- Cretina! Vaca! VagabuAAAAAH! DESLIGA ESTA PORCARIA! - Gritou Anne, irritada com a máquina e revoltada com a doutora.

- Aaah, mas agora que começou a diversão. – Respondeu Tyson, fingindo desapontamento.

- Anne, não o provoque. – Pediu Kate.

- Eu não preciso. Ele escolheu não gostar de mim.

- Não gostar de você? Ele te admira. – Retorquiu Niemann. – Caso contrário, não teria me pedido para modificar suas feições.

- Um dia eu vou entender esta lógica distorcida de vocês. – Resmungou Anne, sem paciência.

******

- Hey, Castle. Onde está Johnny? – Perguntou Espo.

- Depois que a câmera desligou, ele disse que precisava esfriar a cabeça. Então, foi para a academia.

- Acha que devíamos ir lá? Para ver se ele está bem.

- Ele não está bem. Aquela transmissão mexeu bastante com ele. Mexeu com todo mundo, na verdade.

- Verdade. Mas eu vou até lá mesmo assim.

- Está bem.

- No momento em que Espo saiu, o telefone da mesa dele começou a tocar. Vendo que ninguém se direcionou para atender, Castle pegou o aparelho.

- 12th delegacia de Nova York, departamento de homicídios.

- Pai? É você?

- Alexis?

- Pai! Ainda bem. Escuta, eu e Jamie conseguimos escapar. Não consigo falar muito. Só anota o endereço e peça para uma viatura vir nos buscar.

- Claro. Pode me passar.

Ele anotou todos os dados e assim que desligou o telefone, correu atrás de Esposito.

******

Johnny não conseguia tirar aquela imagem da cabeça. Cada segundo em que visualizava na memória o estado deplorável de Anne, ele espancava o saco de pancadas. Imaginava que o objeto de treino era Tyson, e seu objetivo era matá-lo. Ele agredia com tanta raiva o equipamento desgastado, que acabou o arrebentando, deixando com que toda a areia do mesmo caísse no piso.

- MAS QUE DROGA! – Berrou ele, chutando o monte de areia.

- Hey, matador. – Chamou Espo. – O que acha de esfriar a cabeça conversando um pouco?

- Claro. Não é como se eu tivesse outra opção.

Ambos se sentaram no banco próximo a porta.

- Está bem. Fala o porquê de todo esse estresse. – Pediu Espo.

- Você não está me perguntando isso.

- Estou. E vamos ficar aqui até você responder.

- Certo. Não sei se você sabe, mas eu e Anne basicamente crescemos juntos. Nos conhecemos aos cinco anos e desde então ficamos lado a lado. Um apoiando o outro. Inclusive quando nossa escola fechou no meio do ano letivo e não tinha vaga em outros lugares. Foi assim que entramos no Projeto Detetive Mirim. Quem nos indicou foi o Sr. Jones. – Começou ele, com um sorriso fraco. – Ela sempre esteve do meu lado me apoiando, e vice-versa. Pelo menos até agora. Ver aquela cena, ver o quanto ele a estava torturando, fez com que eu me sentisse um incapaz. Fez eu sentir que eu falhei. Eu quebrei minha promessa.

- Hey. Isso acontece. Muitas vezes vamos ter a sensação de que falhamos. Mas você não podia ter evitado isso.

- Eu podia sim. Se eu tivesse pedido para ela ir para a escola comigo...

- Seria a Kate, ou a Alexis, talvez até mesmo Jamie naquela tela. E eu garanto que você não ia querer isso.

- Não ia querer mesmo. Mas isso não muda o fato de que eu quebrei minha promessa.

- Que promessa você quebrou, Johnny?

- Quando começamos o projeto, eu prometi ao Sr. Jon... Ao Derek que ia proteger Anne, mesmo que custasse minha vida. Aparentemente eu não cumpri direito esse trato.

- Você está sendo assombrado? Caçado por um fantasma?

- Não.

- Então você cumpriu sua promessa e Derek sabe que isto não é culpa sua. Agora tira essa pressão toda de você e vamos trazer todos eles de volta. Certo?

- Certo. – Respondeu ele, com um sorriso fraco. – Valeu por me ouvir, Espo.

- Imagina. Vamos lá. Temos pessoas a resgatar.

Neste momento, Castle entra correndo na academia.

- Espo, preciso de uma carona. Alexis escapou com Jamie.

******

- Tudo pronto, Dra.? – Questionou Tyson.

- Tudo pronto, Jerry.

- Eu posso pelo menos saber qual modificação você vai fazer? Porque eu quero pelo menos continuar tendo um nariz. Conheço um figurinha que abusou da plástica e na última que fez, fez sem o nariz. E ficou careca e bem pálido também. Não me admira que tenha virado um inimigo de todo mundo.

- Caramba, você sempre fala tanto assim? – Indagou Tyson, irritado.

- Somente às terças. E quando há pessoas bonitas por perto. Devia ter deixado para me sequestrar amanhã.

- Anne. Lembra o que eu falei sobre não provocar?

- Ele vai cortar a minha cara de qualquer jeito. Ou ela. Nem sei mais.

- Chega! Dra. Niemann, faça seu trabalho.

- Com muito prazer.

- Você não vai ficar para assistir? – Questionou Anne.

- Não. Preciso encontrar um escritor.

******

Castle estava esperando no Central Park, conforme combinado com Tyson. Eles haviam resgatado Alexis e Jamie, e haviam também arquitetado um plano. Plano este que estava prestes a ser posto em prática.

- E ele apareceu sozinho mesmo. Como eu imaginei. Quanto tempo Castle! Já estava com saudades.

- O que você quer Tyson?

- Olha, o rapaz vai direto ao ponto. Vejamos. Eu quero ver você sofrer. E quero fazer isso das maneiras mais sórdidas possíveis. Quero você amarrado, me vendo torturar sua família e seus amigos até a morte. Quero ver você chorar até não ter mais lágrimas para derramar. Aí que você vai se virar para mim, e implorar que eu acabe com seu sofrimento.

- E por que você acha que eu vou ceder e ir com você?

- Ora. Para rever sua família, vê-los sendo cortados, eletrocutados, espancados até um deles gritar: Me mata.

- Eu não sei se você percebeu. Mas se eu escapar de você, eles continuam vivos. Pois se você os matar, não verá o sofrimento que quer que eu sinta. Terei o luto, a saudade, mas você não terá as lágrimas. Não terá o meu pedido para ser morto.

- Eu posso simplesmente ver você implorando por sua vida aqui e agora. – Disse ele, apontando uma arma para a cabeça de Castle.

No entanto, o que ele não esperava, era ver o escritor com um sorriso maroto no rosto. Nisto, ele sentiu o cano frio de outra arma em sua própria cabeça.

- Então é isto Jerry. Puxe o gatilho contra mim, e será a última coisa que irá fazer.

- Não precisarei me preocupar. Tenho quem finalize meu trabalho.

- Eu não contaria com isso, Tyson. Onde elas estão?

- De onde vocês tiraram essas crianças petulantes? – Indagou Tyson.

- Jerry, conheça Jon. Meu companheiro para esta noite, e ele está tão sedento por sangue quanto você. Agora, responda o rapaz.

- Onde elas estão? Deixe-me ver, sofrendo. Neste momento, a garota está passando por uma cirurgia de reconstrução de rosto. A próxima é a sua mulher, escritor.

- Eu ainda não contaria com isso Tyson. – Disse uma voz, adentrando o Central Park.

- Não creio! – Exclamou Jerry. – Mas como isso é possível?

- Anne! – Vibrou Johnny.

Olhando em volta, Anne, Kate, Alexis e James estavam todos a salvo, perto de dezenas de policiais, com revólveres apontados para Jerry.

- Renda-se, Jerry Tyson. Você não tem para onde fugir. – Disse Ryan, por megafone.

- Mas eu ainda tenho um ref... – Ele nunca concluiu a frase, pois fora nocauteado por um soco e um chute, vindos de Anne.

- Achei que ele nunca ia calar a boca. Estava querendo fazer isso o dia inteiro. Castle, vai lá, sua família te espera.

Como se precisasse mandar duas vezes. Rick correu em direção a sua esposa e seus filhos, os abraçando.

Não muito longe, vemos um casal fazendo o mesmo gesto.

- Achei que não ia mais te ver. – Disse Anne.

- Sério? Você foi sequestrada, torturada, tem uma perna fraturada e se preocupou em nunca mais me ver? – Perguntou Johnny, um pouco feliz pela afirmação da garota.

- Fazer o quê? Prioridades.

- Falando em prioridades... – Começou Kate, se aproximando com toda a família Castle. – O que deu nessa cabecinha para se deixar ser torturada?

- Imaginei que deixando as mentes escapistas juntas, pelo menos uma destas mentes poderia fugir para buscar ajuda. E Tyson já estava no meu pé mesmo. Quem melhor para servir de isca?

- Vem aqui. – Kate deu um abraço na garota, que foi bem recebido. Neste abraço se juntou Johnny e a família Castle.

******

- Venho anunciar através dos devidos meios de comunicação que Jerry Tyson e Kelly Niemann vão responder por todos os seus crimes. Com pena de morte, devido a gravidade dos crimes, e o fato de alguns terem sido cometidos em estados cuja pena é legalizada. – Anuncia Gates, em entrevista. – Quanto às vítimas que pereceram, elas finalmente terão paz, e suas famílias terão justiça. Quanto às vítimas recentes, também sobreviventes, receberão menções honrosas, juntamente de toda a 12th delegacia de Nova York, pela prisão bem executada de ambos os suspeitos. Estão abertas as perguntas.

- Confesso que não quero ficar para ouvir as perguntas. – Confessou Kate.

- Creio que ninguém quer. – Comentou Anne, rindo.

- Ann, agora que eu vi. O que é isso no seu olho esquerdo? – Perguntou Johnny.

Atravessando de cima a baixo o olho de Anne, estava uma cicatriz de corte de bisturi, a qual o médico, que ela secretamente visitou, disse que seria permanente.

- Isto é um pequeno preço a se pagar para garantir que uma família completa permaneça completa. – Concluiu ela, com um sorriso. – Que tal irmos todos tomar um sorvete?

- Pode ser. – Respondeu Castle. – Vamos Lex?

- Na verdade, eu preciso ir. O sequestrador não dá um atestado muito longo, e eu preciso recuperar o material perdido de ontem. Fica pra outro dia. Tchau pai. Tchau mãe. – Despediu-se ela beijando cada um na bochecha.

- Tchau. Se cuida. – Disse Castle. – Ela te chamou de mãe? – Questionou ele para Kate.

- Já era hora, né? – Devolveu Anne. – Quero o meu sorvete de Cookies N’Cream.

- E eu quero de flocos. Vocês já decidiram qual sabor vocês querem? – Perguntou Johnny ao casal mais velho.

- Ainda não. Vão na frente. Nós já alcançamos vocês. – Respondeu Kate.

Ela e Castle assistiram ao casal mais jovem sair de mãos dadas, em direção a sorveteria.

- Eles me lembram um casal. Um bem teimoso, cabeça-dura, adoram provocar um ao outro. A única diferença é que esse casal ali não tem filhos. – Comentou Castle.

- Sente saudades da época sem filhos? – Questionou Kate, brincando.

- Nem um pouco. Só queria que nossas crianças não crescessem.

- Fazer o quê? Eu quero o meu sorvete de napolitano. – Afirmou Kate, andando na frente. Ao ver que ele não ia, ela se virou e chamou, sorrindo. – Você vem ou não?

- Ahn... eu quero de Cassata!