1 de Junho de 2009.
- Nella Murray? - A diretora abriu a porta da sala e perguntou pela jovem, que estava sentada na primeira carteira da segunda fileira da sala de aula.
- Sim? - Nella fez um sinal para a professora, que estava explicando alguma coisa na lousa. Entendeu que poderia se levantar, e saber o por que da diretora chamar seu nome assim, de repente. Estava só alí, com o corpo presente. Sua alma estava em outro lugar. Alguma coisa estava acontecendo.
- Peço que me acompanhe. - A diretora tirou seus óculos com lentes grossas e de alto grau.
- Sim senhora.
Os corredores estavam vazios, e frios, como sempre. Só escutava o "toc toc" do salto da diretora. Depois de um curto tempo andando, chegou à diretoria. Nunca havia entrado lá. Nunca havia feito nada de errado.
- Nella Gee Murray... Certo?
- Certo...
- Belas notas, Senhorita Murray.
- Obrigada, desculpe, eu só queria saber por qu-
- Quer saber por que lhe trouxe aqui? - A diretora deu uma risadinha.
- Sim senhora, eu...
- Está dispensada. Arrume suas coisas e espere na entrada do colégio. Virão lhe buscar.
- Não entendi, como assim? - Arregalou os olhos.
- Eu só quero que faça isso.
- Mas...
- É só isso.
Nella voltou para a sala de aula, e como a diretora mandou, arrumou suas coisas. Foi para a entrada do colégio, não sabia o que estava acontecendo. Não via nenhum sinal, ninguém que tivesse algum meio de levá-la pra casa. O tempo passava de vagar. O que restava fazer era ouvir um pouco de música.
Ouví-lo é o que ela mais gostava de fazer. Michael Jackson. Sempre que falava às pessoas que o amava, à olhavam como se fosse uma coisa esquisita de se dizer. Mas ela tinha muito orgulho de ser fã de quem era. Desde pequena acompanhou tudo o que acontecia, as notícias, e a rotina daquele homem. Pensou em tudo o que já passou por ele. Iria à Londres. Ver o ato final. Com muito sacrifício conseguira comprar os ingressos, e pela primeira vez em sua vida, poderia vê-lo.
Foi iterrompida dos seus devaneios. Uma limousine, preta, parara em frente à calçada onde estava em pé. Ficou confusa. O vidro da frente se abriu, e um homem muito pálido e com aparência elegante surgiu.
- Nella, graças à Deus. Venha, entre. - O homem estava uniformizado. Saiu do veículo às pressas, e abriu a porta dianteira para que entrasse.
- Mas o que... - Foi iterrompida.
- Peço encarecidamente à Senhorita que entre no carro.
E assim fez.
___________________________________________
- Isso é uma proposta irrecusável.
- Eu não posso aceitar isso. É um absurdo. Eu não posso acabar com...
- Ora, cale a boca! Faça. Faça isso. É tão difícil?
- É difícil demais.
Abriu a maleta com o dinheiro. Todo aquele dinheiro. 10 milhões de dólares, ali. Em sua frente.
- E o valor aumenta cada vez mais.
- Mas... E aquelas pessoas? E todas as pessoas que amam o...
- Que se foda! Que se foda todos esses babacas. Escute aqui, olhe para todo esse dinheiro. Não é difícil fazer isso.
- Eu não posso.
- 15 milhões. É isso o que você quer? Mais dinheiro?
- A minha filha... Ela confia em mim... Ele confia em mim!
- A sua filha poderá fazer o que quiser. Foda-se ele! Ele vai morrer. Ninguém vai te pegar. Desse dinheiro, receberá cada vez mais. Nós queremos ele morto, além de qualquer coisa!
___________________________________________
- Chegamos. - Nella finalmente viu algo de normal! Sua casa. O homem, educado, abriu a porta mais uma vez. Saiu.
- Obrigado.
- Não precisa agradecer, senhorita Murray. É o meu trabalho.
- Oh sim. Até mais! - Correu para casa, sem mesmo saber o que fazia lá, exatamente. Chegando lá, não havia ninguém, nem nada. Andou de um lado pro outro. O que havia de fazer agora?
O telefone toca.
Fale com o autor