Am I a Nerd?

Capítulo 4 - Meet Dayane, The Bag of Bones


PDV SAM PUCKETT

Eu tinha as mãos atoladas no bolso do jeans e a cabeça baixa, vacilante. Aquele caminho do parque parecia mais vazio naquela ocasião. As luzes dos postes piscavam horrivelmente como se fosse queimar. Como aquela cidade se tornara vazia tão rápido? Devia se aproximar das nove da noite e famílias felizes estavam comemorando aquele feriado, que para mim se tornara inútil.

Um sabre de luz...Bendito Nerd!

Parei diante do semáforo, em frente o BushWell. Olhei, sem querer, para o hall do hotel e vi um rastro moreno saltar para cima de algo branco. Onde ele iria? Atravessei, apressada, ainda olhando para o chão. Lembro de vê-lo me encarar surpreso, com minha presença, porém depois suavizou a expressão. Nossa conversa foi tão inútil que nem vale a pena redigi-la aqui.

Saltei de dois em dois degraus a escada e cheguei ao apartamento dos Shay`s num minuto.

–Sam!...O que aconteceu?

Carly apareceu sorridente na porta. Ela vestia um vestido florido e cheio de detalhes brancos nas mangas. Sorridente. Claro. Sempre com um sorriso iluminante.

–Terminei com o Nerd!

Ela bateu a porta e só agora notei Spencer no sofá, quero dizer, ele estava lá, só seu corpo, pois, com certeza, ele estava em algum de seus sonhos esquisitos.

Carly avançou na minha direção.

–Como é?

–Terminei com o Freddie!...Nossa! Não está escutando?

Ela olhou, de relance para Spencer, e me arrastou para seu quarto.

–Mas o que aconteceu para uma coisa dessa...

–Simples! Ele me deu um sabre de luz e me levou um cavalo-branco.

Ela quis rir, porém não o fez, talvez por consideração a mim.

–Mas isto não é aquela espadazinha que o Spencer arranjou outro dia?

–Sim...imagine!

Ela deu uma olhada ao redor do quarto e focou os olhos numa fotografia minha e do Freddie, junto a sua coleção de revistas francesas, sobre a estante.

–Mas vocês pareciam bem...- ela voltou-se para mim e retorceu o lábio – Não se sente mal?

–Claro que sim Carls...ele...foi o único homem que eu amei...

Vacilei deixando uma lágrima rolar. Mas enxuguei rapidamente.

–Mas um sabre de luz...acho que somos muito diferentes.

–Mas é isto que faz vocês perfeitos um para o outro...

–Não!...acho que forçamos aquilo que nunca devia ter acontecido...É passado!

Pulei da cama amarrando o cabelo num coque frouxo.

–Disse para minha mãe que me convidou para dormir aqui.

–Mas eu não convidei!

–Então trate de convidar!

Fui até seu closet e apanhei o short que costumava usar e sorri para ela, que me encarava brava.

–Eu preciso de você amiga.

–Você não está com cara de quem esta sofrendo...

–E quem disse que eu estava falando sobre o término...- encarei-a com as sobrancelhas arqueadas, enquanto terminava de vestir o short – Preciso da sua ajuda para me preparar um lanche.

Ela cruzou os bracos e se jogou na cama, fingindo dormi. Entendi o recado. Ela não iria. Então sai do quarto com a mão na barriga. Eu estava faminta.

Depois de milhares de fatias de Bacon fritas, despejei um pouco de suco de laranja no copo e me rumei até a sala. Spencer ainda estava lá e agora babava...Arght!

–Spencer...Spencer...ACORDA, CARAMBA!

Já sem paciência empurrei-o do sofá, o fazendo cair desajeitadamente no chão.

–Qual é, Sam!

Eu não estava a nervos de ouvir reclamações, então logo liguei a TV e aumentei o volume. Ele resmungou algo que não entendi e saiu da sala massageando a cabeça, já que havia batido com tudo na mesinha de centro.

(***)

As horas passaram rápido. Talvez uma ou duas vezes cochilei naquele sofá desconfortável. A televisão estava entediante, por isso já havia a desligado há algumas horas. Eu tentava não pensar no Nerd, mas...era inevitável. Ele, apesar de tudo, me fez feliz, talvez fora por causa dele que me mantive fora do reformatório esse tempo todo. Eu fazia de tudo para melhorar e até acho que consegui. Mas ainda mantinha meu espírito travesso.

Meu coração queria convencer minha mente de que ele só estava querendo ser romântico. Romântico? Ah não...Isto não é para mim. Não sei nem porque estou aqui parada pensando no idiota, encontrei com ele na portaria e ele ia a uma balada. Não deve estar mal pelo nosso término, então porque eu deveria ficar?

Olhei para minhas mãos e senti falta de algo. O anel. Ele me dera verão passado, lembro de vê-lo sorrir para o por do sol e me puxar ainda mais para perto. “Você me ama?” Ele me perguntou acariciando minhas bochechas. Nunca fui tão romântica, igual fui naquele fim de tarde. Enfiou o anel no meu dedo, um pouco nervoso, e depois me rodou no ar rindo alto, depois caímos no gramado nos beijando. Recordo-me de ficar ostentando aquele anel na escola. Eu estava feliz. Porém...

–Sam...ainda acordada?

–É Carls...sem sono.

Ela olhou de relance para o quarto de Spencer e foi até o sofá se sentando ao meu lado.

–É por causa do Freddie?

Cerrei os olhos, prendendo uma lágrima. Deitei a cabeça no ombro da morena e me deixei abrir.

–Sim...não pensei que seria tão difícil.

–É...não é fácil! Por que não conversa com...

–Nunca Carly!...Nunca!

Pulei do sofá batendo o pé.

–Mas...

–Nada de mas...ele cometeu a burrice, então ele que venha até mim.

Carly riu da minha mudança de humor.

–Então vamos dormir.

–Espera!...está escutando?

Cheguei os ouvidos na porta da sala e ouvi risadas.

–O que?...Ah Sam, já falei que é errado...Ah deixa pra lá!

Ela, também, não conseguiu conter a curiosidade e pregou os ouvidos na porta.

Ai mas você é hilário...”

Uma garota, aparentemente, disse de uma forma que dava a entender que ela estava explodindo em gargalhadas.

Que nada gatinha...você que é...hilária!”

Agora era um homem, com uma voz rouca. Muito rouca, principalmente quando disse “hilária”...Aquela voz. Grossa. Abafada...Espera...

–Esse foi o Freddie?

Carly pareceu deduzir o mesmo que eu.

–Shii... - apertei, ainda mais, a orelha na porta, como se aquilo fosse ajudar.

Ah não acho a chave...Não está com você?”

Sim. Sim. Era ele. Como? Na noite do nosso término, ele sai, vai para a balada e ainda tem coragem de trazer garotas? E eu achando que ele não era cafajeste.

–Filho da...

–Calma Sam! Além do mais, você sabe que ele vai se dar mal...a mãe dele está em casa.

–Olha as horas Carly...a velha deve estar dormindo.

Ela arqueou as sobrancelhas concordando. Voltei a ouvir atrás da porta e agora estava tudo em silêncio.

–Acho que eles entraram...

–Não...ouça! Parece que estão encostados na porta.

Estiquei os pés e alcancei o olho mágico.

O Nerd, metido a BadBoy, estava beijando uma ruiva nojenta, encostado na porta da Carly. Ah não! Tudo menos isto!

–O que vai fazer Sam?

Não dei atenção a Carly, apenas abri a porta de uma vez e foi um prazer, ver os dois espatifarem no chão, iguais sacos de batata.

–Touché!

Agora hilário não era o Freddie e sim a situação que eu presenciava. Acho que o “Nerdão esqueceu que sou uma Puckett.

–Ai Sam...coitados!- Carly já socorria o Nerd e o saco de ossos, vulgo a garota.

–Coitados nada...eles estavam fazendo coisas ilícitas na sua porta Carlotta.

Freddie me encarou fuzilante e estendeu a mão para o saco de ossos.

–Você está bem?

Acho que vou vomitar com isto. “Você está bem?” ? A pergunta correta é se eu estava bem – Eu terminei com você babaca – Ele não tinha mesmo consciência.

–Com licença Dayane – ah então o esqueleto chamava Dayane? - Com licença Carly...mas preciso falar com a Sam.

Como é? Se esse idiota pensa que eu vou a algum lugar com ele, está enganado. Enganado.

–Vai tirando o cavalinho da chuva, meu amor...Eu não vou a lugar nenhum.

–Vai Sim! - ele me desafiou com um sorriso. Ah maldito sorriso!

–Então me obriga!

Ele não falou nada, apenas me puxou para fora e fechou a porta.

–VOCÊ É LOUCO!

Gritei, quando ele me prensou na parede e capturou minha cintura, num gesto veloz.

–EI! EU FALEI COM VOCÊ!

Agora ele subiu as mãos, lentamente, até a metade da minha barriga e depois voltou para onde estava. Ele estava enlouquecendo?

Agora ele sorria:

–Sempre estressadinha...

E avançou no meu pescoço, onde depositou um beijo molhado, próximo ao meu queixo. Fez uma trilha até minha boca. Encarou-me, por um tempo, e algo negro invadiu seus olhos. Era da mesma cor daquele dia no elevador; ele me levou para o estúdio de iCarly e ali nos amamos. E seus olhos estavam naquele tom. Tom de desejo.

–Vê se dá próxima vez...disfarça mais o seu ciúme.

Roçou seus lábios nos meus, como ele costumava fazer, de madrugada, quando dormia em minha casa. Senti uma ponta de decepção quando vi que ele não ia me beijar. Ele abriu a porta, de novo, e puxou a magrela para seu apartamento. Carly surgiu na porta, com os olhos arregalados, como se aquela garota tivesse feito uma revelação extraordinária. Mas ela era assim.

–O que ele te fez? Te xingou?

–Não... - sussurrei, vacilante, e toquei o lugar onde tinha sentido seus lábios aquecidos – Ele...beijou meu pescoço.

A morena me encarou, como se me fizesse uma pergunta com o olhar. Balancei a cabeça, afirmadamente, respondendo a pergunta que eu já sabia qual era.

O que deu nele?