Capítulo 3

Chegamos em minha residência. Stefan abriu novamente a porta da charrete e me estendeu a mão, para ajudar-me a descer.

Ele me acompanhou até a porta.

– Espero que vosmecê tenha gostado tanto quanto eu, de nosso adorável passeio. - Ele beija minha mão.

– Foi encantador. - Dei um sorriso.

Mas na verdade, eu estava despedaçada. Ver o olhar do meu amor navegando nas calamidades de uma profunda tristeza, partiu meu coração de uma maneira...

Stefan foi se distanciando, voltando para sua charrete negra com belos cavalos brancos. Me despedi com uma acene, e entrei.

Subi as escadas de madeira, da sala, apressada. Queria chegar em meu aposento particular o mais rápido possível. Pois, lá era o único lugar que eu não tinha que maquiar minha tristeza estampando um sorriso no rosto.

No meio do caminho, minha mãe parou-me.

– Como foi teu passeio filha? - Ela estava sorridente.

– Encantador. - Respondi, estampando um sorriso breve e mentiroso na face.

– Filha, responda-me honestamente. Tu amas teu noivo? - Minha mãe soltou uma pergunta inesperada para mim.

– Sim mãe. Mas por que a pergunta? - Menti da melhor maneira que consegui.

Mesmo meu coração querendo que eu contasse a verdade, eu não podia falar aos meus pais, os meus mais profundos sentimentos. Eu amo minha mãe, e ela também me ama. E há coisa mais triste do que saber que sua filha está infeliz? Eu não queria que minha mãe passasse por isso. Mesmo que eu contasse tudo para ela, aqui, agora, ela nada poderia fazer. Tudo já estava combinado, era um casamento arranjado e sem volta. O meu destino era passar o resto da minha vida ao lado de Stefan, que para a minha sorte, é um bom homem.

Minha mãe ficou me olhando por alguns segundos. O que me castigava ainda mais. Era horrível ter que mentir para ela.

– Espero que seja muito feliz em seu casamento filha. - Ela me aninhou em seus braços.

Selamos um abraço. E eu não queria mais sair do aconchego de minha mãe. Queria voltar aos tempos de criança, onde minha única preocupação era aprender a ler, costurar e entender a etiqueta.

– Vou para meus aposentos agora, estou um pouco exausta. - Falei.

– Claro filha, desça na hora do almoço. - Ela passou a mão em meu braço, delicadamente.

Subi as escadas lentamente, segurando a saia do vestido. Assim que cheguei ao meu quarto retirei todo aquele tecido que eu era obrigada a usar, ficando apenas com minhas roupas d'baixo. Tranquei minha porta para conferir que ninguém me veria assim.

Peguei uma tela de pintura, e posicionei ela bem a frente da janela. Catei alguns pontinhos de tinta, das cores que eu desejava.

Sentei-me em frente da tela, e pintei para alegrar meu triste coração.

Em meio de lágrimas e lembranças com meu amado, pincelei. Delicadamente, e sem esquecer de nenhum detalhe, fiz a minha pintura, em meio de lágrimas, sorrisos... Logo, terminei meu quadro.

Pintei os campos floridos. O lugar aonde eu conheci Damon na infância, onde nasceu o nosso amor. E agora, seria o último lugar em que iríamos nos ver.