Maria Joaquina narrando

No dia seguinte, depois da entrega do trabalho, eu comecei a pensar se aquilo que aconteceu era mesmo real, Daniel e eu conversamos muito, trocamos telefone, só não combinamos de sairmos juntos ainda, mas está de bom tamanho, pelo menos eu tenho como manter contato com ele.

Terminado o trabalho, Marcelina e eu voltamos a colocar nossas cadeiras de volta no lugar e pouco tempo depois que a aula continua, o sinal indicando que a gente pode ir pra casa tocou. Pego minhas coisas com a maior lerdeza possível pra que Daniel e Mário saiam da sala antes de nós e eu e Marcelina pudermos conversar melhor, Marcelina faz o mesmo.

Quando finalmente saímos do colégio, logo perguntei:

–E aí? Como foi o trabalho?

–Demais!- ela simplesmente respondeu.

–Me conta tudo. Não esconda nada.

–Só se você não me esconder como foi com o Daniel.- ela provocou.

–E por quê eu esconderia?

–Tá legal. Bom, eu comecei a conversar com ele primeiro sobre o trabalho, como íamos fazer e tal, mas conforme foi passando o tempo ele perguntou se eu tava gostando da escola e eu disse que sim, confirmou que nós nunca tivemos chance de nos falarmos direito e algo do tipo e eu concordei, até que finalmente ele me deu o telefone dele!!- ela pulou de alegria e nós gritamos juntas, totalmente histéricas.

–Que massa amiga!!! Quer dizer que você deu meio passo com ele?

–Isso mesmo, agora é sua vez.

–Bom, foi praticamente igual à sua, ele me dava umas dicas do que colocar no trabalho e só quando acabamos ele começou a conversar sobre nós e depois me deu o telefone e o endereço de rede social dele!

–Rede social também??? Estamos quites amiga! Demos meio passo com esses dois ao mesmo tempo!!!- ela me abraçou.

–Sim, agora é só ter calma. Daqui a pouco daremos o primeiro passo.

–Verdade, bom, mas pelo menos você está feliz e eu também.- ela sorria como nunca.

Então, finalmente chegamos em casa, novamente ela almoçou lá em casa e depois fomos descansar e fazer os deveres de casa. Durante a noite, estávamos vendo um filme na televisão quando minha mãe abriu a porta do quarto e disse:

–Marcelina, já liguei pra sua mãe e ela deixou você dormir aqui.

–Ai que bom amiga!- ela pulou na cama e me abraçou.

–É, mas procurem não dormirem tarde que amanhã ainda é sexta feira viu?

–Tá bom mãe, pode deixar.

Naquela noite, sonhei com Daniel e aposto que Marcelina sonhou com Mário também. Meu sonho foi lindo:

"Eu e Daniel estamos em um jardim que não dá pra saber onde fica nem qual é, mas o que se dá pra ver é que ele é todo florido e com um céu azul muito bonito, além disso, um córrego que leva à um riacho de água tão limpinha que chegava a ser branca e dava pra servir de espelho pra nós.Nós não falávamos nada, era como se fosse um flashback, apenas andávamos de mãos dadas e sorríamos bobamente um para o outro, ele me deu uma flor e eu aceitei sorrindo, depois, nós demos um mergulho naquele riacho e coisas do tipo, até que estávamos apostando corrida, mas acabou que quando eu estava chegando no final, senti algo preso na minha perna, pareciam mãos, que queriam que eu ficasse parada ali pra me afogar, mas eu não consegui ver onde Daniel estava e também não conseguia gritar por socorro pois minha voz era abafada pela água. Fiquei assim por vários minutos até que não aguentei mais e tudo escureceu"

Acordei toda desesperada, eu não cheguei a gritar, mas eu me levantei ofegante, um sonho tão bonito pode virar um terrível pesadelo. Mas por quê Daniel não me salvou no sonho? Será que ele não me viu? Será que ele foi capturado também por alguém que não queria que ele me salvasse? Ou será que era ele quem estava me afogando só de brincadeira? Não sei, ele não seria capaz disso. Ou seria?

Daniel narrando

Eu realmente gostei muito de conversar com a Maria Joaquina, ela é muito boa de papo, simpática, madura e inteligente, quando o sinal indicando que a aula acabou tocou, recolhi minhas coisas e o Mário também, queria sair dali o quanto antes possível pra poder falar com ele sobre como foi fazer o trabalho com a Marcelina e como foi o meu trabalho com a Maria Joaquina.

–E aí? Como foi o trabalho?- ele perguntou antes de mim, esperto.

–Foi legal. A Maria Joaquina é muito boa de se conversar. E você? Se deu bem com a Marcelina?

–Sim, muito. Ela também conversa bacana sabe? É boa de papo, simpática e inteligente, ela que teve a ideia de como nosso trabalho seria feito. Até peguei o telefone dela.

–Eu também peguei o telefone da Maria Joaquina, agora nós quatro poderemos nos falar.

–É, professora bem que podia fazer um trabalho em grupo de quatro.

–Deixe de sonhar alto Mário, esqueceu que a gente não namora?

–É verdade, desculpa.

Quando voltamos pra nossa casa, almoçamos enquanto assistíamos ao filme "Transformers, a vingança dos derrotados" e logo depois nós fomos dormir. Pois é, somos aquelas pessoas que dormem depois que almoçam, mas a gente sempre espera uma hora pra dormir mesmo. Enquanto dormia, tive um sonho estranho, começou bonito e terminou assustador.

"Eu e Maria Joaquina estamos em um jardim que não dá pra saber onde fica nem qual é, mas o que se dá pra ver é que ele é todo florido e com um céu azul muito bonito, além disso, um córrego que leva à um riacho de água tão limpinha que chegava a ser branca e dava pra servir de espelho pra nós. Nós não falávamos nada, era como se fosse um flashback, apenas andávamos de mãos dadas e sorríamos bobamente um para o outro, eu lhe dei uma flor e ela aceitou sorrindo, depois, nós demos um mergulho naquele riacho e coisas do tipo, até que estávamos apostando corrida, mas acabou que quando eu alcancei o outro lado do riacho, pensei que Maria Joaquina estivesse ainda longe e esperei dez segundos, mas ela não apareceu, fiquei preocupado, será que ela se afogou? Esse riacho é raso, mas tem correnteza em certos pontos, será que foi isso mesmo? Sem pensar duas vezes, mergulhei de volta na água e quando vi, ela estava com a perna presa em um galho que era sustentado por um coral, o mais perigoso e que me deixou mais preocupado ainda foi que ela estava parada, inconsciente, deve ter ficado sem ar e agora pode estar entre a vida e a morte, rapidamente tirei o galho dos pés dela e a levei de volta para a superfície, onde ela continuou desmaiada, chequei seu coração, batia normalmente, chequei seu pulso, estava fraco e sua respiração, quase parada, tentei fazer respiração boca-a-boca nela e depois de alguns segundos tentando, ela soltou pra fora toda a água que tinha engolido, mas depois voltou a ficar inconsciente, então, coloquei uma manta em volta dela, coloquei minhas roupas mesmo com o corpo molhado e a levei para o hospital". Depois disso eu acordei, o sonho começou bem, mas depois foi um terrível pesadelo, como pôde? O que esse sonho significa? Isso eu tenho que descobrir.