Nova York acorda para mais um belo dia. Poderia ser monótono? Claro, mas se fosse, não seria Nova York. E se tem algo que pode caracterizar Nova York, é um homicídio bem cedo.

- Por que os assassinos não podem esperar até as 8h da manhã para começar os homicídios? Não, precisa ser as 03:34h. – Resmungou Anne.

Ela, Kate, Johnny e Espo estavam indo encontrar Pearlmutter na cena do crime. Os rapazes não perceberam, mas Anne vira que Kate tinha um olhar curioso no rosto.

- Tudo bem, Kate? – Indagou a adolescente.

- Tudo sim, só que... Esta rua me parece familiar. – Comentou ela, suspirando.

- Você deve ter passado por aqui certo número de vezes. – Pontuou Johnny.

- Pois é. Provavelmente até em algumas perseguições. – Disse Espo.

- Talvez. Vejam, Pearlmutter está ali. – Indicou Kate, em direção a uma viatura.

- E está com cara de poucos amigos. – Reclamou Espo.

- Diga uma novidade. – Brincou Anne, fazendo os três rir.

- Ah, finalmente chegaram. Ainda não gosto da ideia de crianças em uma cena de crime. Elas atrapalham. – Sussurrou Pearlmutter, no entanto, eles ouviram.

- É extremamente desagradável ver você também, Mutter. Agora que acabamos as hostilidades, pode mostrar a cena do crime, por favor? – Declarou Johnny.

Pearlmutter olhou para os adultos, que fingiam conversar algo sobre uns arquivos. Claramente ele estava merecendo a atitude do garoto.

- Ah, está bem. Sigam-me. – Chamou o legista.

Os quatro seguiram Pearlmutter até uma entrada de um beco, onde estava o corpo da vítima, escorado em uma lixeira, em volta havia uma poça de sangue.

- O nome do rapaz é Carl Lewis, 28 anos. Ele foi esfaqueado e largado aqui. Pela aparência, isso ocorreu há mais ou menos sete horas. Preciso leva-lo ao necrotério para saber mais detalhes. Aqui estão os pertences encontrados com ele, e caso apareça algo mais, eu chamo vocês. – Pontuou Pearlmutter, ligeiramente.

- Parece que não sou só eu que detesto casos de madrugada. – Murmurou Anne.

- Certo. Espo, você e Johnny vão para a delegacia e comecem a montar o mural de investigação e avisem a família, se tiver. Eu e Anne vamos ver se tem algo de útil nos pertences, como local de trabalho ou estudo. – Concluiu Kate.

- Ok, vamos Rei Nerd. – Chamou Espo.

- Já vou. – Respondeu ele, que estava falando com Anne. Ele sussurrou algo no ouvido dela, e saiu correndo.

- O que foi isso? – Kate interrogou e Anne deu um salto.

- Nada não. Você disse que vamos ver os pertences? – Kate assentiu, sobrancelha arqueada. – Então, estou à sua frente. – Anne respondeu, indo até as evidências.

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Anne foi até a academia da delegacia, onde encontrou Johnny na esteira com fones de ouvido. Ao se aproximar, ela o escutou cantando algo que ela adorava.

- I hear Jerusalem Bells are ringing, Roman cavalry choirs are singing... Hey. – Ele reclamou ao ter o fone tirado de seu ouvido.

- Diga, o que você percebeu na cena do crime que ninguém notou? – Ela questionou, se lembrando do que ele dissera. – E, mais importante, por que não podia dizer na frente de ninguém?

- Olha, eu já vi aquela cena antes. – Ele viu a expressão confusa da parceira e seguiu a explicação. – E não sei como falar, mas talvez seja só uma coincidência.

- Jonathan! – Anne o interrompeu. – Você vai começar a enrolar. Só fala de uma vez.

- Ok, ok. – Ele assentiu. – Eu olhei para a cena e, por um segundo, uma imagem que eu vi há um tempo voltou à minha memória. – Ele respirou antes de continuar. – Anne, aquele beco é o mesmo beco onde a mãe de Kate foi assassinada.

- O que... Johnny, você tem certeza disso? – Ela queria confirmar, ao mesmo tempo não querendo saber.

- Bom... Talvez fosse a falta de sono... Mas foi instantâneo. – Ele confessou. – Simplesmente parecia que eu estava olhando a fotografia de novo.

- Está bem. Mais tarde, quando sairmos para buscar um lanche, nós passamos lá e você tenta confirmar se é o mesmo beco ou se foi a sua mente doida que criou isso. – Anne afirmou, rindo.

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- Bom dia. – Castle cumprimentava os policiais ao sair do elevador com Jamie. – Veja Jamie, ali está a mamãe.

No entanto, antes que pudesse chegar até Kate, Anne o puxa para a sala de descanso.

- Oi Rick, que bom que está aqui. – Ela declarou, fechando a porta atrás de si. – Precisamos conversar.

- Ok... Bom dia para você também Anne. – Rick saudou, estranhando a atitude da garota. – Sobre o quê exatamente?

- Pode parecer aleatório, mas você sabe o endereço de onde foi encontrado o corpo de Johanna Beckett? – Ela lançou a pergunta e viu como Castle ficou alarmado.

- Você está mexendo nesse caso? – Ele questionou.

- Não, só quero saber o endereço. – Ela respondeu como se fosse óbvio.

- Ah, bom. – Ele assentiu, desconcertado.

Kate olhou em direção à sala de descanso, para ver Castle e Anne conversando, e viu a expressão de Jamie, que parecia se divertir com tudo aquilo.

- Hey, Ryan. – Ela chamou o detetive. – Você sabe sobre o quê aqueles dois estão conversando?

Ryan olhou de Kate para a sala, observando atentamente a cena.

- Não, Kate. – Ele negou. – Não faço ideia, mas o pequeno James está adorando. – Ele observou, sorrindo, o que fez Kate sorrir junto.

Anne andava de um lado a outro, aflição passando por seu rosto.

- Eu só espero que isso seja uma maldita coincidência. – Ela murmurava.

- Hey, do quê você está falando? – Castle inquiriu, a segurando pelos ombros.

Jamie, tentando imitar o pai, segurou o rosto da garota, que não conteve o sorriso. Balançando a cabeça, ela voltou ao seu raciocínio.

- Se o endereço não for uma coincidência... – Ela hesitou antes de finalizar. – Então o nosso caso atual pode estar ligado com o caso Johanna Beckett.

- E baseado em quê você sugere isso? – Ele indagou, arqueando a sobrancelha.

- Baseado no fato de que Johnny teve um flashback assim que entramos na cena do crime. Ele me contou que viu a foto de Johanna, no mesmo local e do mesmo jeito que Carl Lewis. – Ela relatou, parando para pensar um pouco. – Como ele teve acesso a essa foto?

Castle a fitou por um instante, confuso, quando um ocorrido de não muito tempo veio à sua mente.

Flashback On

- Certo. O que é isso? – Johnny questionou, vendo as caixas nas mesas dos detetives.

- Johnny, você se lembra de que o caso Jack/Derek tem relação com outro caso? – Espo viu o garoto assentir. – Estes são os arquivos do outro caso.

- Ah sim. – Ele concordou, pegando uma foto da caixa. – Quem é essa? – Ele mostrou aos adultos uma foto extremamente familiar.

- Esta é Johanna Beckett. – Ryan respondeu. – A vítima principal deste primeiro caso e, possivelmente, a peça chave para muitos casos.

- Johanna Beckett? – O menino indagou. – Por acaso ela...

- Sim, Johnny. – Kate o interrompeu. – Senta aqui. – Ela indicou a cadeira ao lado da mesa dela. – Eu preciso de um favor. Não deixe Anne saber dessa ligação. Quando eu entrei para a NYPD, esse caso quase me destruiu. Até hoje ele pode me afetar. Anne é mais jovem e mais temperamental, então não sabemos como ela vai lidar.

Johnny a fitou, refletindo sobre as informações que acabara de receber. Ou de saber novamente, pois ele se lembrava de terem visto o caso anteriormente.

- Kate. – Ele chamou. – Ela sabe sobre o caso. Nós falamos disso na semana em que ela foi para L.A.

- Sim. – Castle assentiu. – Ultimamente ela tem sido mais aberta com a gente. Às vezes ela comenta sobre as situações com Sarah.

- Incluindo o fato de ela ter sido agredida tantas vezes que algumas lembranças foram apagadas. – Kate apoiou. – A ligação deste caso é uma delas. Então prometa que não vai falar desta conexão para ela.

- Certo. – Johnny assentiu. - Vocês podem contar comigo.

Flashback Off

- Não faço ideia. – Rick alegou, dando de ombros.

- Ok. – Ela assentiu. – Vejo vocês depois. – Ela abraçou Castle e beijou a testa de Jamie. – Ah, se Kate perguntar, eu estava pedindo algumas dicas de escrita.

- Está bem... – Ele concordou. – Se você quiser, eu passo algumas mais tarde.

- Por mim pode ser. – Anne confirmou, indo até o elevador.

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Anne e Johnny andavam pela rua da cena do crime, quando Johnny a parou no meio do caminho.

- Aqui. – Ele alcançou uma fotografia, que Anne reconheceu como vinda dos arquivos de evidências. – Veja essa imagem e depois a gente entra no beco.

- Jonathan! Você roubou evidência? – Ela indagou, o encarando. – Eu estou irritada e orgulhosa ao mesmo tempo. – Ela comentou, analisando a imagem. – Pronto.

- Certo, depois a gente conversa sobre a foto. – Ele afirmou. – Agora, vamos confirmar essa teoria.

A dupla entrou no beco, olhando atentamente para o local, ambos recebendo flashes da imagem recém-vista.

- Johnny? – Anne chamou. – Temos um caso interligado nas mãos.