fazer os exames e o rapaz foi encaminhado para um quarto fora da UTI. Kate foi avisar Layla e Sora que estavam na lanchonete. As duas foram direto para o quarto. A sagitariana queria saber como ele estava e se tinha acontecido algo a mais. Ao chegar ao quarto, encontrou Leon somente com alguns fios preços ao braço do acrobata para medir suas pulsações, o que indicava que ele estava realmente melhor. Aproximou-se da cama.

– Ei amor! Você está se sentindo melhor? – segurou novamente na mão de Leon. – Se for sim aperte a minha mão uma vez, se não aperte duas.

Como resposta, Leon apertou uma vez a mão de Sora. E a garota ficou mais animada do que estava antes. Ele realmente estava voltando do coma. E em breve teria ele de volta.

Os médicos entraram no quarto e chamaram as duas para conversarem numa sala de consultório. Queria passar o resultado da série de exames para comprovarem se ele realmente estava reagindo ao mundo externo.

– Senhoritas! Nós fizemos os exames, e constatamos que ele realmente está se recuperando. Consegue entender com clareza as palavras ditas e responde elas com a técnica de apertar a mão.

– Que bom! – Sora estava muito feliz. Era a primeira vez que recebia notícias boas vinda do médico que o estava examinando.

– Peço que a senhorita continue a conversar com ele, assim pode estimulá-lo mais. – ao falar apontou para Sora.

– Pode deixar doutor.

– Então é só isso! Vocês já podem ir para casa, e como ele está um pouco melhor. Hoje a noite a senhora poderá vir ver ele.

– Muito Obrigada doutor.

As duas despediram-se do médico e saíram do hospital. Caminharam de volta para o Kaleido conversando animadas sobre a recuperação dele e o futuro que ele e Sora teriam juntos. Mas esse assunto não agradou muito a sagitariana que ficou meio inquieta com a conversa da atriz. Ainda não sabia qual seria a reação de Leon ao saber da gravidez dela.

Chegaram ao Kaleido, Sora pediu licença a todas as meninas. Estava cansada e queria descansar. Aquele dia havia sido de muitas emoções e certezas, mas havia muitas dúvidas que ainda pairavam pelo ar. Decidira que não iria vê-lo a noite, precisava dormir e sabia que aquela noite dormiria muito melhor que todas as outras.

Na manhã seguinte, Sora levantou animada, tomou banho colocou a roupa e foi direto tomar seu café matinal. Como Leon estava no quarto agora não havia tantas regras de visita, e Kate havia dito que ela poderia ir vê-lo pela manhã. Terminou de tomar seu café da manhã e partiu rumo ao hospital. Queria vê-lo o mais rápido possível e que ele estivesse melhor.

Chegando ao hospital, Sora foi até a recepção perguntar em qual quarto o paciente Leon Oswald estava internado, pois no dia anterior ele havia sido transferido para um quarto provisório. Identificou-se, apesar de nem ter precisado fazer isso, pois nos últimos quatro meses ela frequentava muito aquele local. A moça dissera a ela que o quarto era o 120 no 1º andar. A jovem pegou o elevador e subiu até o 1º andar. Andou pelo corredor procurando o quarto de número 120. Quando encontrou, abriu a porta e entrou.

– Bom dia Leon! Como você está se sentindo hoje? – Sora abriu um sorriso e foi em direção a janela abrir as cortinas para deixar que a luz do sol entrasse.

Ao aproximar-se da cama, Sora tomou um susto quando viu que Leon estava de olhos abertos. Parecia que o jovem não via muita coisa, como se estivesse aprendendo novamente a ver.

– Leon? Você acordou? – lágrimas voltaram a escorrer dos olhos da jovem. Não conseguia conter a alegria de vê-lo de olhos abertos.

Os olhos de Leon olhavam cada canto daquele quarto, ele queria saber onde estava. Não sabia como tinha ido parar ali.

– Meu amor!

– Onde eu estou? – foram as primeiras palavras que ele conseguiu pronunciar.

– Você está no hospital. Há quatro meses você sofreu um acidente e entrou em coma, mas agora você está de volta, está de volta para mim! – Não conseguia parar de chorar, era muita emoção ouvir novamente a voz de seu amado.

– E... quem é você?

– Como? – Assustou-se ao ouvir Leon dizer aquilo. Era possível o que ela estava ouvindo? Depois de todo aquele tempo alheio a tudo e a todos, ele não sabia quem era ela? Nem o que ela significava para ele? Lágrimas grossas teimaram em cair dos olhos da acrobata que saiu correndo do quarto e se sentou no corredor.

Pegou o celular e discou o primeiro número que estava no registro de chamadas. Não conseguia nem ler qual nome estava ali. Sua visão estava embaçada por causa do choro e suas mãos trêmulas. Após alguns instantes ouviu a voz do outro lado da linha.

Oi Sora! Está tudo bem?

– Senhorita Layla? – falava entre soluços.

– Porque está chorando Sora? Aconteceu alguma coisa com você? Com Leon?

– Por favor senhorita Layla venha até aqui. Eu estou precisando muito de alguém.

– Você está aonde?

– No hospital. Vou te esperar na lanchonete daqui.

– Chego ai em dez minutos. Tchau Sora!

– Tchau.

A ligação foi finalizada. Ainda sentada no corredor, a jovem não parava de chorar. Decidiu levantar-se e ir até a lanchonete esperar Layla. Enquanto isso, a jovem pegou seu telefone e ligou para Kate.

– Alô, Sora? Como você está?

– Nada bem Kate. Eu vim ver o Leon hoje de manhã. Você sabia que ele abriu os olhos e falou comigo?

– Sério? Que avanço. Mas porque você não está bem? É o bebê?

– Não. Com ele está tudo bem. Mas o Leon não sabe quem eu sou! Ele não lembra de mim. – a jovem retornou a chorar.

– Acalme-se Sora. Tenho certeza que isso não será definitivo. É comum acontecer isso com pessoas que acabam de voltar de um coma, principalmente no estado que ele estava. Você vai ter que ter paciência.

– Mas já foi tanto sofrimento esperando que ele acordasse e agora saber que ele não lembra de mim não é fácil. Eu estava ali o tempo todo do lado dele.

– Eu sei Sora, mas vou ligar para os meus colegas de trabalho e vou pedir para eles levarem ele para fazerem outros exames e saberem mais sobre essa perda de memória dele. Mas pode acreditar que não será definitivo.

– Eu quero acreditar no que você diz, e eu vou fazer o possível para que isso aconteça. Vou ser forte por ele. Pelo menos ele já acordou.

– Isso ai! Agora fique tranquila e fique ao lado dele, quem sabe não é uma perda de memória curta e ele volte a lembrar daqui a alguns minutos? Mas, pedirei para meus colegas examinarem ele e dizerem como está o quadro da falta de memória.

– Obrigada Kate! Você está sempre pronta para me ajudar no que eu precisar.

– Disponha Sora! Faço por que é meu trabalho e por carinho a você e ao Leon.

– Tchauzinho.

– Tchau Sora.

Sora desligou o celular. Logo depois Layla chegou a lanchonete e encontrou uma Sora chorosa. Nunca tinha visto a amiga tão triste. Nem nos quatro meses que se passaram, a japonesa não estava tão arruinada quando naquele momento. Seria porque Leon voltara ao coma?

– Oi Sora! Como você está se sentindo?

– Oi senhorita Layla! Péssima.

– O que aconteceu?

Os olhos da japonesa encheram-se novamente de lágrimas. Todas as vezes que lembrava do rapaz perguntando quem era ela se sentia fraca e com vontade de sumir.

– Bom, eu sai cedo hoje para vir ver Leon, como você sabe. Quando cheguei ao quarto e me aproximei da cama, ele estava de olhos de abertos. – a japonesa fez uma pausa e respirou fundo para segurar o choro. – Fiquei muito feliz! Mas ai ele perguntou onde ele estava.

– Até ai esta normal. O que mais aconteceu? Ele conversou mais com você?; - Layla estava imaginando que pudesse ser pela gravidez.

– Eu respondi que ele estava no hospital devido a um acidente que ele sofrera e entrara em coma, mas que estava de volta pra mim. Foi então...; A jovem começou a soluçar.

Layla abraçou a amiga. Não iria forçar que ela falasse se não quisesse.

– Está tudo bem, eu estou aqui. Não precisa falar se não quiser!

– Tudo bem. Eu vou falar.; Respirou fundo novamente para recontinuar; - Ele perguntou quem eu era. Ele perdeu a memória e não sabe quem eu sou.

– Ah Sora! – A loira tornou a abraçar a amiga.

CONTINUA...