É difícil dizer como um grande amor surge ou quantos tipos de amor existem. Porém, posso garantir que o melhor é o amor de verão.
Nesse amor tudo acontece, o esperado e o inesperado. Tudo muda, esse amor te transforma. Foi assim que aconteceu comigo, quando pela primeira vez encontrei a Briana. Porém, a história começa bem antes.
Tudo começou quando eu e Caio conversávamos. Ele trabalha aqui no camping.

— Você sempre usa essa história de cantar...

Para aí, para aí. Isso que o Caio está falando de cantar é algo que eu sempre usava quando queria chegar em uma garota. Eu inventava uma desculpa que precisava de alguém para cantar enquanto tocava violão. Foi assim com a Jaqueline...

— Oi. Tudo bem?
— Tudo.

Ela estava sentada na varanda do chalé. Era do jeito que eu gostava, loira, extrovertida, corpuda...

— Eu toco violão e queria saber se você está afim de cantar. Preciso muito de uma solista. Topa?

A maioria delas não sabia cantar e não era diferente com a Jaqueline. Você deve estar se perguntando: Por que elas não sabendo cantar aceitavam o convite? Essa eu respondo fácil. É porque é difícil resistir a minha beleza e o meu charme. Não, não sou um Vampiro (digo isso pelo “assassino”, metido a gostosão, Edward Cullen), nem um Lobisomem (digo isso pelo outro metido a gostosão, ‘gosto de tirar a blusa’, Jacob Black).

Sabe, por mais que vocês só vejam palavras e pensamentos meus não quer dizer que não possam me imaginar. Eu sei, eu sei, vocês me imaginam um cara bonitão, pois bem, eu sou assim mesmo. Mais detalhes: sou moreno bronzeado, alto (1,73) , cabelos castanhos, olhos cor de mel, musculoso, precisa de mais alguma coisa? Bom, assim as meninas caíam.

— Topo. – disse corando.
— Ótimo. – sorri - Na minha cabana às 20 horas.

Não preciso dar detalhes de porque eu as chamava para a minha cabana, não é?

Bom, então voltando. Era sobre isso que eu e Caio conversávamos.
— Você sempre usa essa história de cantar. Sempre dá certo. Não sei como você ainda não apanhou.
Por que não falar do Caio também? Ele é loiro dos olhos azuis. Não é fortão... ah! Vocês sabem. Não vou ficar aqui descrevendo homens.
— Cara é a autoconfiança. Ninguém resiste a mim. – eu ri.
— Você pode até pegar umas, mas têm outras que você não consegue.
Para você que não entendeu ainda: ele disse que eu só pego as mais fáceis. Vamos ver...
— Quais?
— Mônica?
— Já.
— Martinha?
— Já.
— Camila?
— Já.
— E a Dudinha?
— Também já.
— Acho que você só não pegou a minha irmã.

Vou parar um segundo aqui outra vez. Ainda bem que ele não perguntou. Eu odiaria dizer a ele que até a irmã dele eu já peguei.
— Tem uma - pausou - A Briana.
— Quem é Briana?

Essa Briana é a Briana que comentei no início. Vou contar mais dela, mas só presta atenção no que vai acontecer. Você vai precisar depois que eu continuar contando.

— Uma menina nova. Chegou faz 2 meses.
— Não, ainda não peguei.
— Não vai conseguir. Ela é daquelas conservadoras.
— Você mesmo disse que não teve uma que eu não peguei.
— Ela é diferente.
— É mulher?
— É.
— Então eu pego ué.
— Vamos fazer o seguinte. Eu aposto 100 R$ que você não pega a Briana até o final de fevereiro.

Aí é que eu queria chegar. A Briana tinha acabado de chegar para trabalhar no camping naquele verão.

— Tudo bem. 100 paus na minha mão até o dia primeiro de março. Fechado?
— Fechado.
Foi assim que eu apostei o amor da minha vida. Posso dizer isso agora porque antes... Enfim, continuando a história.

No dia seguinte eu fui dar uma olhada na tal Briana que o Caio insistiu. Encontrei-a trabalhando no balcão de entrada do camping com pastas na mão. Ela tem cabelos pretos e lisos, bem cheios, seus olhos são verdes e sua pela morena.

Eu sei que sempre preferi as loiras, mas a Briana é linda.
— Oi. Nova aqui? – apoiei no balcão.
— Sou.

Naquela hora eu entendi o que o Caio quis dizer com conservadora. Ela não olhou para mim e respondeu. Continuou mexendo no computador e fuçando as pastas.

— Prazer, Marcelo.

É. Meu nome é Marcelo. Sou filho do dono do camping, portanto, moro aqui. Tenho 20 anos e não trabalho.

— Sou Briana. Você quer uma vaga aqui?
— Não, não. – eu sorri de lado.
— O que deseja?

Eu poderia investir e dizer que a desejava, mas seria muito infantil.

— Nada, só vim te conhecer. Sou o filho do dono do camping. – falei cheio de orgulho... que logo foram frustrados...
Ah tá. Então você vai entender se eu te pedir para me deixar trabalhar.
— Tudo bem. – fui me retirando devagar.

Em nenhum momento ela tinha me olhado nos olhos. Apenas se concentrando no computador.
Foi aí que eu percebi que tudo seria difícil e que se eu quisesse ganhar 100 R$, eu deveria mudar um pouquinho a tática.

— Paizão.
— Diz aê filhão.

Não, eu não falei para o meu pai me ajudar, nem colocar na minha fita, fiz coisa pior.

— Pai, me dá um emprego aqui no camping?
— Emprego?? O que está acontecendo com você? – ele verificou se eu estava com febre.
— Nada pai.
— Tem certeza? – há-há-há... ele é engraçadão...
— Tenho.
— Eu não sei o que eu posso te ajudar.
— Auxiliar da secretaria? – agora, ele riu.
— Secretaria? Você nem é organizado. Você pode ser guia, você conhece tudo aqui. – acho que o fuzilei com o olhar– tudo bem. Já entendi. Você está de olho na Briana. – pela cara dele, acho que ele quis dizer ‘eu não acredito nisso’ — eu não acredito nisso... – eu disse...
— Por favor, pai. – me rendi.
— Está bem, mas digo que você não consegue com ela. – porque eu tenho a impressão que todo mundo pensa isso.
— Veremos.

Saí de lá orgulhoso de ter um emprego agora. Tudo bem que com 20 anos na cara eu já deveria ter arranjado um, mas poxa se você estivesse no meu lugar o que faria?

No dia seguinte eu acordei às 5:00 hrs da manhã. Por incrível que pareça. Tomei um banho e vesti o uniforme da recepção do camping uma camiseta branca com o logotipo enorme do lado esquerdo da blusa de cor preta. Lembro-me de ter olhado no espelho e visto que a camisa realçou os meus músculos. Eu não fiquei como aqueles garotos que usam camisa ‘P’ sendo que vestem ‘G’.

— Bom dia.
— O que você está fazendo aqui?
— Eu estou trabalhando aqui agora. – me espantei com a feição dela de ‘que saco’
— Tudo bem.
Você vai acreditar que eu fiquei lá parado sem dizer nada?
— Você está esperando... – ela me olhou. Finalmente ela me encarou.
Eu continuei parado sem dizer nada.
— Você está esperando ... – ela repetiu. Foi aí que eu me liguei que ela estava esperando uma resposta.
— Suas ordens. Eu sou auxiliar de secretaria. – gaguejei – sou Marcelo. – sorri.
— Que meigo. Você está corando.
Acredite, foi a primeira vez que eu corei na frente de uma menina.

Depois daquela apresentação horrível ela começou a me arranjar coisas para organizar, para arquivar e eu percebi o que o meu pai queria dizer com aquilo de organização. Bom, no começo foi meio difícil para mim, mas fui pegando o jeito. Briana me cobrava muito e era muito perfeccionista com tudo. Com o tempo fui passando de desorganizado, pegador e atrapalhado para organizado, responsável e solteiro. É, solteiro. Depois que eu comecei a trabalhar fui tendo menos tempo para conhecer outras garotas. Além disso, comecei a conhecer a Briana e as coisas começaram a ficar melhores... ela tinha 18 anos e cursou faculdade de administração e arranjou esse emprego porque queria sossego.

— Diz o que está escrito na planilha 8 na 4º linha. – ela se preparou para digitar.
— Cabana 8, 4 pessoas. Reservado.
— Mas jurava que tinha feito... – ela respirou fundo.

Eu estava sentado em uma cadeira do lado dela ajudando-a com os arquivos. A essa altura já havia até me esquecido da aposta.

— Você está muito cansada, tem que relaxar também. – acariciei as costas dela e ela me olhou, corando.
— É, você tem razão. – fechou os olhos e respirou.
— Quer comer alguma coisa hoje no camping, depois do trabalho?
— É, pode ser. – ela sorriu.
— Eu só tenho que passar na minha cabana para trocar de roupa. – devolvi o sorriso.
— Eu te espero no restaurante então. – concordei e continuamos o trabalho.

Eu sei o que você deve estar pensando: que eu era um a que graças a Briana eu estava tomando jeito. Você não está só, o Caio pensou a mesma coisa. Depois do trabalho quando estava na minha cabana ele passou lá.

— Marcelo!
— Que foi cara?
— O que foi? – ele abriu os braços gesticulando estar confuso. – você sumiu por duas semanas e ainda me pergunta o que foi?
— É, estou trabalhando agora.
— Trabalhando? - agora que eu fui perceber que eu era muito preguiçoso e temo dizer que vagabundo...
— É, trabalhando.
— Com o quê?
— Auxiliar de recepção aqui no camping.
— Por eu não te vejo.
— É, você não passa na recepção. Assim, descobriria.
— Já entendi. É a Briana. Como vão as coisas? – fechei a cara.
— Bem, agora tenho que ir. Vou encontrá-la ainda.
— Você não esqueceu a aposta, né?
Eu não queria admitir que eu já tinha esquecido a aposta. Poxa, 100 R$.
— Não, pode deixar. – ele parou na porta da cabana ameaçando entrar.
— Qual foi? Tudo arrumadinho? – espantou-se.
— É, é. Agora vai embora. Tenho que sair esqueceu?

Depois disso, eu o expulsei para encontrar a Briana. Mesmo assim, foi com o Caio que eu percebi que tudo aquilo tinha me mudado. Depois que eu comecei a me empenhar no trabalho eu comecei a arrumar a minha casa também. É, Briana estava me mudando e eu não tinha percebido. Foi quando me olhei no espelho e eu lembro de ter visto uma outra pessoa. Eu estava de calça dins, blusa pólo, chinelo e cabelo penteado. O que estava acontecendo comigo eu não sei. Eu só lembro que o menino que andava sem camisa, bermuda, chinelo de dedo e cabelo despenteado havia sumido.

Fui ao encontro da Briana e lá estava ela, linda de vestido preto bem casual, mostrando o corpo que na época só fui descobrir que ela tinha naquele dia.
— Oi.
— Oi. – nossos olhos se encontraram e coramos.

Dali, vários papos apareceram, inclusive o trabalho foi um deles. Rimos, coramos, estava rolando um clima, admito.
Chegando na cabana me joguei na cama pensando nela. Não era para ser um romance, era uma aposta. Eu sei que é cruel pensar assim, mas dizer o que na época, eu ia perder 100 R$ se não ganhasse aquela aposta e não estava afim de que isso acontecesse, claro. Então, no trabalho eu resolvi atacar.

— Briana, eu toco violão e queria saber se você quer me acompanhar.
— Eu não toco. – ela riu para mim.
— Mas deve cantar... – a fitei ansioso.
— É, é. Eu vou. – sorri feito criança.
— Na minha cabana às 23 hrs.
— Está bem.

É, eu ia conseguir. Poxa, 100 R$. Por que então eu não me sentia tão bem com tudo isso? Eu ia ganhar a aposta, mas o que eu ia perder ia ser bem pior.

— Bem vinda a minha humilde cabana.
— Hm, tudo arrumado. Cheiroso.
— É, é. Tudo para te impressionar. – ela corou.
— Bom saber.

Levei-a até a varanda onde eu arrumei tudo com um clima romântico para impressioná-la, velas com aromas, luz baixa, tudo! O negócio é que eu nunca tinha feito isso por nenhuma mulher. E isso me impressionava muito. O que dizer? Estava diferente. Você vai entender porque o amor de verão muda tudo, se é que já não está entendendo.

— Preparei tudo isso para você.
— Nossa. – foi incrível como os olhos dela brilharam quando viu o que eu tinha feito. A luz baixa deu um efeito incrível na madeira da cabana e as frutas estavam em uma decoração perfeita.
— Senta aqui que eu vou tocar. – peguei o violão e sentamos na sacada de frente para a lua cheia. Tudo perfeito. – pode puxar.

“ When I first saw you, I sad Oh my… that’s my dream, that’s my dream. I needed a dream to make me strong. You are the only reason a have to go on…’

Eu fiquei maravilhado com a voz dela. Uma incrível cantora e uma ótima pessoa. Foi quando nos olhamos e começamos a nos aproximar. Eu queria aquilo. Beijamo-nos ali, a luz do luar. Eu queria muito aquilo e estava tudo perfeito. Foi quando eu lembrei da aposta. Eu ganhei o dinheiro, mas não estava me sentindo bem.
— Eu te amo.
É, eu soltei uma dessa no nosso primeiro beijo... um ‘Eu te amo’... agora, se liga no que eu não esperava.
— Eu também te amo.
Você também deve estar se perguntando...Como? Tudo aconteceu muito rápido.
— Eu preciso ir embora. – ela sorriu para mim e se levantou.
— Espera. Preciso fazer uma coisa antes... – a abracei e dei um selinho de leve em seus lábios. - Quer namorar comigo?
Eu sei que é rápido, mas por que não?

O que eu tinha esquecido totalmente era da aposta.

— Eu aceito. – beijamo-nos mais uma vez e ela foi embora.

O pior é a sensação de culpa quando fui me deitar. Eu estava amando-a e nós estávamos namorando, mas como eu ia resolver a besteira do dinheiro?

O tempo foi passando, Caio estava viajando e o final de fevereiro chegou. Eu e Briana estávamos felizes, saindo, indo à cidade, dormindo juntos, trabalhando juntos. Tudo perfeito. Porém, quem concorda com aquele ditado de tudo que é bom acaba rápido?

Um certo dia a levei para a minha cabana depois do trabalho. E veja só o que aconteceu...
A campainha tocou.
— Vou atender. Eu já volto. – me soltei de seus aconchegantes braços e fui atender a porta.
— Oi cara ! Vim pegar os meus 100 R$. – ele olhou para a Briana na sala e eu fechei a porta e fui conversar com ele lá fora.
— Quer dizer, eu vim dar 100 R$. Como você conseguiu cara?
— Não importa. Pode ficar com os seus 100 R$.
— O que está acontecendo? Ela conseguiu te fisgar? – ele riu. – Pode parar de fazer pose cara! Você já ganhou a aposta! – eu fechei a cara.
— Cara, esquece essa aposta idiota... ela é minha namorada.
— Não acredito... – ele abriu a boca demonstrando estar ‘passado’ – Estou passado cara! – eu não disse...
— Eu ganhei, estou com a Briana, mas não é...
— O que você ganhou?

Eu dei a incrível sorte de deixar a janela ao lado da porta aberta. Foi quando ela apareceu e ouviu tudo, mas não ouviu o que eu ia dizer... ‘ pelo dinheiro, é porque eu a amo mesmo’ ... MAS.

— Você apostou 100 R$ com ele? – ela saiu pela porta e parou na minha frente.
— Eu posso explicar! – eu tentei, eu juro.
— Não, não pode.

Imagina aquelas cenas que congelam... foi o que aconteceu comigo quando ela veio com a mão para me dar um tapa. Não disse que ela não fez... ela fez e foi bem doído.

— Nunca mais apareça na minha frente.

Depois daquela cena ela foi embora, eu entrei em casa e bati a porta e o Caio ficou do lado de fora. Eu tinha estragado tudo. Estava muito feliz e perdi essa felicidade num estalar de dedos.
Fui trabalhar no dia seguinte. A boa notícia era que ela continuava trabalhando lá. A má é que ela não estava falando comigo. Também, não era para menos.

— Deixa eu te explicar. – silêncio. – Você pode, pelo menos, me ouvir?
Ela me olhou nos olhos pela primeira vez depois de 3 semanas.
— Uma chance.
— Ok. – respirei fundo e comecei – O Caio fez uma aposta de que eu pegaria você, porque eu sempre fui um pegador. Porém, depois que eu fui te conhecendo as coisas foram ficando diferentes. Passei a te conhecer, eu mudei. Foi um erro, foi imaturo e eu entendo isso agora.
— Espera... primeiro, fala mais devagar. Segundo, por que você não me contou antes e ficarmos juntos?
— Fiquei com medo, queria deixar quieto.
— Realmente, você ficar com medo.
— Por favor, me entende!
— Tudo bem. Eu não sou imatura a ponto de guardar raiva de você, mas tem que entender que me magoou.

Fomos resolvendo tudo e aos poucos ela voltou a rir comigo, voltou a falar comigo, voltou a ser quem ela era comigo.
— Você quer solar para mim?
— Não. – fiz cara de triste. – Vamos antecipar....
Ela me deu um beijo daqueles. Só que o mais interessante não é isso é que...

Hoje, nós somos felizes sendo donos do camping.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.