Amor e Raíz

Senhor... Quer dizer... Professor McKagan.


Dia seguinte - 08h:56min AM.

Não tenho nenhuma novidade. Só comi sozinha no refeitório gigantesco. Conheci a fama de Jennifer Yane Swann. É seu segundo ano aqui, e ela se acha o ultimo biscoito do pacote. Se for pra viver um filme tipo Meninas Malvadas, pulo fora antes mesmo que isso comece. Agora estou caminhando, com minha bolsa rasgada da Chenson, azul escuro, a caminho da sala 065. Enquanto caminho, pessoas afinam seus violões, trompetes, violinos, e tudo mais. Isso me irrita. Olho para o lado, e vejo Eminem (é ¬¬) conversando com alguns rapazes do gueto. E logo atrás, uma garota desmiolada tentando pegar autógrafo. Aff. Vejo a porta 065, e então aqui é a minha sala. Olho para dentro, e visualizo algumas pessoas sentadas. Uma morena gostosa. Outra morena gostosa. Um gay ignorante. Uma negra do Brooklyn, e aff. Jennifer. Fala sério. Ela usa sapatos Dolce&Gabanna e blusas da Gucci. Olho mais uma vez, e não vejo nenhum professor. Então abro a porta, e entro. Deixo a porta bater sozinha e vou me sentar na ultima cadeira. Jen me acompanha com os olhos. Quase perguntei se gostou. Enfim me sentei, joguei minha mochila no chão, e fiquei esperando o resto das pessoas. Chegou mais umas quatro garotas. Ou seja. Não tinha um homem na classe. Talvez essa aula seja tão ruim quanto dizem. Cinco minutos depois, entra ele, pescoçudo, alto, loiro, cabelo amarrado, e alguns anéis a mais nos dedos. Professor McKagan. Ninguém parecia se importar com quem ele era. Ele deu um bom dia arrastado, e se sentou na mesa, encarando a turma. Ele ficou assim por três minutos. Talvez seria um teste de paciência? Ninguém fez nada. Jen apenas se insinuava para ele, fazendo um jogo de pernas. Ele nem notou. Eu me ajeitei na cadeira, e ele percebeu a minha presença. Ficou me encarando agora. Aff. E Jen também. Disfarçadamente, claro. Ele cruzou os braços, e perguntou o meu nome.

- Qual o seu nome, ruiva?

- Não falo meu nome em voz alta! - disse com MUITA irônia. Ele riu. Sorriu. Sei lá.

- Hm. Deve ser horrivel então! - retrucou.

- É tão comum, que chega a ser horrivel! - respondi.

- Claro! - Ele continuou me encarando, então resolvi irritá-lo definitivamente.

- Se era pra contratar um professor de coro decente, por que não chamaram o Axl? Pelo o que eu saiba, você só faz back vocal!

Ele sorriu novamente. Não parecia se irritar nunca. Todos me olharam assutados. Mas ele não. Ele estava muito seguro de si.

- Talvez seja por que Axl está numa clínica de reabilitação.

Hm, ele achou que me pegou, mas eu mandei outra.

- Ah, e você, claro, é sempre a segunda opção! - Sorri falsamente. Agora ele pareceu irritado, por que apertou as sobrancelhas, e cortou o assunto, pulando da mesa, e gesticulando.

- Quero os sopranos deste lado. Os mezzo no meio, e os contralto no outro lado.

Depois de muita arrastação de cadeira, ficou assim:

O gay, as duas morenas gostosas e Jen no lado dos Sopranos. A Negra, umas duas branquelas sonsas, e uma castanha gostosa ficaram no meio, os Mezzo. E eu, só euzinha no lado dos Contralto. Sou foda, licença. Jen me olhou. Quer dizer. Me fuzilou. Já Duff se aproximou de mim, e disse:

- És a única contralto, ruiva!

- Chilli! - disse.

- O quê? - perguntou ele.

- Me chamam de Chilli!

- Mas eu gosto de ruiva. Ruivona! - ele saiu rebolando. Mandei um dedo pra ele, em pensamento, claro. Ele escreveu algumas coisas no quadro branco, e colocou play num som que ninguém percebeu que estava na sala. A melodia de Paradise City tomou conta do ambiente. Apenas o instrumental tocava, e ele ia dizendo:

- Os mezzo começam, com o tom baixo, e os sopranos tomam o lugar de Axl!

Ele me excluiu, vagabundo. Nem liguei. Apenas vi a cena se repetir mil vezes. Os mezzo iam bem, mas os sopranos. Oxi. Era uma coisa triste. Eu sempre jurei que a classificação de voz dele era Baritono, na boa. O que deu no Duff?

Depois de quarenta minutos, ele se irritou legal. Jen queria ser a atenção do grupo, fato. Ela tentava tomar o espaço tanto dos mezzo quanto dos colegas sopranos. Eu apenas ria, quieta. Até que Duff olhou para mim, e disse:

- Você, venha aqui!

Eu me levantei sem repudiar. Ele me entregou um papel na mão, onde tinham as notas, e quando eu vi a nota SI entrei em desespero.

- Ei, ei, ei. Eu sou Contralto, vou até o LÁ! Você sabe mesmo dar uma aula?

- Relaxa. - Ele veio ao meu lado. - Eu sei o que eu estou fazendo!

Esses atos dele me faziam lembrar do meu antigo professor na quinta série, o senhor Rupert. Ele era tão engraçado. Ele achava que existia um multi-cantor no meio da pirralhada. Ele achava que alguém poderia alcançar a oitava nota vocal, o Bemol. Do nada, quando cantávamos alto, ele olhou para mim e disse "EUREKA". Nunca entendi o por quê.

Enfim, ele soltou a música, e eu fiquei esperando os Mezzo começarem, assim, eu iniciei.

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Take me home
Quando eu alcancei o Take me Home, senti minha garganta flutuar, e logo depois pesar. Duff parou a musica. Todo mundo me olhou com os olhos arregalados.

- O que foi? Desafinei tanto assim?

- Ruiva... Me encontre depois das cinco, aqui? - perguntou o senhor Duff.

- Você tá brincando, né? - Perguntei.

- Não é justo! - Jen protestou. Ela se colocou na minha frente, e começou a dar um chilique. - Eu sou mais dedicada que ela. Ela nem reconhece o dom que tem. Ruiva imbecil!

Eu não estava entendendo nada, até a parte em que ela me chamou de imbecil. Não me segurei, puxei o cabelo dela, e dei um chute nas costas dela. Ela caiu, se contorcendo inteira. Os outros alunos foram acudi-la. Duff só me olhava "maravilhado". E as outras quatro branquelas, nada faziam. Apenas assistiam a cena, paradas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.