Após 2 semanas indo a psiquiatra todos os dias nos tornamos grandes amigos, ela realmente é uma pessoa maravilhosa, ela acredita em mim e sabe muito bem do que Toddy é capaz, hoje é minha última consulta, confesso que terei saudades, desde o primeiro dia ela soube que eu não era doido e passamos a maios parte do tempo falando de nossas vidas, livros, música.
– Está feliz? – Rachel pergunta.
– Mais ou menos – Digo segurando a mão de Rachel no momento em que entramos no hospital.
– Hoje é sua última consulta – Ela diz.
– Eu sei – Falo me sentando em uma das cadeiras da recepção do hospital, esperando minha vez – Você sabe, passei a gostar da doutora Emily.
– Sério – Ela me olha com ciúmes.
– Claro – Digo – Mas não é desse jeito que você está pensando.
– Eu sei – Ela diz e sorri – Fico feliz por seus pais terem esquecido dessa sua loucura que não existe.
– É – Digo suspirando – Depois que aceitei a fazer essas consultas diárias, eles pararam de me chamar de louco e outras coisas.
A porta se abre e a mulher vem em minha direção, ela me olha e sorri, um sorriso incrível. Ela está com uma blusa azul turquesa e uma calça preta, seus cabelos loiros estão presos em um coque e seus olhos castanhos se encontram com os meus.
– Ethan Leif – Ela diz parando na minha frente – Meu paciente preferido.

– Preferido - Digo a abraçando - Dessa parte eu ainda não sabia.

– Saiba que é - Ela diz indo ao meu lado até a sala dela.

Rachel entra e se senta em uma cadeira ao meu lado.

– Sua namorada? - Ela pergunta apontando para Rachel.

– Sou sim - Rachel responde e estende a mão para Emily - Rachel Campbell, Prazer em conhecê-la.

– O prazer é todo meu - Ela diz cumprimentando Rachel - Não precisa sentir ciúmes de mim e Ethan Ok?

– Ok - Rachel diz sorrindo.

– Sou casada - Ela diz - Quer dizer, sou muito bem casada.

– Que bom - Rachel diz sem querer.

– Rachel - Digo baixinho a olhando.

– Deixe sua namorada - Emily diz se sentando atrás de uma mesa de escritório branca cheia de papéis arrumados por ordem alfabética.- Eu entendo, por mais que não pareça eu também tenho alguns ataques de ciúmes.

– Toddy te mandou alguma mensagem ou alguma coisa assim - Pergunto curioso.

– Toddy - Rachel me olha sem entender nada.

– Sim - Emily olha para Rachel - Ele anda me mandando mensagens.

– Que tipo de mensagem? - Ela pergunta alternando os olhares entre mim e Emily.

– Ele quer que ela fale para meus pais me internarem em uma clínica, um hospício ou algo do tipo - Digo.

– Por que não me contou isso antes? - Ela pergunta.

– Por que não queria te preocupar com meus problemas - Digo e ela me olha.

– Não posso negar que estou um pouco chateada, quer saber, já passou - Ela diz me beijando - impossível eu ficar chateada com você.

– Vocês formam um casal Perfeito - Emily nos olha sorrindo.

– E a consulta? - Pergunto.

– Não irá ter nenhuma consulta - Emily diz sorrindo - Só queria me despedir do meu paciente favorito - Ela diz - Vou sentir falta de suas brincadeiras e piadas bobas, do seu sorriso contagiante, de você cantando na maior altura pelos corredores do hospital - Nessa altura Emily já estava chorando, ela se levanta e me abraça - Você com esse seu jeito despreocupado me ensinou o verdadeiro sentido de viver e como ainda tem pessoas boas nesse mundo, me ensinou que independente de nossa idade, é e eu já estou quase nos 40, não podemos perder a criança que vive dentro de nós, você é jovem, mas tão sábio, você é sincero, honesto, divertido, te ter essas semanas aqui foi sensacional, acho que ri nessas semanas mais do que já ri em toda minha vida.

Rachel me olha e sorri, ela está meio confusa no meio da despedida.

– E você - Emily diz se sentando ao lado de Rachel - Tirou a sorte grande, ter um garoto desse ao lado deve ser incrível.

– É sim - Rachel diz me olhando e sorrindo.

O telefone de Emily toca e ela vai até a mesa para atendê-lo, ela atende e me entrega o telefone.

– É para você - Ela diz - É Toddy.

– Alô

– E aí irmãozinho.

– O que quer comigo? - pergunto irritado

– Eu acho que você deveria voltar para casa o mais rápido o possível - Ele diz dando uma risada e no fundo consigo escutar a voz de Adam gritando alguma coisa, mais não consigo entender.

– O que fez com Adam? - Grito ao telefone.

– Espere que vou passar o telefone para Adam.

– Ethan - Adam diz, a voz está baixa e ele respira freneticamente, como alguém que acabou de correr um maratona - Ele quer ... - Adam começa a dizer e escuto um barulho alto como se alguém houvesse sido derrubado.

– Desculpe - Toddy diz sorrindo - Mas tive que apagá-lo, ele iria contar meu plano.

– O que você ... - Começo a dizer mais a ligação cai.

Seguro a mão de Rachel e a puxo para fora da sala, ela me olha assustada, seus olhos azuis estão me encarando sem parar enquanto corremos até o carro.

– O que aconteceu? - Rachel pergunta com medo.

– Toddy - Digo passando em um sinal vermelho e quase somos atingidos por um ônibus.

Rachel grita e me olha.

– O que Toddy fez? - Ela pergunta me olhando.

– Ele disse que teve que apagar Adam - Digo e Rachel me olha - Ele está fazendo alguma coisa e tenho que impedir, nunca vou me perdoar se Adam morrer.

Acelero mais ainda o carro passando dos 100 quilômetros por hora e chegamos a casa em 5 minutos, um caminho que demora uns 35 minutos. A casa está completamente silenciosa, nenhum sinal de que tenha alguém lá.

– O que vamos fazer? - Rachel pergunta indo na direção da porta, a puxo para o lado quando vejo uma sombra pela janela, olho e vejo Toddy com uma arma na mão.

– Meu Deus - Digo apavorado - Toddy está com uma arma.

– O que vamos fazer? - Rachel pergunta novamente.

– Vamos entrar e pegar uma arma que meu pai tem no quarto dele - Digo - Depois vamos voltar e entrar na casa pela porta da frente - Digo colocando a escada que vai até a minha janela - Liga para a polícia Ok?

Rachel e eu subimos a escada rapidamente, andamos pelo andar de cima todo e não vimos ninguém, fomos ao quarto de meus pais, pegamos a arma e um cartucho e descemos pela escada. Nos preparamos e entramos pela porta da frente, mas antes arranjo um jeito de esconder a arma. Rachel desliga o telefone segundos antes de entrar na casa, a essa hora a polícia já deve estar a caminho.

– Que bom que vocês chegaram - Toddy sorri e aponta a arma na direção de minha cabeça, Rachel se esconde atrás de mim - Quero que vocês se juntem a eles - Toddy diz apontando para o canto da sala de estar, perto de uma pequena lareira. Olho para o local e vejo meus pais amarrados, Sophia está chorando e Adam está desacordados deitado no colo dela, vou até lá e fico em pé.

– O que você quer com a gente? - Pergunto.

– Desculpa por nunca ter acreditado em você - Meu pai diz me olhando, um olhar triste e piedoso, o olhar dele me machuca.

– Cala a Boca - Toddy grita - Acho melhor todos ficarem calados, aí posso acabar com isso mais rápido.

– Você é um cafajeste - Minha mãe grita com Toddy - Esse tempo todo enganou a gente, mas você não terá coragem de matar alguém.

Toddy dá um tiro que acerta a perna do meu pai, ele grita desesperado, me abaixo para ver a ferida, o sangue começa a escorrer pela perna de meu pai e entrego um pano a minha mão para impedir um pouco a saída do sangue, tiro a arma do bolso da calça e aponto para Toddy.

– Agora vai dar uma de herói - Toddy diz sorrindo ironicamente e nem se importa com a arma apontada para ele.

– Vá se fuder - Digo atirando na direção dele, mas ele saiu minutos antes e o tiro atingiu a televisão.

Toddy se levanta novamente e aponta a arma para minha cabeça.

– Como foi fácil enganar vocês dois - Toddy aponta o dedo para minha mãe e meu pai e sorri - Vocês são dois patetas, vocês acham que eu não sabia que era filho de vocês, eu sabia sim e quando soube que vocês eram ricos vi uma oportunidade imensa de ter o dinheiro só para mim, fui até o acampamento e tentei matar os seus filhos, mas esses dois idiotas tem sorte, principalmente o dos olhos azuis. Enganei vocês e vou matar um por um para ter a herança só para mim.

– Por favor - Grito - Solta essa arma, eu não quero te matar.

– Mas eu quero te matar - Ele diz, quando ele vai apertar o gatilho uma pessoa aparece na porta, é Emily.

– Agora você está em desvantagem Toddy - Emily grita - Desista!

– Nunca - Toddy diz atirando em Emily que desaba no chão - Menos uma pessoa - Ele diz sorrindo.

Aponto a arma para a direção do coração de Toddy.

– Seu Desgraçado - Grito e atiro, mas ele corre e o tiro acerta novamente a televisão. Ele atira em minha direção e a bala passa a pouco centímetros da minha cabeça.

– Adeus Ethan - Ele diz apertando o gatilho, mas a arma falha e ele me olha assustado.

– Adeus irmãozinho - Digo apertando o gatilho e o tiro acerta o peito de Toddy que cai em cima da mesinha de centro da sala quebrando-a em vários pedaços, ele fica lá sangrando e cheio de cortes, vejo ele morrendo aos poucos , até que seus olhos fecham e percebo que meus problemas estão acabados para sempre.