Derek Andeza ouviu então, o baque surdo do corpo do seu único filho quando ele foi ao chão.

Layane viu o momento que Brett puxou o gatilho. Lilly que agarrava com força à camisa de James tentou levá-lo ao chão consigo. A bala não era direcionada à ela, no entanto. A bala que saiu da arma do ultimo herdeiro dos Haala tinha um alvo certo. E quando o vermelho sangue manchou a camisa preta de seu único filho, Layane desejou ser ela em seu lugar. E ela viu Janina correr, viu Lilly se levantar e em segundos se projetor sobre o corpo inerte de seu filho. Viu Alice correr para os braços da mãe e viu Derek acertar em cheio a testa do rapaz que havia acabado de atirar no filho deles. Com pouco esforço, Andrew se aproveitou do choque que se instalou por mínimos segundos para desarmar mais um guardar, e no segundo seguinte, ele e Derek levavam ao chão o ultimo que ainda estava de pé. Os três policiais encaravam atônitos a situação por um segundo e no segundo seguinte, dois deles corriam para algemar os que ainda não estavam mortos. Eles diziam uma seria de palavras em um comunicador. Reforços estavam chegando e tudo o que Layane podia pensar era no fato de que ela precisa salvar o seu filho.

– James! – Lilly chorava com o corpo prensado protetoramente contra o dele. – Olha para mima James, não ouse fechar esses olhos agora.

– Shiii Lil’s. – Ele levou a mão suja de seu próprio sangue aos lábio dela. – Vai ficar tudo bem, eu já disse isso a você. – A voz dele era fraca.

– Eu te disse para parar de bancar o herói, eu te disse que você não era herói Jay! – Ela suplicava e ele quase conseguiu sorrir. – Mas eu estava errada... Você não é só tudo o que eu tenho James, mas você é também tudo o que eu preciso. Não se atreva a fechar os olhos, por que se você fizer isso, quem é que vai enxergar o caminho por nós?

Mas James não tinha forças para manter os olhos abertos, ele queria tentar, queria ser forte, mas dor era imensa, insuportável. O ar parecia se negar a querer entrar em seus pulmões, e Deus o ajudasse, mas ele podia sentir o buraco em seu peito.E ele ia fechar os olhos, ele estava pronto para parar de lutar quando em um ímpeto, uma mão se pôs sob a sua ferida e quando a dor se tornou tamanha para ser possível descrever, ele viu Lilly pressionar com força a sua pequena mão contra a ferida em seu peito, e em instantes ele não estavam mais no chão. Ele viu um rosto muito parecido com o dele mesmo bastante próximo. Derek tinha a expressão desesperada ele podia dizer. Mas ele e Andrew o carregavam às pressas em direção a saída daquele lugar.

– JAMES! – Ele ouviu sua mãe gritar e seu corpo ir de encontro ao chão outra vez. Seu pai e seu tio de repente não o seguravam mais, e ele abraçou o vazio que o preencheu.

Andrews e Derek notaram no mesmo instante que estavam cercados. Derrubar três oficias altamente treinados não havia sido fácil para eles. O sargento só foi ao chão, quando Layane, desesperada para que o marido fosse amparar o filho, resolveu entrar na briga. O tamanho pequeno dela a permitiu se lançar sobre o homem e com um aperto de força que não a pertencia sem o desespero ela o deixou sem respiração em pouco menos de um minuto. Eles não mataram o homem. Deviam suas vidas à aparição repentina e inesperada dele. Mas quando Andrews e Derek viram pelo menos mais oito ou dez homens do lado de fora do galpão em que estavam que eles perceberam que seria inútil lutar. O corpo de James foi posto de pressa no chão e antes que eles pensassem no que iriam fazer, eles viram Layane e Janina se entreolharem e com poucas palavras trocadas em sussurros entre as duas, elas já sabiam como escapar.

– Graças aos céus! – Janina gritou chamando a atenção dos homens de farda. – Eu já estava perdendo as esperanças de que chegariam. – Ele dizia em um tom desesperado que fez Derek lançar um olhar incrédulo a Andrews.

– Meu filho. – Layane chorou desta vez de verdade e na primeira visão que os oficiais tiveram de James, eles abaixaram as armas e vieram de encontro ao rapaz. Derek e Andrews largaram as armas.

– O que foi que houve aqui? – Ainda com a arma apontada para eles, um dos oficias perguntou.

– Nós fomos sequestrados, eles pediram resgate aos nossos filhos, os ameaçaram, e quando a policia finalmente chegou, os bandidos atiraram e eles lutaram até que todos foram ao chão. A empregada nos ajudou a escapar. Vocês precisam nos ajudar. – Layane explicou no mesmo instante em que todos abaixavam as armas e uma ambulância chegava ao local. Os paramédicos se aproximaram de James, e nem assim Lilly se deixou afastar do rapaz. Em instantes o choro de Alice chamou a atenção dos médicos que ordenaram que todos fossem encaminhados primeiro ao hospital mais próximo, depois à delegacia.

Andrew encarou Derek e a frase que ele ouviu dos lábios do amigo o fez acenar em compreensão.

– David Street, 37. Assim que os paramédicos consertarem o James.

E assim foi feito. Desesperados, paramédicos e enfermeiros estabilizaram a enorme ferida no tórax de James. Aparentemente, o rapaz estava sofrendo ainda com uma grave perda de sangue e desidratação. Quando questionaram a idade de James e tiveram como resposta o numero 18, a grande maioria da equipe se surpreendeu. Certamente o jovem rapaz banhado em sangue sob a maca já havia visto da vida muito mais do que os cabelos brancos da enfermeira mais experiente ali presente tinha coragem de imaginar. James Andeza era um sobrevivente, e isso naquele momento era tudo o que importava.

O hospital ficava longe, duas horas no ritmo frenético de uma ambulância. Duas horas que eles não tinham para esperar. Em duas horas os oficiais desacordados já teriam retornado a consciência e estariam certamente prontos para divulgar as noticias que as vítimas indefesas de um sequestro e extorsão não eram tão indefesas quanto pareciam. Por esse motivo, Derek e Andrews precisavam agir rápido.

Na ambulância com James estavam Layane, Derek e a velha senhora Giny, a empregada que havia sido trazida por Brett Haala do Brasil, separada de sua família com a única justificativa de que ninguém poderia cozinhar do jeito que o jovem rapaz gostava se não ela. Giny se viu horrorizada com as atitudes do jovem e soltar os reféns que ele pretendia matar foi uma tarefa que ela já vinha arquitetando há dias. Era ela a responsável por olhar pela mínima segurança da pequena Alice quando ela também foi mantida refém.

Na segunda ambulância, Janina via Lilly se remexer inquieta diante dos cuidados da jovem enfermeira que tratava de seus ferimentos. Andrew segurava Alice como se sua vida dependesse daquele aperto. A criança dormia, finalmente, tranquila nos braços do pai.

De repente, a enfermeira que cuidava de Lilly se viu lançada bruscamente para o lado, seu corpo perdendo o balanço dentro do pequeno espaço. O motorista da ambulância estava sendo obrigado a desviar das acrobacias extremas que a ambulância da frente estava fazendo. Derek havia tomado o controle, e este era o sinal que ele dava a Andrews para fazer o mesmo. Com um movimento rápido, ele depositou Alice na maca ao lado de Lilly e sem pensar uma vez levou ao chão a atônita enfermeira, o velho paramédico, e não tão bruscamente, para evitar um acidente desnecessário, o motorista.

Dentro de pouco mais de meia hora, todos se viam reunidos outra vez na famosa David Street. As sirenes não faziam barulho mais por perto.