Saltos e Mergulhos

É tão interessante.

Que possamos viajar, conduzir, nossas visões e sentimentos. Podemos tudo, somos tudo e tudo: passa. Num piscar de olhos ou num milênio. Por que continuar a esconder sonhos, desejos e emoções? É tudo tão breve! E lindo! Colorido com alteridades, diversidades de todas as espécies. O mundo é bem mais, muito mais. Não é preciso ser perfeita para viver essa perfeição e ser feliz agora.

Olho para o horizonte, da sacada do flat. Está um tempo fresco na capital mineira, mas os raios solares da manhã aquecem meu rosto. Um roupão de seda com estampa floral de cor preta e vermelha cobrem meu corpo seminu. Belo lugar, belo hotel, não tenho do que reclamar. Penso que talvez seja o momento de comer alguma coisa e ir para academia no térreo, porque às 8h minha personal trainer estaria me esperando. Ouço o celular tocar e atendo.

— Oi, Fred! O que foi?

— Só tô ligando para que você não se esqueça do ensaio fotográfico às 13h. Os novos maquiadores e cabeleireiros vão estar aqui meio-dia para te preparar, faça apenas o favor de chegar nesse horário. Além disso, fez seu dever de francês ontem à noite?

— Eu nunca esqueço, nem me atraso. E fiz meu dever… Coisa que nunca deixei de fazer também. – Com um tom de chateada, reviro os olhos.

— Apenas faço meu trabalho, flor. Além disso não é raro gente com agenda cheia se perder nos horários.

— Tudo bem, te vejo no estúdio. Beijinhos…

— Beijos! Até. – Fred encerra a ligação.

Tenho um desfile para fazer também, nessa noite. A vida de modelo é laboriosa. Nunca imaginaria até ter que encarar essa rotina. Para quem está começando no ramo ganho até bem: mais que 900 por cachê num desfile ou num ensaio fotográfico. Algumas marcas e estilistas começaram a se interessar por mim após examinarem meus desfiles e books, então mais portas estão se abrindo e minha independência financeira começa a deixar de ser apenas um sonho. Planejo entrar na faculdade, com toda certeza, mas enquanto eu tiver muitas oportunidades no ramo da moda irei aproveitá-las da melhor forma. Inclusive penso em me formar em algo relacionado à design e moda, pesquisei sobre algumas faculdades renomadas de Paris.

Desde que Mischa e eu voltamos a namorar, muitas águas passaram debaixo da ponte. Brigar, nunca brigamos, mas já tivemos desentendimentos bobos – ciúmes porque já fui em boates, ou tristeza porque ela viajaria porque ela recebeu um convite irrecusável de grife e não poderia me ver em determinado dia – que eram sempre aliviados por muita conversa. Sempre que passamos por uma crise e a superamos nos tornamos cada vez mais íntimas, amigas e sinceras. Como diz minha best friend forever, melhor amiga para sempre, Larissa, o “amor não é concreto, é concretizar”. Tudo para não dizer que o amor se constrói, risos.

Só estamos pouco mais de seis meses juntas e Mischa está muito famosa no ramo, inclusive a chamaram para desfilar em diversos países, desde Alemanha até Coréia do Sul. Imagino sua madrasta revirando de recalque, apesar de saber que não devemos desejar mal a ninguém. Soube que Max Spyer resolveu apoiar Mischa com seu sonho de ser neurocirurgiã em Harvard, no momento em que ela quiser. Felizmente a essa altura ela nem precisa da ajuda dele, mas nada como ter o apoio de alguém te ame. Como ele é bem preocupado com ela, contratou dois seguranças profissionais para que acompanhassem as viagens e trabalhos realizados por Mischa. Ela odeia tanta preocupação, mas compreende que ter guarda-costas não atrapalharia a vida dela.

É Janeiro. Amo esse mês, absolutamente. É, também, hoje que completo meus dezoito anos de vida. Espero, ao menos, a ligação de alguém em específico. Ninguém nem nada mais que isso. Tenho minhas contas nas redes sociais e tornei-me bastante famosa e reconhecida, utilizando-as como forma de promover meu trabalho e meu hobby de mostrar looks do dia. Larissa já mandou um vídeo no Snapchat diretamente dos EUA. Ela está de férias com a família, mandando beijos, parabéns, felicidades e mostrando o presente que comprou para mim. Mal pude acreditar que ela me comprou um iPhone de última geração, ela é doida. Ou me ama muito do mesmo tanto que eu a amo embora eu geralmente dê apenas coisinhas como necessaires, carteiras, kits de creme… Nada extravagante.

Soube que Lari desistiu da obsessão com o irmão, graças a Deus. Ele tem namorada agora. Para quem não sabe, Lari e seu irmão são gêmeos e talvez isso explique uma parte da ligação que tinham. Ou não, enfim. Minha amiga do peito conseguiu uma nota incrível no ENEM, com mais de 880 pontos de média, podendo escolher vaga nas Universidades Federais que quiser. Ela disse que queria Engenharia Química ou Direito, mas não escolheria Medicina por ser superestimado. Risos. Ela não tem jeito, mas é por isso que a amo. Sei que ela será a melhor em qualquer lugar que pisar.

Nem sinal de Mischa me mandando mensagem nas redes. Nada no Whatsapp. Após um treino de duas horas na academia verifico o celular novamente e nada. Começo a ficar preocupada e impaciente, mas lembro dos meus trabalhos a serem feitos nesse dia. Experimentar roupas, cabelo, maquiagem, conversar com estilistas, fotógrafos, outras modelos e lidar com muito assédio. Um número insuportavelmente alto de assédio. Tenho sempre cuidado com quem estou trabalhando, já tive que lidar com assédio sexual de fotógrafos. Por isso mantenho sempre uma rede de apoio com outras modelos e de funcionários confiáveis na agência. Sem contar que já recebi, nos eventos de moda, diversas propostas horríveis e nojentas para que eu trabalhasse em filmes pornôs, nada mais nauseante. Isso quando não oferecem uma fortuna de dinheiro em troca de sexo, o que me deixa profundamente triste com a ideia do que é ser mulher numa sociedade que só quer usá-la. O respeito deve ser exigido, então toda vez que me falam algo do tipo eu ameaço de denunciá-los ou processá-los. Não se deve ficar calada.

Mischa me contou sobre a história de Alice. Sem querer mexer muito nisso, soube que ela foi vítima de abuso sexual pelo próprio tio quando criança. Isso mexeu profundamente comigo, tive vergonha de ter odiado tanto aquela garota que apenas estava reproduzindo uma sexualidade exacerbada como reflexo das violências sofridas. Talvez por isso Mischa tivesse pena dela e acabasse por realizar suas vontades, ainda que de maneira doentia. Fico feliz por saber que hoje ela está melhor e tratando esses traumas. Soube até que Alice se envolveu no mundo da dramaturgia no teatro, se tornando atriz.

Acabo de realizar a sessão de fotos e estou cansada. Lá vem um novo evento a ser dominado: a passarela. Quem diria que eu estaria desfilando no Minas Trend. Belo Horizonte é agradável e lembra um pouco São Paulo, mas é quente e menor. Não reclamo, lugares muito agitados não são minha praia e não sou simpatizada com o calor, por isso sou suspeita para falar. Ligo para Fred dizendo que acabei meu trabalho do início da tarde e ele me diz para correr para me preparar para o desfile que os estilistas me esperam e os preparadores do look também. Nenhuma mensagem de Mischa. Onde ela está? Lembro que ela voltou para o Brasil dias atrás e falou que me mandaria até um presente durante a semana que eu passasse por aqui. Foco, Andressa, foco.

É muita roupa, muito laquê e quilos de maquiagem no meu rosto. Ajustaram anteriormente os vestidos e outras roupas para que se adequassem a mim, talvez eu já esteja pronta para o desfile. Respiro fundo e lembro de todo treinamento e tropeços que já levei, além do apoio do meu agente de moda, Fred Mons, com seus conhecimentos sobre etiqueta e postura. Ainda estou sendo treinada e o meu nível não chega ao de Mischa, mas meu sonho é que pudéssemos participar dos mesmos eventos.

O desfile começa e encaro a passarela. Perna na frente de perna, ficar atenta ao ritmo e tempo da música ensaiada, postura impecável… Meia volta, pausa muito curta e pose, retorno. Eu acabo de ver Mischa e Max Spyer de relance juntos aos espectadores. Apenas estou deslumbrada com isso e, embora não possa olhar nem falar com eles, não paro de sorrir. São muitos cliques, muitas fotos sendo tiradas e pessoas gravando vídeos. Vestimos mais peças e em todo desfile demonstro um sorriso e semblantes alegres, impedindo-me de fazer “carão” que a grife recomendou porque não consigo me conter de emoções. Teve muito assédio de repórteres, fotógrafos, mas no sentido de inconveniência: poxa, eu tô ganhando para isso? Acho que não né, mas nada como ter o rostinho reconhecido por todo o Brasil e alavancar na carreira. No final do desfile podíamos nos encontrar, ela esperava que eu saísse do backstage, eu estou muito ansiosa com isso. Não podendo conter minha alegria, a abraço.

— Era para estar desfilando comigo! – Sorrindo, arqueio as sobrancelhas de maneira engraçada.

— Sem preparação, sem desfile de moda. Agora entende que é complicada a profissão né, Andy. – Mischa sorri e pisca para mim.

— Uff, não sabia o quanto. É um bom dinheiro mas cansa. Tudo cansa. Além disso, já foi assediada hoje por um fotógrafo e repórter? Porque para mim foi o mais inconveniente do trabalho…

— Não muito, disse que estava apenas de passagem e só deixei que me fotografassem, sem entrevistas. Só que para você sugiro que tenha mais paciência e tato com eles. Deve lembrar que tudo aqui na moda é marketing e… Você está lindíssima! Seu desfile foi incrível, awesome, tirando que você começou a sorrir muito. Tem que levar mais a sério as recomendações das grifes e estilistas.

— Normalmente levo, mas não esperava que viesse! – Resmunguei.

— Hã, está querendo sair ilesa me culpando, é? Meu pai viria aqui sem mim, ele foi convidado por um amigo. Quando eu soube que ele estaria aqui nesse exato evento em que você está desfilando, não pude deixar passar! Ele queria vê-la, mas vai demorar um pouquinho porque está com o amigo dele, que é dos empresários patrocinadores.

— É, ricos… Talvez eu nunca vá entendê-los. Conseguem ganhar dinheiro até conversando com amigos.

— Para de ser boba, Andy. – Ela ri.

— É verdade, até dormindo ganham dinheiro, esqueci. – Rio.

— Bom, não posso discordar… Mas vamos mudar de assunto. Queria te entregar uma coisa… – Mischa faz uma cara de suspense acompanhado de um sorriso lindo.

— Quero, pode ir passando para cá. Aniversariante que dita as regras.

— Espera! Nada é de graça, só entrego se você me der um beijo.– Ela ri e tomba a cabeça para o lado. Não posso deixar de reparar em seu vestido que destaca o colo de seu corpo, suas clavículas e pescoço… Ela está bastante formal, como se estivesse num casamento ou reunião de empresas. Nada mais do que o esperado, apenas nunca a vi tão formal, dá um ar de mais velha. Usa um vestido curto e ajustado em seu corpo com detalhes laterais pretos e dourado no meio, segurando uma bolsa de mão preta com detalhes também dourados. Deve ser um presente bem pequeno…

— Viu, ricos são ricos porque lucram o tempo todo…– Brinquei – Beijarmos aqui? Mas tem muita gente, seu pai pode ver.

— Meu pai não é mais problema! Porém, ainda assim, se quiser um lugar mais discreto eu também preferiria.

— O quê? Você contou para Max Spyer que namora comigo?

— Sim! – Ela ri e junta suas mãos perto de sua boca, olhando para mim bem animada. – Antes de viajarmos expliquei para ele que estamos namorando. Ele já desconfiava há tempos, mas não fazia questão de saber ou não. É, ele é preconceituoso com isso. Papai ficou um pouco abalado, mas disse que me aceitaria da maneira que eu fosse e que é um erro tentar fazer com que as pessoas sejam da maneira que ele desejava. Falou que após eu conhecer você fiquei mais feliz e independente, será? – Mischa me encara rindo e com brilho radiante nos olhos azuis límpidos. – Você pode me dizer?

— Posso dizer que é recíproco! – Dou um abraço apertado nela. – Parabéns, Mischa, mais uma conquista!

— Obrigada!! Dankee, spasibo, thanks!! (agradecimentos em alemão, russo e inglês respectivamente) – Acaricia meus cabelos delicadamente.– Saudades, mein lieber. (minha querida, em alemão)

— Saudades! Vamos para algum lugar mais calmo?

— Acho ruim termos que ir para um banheiro público fazer isso mas…– Mischa abaixa os olhos tentando não demonstrar o desconforto. Obviamente ela não quer se esconder, não quero magoá-la e talvez seja um momento inofensivo para que façamos isso.

— Não, não vamos para um banheiro público. Aqui, – pego sua mão e beijo suas costas – pode ser bem aqui no meio de todo mundo. Já está mais que na hora que nosso amor não seja mais segredo. – Eu a encaro e a vejo sorrir um pouco constrangida, me sinto o cavalheiro, risos, quebrando a redoma protetora que ela criou. Já a conheço e esse é o momento certo para beijá-la e no qual meu corpo se retorce de desejo, pulsante.

Beijo-a, na frente de todos, suave e delicadamente como da primeira vez, mais um daqueles beijos inesquecíveis que me deixam em transe. Não ouço ninguém vaiar ou xingar; apenas nos observam, meu foda-se de qualquer forma. Estou querendo ir para cama com ela, ou então na banheira de hidromassagem do meu flat. Mas aqui estamos, tudo por um presente. Brincadeirinha.

— Amo você. Cada vez mais e mais profundamente. É como se você cavasse mais fundo em mim e toda a terra fosse substituída por amor e confiança. Talvez eu não tenha as palavras certas, inclusive escrevi no papel para caso eu deixasse algo passar só que agora sinto que não seja preciso. Isso que você acabou de fazer foi muito significativo, Andy. Sou grata por ser sua namorada e mais grata ainda que você seja a minha. Você me faz muito bem… Pela primeira vez consigo confiar tanto numa pessoa e amá-la acima de toda dúvida ou escolha.– Ela abre a bolsa de mão e retira uma caixinha aveludada azul-marinho. Não sei o que pensar, acho que estou ficando vermelha de emoção. Mischa olha para mim seriamente.

— Andressa Hoffman, você aceitaria se casar comigo? – Ela abre e vejo um anel de ouro branco cravado de brilhantes. Não sei me conter, estou um pouco assustada, mas muito, muito feliz.

— Como que você faz isso comigo, Mischa? É óbvio, claro, evidente que eu aceito. Quero você na minha vida a todo instante e até seu fim. – Começo a chorar, estou muito emotiva e feliz. Beijo e abraço minha noiva. Não há palavras que descrevam o quanto estou explodindo de felicidades e emoções. Não há .

– Esse ainda não foi seu presente, Andy. Fiz uma playlist de músicas que me lembram de você, estão nesse pendrive.– Ela me entrega – Mas claro, mais lindo seria se escutássemos juntas nos amando…

Uma plateia se formou em volta de nós e no meio dela estava Max Spyer aplaudindo alegremente junto a todos o que acabamos de fazer. Agradeço, peço licença a todos e puxo Mischa para o primeiro táxi na entrada do Expominas, prédio em que está ocorrendo o Minas Trend, e vamos para meu hotel. Chegamos ao quarto e já coloco o pendrive no meu MacBook air, enquanto Mischa aprecia meu flat.

— Nada mal. Gostei bastante do flat.

— Nada mal vai ficar depois de nós duas nuas na hidromassagem!

— E teve gente dizendo que estava cansada… – Ela ri.

— Para algumas coisas nunca estou cansada, meu amor. – Sorrio maliciosamente. – Vou deixar o MacBook no banheiro e só vamos ouvir quando estivermos na banheira, tudo bem?

— Às suas ordens, comandante. – Ela brinca fazendo uma sutil reverência.– A aniversariante pode pedir o que quiser de mim agora.

— Enche a banheira? – Eu rio e ela revira os olhos de impaciência, mas indo de qualquer modo.

Enquanto ela vai para o banheiro, me dispo totalmente. Colares, braceletes, anéis, vestido, salto, maquiagem… Me torno crua. Vou até o banheiro e a água está num nível suficiente para nós duas. Mischa não tirou sua roupa e quando me vê começa a sorrir como uma boba. Ajudo-a a se despir, deslizando o zíper do seu vestido em suas costas e minha mão em seu ventre. Cada momento que passo com Mischa é uma mistura de desejo e confiança: o amor está em todas as entrelinhas. Deixo a playlist tocar e entramos na banheira. A primeira música ela diz que é o nosso tema: talvez um pouco masoquista. Risos. Quando escuto, não sei se fazemos amor ou esperamos aninhadas pela próxima. A música é Photograph de Ed Sheeran. É uma descrição de nossas vidas e começo a chorar olhando sorrindo para Mischa que também sorri emocionada. Segurando a mão uma da outra debaixo das águas, repouso minha cabeça sobre seu ombro e ela encosta sua cabeça na minha.

“Oh you can fit me (Você pode me colocar)
Inside the necklace you got (Dentro do colar que você conseguiu)
When you were sixteen (Quando você tinha dezesseis)
Next to your heartbeat where I should be (Próximo aos seus batimentos cardíacos onde eu deveria estar)
Keep it deep within your soul (Deixe isso profundamente em sua alma)

And if you hurt me (E se você me machucar)
Well that's okay baby (Ora, está tudo bem querida/baby)
Only words bleed (Apenas palavras sangram)
Inside these pages you just hold me (Dentro dessas páginas você simplesmente me abraça)
And I won't ever let you go (E eu nunca a deixarei ir)

When I'm away (Quando eu estou longe)
I will remember how you kissed me (Eu me lembrarei como você me beijou)
Under the lamppost back on 6th street (Debaixo do poste de luz na 6ª rua)
Hearing you whisper through the phone (Ouvindo você sussurrar pelo telefone)
Wait for me to come home (Espere-me voltar para casa) ” – Trecho de Photograph, Ed Sheeran

Mergulho em sua alma. Seu corpo e seus lábios. Desde cada pensamento pela manhã. Não importa mais a definição do amor, se é muito ou pouco, se vem de dentro ou de fora: que se dane. Deve também ter muitas cores e tonalidades e o que sinto com ela me traz essa liberdade. Não importa se um dia nos separarmos, sei que de alguma forma estaremos esperando uma pela outra. Cúmplices, amantes, amigas e loucas.

Loucas de amarem além de tudo.

♥

– Andressa, feliz aniversário. Ya tebya liubliu.