Amizade Improvável

Um Sádico Intrometido


Se ter uma Kagura se metendo no namoro de Hijikata e Gintoki, ter Okita se metendo na amizade de Hijikata e Kagura era pior ainda. Não era segredo para ninguém que Okita sentia ciúmes de como a amanto e seu chefe haviam se tornado próximos. E ao ficar sabendo que tudo isso foi devido á uma estúpida yukata, ele ficou meio bolado – pois se tivesse tido essa ideia antes, ele seria mais amigo de Kagura e Hijikata estaria com os olhos focados apenas em Danna. Mas não, o vice-chefe teve que ter a brilhante ideia de comprar uma roupa para a menina e ela teve de ficar toda derretida por ele. Nunca iria entender o que pessoas como Kagura, sua irmã e Gintoki vêem em Toushi. Mas então ele pensou em algo que era num nível não tão sádico quanto ele poderia pensar, mas seria tão ruim quanto. Kagura tinha uma “linda” mania de se intrometer no namoro dos samurais mais velhos, e achava aquilo muito engraçado – principalmente da carranca que Hijikata fazia quando ela fazia isso. Então porque não fazer o mesmo?

Atrapalhar a amizade de Hijikata e Kagura, se metendo entre eles, era algo que daria certo e irritaria ambos. Nada melhor do que uma pequena vingança. Ora, não estava ferindo – fisicamente – ninguém, então não teria problemas nenhum com a lei, né? Óbvio que não se daria mal. E com isso em mente, ele colocou seu plano em ação. Primeiro, ele colocou uma escuta no celular pessoal e no telefone oficial de Hijikata e grampeou o telefone do Yorozuya, para que pudesse interceptar as conversas entre as pessoas – e nisso pegava as vezes umas conversas bem inadequadas e pervertidas entre os namorados, ugh, que nojo. Poderia ser um pouco exagerado grampear os telefones para descobrir conversas e possíveis encontros? Sim, mas ele não ligava. Okita era tachado como um policial preguiçoso e presunçoso até por sua equipe, mas quando ele queria trabalhar de verdade, ele o fazia muito bem.

E com isso, ele escutava as conversas que eles tinham de vez em quando, que eram puramente tediosas. Kagura falava mais que o policial e costumava falar para ele lhe comprar comida ou algo assim, fora que ela perguntava quando ele iria lhe trazer presentes das pequenas viagens á trabalho que ele fazia, e aquilo era muito chato. Até que então Hijikata disse que ele teria um dia de folga e que se a menina quisesse, ele poderia levar ela ao parque de diversões, já que ela vinha lhe pedindo isso á algum tempo mas ele não poderia devido ao trabalho. Mas agora ele tinha tempo e iria levar a garota para se divertir – antes que ela ficasse falando no seu ouvido de novo. Se perguntava porque ela não pedia esse tipo de coisa para Gintoki que era praticamente seu guardião, e a resposta que ela dava era “Gin-chan não tem ânimo para essas coisas nem dinheiro para me comprar coisas”. As vezes o vice-chefe se sentia como uma carteira pessoal de Kagura e Gintoki – pois ambos abusavam de sua generosidade e amor e o fazia comprar muitas coisas, e trouxa como era, cedia ás vontades da amiga e namorado.

Pois é gente, nem mesmo na Era Edo com aliens as pessoas deixam de fazerem seu papel de trouxa. Enfim.

No dia combinado, Hijikata estava com sua roupa comum – a yukata simples preta – e Kagura com uma de suas roupas normais estilo chinesa – porque em 99% dos animes, todo mundo só tem uma roupa só. Okita também estava com uma yukata simples e um óculos de sol, para se camuflar entre as pessoas, pois não queria ser descoberto...agora. Eles se encontraram em frente á um parquinho que ficava entre o Yorozuya e o Shinsengumi. Fazia sol, mas não tanto, o vento estava agradável, a temperatura amena, sem nuvens no céu...o tempo perfeito. E aparentemente o fumante havia trazido muito dinheiro e a mesma quantidade em cigarros – pois já imaginava que ia se irritar um pouco no dia. Kagura estava com seu guarda-chuva característico e sorria, acenando para o homem e depois se grudando em seu braço quando os dois foram em direção ao parque – tanto Okita quando Gintoki o-di-a-vam quando eles entrelaçavam os braços como um casal ou um pai e filha. Eles conversavam sobre algo banal e o rapaz sadio estava á poucos metros deles, mas numa distância que saberia que os sentidos assustadores de Hijikata não lhe pegariam, ou iria estragar seus planos. Chegando no parque, deixou que eles entrassem primeiro e só depois comprou seu ingresso, iria segui-los o dia inteiro.

Primeiramente, Kagura quis ir no bate-bate, pois dizia que era legal “bater nas pessoas com o carro sem que ninguém se ferisse”. As vezes, ela conseguia ser tão sádica quanto okita, o que uma má influência não faz? Hijikata até tentou negar, dizendo que era grande demais para aquelas coisas mas foi literalmente carregado para o brinquedo junto á garota. Claro que Sougo foi atrás, e como tinha comprado uma máscara que cobria-lhe os cabelos além do rosto, não seria descoberto. E realmente não foi. Durante a brincadeira, fazia questão de bater no carro de seu chefe e sua crush por trás e do nada, além de dar umas cutucadas violentas em seus braços quando passava por perto – mas sem que eles desconfiassem de quem havia sido, pois sempre fazia isso em um momento em que ambos fechavam os olhos devido á algum impacto. Era engraçado ouvir eles reclamando sobre isso, e até ouviu Hijikata xingar baixinho a pessoa que estava lhe cutucando – e vai por mim, o xingamento não foi nem um pouco bonito.

Depois disso, eles decidiram ir em uma barraca de tiro ao alvo, para desestressar. Claro que Okita usou seu distintivo do Shinsengumi para pegar uma das arminhas emprestadas e ficava atirando Em Hijikata e kagura ás escondidas, - o que não impediu de Hijikata pegar um pato de pelúcia gigante para a menina. E com isso, eles decidiram ir na montanha-russa. Eles pegaram o primeiro carrinho e Okita pegou um mais para o meio – além de ter levado consigo alguns salgadinhos escondidos. Hijikata não era muito fã daquele tipo de brinquedo, mas também não é como se tivesse medo ou algo do tipo, mas porque diabos Kagura quis logo o primeiro carrinho? Todo vento ia direto na cara deles e com certeza seu cabelo ia sair mais embaraçado do que o de Gintoki quando acordava depois de algumas rodadas de sexo selvagem na noite/madrugada anterior – e olha que o vice-chefe tinha de ajudar o prateado á pentear os cabelos porque só pelos deuses aquilo poderia dar certo.

Todos já estavam sentados no brinquedo e assim que as travas se abaixaram, o carrinho começou a andar. Kagura estava muito animada, com os braços levantados e com um enorme sorriso nos lábios – e um protetor 60 na cara. Já o homem ao seu lado estava com a cara fechada e de braços cruzados. Como era proibido fumar nos brinquedos, o policial teve de abandonar o cigarro pelo resto do dia e aquilo o estava deixando levemente alterado pela falta de nicotina, mas Kagura estava feliz, então faria um esforço. Pena que nenhum dos dois imaginaria o que estava por vir. O brinquedo começou á correr e fazer curvas e mais curvas, e até que era divertido. A maioria das pessoas estava com os braços para cima – tirando alguns como Okita e Hijikata, e quando o carrinho fez uma volta completa e os dois primeiros no brinquedo ficaram de cabeça para baixo é que Sougo pegou o que tinha trazido, e quando ele ficou de cabeça para baixo, soltou tudo, que consequentemente caiu em cima de Kagura e Hijikata. Entre as coisas que caíram neles, estava um tipo de iogurte de ameixa. Não é necessário dizer que eles passaram o resto do tempo no brinquedo de cara fechada, e continuaram assim depois que saíram do mesmo.

— Se eu descobrir quem foi o desgraçado que fez isso, ele vai desejar que minha espada a bunda dele seja o menor de seus problemas. – Hijikata praticamente espumava pela boca e fazia uma cara assustadora, mas Kagura apenas se sentiu triste de ter iogurte jogado em si.

Sendo assim, Hijikata teve de improvisar e comprou algumas roupas que vendiam em umas barraquinhas e foram para o banheiro para se limparem. As roupas eram bem ridículas mas era o que tinha, e a amanto não iria deixar que uma coisinha daquelas atrapalhasse sua diversão. Ah mas não ia mesmo. Mas Okita também não ia desistir e não importava onde eles iam, o mesmo ia atrás quando dava ou fazia algo com o brinquedo para que falhasse na vez dos dois, como no Trem-Fantasma que deu um jeito das atrações literalmente saltarem em cima do vice-chefe e da garota; ou naquele barquinho na água, na qual fez o barco virar e eles se molharem. Dizer que Hijikata já estava de saco cheio era o mínimo, pois ele parecia que ia explodir á qualquer minuto. Kagura também estava irada, mas insistia em ir em todos os brinquedos e atrações.

Anoiteceu e o último que sobrou foi a roda-gigante. Okita notou que aquele ali seria difícil de fazer algo então preferiu pensar em algo enquanto deixava Hijikata e Kagura entrarem em uma das cabines. O vice-comandante e a ruiva acharam que finalmente estavam livres de qualquer coisa que fosse dar errado, e estavam certos. Ou pelo menos, por enquanto. Quando estavam no topo, o brinquedo deu uma breve parada e eles puderam admirar o céu de Edo, que era bonito, pois naquela noite a lua estava bem perto e as estrelas eram bem visíveis. Mas quando parecia que tudo estava dando certo, algo aconteceu e a cabine deles começou á girar em trono de si mesma rapidamente enquanto a roda terminava de dar a volta. Quando parou, eles estavam para descer e estavam tontos, muito tontos. Hijikata foi o primeiro á descer e capotou no chão de bruços, tentando manter a cabeça no lugar; já Kagura correu para a primeira moita que viu e vomitou ali mesmo. Mais ao longe, Okita pagava o senhor que cuidava do brinquedo por aquele belo show.

— Kagura...vamos embora... – O moreno disse quase sem forças enquanto se levantava cambaleando e pegando os brindes que haviam conseguido e as roupas deles.

— Uhum.... – Ela disse enquanto limpava o canto dos lábios e ia até um bebedouro e molhava a boca, fazendo um bochecho e depois cuspindo a água na moita.

Sendo assim, eles foram praticamente se arrastando para fora do parque, e Okita ia atrás deles, gargalhando abafado. Missão cumprida, poderia ir para casa. Enquanto Hijikata levava Kagura para a Yorozuya, Sougo voltava para o Shinsengumi, com o celular em mãos, olhando as fotos que tinha tirado deles. Aquele seria seu novo tesouro – infelizmente não poderia publicar aquelas fotos ou o vice-chefe poderia desconfiar que a culpa era dele. Okita conseguiu se deitar e dormir com uma felicidade no peito, nada era melhor do que ferrar com a vida daqueles dois. Enquanto isso, Hijikata e Kagura chegavam destruídos na casa de Gintoki, sendo recebidos pelo mesmo.

— Nossa, vocês estão horríveis. – O prateado disse abafando um riso com a mão enquanto Kagura e Hijikata apenas o olhavam friamente. A ruiva passou pelo samurai se despedindo do moreno e dizendo que ia dormir. Toushi adentrou a casa e deixou as coisas ali na entrada e se jogou morto nos braços do namorado.

— Me leve para a cama, quero dormir. – Disse simplesmente, nem ligando se deveria voltar para a sede do Shinsengumi, não tinha forças para isso.

— Hai hai. – Gintoki disse enquanto fazia esforço para levar o moreno para o futon que dividiam quando dormiam juntos, o largando de qualquer jeito pelo mesmo ser pesado. Mas do jeito que Hijikata caiu, adormeceu. Sakata deu de ombros e se deitou também, ao lado do namorado.

Pois é. Okita realmente gostava de infernizar a amizade daqueles dois, não tinha nada melhor para um sádico do que ver a ira e dor na cara dos outros.