– Mas que droga James, já não bastava o primeiro tiro, você tinha que querer outro? – Lilly gritava enquanto dirigia para longe do hospital.

– Foi de raspão Lilly, não se preocupe. – Ele disse se livrando do colete e de parte da pesada farda. – E a propósito, de nada. – Ele resmungou a ultima parte e ela pareceu se lembrar de algo, franzindo a testa com certo desgosto.

– Você tem que parar de tentar se matar ao invés de me deixar morrer. – Ela resmungou e ele a lançou um olhar incrédulo.

– Não faça com que o meu sacrifício pareça desnecessário. Eu quase morri por tirar vocês duas de lá na primeira vez, quase morri para tirar você de lá viva hoje, então, por favor, faça o mínimo que você pode e não morra. – James disse em tom rude enquanto Lilly praticamente voava pelas estrada agora já mais calma.

– Se você estiver morto, eu vou morrer também, então façamos assim, ambos faremos o possível para sobreviver, ok? – Ela disse olhando para ele por uma fração de segundos e parte da irritação dele pareceu sumir.

– Me parece um bom acordo.

Dizendo isso, ambos logo se viram chegar a uma parte da estrada, onde a única companhia para eles era o deserto.

– Para onde vamos agora James? – Lilly perguntou depois de algum tempo e James demorou pelo menos alguns segundos para formular uma resposta, que não veio antes de um suspiro de frustração.

– Você que dizer, para onde vamos agora que nosso ultimo plano falhou e não temos mais nada?

– Ainda temos aquelas palavras malucas da mensagem estranha. – Lilly tentou soar otimista, mas suas palavras não ajudaram muito.

– Você se lembra exatamente o que dizia a mensagem? – James questionou parecendo buscar algo na memória e logo viu Lilly tirar da bolsa um pequeno pedaço de papel amassado pelas dobraduras.

Para achar a resposta, mal vão precisar procurar.

O caminho será mostrado, se as trilhas de sangue souberem seguir.

O sol nasce assim como se põe. A escuridão é inevitável.

O que importa não é o começo, mas, o fim.

Boa sorte.

James leu para si mesmo, antes de em alto e bom som, ler a parte que mais o chamou a atenção.

– O sol nasce, assim como se põe. – Ele disse e Lilly assentiu. – Eu acho que ele poderia estar fazendo uma analogia clara aos pontos cardeais.

– E como é que você sabe disso gênio? – Lilly desdenhou e James quase riu.

– O que importa não é o começo, mas, o final. – Ele citou uma outra parte e Lilly não entendeu. – Mas que droga garota, você não entende nada.

– Me desculpe se eu não sou um nerd viciado em computador. – Ela alfinetou e dessa vez ele riu.

– Isso aqui é inteligência Lírio, e isso a gente nasce tendo. Conhecimento a gente adquire, inteligência, é um dom. – James respondeu e Lilly revirou os olhos.

– Convencido... – Ela resmungou e ele sorriu ainda mais.

– Enfim, o que importa é que nós morávamos no leste do Canadá, exatamente do lado onde o sol nasce, e também foi onde tudo começou, em casa. Se seguirmos essa linha de raciocino, o sol se põe do outro lado, e provavelmente é lá que tudo vai terminar também. – James deu toda a sua explicação, mas Lilly, por mais que estivesse impressionada, apenas deu de ombros. A atitude da garota fez o rapaz querer matá-la.

– Resumindo... – Lilly o incitou a continuar, mesmo já tendo, claramente, entendido onde ele queria chegar.

– Temos que seguir para Oeste Lilly, mas que droga. Será que eu tenho que desenhar? – Ele se irritou e ela finalmente percebeu que era hora de parar de brincar com o equilíbrio já bastante balançado dele.

– Ok. Mas você se esqueceu das outras partes da tal “profecia”. – Lilly fez aspas com os dedos na ultima parte da frase, o que fez o carro por pouco não sair da estrada.

– Preste atenção no volante, louca. – Ele brigou pondo as mãos no volante e ela riu, antes de bater no braço dele.

– Você está sangrando outra vez James. E ainda no banco desse carro que nem é nosso.

– Não se preocupe, dessa vez foi só um corte. Quando a gente parar para descansar, você pode suturar para mim.

– Enlouqueceu foi? Eu não sou médica, não sei suturar ninguém. – Lilly se desesperou com o pensamento e foi a vez de James revirar os olhos.

– Provavelmente nem as suas calcinhas você já costurou. Mas tudo bem, eu te mostro como fazer antes e depois você tenta. Se eu deixar o corte aberto, vamos perder mais belos dias junto com mais alguns litros do meu sangue, que ultimamente parece estar tendo problemas em ficar apenas dentro do meu corpo. – James reclamou e Lilly concordou silenciosamente com ele.

– Será que essa é a tal “trilha de sangue” que devemos seguir? – Ela perguntou e ele pensou por um momento antes de responder.

– Provavelmente a trilha começou desde o quintal da nossa casa, mas algo me diz que não é só isso que ele quis dizer. Tem mais coisa vindo por aí. Não podia ser tão fácil assim.

– Ah, mas é claro. Por que ter toda a costa o Oeste do Canadá para procurar por nossos pais é fácil de mais. – Lilly despejou ironia e James a olhou feio.

– E você acha que ele quis dizer o que quando falou para acharmos a resposta, mal precisaremos procurar? – James devolveu em tom áspero. – Ele está nos guiando para onde quer que a gente vá Lilly. Não percebeu isso ainda?

– Você acha que ele já sabe para onde estamos indo?

– Mas é claro que sim. – James respondeu exasperado e retesou quando sentiu o braço latejar. – Ele está manipulando a gente, e no final, se quisermos ganhar esse jogo, vamos ter que deixar ele continuar pensando que está ganhado.

– E se ele realmente estiver?

– Ai vamos ter que pedir uma revanche.