Mário narrando

Já ao anoitecer, eu estava tão maravilhado com a declaração de amor que Daniel fez à Maria Joaquina que mesmo não precisando, senti que devia fazer o mesmo à Marcelina. Por isso, assim que voltamos ao quarto, já de noite, enquanto Marcelina tomava banho, comecei a pensar numa maneira de fazer uma surpresa pra ela.

Na manhã seguinte, estava sem ideias do que fazer para agradar Marcelina, então, acabei acordando um pouco desanimado e quando me levantei para ir ao banheiro, vi pela janela do nosso quarto que estava acontecendo uma promoção: a partir das 14 horas, todas as pessoas hospedadas no hotel teriam que correr até um transatlântico que estaria esperando por todos nós. Por quê correr? Porque não caberia todos do hotel no navio, caberiam no máximo umas 500 pessoas, por isso, era necessário correr para o navio antes que a passagem fosse bloqueada e as portas fechadas, impedindo assim, de viajarem no navio. Então, achei que seria uma boa ideia levar Marcelina para esse passeio. Com essa ideia na mente, fui para o banheiro, escovei meus dentes e tomei um banho bem refrescante. Depois, Marcelina entrou e decidi não contar à ela sobre essa promoção, era melhor fazer uma surpresa para ela assim como Daniel fez, mas antes, precisava fazer uma coisa:

–Oi amor.- disse Marcelina, ao sair do banheiro já vestida.

–Oi, bom dia.- respondi.

–Dormiu bem?

–Demais e você?

–Também.

–Está com fome?

–Faminta.

–Então vamos lá.

Enfim, descemos as escadas, fomos até o refeitório, onde encontramos Daniel, Maria Joaquina e Paulo e Alícia, o resto do pessoal ainda não havia chegado. Mesmo assim, nos sentamos e começamos a conversar.

–É impressionante como apesar de tão pequeno por fora, esse restaurante é tão grande por dentro.- disse Maria Joaquina.

–É verdade, quando eu entrei aqui na primeira vez, achei que ia ficar todo mundo apertadinho.- falou Alícia.

–Eu ainda estou tão impressionado com esse lugar.- disse Paulo.

–Imagina como eu estou.- falou Daniel.

–Gente, espera só um pouco que só vou ali no banheiro e já volto.- eu disse, me retirando, mas na verdade, eu não ia no banheiro, eu tinha saído pra procurar o marinheiro que ia dirigir o navio que faria esse passeio de barco, queria que ele deixasse eu e Marcelina darmos uma volta com nossos amigos um pouco antes ou depois do passeio com todos do hotel.

–Ér... com licença, o senhor sabe quem vai dirigir o navio que está sendo falado na promoção?- perguntei para um homem que estava na porta do restaurante conversando com dois seguranças.

–Sim meu rapaz, sou eu mesmo.- respondeu o homem, prontamente.

–Ah, que bom. Bem, é que eu preciso de um favor seu.

–Claro, pode falar.

***

Mais tarde então, estávamos todos novamente na piscina. Eu, Marcelina, Daniel, Maria Joaquina, Paulo, Alícia e os outros havíamos passado praticamente a tarde toda ali e só fomos embora na parte da tarde, quando já eram umas 16 horas. Então, achei que como o passeio seria em apenas uma hora, precisava agir logo.

Como todos nós já saímos da piscina com nossas roupas, vendo que nossas roupas de banho estavam por baixo, decidi que íamos passear assim mesmo.

–Marcelina, vem comigo, tenho uma surpresa pra você.- falei, segurando a mão dela.

–Oba, adoro surpresas.- ela disse e então eu tampei os olhos dela e fiz um gesto com a mão pra que todos viessem junto.

Pedi a todos que fizessem silêncio quando chegamos em frente à porta do barco, já que todos deram um suspiro um pouco alto demais e quase gritaram de admiração, principalmente Maria Joaquina, Laura e Valéria, mas os meninos as contiveram. Chegando dentro já do barco, Marcelina pareceu não aguentar mais.

–Mário, você tá me levando para uma cobertura? Tô sentindo meus pés subindo uma rampa.- ela disse.

–Acertou, mas ainda falta pouco pra chegarmos lá.- eu disse e ela assentiu.

Quando finalmente chegamos no topo do barco, parei. Então, tirei as mãos dos olhos dela e deixei que ela abrisse. Quando Marcelina viu o mar sendo puxado pelo navio e a praia ficando cada vez mais longe, arregalou os olhos e abriu a boca, perplexa.

–E então? O que achou?- perguntei, já sabendo da resposta.

–Amor, é maravilhoso!!! Obrigada, obrigada!- ela disse, emocionada.

Eu havia conseguido convencer o marinheiro do navio a deixar que só eu, Marcelina e meus amigos viajássemos no barco dele depois do passeio da promoção, porque se era um passeio romântico ou algo do tipo, precisava ter somente nós lá, precisava estar vazio, não é mesmo? Por isso, achei que tinha que estar só nós ali. E admito que fiquei surpreso quando o marinheiro concordou, porque eu esperava que ele não fosse concordar, que eu apenas tentaria, mas mesmo se não desse certo, eu mesmo assim levaria eles pra passear, só que contaria né? Revelaria sobre essa promoção, mas até que nem precisei e isso me deixou muito feliz.

Marcelina narrando

Realmente aquela declaração de amor que Daniel fez à Maria Joaquina foi muito linda, já vi alguns casais fazerem algo parecido, mas Daniel fez melhor, ficou muito linda a homenagem dos dois. Quando voltamos ao quarto e fomos dormir, sonhei que Mário estava fazendo a mesma coisa comigo, tomara que esse sonho se realize.

–Oi amor.- eu disse à Mário na manhã seguinte, depois de sair do banho.

–Oi, bom dia.- respondeu ele me dando um beijo.

–Dormiu bem?

–Demais e você?

–Também.

–Está com fome?

–Faminta.

–Então vamos lá.

Descemos então as escadas e fomos em direção ao refeitório, ficamos conversando sobre o lugar, que por ser tão maravilhoso deixava a impressão de que era apenas um sonho estar ali, até que Mário se retirou:

–Dá licença, só vou ali no banheiro rapidinho.- disse ele e nós a princípio assentimos, mas logo depois eu fiquei meio confusa quando ele foi andando na direção errada do banheiro, ele estava indo para a porta do restaurante. Será que ele esqueceu o caminho?

Mesmo assim, procurei não me preocupar com nada, talvez o Mário achasse um banheiro um pouco mais perto e decidiu ir nele, talvez. Depois de alguns minutos ele voltou, foi até rápido, mas não me importei.

À tarde, novamente fomos até a piscina do hotel tomar um pouco de sol e dar uns mergulhos até a hora em que o sol começou a enfraquecer.

–Gente, agora que o sol está ficando fraco, vamos entrar?- perguntou Alícia.

–Vamos sim amiga.- eu disse e todos concordaram, em seguida, começamos a recolher nossas coisas.

–Marcelina, vem comigo, tenho uma surpresa pra você.- falou Mário, segurando a minha mão.

–Oba, adoro surpresas.- eu disse deixando ele me guiar.

Achei o caminho meio estranho, primeiro eu ouvi um monte de vozes, me deixando entender que estávamos no meio da multidão, mas ninguém encostava na gente. Depois, comecei a sentir meus pés ficarem meio curvados pra frente como alguém que sobe uma rampa. Uma rampa? O Mário estava me levando para uma cobertura? Estava tão curiosa que não resisti em perguntar:

–Mário, você tá me levando para uma cobertura? Tô sentindo meus pés subindo uma rampa.- perguntei, ansiosa

Pouco depois, senti um vento forte balançar meus cabelos, meus pés agora estavam retos novamente, o que significava que a rampa acabou. Até que paramos e ele desvendou meus olhos. Quando os abri, vi uma cena linda: estávamos em um barco, um navio, para ser mais exata. E esse navio estava levando a gente para um passeio no mar, pois a praia e o hotel estavam ficando cada vez mais longe de onde nós estávamos, fiquei apaixonada.

–E então? O que achou?- perguntou Mário pouco depois.

–Amor, é maravilhoso!!! Obrigada, obrigada!- eu disse, emocionada, o abracei, beijei e agradeci de todas as formas possíveis não pela surpresa, mas por ele ser o melhor namorado do mundo.