Marcelina narrando

No dia seguinte, já descansada, acordei bem disposta, sem dúvida devia ser um pouco mais tarde. Olhei no relógio na beira da cama e vi que eram 10:15, mas quando me virei para o lado, percebi que Mário provavelmente estava no banheiro, pois o som do chuveiro dava pra ser ouvido claramente. Então, assim que vi ele saindo do banheiro, me levantei.

–Bom dia amor.- eu disse.

–Bom dia.- ele respondeu, ainda sonolento.

Entrei no banheiro logo em seguida, escovei meus dentes e tomei banho, quando saí, vi que Mário e Daniel estavam na cozinha.

–Bom dia Marce.- disse Daniel.

–Bom dia, cadê a Maria Joaquina?- perguntei.

–Estou aqui.- ela disse, entrando na cozinha.

Depois, entraram Paulo e Alícia, tomamos café juntos, Daniel havia ido com Maria Joaquina comprar pão na padaria, mas as outras coisas Paulo e Alícia compraram pra nós.

Assim que acabamos, Maria Joaquina voltou a falar da casa:

–Gente, agora que já descansamos e tomamos café, vamos dar uma arrumada na casa?- ela perguntou.

–Claro, vamos lá.- disse Daniel e todos nós concordamos.

Alícia e eu passamos vassoura e pano molhado no chão da sala enquanto Paulo e Mário tiravam os móveis do lugar, Daniel e Maria Joaquina estavam usando espanador e aspirador de pó pra retirar a poeira. Depois, seguimos para os quartos, que também foram fáceis de limpar. Por fim, fomos para a cozinha.

Quando acabamos, estávamos cansados e sentamos no sofá.

–Gente, que tédio.- disse Mário.

–Com certeza, o que faremos depois?- perguntou Daniel.

–Que tal um cinema?- sugeriu Alícia.

–Eu tô nessa.- falou Paulo.

–Por mim também.- respondeu Maria Joaquina.

Todos nós concordamos, e quando voltamos aos nossos quartos, Mário me chamou:

–Sabe Marcelina, acho que é melhor não irmos ao cinema hoje.- ele disse.

–Por quê?- perguntei, confusa.

–Queria passar um tempo sozinho com você, aproveitar essa nossa volta só com você.

–Eu também Mário, mas a gente fez muito isso lá em Acapulco.

–Eu sei amor, é que, sei lá, cada dia que passa quero ficar mais tempo com você.

Nada disse, apenas o abracei forte. Ficamos lá por alguns minutos até que ele sussurrou:

–Quero tanto casar logo com você.- fiquei maravilhada quando ele disse isso.

–Pode ser hoje?- brinquei.

–Claro que pode.

–Mas espera um pouco, se formos casar, acho que todos terão que casar também né?

–Concordo, acho que vou avisar pra eles agora.

–Não precisa não Mário, já ouvimos tudo.- disse Daniel, surgindo da porta do quarto, que estava encostada. Céus, esqueci de fechá-la.

–E o que vocês acham?- perguntou Mário.

–Eu acho prematuro, mas apoio.- falou Paulo.

–Por mim tudo bem, e por você amor?- perguntou Daniel.

–Ótima ideia.- Maria Joaquina afirmou, sorrindo.

Por isso, decidimos não irmos ao cinema, optamos por passar o dia fazendo nossos planos de casamento. Alícia ajudaria Maria Joaquina e eu fomos atrás dos vestidos enquanto Paulo ajudaria Daniel e Mário a escolherem a roupa, o local e o dia. Quando saímos, passamos pelo apartamento de nossos amigos vizinhos, mas decidimos contar depois para eles.

Primeiro, nós três juntas fomos em uma loja onde se vendiam os vestidos. Era uma loja bem-sucedida, a maioria das pessoas queriam comprar lá.

–Acho que esse aqui está bom.- eu disse, ao experimentar um que ficou longo até meus pés, deixando as sapatilhas à mostra.

–Eu gostei muito.- Alícia e Maria Joaquina disseram juntas.

Depois, Maria Joaquina escolheu um e foi ao provador.

–Pra mim tá bom esse aqui.- falou ela, saindo do provador.

Alícia e eu concordamos e ela decidiu levar aquele mesmo.

Mário narrando

Eu ainda não estava acreditando que estava na contagem regressiva para me casar com Marcelina, eu realmente estava ansioso. Depois que sugeri que casássemos, decidimos não ir ao cinema, como combinado, e sim que nós fôssemos logo começar os preparativos para o casamento. Enquanto as meninas foram escolher os vestidos, Paulo, Daniel e eu fomos tomar conta do resto. Fomos até uma loja de roupas para escolher nossos ternos.

–Esse aqui tá joia.- falou Daniel ao encontrar um terno de paletó e calça preta, sapato preto e camisa branca, ao sair do provador, combinou demais com ele, aquele terno parecia ter sido feito pra ele. Paulo e eu elogiamos quando ele saiu do provador já vestindo o terno.

Em seguida, foi minha vez, escolhi um cinza, com sapatos pretos e gravata vermelha. Entrei no provador e vesti, me senti confortável nele. Saí de lá e Paulo e Daniel examinaram.

–Bacana.- disse Paulo.

–Combinou com você.- disse Daniel.

–Eu também gostei, vou levar então.- respondi, sorrindo.

Depois de comprarmos as roupas, encontramos as meninas do lado de fora e decidimos marcar a data de casamento e o local.

–Vocês preferem igreja ou ao ar livre?- perguntou o homem.

–Igreja é melhor né?- disse Daniel e eu dei de ombros. Então foi decidido que seria em igreja mesmo, ainda mais porque Marcelina sempre dizia que queria casar na igreja.

Após isso, tínhamos que marcar também o dia e a hora.

–Que tal na mesma hora que você e Maria Joaquina?- sugeri.

–Um casamento duplo?- perguntou ele.

–Sim.

–Não sei se dá. Isso pode?

–Pode sim, pode ser no mesmo dia, mas em horários diferentes, mas também pode ser na mesma hora e no mesmo dia.- disse o homem que estava marcando nossos casamentos.

–Eu não me importo.- disse Maria Joaquina.

–Nem eu.- disse Marcelina.

–Então vai ser assim mesmo.- eu disse.

Após marcarmos a data e a hora pra serem juntas, saímos. Estava tudo marcado para daqui a 4 meses, e combinamos de avisar aos nossos pais assim que chegássemos em casa. Ao chegarmos no carro, Paulo falou:

–Vão no carro do Daniel, eu preciso ainda fazer outra coisa. Vem comigo Alícia.

Alícia assentiu e entrou no carro. Então, nós quatro fomos pra casa morrendo de curiosidade pra saber onde Paulo estaria indo com Alícia.

Paulo narrando

O que eu queria fazer era uma surpresa para Alícia, eu não sabia se ela estava pronta para aquilo, mas eu queria arriscar. Então, assim que marcamos o casamento dos meninos, disse que ainda precisava resolver outra coisa. Era uma surpresa para Alícia. Assim que entramos no carro, levei ela para um lugar que eu nunca havia a levado. O topo de uma colina que ficava quase na saída da cidade.

–Puxa Paulo, que lugar lindo.- ela disse, quando chegamos.

–Gostou?- perguntei, feliz.

–Demais.

Nos sentamos encostados em uma árvore que tinha ali e ficamos observando as nuvens passando.

–Olha, aquela ali parece um skate.- disse ela.

–E aquela parece você.- falei.

–Como assim comigo?

–É a nuvem mais bonita e mais bem feita do céu, logo, tem tudo a ver com você.

–Te amar foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, melhor que te conhecer.- ela disse, acariciando meu rosto.

–Eu digo o mesmo. E tenho certeza que esse amor será pra sempre.- respondi, sorrindo.

–Como pode ter certeza?

Me calei por um momento, lentamente me levantei, tirei do bolso da minha calça um canivete. Fui na direção da árvore e entalhei: "P + A 4ever".Quando terminei, mostrei à Alícia e afirmei:

–Enquanto essa árvore estiver de pé, prometo que te amarei e cuidarei de você. Nunca vou desistir de nós dois, pois sei que é puro e verdadeiro!

Vi seus olhos lacrimejarem, ela não era de chorar, então eu havia mesmo acertado em fazer aquilo.

–Eu te amo!- disse ela, me abraçando e beijando ao mesmo tempo.

–Te amo mais.- respondi.

Depois, sem perder tempo, mesmo sem aliança naquele momento, me ajoelhei e pedi:

–Alícia Gusman, quer casar comigo?- perguntei pegando suas mãos e segurando o choro.

–Claro que eu quero Paulo Guerra.- ela chorava mais do que antes.

O que sentimos um pelo outro, é algo que não dá pra descrever, só quem já vivenciou o amor de verdade, tem conhecimento do amor, sabe o quanto é difícil se apaixonar, mas também percebe que é uma das melhores coisas que existem no mundo.