Amante

Capítulo 1


Bebidas, mulheres lindas, luxo, dinheiro, poder... Essa era a vida que qualquer um pediu a Deus, essa era a minha vida e o que eu citei são algumas das muitas coisas com a qual fui agraciado. Minha vida era a melhor que se podia ter eu tinha tudo o que o dinheiro pode comprar, carros de luxo antigos e atuais faziam parte da minha garagem/oficina, os melhores móveis, vidros, louças, copos, eu tenho em minha mansão, a melhor tecnologia eu tenho também... eu sou o gênio, o menino prodígio, em outras palavras? Sou Tony Stark.

Sou bilionário e automaticamente isso já me faz atraente aos olhos de muita gente, mas eu também sou lindo e não, não estou sendo humilde raramente sou se te interessa saber e uma coisa vital sou bom de cama, mulheres eu tinha aos montes... ah, mulheres já tem um tempo que eu não tenho uma e você deve tá se perguntando por que? Resumindo? Eu sai pra fazer uma venda e fui sequestrado, pois é, horrível e eu concordo, tô numa caverna, ferrado, com um eletroímã no peito pra não morrer, completamente fodido... foi mau o linguajar, mas se você está descrevendo uma situação desumana você não vai tá enfeitando as palavras. Não sei o que é uma comida, banho, água e sono decente há muito tempo, poucas foram as vezes que vi a luz do dia e quando vi meus olhos doeram pra cacete, estou fedendo, estou cansado e Yinsen meu companheiro de cela também, mas o que mais nos preocupa é que nosso tempo está acabando.

- O que tá fazendo, Stark? Escrevendo um diário?
- Mais ou menos, tô colocando algumas coisas aqui vai que a gente não sobreviva.
- E você acha que alguém vai encontrar essa caverna e encontrar seus papéis?
- A esperança é a última que morre.
- E a primeira que nos mata. - a vaga lembrança de minha mãe invadiu minha mente e eu respirei fundo, eu tento esconder, mas agora aqui nessa caverna eu percebo que sinto muita falta dela e do meu pai também.
- Minha mãe dizia isso. A esperança é a última que morre, mas a primeira que nos mata.
- Ela estava certa.
- Sim, ela estava. - nós dois ficamos calados e mais uma vez Yinsen pegou seu relógio de bolso o abriu e se perdeu em suas lembranças nunca perguntei, mas confesso que sempre tive curiosidade de saber o por que dele sorrir tanto quando olha pra aí. - O que tem aí?
- Como disse? - perguntou ele voltando de seu transe e fechando o relógio.
- Perguntei o que tem ai nesse relógio.
- Minha família. - ele abriu o relógio novamente e me mostrou que nele havia a foto de uma mulher e duas crianças, um menino e uma menina.
- Sente falta deles?
- Todos os dias. Às vezes a saudade é tanta que sinto que vai me sufocar. Sente falta da sua família?
- Sinto, não pensava muito neles antes, mas...
- Estar aqui te faz repensar algumas coisa.
- E como faz.

É, eu sinto falta dos meus pais e agora me peguei pensando nas raras lembranças do que às vezes parecia ser família. Quando eu completei 9 anos o meu pai me mandou para um internato desde então só voltava pra casa nas férias e era só nesses momentos que eu me lembrava que tinha pai e mãe... na realidade eu tive dois pais, Edwin Jarvis era o nome do outro, ele era o mais fiel mordomo e amigo que alguém poderia ter e felizmente eu o tinha.

- Pensando sobre sua família?
- Não, outras coisas. Mas me fale sobre sua família.
- Falo, mas vamos trabalhar por que senão vão vim e aqui e nos surrar como da última vez.
- Nem me lembre disso minhas costelas ainda doem. - nós nos pusemos de pé e começamos a trabalhar.

Enquanto eu trabalhava na construção do nosso plano de fuga ele fingia montar o míssil Jericó, aliás, foi graças a esse míssil que eu estou nessa enrascada e se eu sair vivo daqui vou mudar algumas coisas. Yinsen começou a me contar sobre sua vida, como vivia com simplicidade ao lado de sua mulher e filhos em um vilarejo, com o decorrer do trabalho ele seguiu me contando até chegar ao dia que foi capturado e também me confidenciou que seu maior desejo é sair daqui e encontrar sua família.

- Já falei sobre mim e minha família agora me fale sobre sua.
- Bom, meus pais não eram os melhores pais do mundo, mas eram legais sei que minha mãe se culpava por eu ficar mais tempo em um internato do que em casa, mas segundo ela era pra me proteger então era "suportável" a distância, já meu pai... eu não tenho muito o que falar sobre ele só que era igual a mim na maioria das coisas. Fim.
- E o resto?
- Que resto?
- Mulher e filhos.
- Realmente faz tempo que você tá aqui. Você disse que me conheceu em 99 então o que eu era?
- Um bilionário, bêbado e mulherengo.
- Pois eu continuo sendo o mesmo... não nesse exato momento, mas sou ou fui.
- Você nunca gostou de alguém verdadeiramente?- gosto.
- Não.
- Sem filhos?
- Mulheres pra tentar me dar o golpe da barriga não me faltaram, eu garanto. Mas, não, eu não tenho filho e nem mulher.
- Deve ser triste.
- O quê?
- Deve ser triste ser assim.
- Assim como?
- Vazio. Sozinho. - como tudo na vida ser sozinho tem seus momentos bons e ruins. - Eu não acredito nisso.
- Não acredita em quê?
- Que você não tenha gostado de alguém. Qual é, há sempre um chinelo velho para um pé descalço.
- Tá me chamando de chinelo velho?
- Não, tô dizendo que você é um pé descalço.
- Ela não é um chinelo velho. - eu a defendi e sem querer entreguei o jogo.
- Aha! Eu sabia. Quem é?
- Você parece uma menina querendo saber de fofocas.
- Olha, eu não sei se você notou, mas só tem eu e você aqui e se não interagirmos vamos enlouquecer e então quem é ela? - eu suspirei, fechei os olhos e me peguei com a imagem dela na cabeça.
- Uma amiga.
- Gosta dela?
- Sim.
- Há quanto tempo se conhecem?
- Muito tempo. O pai dela trabalhava para o meu pai e meu pai gostava dela então ela passou a frequentar a minha casa e virou minha grande amiga, entramos pra mesma faculdade eu primeiro que ela, mas quando ela entrou eu já estava em meu penúltimo ano então tivemos boas aventuras junto dos nossos outros amigos, James Rhodes e Dylan Martin.
- Conseguiu ficar com ela? - essa pergunta me fez rir, não rir por ser algo engraçado, mas sim por ser algo desconcertante.
- Consegui. Demorou, mas consegui.
- Então qual o problema?
- O problema é que eu divido ela com outro homem.
- Como assim? Vocês estão nesse negócio de relacionamento aberto?
- Antes fosse. Eu divido ela com outro homem por que ela é casada. Ela casou com um dos meus melhores amigos, eu fui o padrinho desse casamento e agora sou o amante dela. - a boca dele se entreabriu e aproveitando que a minha escora era a parede rochosa eu bati de leve a minha cabeça e fechei os olhos. - E só agora me dei conta de que a amo. - bati a cabeça de novo dessa vez um pouco mais forte e abri os olhos para ver o teto escuro da caverna que me prendia e me impedia de estar ao lado dela. "Eu te amo, Pepper, nunca te disse, mas amo."- E acho que nunca vou poder dizer isso a ela.- me levantei enraivecido comigo mesmo e fui forjar o metal para que pudéssemos construir a coisa que nos tiraria daqui.