EPISÓDIO 3X23 (KNOCK OUT)

Os tambores tocavam enquanto Castle, Kate, Esposito, Ryan e mais dois policias seguram o caixão do Capitão Roy Montgomery.

Todos gostavam de dizer que sentiam alguma coisa, mas estariam a mentir.

Tudo o que eles sentiam era um vazio.

Um vazio muito escuro e oco.

Só Castle, Beckett, Esposito e Kevin sabiam o motivo realmente pelo qual o Capitão tinha morrido. Ele tinha morrido para salvar Kate. Tinha morrido como um herói, assim como fora toda a sua vida.

O tempo estava lento demais.

Parecia estagnado. Estagnado na hangar onde Roy fora alvejado e morto juntamente com Lockwood.

Kate sentia-se frustrada por tudo.

Castle feliz por ter conseguido garantir um pouco mais de vida a Beckett, no entanto, estava sendo tudo doloroso demais.

Ryan e Espo estavam demasiado absorvidos com tudo.

O clima era tenso, pesado.

O sol brilhava, mas o coração deles não.

Ver aquele caixão descer para a terra fora uma coisa bastante difícil de assistir.

O choro da esposa e filhas de Montgomery era agoniante e conseguia apertar o peito de qualquer ser humano.

Kate iria discursar e, como sempre, Castle estaria do seu lado.

O clima estava forte entre eles depois daquela conversa no apartamento de Beckett.

—Roy Montgomery ensinou-me o que queria dizer ser um policial... Ensinou-me que... Somos mais do que os nossos erros.

Castle não tinha olhos para mais ninguém ser Kate. Conseguia sentir a sua dor e isso o deixava com sentimento de impotência – queria libertá-la de todo aquele sofrimento, mas ele sabia que não seria assim tão fácil, mas, ele não estava disposto a desistir.

—O capitão Montgomery uma vez disse-me que para nós não há vitorias, há apenas batalhas. – Kate continua discursando, sem nenhum papel, apenas abrindo o seu coração para todos aqueles que estavam ouvindo. – E no final, o melhor que podes esperar é encontrar um lugar que te faça ficar.

Rick meditava sobre aquelas palavras tão sábias. Era incrível como Kate conseguia dizer coisas tão bonitas por vezes.

—E se tiver muita sorte... – Beckett espera um pouco antes de terminar a frase. - ... Vais encontrar alguém que esteja contigo.

Kate parou de encarar a multidão e voltou seu olhar para Rick.

Nesse momento, o vazio deu lugar a dois coração frágeis e quebrados, mas... saltitantes.

O olhar é fugaz, mas suficiente para perceber o quanto esses dois se gostam. Demais. Não importava Josh ou até mesmo os murros de Kate. Rick sabia que o amor que ele podia dar para ela superava qualquer barreira.

Beckett continuou o discurso, mas um reflexo acabou chamando a atenção de Castle.

Quando Castle se apercebe já é tudo tarde demais.

O som do tiro mistura-se com os gritos das pessoas.

—KATE! – Castle apenas se atravessa em frente de Beckett na esperança de a salvar.

A joga no chão, desejando ter sido ele a levar aquele tiro e é nesse mesmo momento, em que percebe que levaria um tiro por Kate que percebe que a ama com todas as suas forças.

É tudo numa fração de segundos.

Castle sustenta a cabeça de Kate nas suas mãos e percebe que ela foi atingida bem no meio do peito.

Nessa altura o desespero apodera-se de todo o seu ser.

Kate sente uma dor, um ardor inexplicável no peito, como tudo estivesse corroendo por dentro.

—Kate, por favor... – As lágrimas escorrem pela sua face. – Fica comigo, Kate...

Beckett olha a cara angustiante de Rick, mas a dor da bala no seu peito a impede de falar.

A lágrimas que caem pelo seu rosto falam por si.

—Não me deixes, por favor... – Castle olha-a nos olhos, segurando todo o seu corpo que parece ficar inanimado no gramado verde.

—Fica comigo, ok? – O desespero na sua voz fazia Kate lutar pela vida mais um pouco. Fazia Kate permanecer de olhos abertos, suportando toda a dor que estava sentindo irradiando por todo o seu corpo.

—Kate... – Ele reúne todas as suas forças, olhando-a bem nos olhos e sabendo que ela estava a ouvir.

Ele não sabia o que iria acontecer, mas se Kate morresse, ela precisava de saber.

—Eu te amo... Eu te amo, Kate... – Sentiu-se liberto naquele momento e Kate se permitiu chorar. Ela queria gritar que o amava também, mas... não conseguia falar. A dor era insuportável e então tudo ficou preto.

...DEPOIS DA CIRURGIA, NO HOSPITAL...

Pov Castle

O susto e o pior já tinha passado.

Só eu sei quanta medicação calmante eu tomei para conseguir aguentar todas as emoções que estava sentindo.

Só queria ver Kate, entregar-lhe o lindo ramo de flores que eu tinha comprado e puder abraçá-la, dizer-lhe o quanto estava grato por ela estar viva.

—Castle? – Eu reconheço a voz de Josh atrás de mim.

—Sim. – Fico tenso. Ele não deixa de ser namorado de Kate.

—Há uma coisa que você precisa de saber antes de entrar naquela porta. – Ele está preocupado e isso me deixa de pé atrás.

—O que se passa? – Eu pressinto que alguma coisa não está bem.

—Com tudo o que aconteceu, o impacto e o trauma pelo o qual Kate passou causou nela amnésia dissociativa.

—Não estou entendo... – Eu rio, nervoso. – Kate não se lembra do que aconteceu?

—Não. Pior ainda. Kate não sabe quem ela é, o que faz e não conhece ninguém. – Josh, médico, me olha com alguma condolência e ganha o meu respeito por isso.

—Isso é definitivo? – Eu começo me desesperando de novo.

—Não se sabe. Pode durante minutos, horas ou até mesmo anos...

—O que eu posso fazer para a ajudar? – Pergunto, extremamente perturbado com a notícia. Kate não se lembrava de mim ou de nada aquilo pelo que passamos?

—Nada. Ela vai fazer tratamento... A hipnose é umas das possíveis soluções, mas ir em alguns sítios pode ajudar a recuperar a memória.

—Porque me está dizendo isso? – Eu estranho.

—Ouça, eu sei que nós dois sempre disputamos por Kate... Afinal ela é uma mulher incrível, não é mesmo? – Eu sorri, olhando para mim. Ouço-o com atenção. – Mas eu não quero me enganar a mim mesmo. Eu sei perfeitamente que aquilo que vocês os dois têm é uma coisa diferente de tudo e eu não me intrometer mais. Chega de guerras... Eu amo Kate, é verdade... mas a realidade é que vocês pertencem-se, cara...

Eu continuo olhando o homem que estava na minha frente ainda meio perplexo.

—O que está querendo dizer com isso? – Eu não estava chegando lá.

—Eu vou me afastar. É isso que estou querendo dizer... Não vou me intrometer numa batalha que não é minha. Nunca foi. – Ele reforça a ideia.

Sorrio, agradecido.

—Obrigada.

—Você só tem uma maneira de me agradecer. – Josh fala antes de se retirar.

—Qual? – Pergunto, curioso.

—Faça ela feliz. – Ele pisca para mim e depois vai embora.

Recupero o meu fôlego depois desta conversa e penso em como iria reagir daqui para a frente.

Kate não se lembrava de nada e isso me deixava incomodado. Bastante para falar a verdade, mas isso não me iria fazer recuar. Muito pelo contrário – eu iria tirar proveito disso e reconquistá-la. Começar tudo de novo.

Me olho no reflexo do espelho antes de entrar, ajeito os meus cabelos com a ponta dos dedos e suspiro, enchendo-me de coragem.

Entro e logo a vejo, deitada naquela cama de hospital.

Os seus cabelos amarrados num coque mal feito, mas ainda assim ela está linda.

Kate não me nota logo, deve estar confusa.

Se é difícil para mim, eu imagino par ela.

Me aproximo da cama e, felizmente, sou recebido com um sorriso.

—Ouvi dizer que ia abrir uma florista, por isso... – Eu rio, entregando-lhe o buquê das flores que tinha comprado.

—Obrigada, isso foi muito gentil. – Ela aspira o cheiro das flores, fechando os olhos. – Que cheiro bom.

—Ainda bem que gostou. – Me sento na cadeira que tem ao lado da cama.

—Como é o seu nome? – Ela me encara com aqueles olhos verdes pelos quais eu era apaixonado desde o primeiro dia. Aquela pergunta é dolorosa, mas eu tinha de me mentalizar.

—Richard Castle, sou o seu parceiro. – Respondo, olhando os seus olhos. A nossa ligação é a mesma. Eu sinto isso quando nossos olhos se cruzam.

—Você também é policial? – Ela pergunta, curiosa.

—Não. Sou escritor. – Rio.

—Então o que está fazendo na esquadra comigo? – Ela ri também, criando uma certa intimidade, bastante agradável.

—Digamos que eu sou bastante útil a resolver alguns crimes.

—É sério isso? – Ela parece admirada.

—Sei que parece meio estranho, mas é verdade, sim.

—Me disseram que você tentou me salvar... – Ela fala, prendendo a minha atenção. Estava vidrado nela, cada vez mais bonita. – Você ia pegar uma bala por mim?

—Se fosse preciso sim. É isso que os parceiros fazem. – Respiro fundo.

—Tudo bem? – Ela nota a minha inquietação.

—É só que... sei lá... – Dou de ombros. – Eu estou muito grato por ver você viva, mas é tão estranho não se lembrar daquilo pelo que já passamos...

—Passamos por muito? – Kate, pergunta.

—Ui... você nem imagina! – Eu rio, relembrando. Os meus olhos se enchem de lágrimas naquele momento, mas eu consigo me segurar.

—Eu estou muito cansada agora... – Ela fala.

—Me desculpa... – Eu seguro a sua mão instintivamente.

—Mas eu gostava de ir a um encontro contigo quando sair do hospital. – Ela faz carinho na minha mão e isso me tranquiliza de uma forma tão gostosa.

—Eu adoraria. – Sorrio, fazendo minha cara doer.

—É um encontro então.

Me levanto e beijo a sua testa levemente.

—Nos vemos brevemente, Kate.

—Obrigada pelas flores. – Ela agradece.

—Descanse. – Sorrio uma última vez antes de sair daquele quarto.

...3 dias depois...

Eu estava ansioso demais. Era como se fosse o meu primeiro encontro e eu já conhecia Kate por quase 4 anos... já tínhamos tanta história para contar e entre uma delas um beijo.

Um beijo inesquecível.

Estou á porta de casa dela, fazendo exercícios de respiração para que me consiga acalmar.

Ela abre a porta sem eu contar me fazendo pegar um susto.

Dou um gritinho histérico, fazendo ela rir.

POV Kate

Eu olhava no espelho a cicatriz no meu peito e a toca suavemente relembrando-me de tudo.

No hospital eu já tinha recuperado a minha memória, só que pedi segredo para Rick.

Eu queria ver o seu comportamento no nosso encontro, mas logo contaria a verdade.

Pensei que relembrar de tudo fosse me afetar, mas não... Eu estava assustada e traumatizada, afinal de contas eu tinha sido alvejada no coração. Contudo, eu tinha o amor de Rick. Do meu Rick. Tinha o amor dos meus colegas e família e com terapia tudo se iria resolver. Porque apesar de tudo eu me sentia um tanto mais forte.

Espreito pela janela e vejo Castle chegando. O meu coração palpita forte. Não sabia como iria disfarçar que ainda estava com amnésia, mas eu iria tentar.

—Me desculpa! – Eu tento parar de rir, mas sem efeito. – Eu não queria te assustar!

—Missão falhada! – Ele leva as mãos ao peito, recuperando o fôlego.

—Não vai dizer que eu estou bonita? – O olho, pegando-o de surpresa, de novo.

—Ah porra! Deve achar que o seu parceiro é um babaca! – Ele reclama.

Olho-o admirando toda a sua beleza. Esse homem me tinha sem mesmo saber.

—Tudo bem... Eu já percebi que estou feia! – Faço biquinho.

—O que é isso?! Está doida? Você está linda... Aliás... sempre foi! – Ele me olha completamente derretido e a minha vontade é de beijá-lo ali mesmo.

—Onde vamos? – Pergunto, curiosa.

Old Hunt. – Ele responde.

—Mas isso não é um bar? – Estranho.

—Sim. – Ele não percebe o motivo da minha confusão.

—E vamos de dia?

—Claro que sim! – Ele entrelaça o seu braço com o meu e eu aproveito para cheirar o seu perfume. Ele é muito cheiroso!

...

Chegamos no bar. Eu conseguia sentir o quanto Castle estava nervoso e eu achava isso muito fofo

—Então... Me descreva como eu sou! – Eu puxo conversa.

—Primeiro! – Ele começa. – Você é uma chata do pior!

—Ei! – Eu me finjo de ofendida.

—E uma céptica... não acredita em nada! Eu fico falando de assassinos em série nazis, zombies, espíritos... e você fica zombando da minha cara!

—Não é para menos... Zombies? – Eu zombo agora mesmo, gargalhando alto.

—Pois, fica sabendo que eu sou um herói! – Ele fala de peito ferido, me fazendo rir ainda mais.

—Ai sim? – Eu fico provocando.

—Sim, já evitei uma catástrofe a nível mundial, desativando uma bomba nuclear! – Castle parecia uma criança contando aquela história que eu tanto conhecia.

—Uau! Você é foda! – Pisco para ele.

—Pode crer que eu sou mesmo... Por isso me escolheram para ser seu parceiro!

—Estou vendo... – Sorrio, bebendo o chocolate quente que tinha pedido.

—Mas tirando isso... Kate, você é uma pessoal espetacular! A mulher mais guerreira que eu conheço, sério! – Aquilo me fazer corar. – Você dá porrada em homem que nossa! Chega até a ser excitante!

—Castle! – O repreendo.

—Me desculpa, estou só falando! – Ele se defende.

—Estou vendo que nossa relação é conturbada... – Reparo.

—Não! Eu sou inocente, você me maltrata a toda a hora!

—Uma vítima você! – Eu abano a cabeça, rindo.

—Nem imagina o quanto... É só ligar e perguntar para Ryan e Esposito!

—Eu acredito em você! – Pisco para ele.

—Outra coisa... Nós falamos ao mesmo tempo e isso é incrível! Ah e por incrível que pareça a gente já se beijou. – Ele engole em seco e me faz gelar no momento.

Eu lembrava disso ainda melhor desde que tinha recuperado a minha memória.

—E então? Porquê? – Trinco o lábio, extremamente curiosa com a resposta.

—Calma, não comece pensando coisas! – Ele avisa e eu sorrio, achando uma certa piada. – Estávamos infiltrados. E eu tive a ideia de te beijar e você retribuiu o beijo!

—Mas não era a fingir? – Tento confundi-lo.

—Posso confessar uma coisa? Para mim não foi só um beijo. Eu gosto de você, Kate... Nossos 3 anos de parceria, conexão e intimidade me fizeram apaixonar por você e eu lamento você não se lembrar das coisas boas que passamos juntos... Mas eu não vou desistir nem tão pouco me afastar.

Aquelas palavras assentam que nem uma luva. Não tinha mais tempo a perder, nem queria.

—Posso confessar uma coisa também? – Pergunto, olhando o seus olhos e tocando a sua mão.

—Claro. – Ele olha as nossas mãos entrelaçadas.

—Para mim também não foi só um beijo. – Começo ganhando coragem.

—Kate, você...? – Ele me corta, não entendendo.

—Sim, eu recuperei a minha memória ainda no hospital. Não te contei nada, porque queria ver o que ia fazer neste encontro, mas eu não consigo mais... estou estourando de felicidade por te ter aqui comigo, Rick! Caramba, você tomou uma bala por mim e falou que me amava... A gente se beijou numa missão, me protegeu de Lockwood nesse mesmo dia... ficámos fechados num freezer e quase morremos congelados nos braços um do outro. Eu só quero que você saiba que eu também te amo.

—Você está falando sério? – Eu vejo as lágrimas formarem-se na sua imensidão azul e logo eu me emociono também.

—Sim, mas eu tenho barreiras, Cas... Você sabe que...

—Isso não me importa nada, Kate... É só eu e você!

—Rick eu tenho medo... – Confesso.

—Ei... – Ele toca no meu queixo, fazendo-me olhar para ele. – Eu também tinha até há 4 dias atrás perceber que podia te perder. Kate, posso te fazer feliz?

E foi naquele momento que com o meu sorriso e o meu sim eu soube que tudo ia ficar bem.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.