Amor Platônico?

Sofia, Manoela E Mais Dor De Cabeça.


Eu estava entrando na sala de aula, conversando com meus melhores amigos sobre a recente briga, quando nas primeiras carteiras vejo Sofia e Manoela me olhando com desdém, dando gargalhadas (bem forçadas por sinal).

Elas nunca gostaram de mim, sempre querendo arranjar confusão comigo.

Com Sofia eu tinha uma relação de "amor e ódio", pois eu achava que ela era uma pessoa legal, mas vivíamos brigando. Mas neste ano ela havia sido muito maldosa comigo, e a máscara dela finalmente caiu para mim.

Já a minha relação com Manoela nunca foi muito boa. Às vezes ela tentava uma aproximação comigo, mas eu não sentia sinceridade em seus atos. Eu até conversava com ela, mas passava um tempo e ela pisava na bola comigo novamente.

E, agora que essas duas haviam se tornado melhores amigas, as coisas ficaram mais difíceis pra mim.

E bem piores agora, que elas tinham muito do que falar sobre meu respeito.

╼ E a santa do pau oco chegou - falou Sofia em um tom bem debochado à Manoela. Falou igual o Fernando, como se eu não estivesse ouvindo - Não era ela que nem beijo na boca tinha dado? Que avanço hein?

E elas riram.

Manoela era mais inteligente. Não queria se sujar com essa história, por isso não falou nada, só riu.

E acho Sofia nem ligou para o risco de suspensão, ou pensou que a diretora só suspendeu Fernando porque ele já era um péssimo aluno.

Eu sabia que ignorar era a melhor saída, até porque elas já fizeram isso exatamente para me ver irritada. Mas eu não tenho sangue de barata! Parei de conversar com meus amigos logo que ouvi as ironias de Sofia e fui até a mesa delas (Sofia estava sentada na frente de Manoela, então eu podia falar com as duas ao mesmo tempo).

╼ Santa eu nunca fui nem quis ser. - falei em um tom bem alto e alterado, com raiva - Eu nem devo satisfações a vocês, mas sim, até a pouco tempo eu não tinha nem beijado. Não sou que nem vocês que ficam com o primeiro que aparece. Eu esperei o cara certo. E vocês não tem a mínima moral pra falar de mim. Vocês já transaram há muito tempo que eu sei, a única diferença é que vocês não tiveram o azar que eu tive de ser filmada. Mas quer saber? Nem sei porque tô falando tudo isso. Nem sei porque tô discutindo com um bando de mal-amadas, desocupadas, que não tem mais o que fazer sem ser cuidar da minha vida e da dos outros.

Depois de falar tudo isso, saí. Fui direto pra minha mesa, que, graças a Deus, ficava bem longe da delas.

Elas berravam pra continuar a discussão.

A Manoela dizendo que eu estava louca, que ela nem tinha falado nada, que eu estava a atacando sem motivo.

Já a Sofia me xingava de puta, vadia, e que eu era uma falsa, que me fazia de santa.

╼ Falsa? - falei incrédula - Isso aconteceu essa semana, como pude ter sido falsa antes? Vocês que são vadias. Não podem falar mal de mim, são muito piores. Você mesmo Sofia, começou com dez anos. E você Manoela, já ficou com uns trezentos. E outra coisa: Esse assunto só diz respeito a mim. É a MINHA VIDA, não tenho que discutir com vocês.

╼ Mas você expôs sua vida na internet minha filha - falou finalmente Manoela, saindo do seu papel de coitadinha que foi atacada por mim sem falar nada - Uma vez que você fez isso, todo mundo pode opinar.

╼ Mas eu não fiz isso! - retruquei aos berros, com mais raiva ainda - Alguém mal intencionado que fotografou. Eu e Pedro fomos vítimas, tivemos nossa intimidade violada!

╼ Até parece... - falou Sofia - Claro que o "Pelanzinha" pediu pra tirar foto e a trouxa apaixonadinha deixou... - e depois gargalhou ironicamente de novo.

Perdi totalmente a minha paciência e o controle.

Fui até a mesa delas e falei, gritando e apontando o dedo para elas:

╼ PAREM DE SE METER! A VIDA É MINHA! PAREM DE FALAR DE MIM, PORQUE VOCÊS NÃO TEM MORAL ALGUMA. PAREM DE ME JULGAR SE VOCÊS NÃO SABEM DA REAL HOSTÓRIA!

Neste momento, o professor chegou, fez cara de espantado, perguntou “O que significa isso?” e logo foi até mim, para me tirar de lá.

Eu saí antes que ele me puxasse ou me desse bronca. Estava fervendo de ódio.

Eu já estava me preparando para a bronca que o professor me daria, mas ainda bem que ele também foi sensato, assim como a diretora, e percebeu o momento difícil pelo qual eu passava e que elas que haviam me provocado.

╼ Olhem aqui – falava o professor olhando fixo para Manoela e Sofia, muito bravo – Ninguém tem nada a ver com a vida pessoal de ninguém daqui. Não quero mais ouvir uma palavra sobre isso. Não quero mais que desrespeitem a Luísa. Se eu ver isso acontecer de novo, é expulsão da aula e suspensão pras duas. Ou pra quem mais falar sobre isso.

╼ Mas professor... – retrucou Sofia

╼ Nem mais uma palavra! – falou ele, agora ainda mais zangado – Não venha querer reclamar, pois eu sei muito bem o que vocês fizeram.

╼ Mas o professor nem estava aqui na hora! – falou Sofia aos berros, perdendo a noção. Eu jamais vi alguém falar assim com nenhum professor, muito menos com este, que era o mais bravo e respeitado da escola.

╼ Não estava desde o início, mas sei bem como vocês são! – falou ele, aos gritos também – E o que eu ouvi foi suficiente para saber que vocês foram maldosas e desrespeitosas. Agora rua, as duas!

╼ Mas eu nem falei nada! – disse Manoela

╼ Mas você debochou junto com a Sofia, e agora com mais esse desrespeito comigo, é rua para as duas e deu! Ponto final, sem discussão!

Eu era líder de classe, mas ele pediu para a outra líder as levar para a diretoria, pois sabia que se eu levasse aconteceriam mais confusões.

Eu dei uma leve risada irônica, de canto de boca, por satisfação.

Percebi que Manoela viu, e fez um olhar de ódio.

Quando elas finalmente foram, o professor perguntou se eu queria descer para tomar uma água, me acalmar. Eu disse que não precisava.

Ele também perguntou se eu estava bem, e eu disse que sim.

Na verdade eu estava com vontade de chorar, de espernear, de avançar naquelas duas.

Mas só de pensar que as pessoas que eu realmente amo estavam do meu lado e eu tinha realizado o meu maior sonho (ter o Pedro como namorado, ter finalmente esse amor correspondido) fui ficando mais calma e feliz.

Tentei me concentrar na matéria, mas o Pedro sempre habitava meus pensamentos.

Ainda bem.

Mesmo assim, finalmente consegui me concentrar e as duas aulas passaram rápido, como toda coisa boa (afinal eu adoro matemática, uma de minhas matérias preferidas).

De vez em quando via as pessoas me encarando, mas já estava começando a me acostumar.

Tudo aquilo valia a pena, já que esse era o preço para ficar com o Pedro: a exposição e as pessoas me encarando, me xingando.