Always in My Heart
Capítulo 16
Meu corpo estava em chamas. Meus olhos firmemente fechados. Minha cabeça tombada para trás e meus lábios abertos em um gemido mudo.
Respirei fundo e senti seu perfume, suas mãos subiam lentamente por minhas pernas, seus lábios marcando minhas coxas com beijos molhados. Minhas mãos agarraram-se aos lençóis enquanto meu corpo arqueava-se e um gemido rouco saia de meus lábios.
— Minha Kate – Sussurrou quando seus lábios molhados roçaram em meus seios. Minhas mãos agarraram seus cabelos macios e sua boca finalmente encontrou a minha e nos beijamos.Seus lábios tão doces sobre os meus, me puxando, me amando.
— Rick – Sussurrei entre seus lábios e o senti se posicionando entre as minhas pernas ....
Fui brutalmente despertada do meu sonho por meu celular que não parava de tocar.
Sentei-me ofegante e agarrei o aparelho rapidamente.
— Laine, eu te odeio tanto. – Disse e Laine explodiu em risadas do outro lado da linha.
— Atrapalhei alguma coisa? – Perguntou curiosa e um tanto maliciosa.
— Só o meu sono. – Disse mal-humorada.
— Bom, você não se cansou de ficar atoa ainda? – Mordo meu lábio olhando para o quarto.
— Tenho gêmeos, Laine. Não é tão fácil ficar deitada... – Laine ri.
— E eu tenho um bebê, Kate. Um bebê! – Nos duas suspiramos. Um bebê sempre significa nada de sono.
— Essa fase vai passar, Laine... Bom, eu não me lembro com tanta clareza, mas vai passar.
— Oh, garota! Não se lembrou de nada? – Pergunta preocupada.
— De algumas coisas. Alguns sonhos que tenho parecem com lembranças ou apenas me lembro...
— As lembranças com o menino escritor são boas? – Suspiro lembrando-me do sonho que foi interrompido por Laine.
—Não vou te responder. – Laine ri mais uma vez.
— São quentes? – Pergunta baixinho.
— Laine! – A reprendo segurando para não rir.
— Certo, não quero saber. – Ela bufa.
— Laine?
— Aconteceu alguma coisa, não é? – Fala muito seria.
— Eu o magoei. – suspiro e volto a me deitar. – Não consigo me lembrar.
— Kate, você sente algo por ele?
— Sinto uma mistura de coisas – Digo me lembrando das ultimas semanas. Sinto ciúmes, sinto desejo, sinto raiva, me preocupo e descobri que sinto saúdes.
— Se sente por que precisa tanto se lembrar? – Laine fala com carinho – Kate, ele te ama e você ama ele. É simples.
— Mas... – Ela bufa novamente e volta a falar.
— Não quero ouvir desculpas, Beckett. Apenas fale a verdade, fale o que sente por ele.
— Certo. – Murmuro.
— Preciso deligar agora, sua cabeça dura. – Diz e escuto um chorinho de bebê.
— Cuide bem do meu afilhado.
— Se entenda com o menino escritor. – Diz e desliga.
Largo o celular e fico encarando o teto por mais alguns minutos.
— Ai droga. – Digo e me levanto rapidamente amarrando o meu cabelo em um coque mal feito e desço as escadas o mais rápido que meus pés me permitem.
Vou da sala para a cozinha e volto para o corredor.
— Ah droga! – Digo tapando meu rosto com minhas mãos.
— Sra. Castle? – Uma voz suave me chama a atenção e sou obrigada a destampar o meu rosto. Uma jovem senhora baixinha de cabelos castanhos me encara com certa curiosidade. – Precisa de alguma coisa?
— Sra. Dulce? – Falo e ela sorri alegremente balançando a cabeça em afirmativa.
— Rick já foi? – Perguntou e olho envolta da grande cozinha.
— Faz mais de uma hora que ele foi e às crianças foram com ele para a escola.
— Argh! – Resmungo cruzando os braços. – Eu sabia que não devia tomar aquele maldito chá novamente. – Dulce me olha com curiosidade. – Dormi mais que a cama, Dulce e tenho certeza que ele armou isso para que não precisasse se despedir.
— Ele deixou um bilhete. – Dulce fala e esboça um sorriso apontando para a bancada.
Corro para a direção de seu dedo e me sento agarrando o pedaço de papel.
Kate, por favor, não fique brava por não ter te acordado. Odeio me despedir de você.
Tenha cuidado e seja menos teimosa.
Ligarei assim que eu chegar.
Com amor, Rick.
Releio o bilhete algumas vezes e suspiro. Dulce coloca uma xicara de café em minha frente e sorri.
— Obrigada Dulce. – Sorrio e tomo um gole do café e suspiro me deliciando.
— Sr. Castle me ensinou a fazer do jeito que você gosta antes de ir. – ela ri quando tomo outro gole e fecho os olhos.
— Eu nunca consegui fazer igual. – Sorrio– Ele também te ensinou a fazer aquele chá que coloca elefante pra dormir ?
— Aquele chá fui eu que ensinei – Diz e ri com minha cara de surpresa.
— Ah, Dulce! – Rio e volto a olhar para o bilhete escrito com letras caprichadas.
— Ele ama a senhora. – Dulce comenta e começa a separar as coisas para o almoço. – Tentou se despedir, mas não conseguiu.
— Mesmo? – Pergunto a observando separar os alimentos da dispensa.
— Sim – Ela ri e me olha – Sophie e Alex estavam com a mesma carinha que a senhora.
— Me chame de Kate, Dulce. Estou me sentindo uma verdadeira senhora que não faz nada além de dormir. – Digo e ela ri concordando e volta para sua tarefa.
— Dulce, pode me explicar como chego à delegacia? – Dulce se vira e me encara seria.
— Sr.Castle disse que você ficaria em casa, Kate. – Reviro os olhos e tomo o restante do café.
— Sr. Castle não manda em mim, Dulce. – Ela balança a cabeça e esconde um sorrisinho.
— Vamos, Dulce. - Peço com o meu tom de voz mais doce. – Só precisa me explicar e eu consigo chegar lá e depois busco as crianças.
Com bastante relutância Dulce me explica o caminho mais fácil para chegar à delegacia e me pede para usar o GPS. Lembra-me o horário de buscar as crianças e anoto tudo em um pedaço de papel. Além de me obrigar a anotar o seu número como emergência.
Tomo um banho e me arrumo, coloco minhas botas e meu casaco favorito cor de vindo. Ainda estava nevando e Deus me ajude se eu pegar uma gripe. Castle enlouqueceria. Sorrio com o pensamento enquanto me maqueio no banheiro.
Quando volto para a cozinha Dulce me olha com uma carinha preocupada e ao mesmo tempo feliz.
— Por favor, não vá me colocar em apuros com o Sr. Castle.
— Sim, senhora. – Digo e ela ri e balança a cabeça.
No caminho para a delegacia não tenho muita dificuldade, além do terrível trânsito de NY. Após quase meia hora chego em perfeito estado a delegacia e para minha surpresa sou recebida com abraços e cumprimentos.
Espo e Ryan pulam da cadeira e quase correm em minha direção. Os vendo e estando naquele lugar percebo o tanto que sentia falta daquilo tudo. Fazem parte de mim.
— Capitã – Diz Espo e me abraça.
— Kate – Ryan me abraça e logo me encara – O que veio fazer aqui?
— Eu trabalho aqui, certo? – Digo e os dois me olham como se eu fosse suspeita de algum crime.
— Castle sabe? - Ryan pergunta e Espo me encara com os olhos cerrados.
— Que eu trabalho aqui? Creio que sim. – Digo e me encaminho para minha sala, mas sou impedida pelos dois que se enfiam na minha frente.
— Sério? – Os encaro ligeiramente irritada. - Não me lembro do meu marido e de um monte de coisas, mas me lembro do meu trabalho. – Digo em tom seco e passo pelos dois.
— Kate – Espo me para novamente e me seguro para não pisar em seu pé. – Não é isso que queríamos dizer.
— Só estamos preocupados – Ryan se adianta em explicar – Quase a perdemos e você faz muita falta.
— Humf – Murmuro repreendendo um sorriso. – Estou ótima, vim dirigindo e sozinha.
— Dirigindo? – Espo falou abobalhado.
— Sozinha? – Ryan completou refletindo o rosto de Espo.
— Cristo! – Resmungo e passo pelos dois e entro na minha sala. Paro na porta a observando atentamente, os vidros parecem ter sido trocados e uma considerável pilha de papeis cresce sobre a mesa.
Sento-me na cadeira e me sinto confortável. Dou uma olhada na mesa observando cada detalhe e me deparo com alguns porta-retratos. Sinto meu coração se aquecer.
Em um mamãe e papai sorriem para mim, em outro Alex e Sophie mostram orgulhosos seus sorrisos banguela e na outra Castle me envolve com os seus braços sem tirar os olhos dos meus. Sorrio olhando para a minha pequena coleção. Sou tirada dos meus pensamentos pelo toque insistente do meu celular.
— Kate. – Não querendo tirar os olhos das minhas fotos, atendo sem verificar o número.
— katherine Houghton Beckett Castle o que você tem na cabeça? – A voz que eu tanto queria ouvir essa manhã me surpreende e parece nada contente comigo.
— Rick? – Falo e observo Ryan e Espo correrem para a sala de descanso. Fui dedurada.
— Kate, pelo amor de Deus! Não tem nem seis horas que a deixei e você já esta fazendo loucuras. – Ele suspira e volta a falar mais calmo – Por que foi dirigindo sozinha? O que custava chamar um taxi?
— Eu estou bem. Não tive problema nenhum em chegar aqui. – Digo e ele suspira mais uma vez no outro lado da linha. – Como foi a viajem?
— Pare de tentar me distrair. – Diz ainda bravo. – Me prometa que vai pedir Ryan para ir com você buscar as crianças.
— Castle! – Falo brava. – Não sou uma criança ou uma invalida. – Ele bufa antes de responder.
— Você se perde em casa, Beckett! - Grita do outro lado da linha.
— Argh! - Resmungo dando um tapa forte na mesa.
— Por favor, não faça isso. – Ele pede novamente mais calmo. – Deixe Ryan te levar, ok?
— Acho que não tenho muitas opções. – Murmuro irritada.
— Só por essa semana, por favor. – Pede outra vez.
— Tudo bem. – Digo e o escuto relaxar do outro lado da linha. Ficamos em silêncio por alguns minutos.
— Por que não me acordou? – Pergunto sentindo meu peito apertado. Estava com saudade e não sabia como dizer, não depois de explodirmos um com o outro daquele jeito.
— Acho que vou demorar um tempo para conseguir me despedir, depois que... – Sua voz falha por alguns segundos. – Depois que quase te perdi. – Diz em um sussurro.
— Eu sinto muito. – Digo e de repente toda raiva vai embora e só fica a saudade.
— Você me deixa doido, Kate. – fala bem mais tranquilo. – Posso confiar que vai se cuidar, certo?
— Sim. – Murmuro revirando os olhos.
— Muito bem! – Fala e ri e sou obrigada a sorrir. – Ligo mais tarde, ok?
— Por favor. – Digo e ele desliga.
O resto do dia passou dolorosamente de vagar.
Ryan me levou para buscar as crianças que não pararam de falar no carro, depois do almoço fizemos a lição de casa e passamos o resto da tarde vendo desenho. Como ainda estou de atestado não precisei ficar o dia todo na delegacia, o que era ótimo já que Castle não esta aqui.
Depois de um banho quentinho, eu e a minha dupla implacável deitamos na grande cama de casal esperando pela ligação do papai e não demorou muito para que ele o fizesse.
Primeiro falou Sophie, depois Alex e depois os dois ao mesmo tempo e depois de muitos, muitos beijos e abraços o telefone foi passado para mim.
— Pensei que a bateria não fosse durar até chegar a minha vez. – Digo brincalhona.
— Eu com toda certeza arranjaria outra bateria. – Castle diz carinhosamente.
— Onde você esta? – Pergunto e ele ri.
— Fairmont Hotel, quarto 123.
— Sozinho? – Pergunto sentindo uma pontinha de ciúmes irracional.
— Não.
— QUÊ? – Falo mais alto e as crianças me olham com curiosidade.
— Claro que não. – Ele ri – Você acreditou mesmo?
— Eu desejei tanto minha arma de volta. – Castle continua rindo e eu sorrio.
— Vou deixar você descansar. – Falo por fim.
— Você também precisa descansar, fazer coisas ariscadas cansam.
— Castle!
— Tudo bem... boa noite.
— Boa noite.
Algumas horas depois da ligação Alex e Sophie se enrolaram em mim e caíram em um sono profundo. Os observando lembrei-me das palavras de Laine e uma inquietação fazia com que meu estômago se agitasse. Tinha que lhe dizer de uma vez por todas que o amava. Necessitava.
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