Always in My Heart
Capítulo 14
—Ela é tão pequena e chora tanto... – Castle falou desanimado enquanto trazia a filha para Kate que esperava sentada na cama. Desde a chegada dos gêmeos Sophie era a que mais dava trabalho durante a noite.
— Ela só é uma ótima comunicadora. – Kate falou defendendo a pequena e exigente Sophie que parou de chorar assim que começou a mamar. – Viu? Era fome.
— Ela sempre esta com fome! – Os dois riram observando a menininha de bochechas rosadas.
— Ela é tão linda, Rick. – Kate falou acariciando o rostinho da menininha que não tirava os olhos da mãe enquanto mamava. – Tão delicada...
— Vou cuidar de vocês. – Os dois se olharam e sorriram. – Minhas menininhas.
— Sempre.
XXX
—Kate? – Fui despertada das lembranças com o som distante da voz de Castle. Já estava há algum tempo encolhida em um canto da sala e em certo momento minha mente foi tomada por lembranças. Pisquei algumas vezes até conseguir focar em seu rosto. Rick estava a minha frente com as mãos nos bolsos do casaco. Não me lembro de ter o visto tão abatido como estava.
— A médica disse que já podemos entrar. – Falou indicando o corredor.
Andamos lado a lado pelo corredor com a Dra. Louise, a pediatra do hospital que nos explicou o que havia ocorrido com Sophie e que infelizmente era muito comum de acontecer. Algumas crianças tendem a apresentar alergias depois de alguns anos de vida e as amêndoas em geral são as mais comuns. Para o meu alivio Sophie foi atendida rapidamente e que após os procedimentos ela já estava respirando sem auxilio e sem intoxicação.
— Podemos vê-la? – Perguntei quando enfim paramos no fim do corredor.
— Claro. Ao final do dia provavelmente vocês já estarão liberados para voltarem para casa!
Pela primeira vez Castle e eu trocamos um breve olhar e suspiramos aliviados, iriamos para casa e com a nossa menininha. Ao entramos no quarto encontramos Sophie ainda dormindo, me aproximei e acariciei seus cabelos e beijei seu rostinho delicado.
-Mamãe? – Sophie falou ensonada. Seu rostinho ainda estava um pouco vermelho e levemente inchado, mas ela estava bem. Minha menina acabou se tornando mais forte do que eu jamais imaginaria.
— Oi meu amor – Envolvi seu corpinho em um abraço apertado. Segurei seu rostinho analisando cada pedacinho daquele corpo que eu conhecia muito bem. – Tudo bem? Sente alguma coisa? – Perguntei enquanto apalpava levemente seu corpo.
— Só você me apertando. – Disse e deu risada. Castle se aproximou e a abraçou apertado também rindo.
— Cadê o Alex, papai?– Sophie perguntou olhando para o pai e logo depois para mim.
— Alex ficou lá fora com a vovó. – Castle falou tentando ajeitar os cabelos rebeldes da filha.
— E ele não pode entrar agora? – Sophie me olhou com aqueles olhinhos pidões.
— Não, meu amor... – Me sentei na cama junto a ela e abri meus braços oferecendo colo, Sophie nem pensou duas vezes antes de se aninhar em meus braços. – Vamos para casa rapidinho.
— Não gosto de ficar sem o meu irmão.. – falou baixinho enquanto eu acariciava seus cabelos.
— Eu sei minha princesa e é por isso que eu vou ligar para a vovó agora. – Castle falou e sorriu pegando o celular.
— Mesmo? – Sophie se animou e sorriu radiante. Como era parecida com o pai.
Castle fez sinal para que ela esperasse e discou o número. Logo no segundo toque Martha atendeu, depois de explicar brevemente como Sophie estava Rick pediu para que ela chamasse Alexander que como o esperado também estava ansioso para falar com a irmã.
— SOPHIE! – Alex falou animado no celular e poder ouvir sua voz depois de horas foi maravilhoso. Também estava morrendo de saudades do meu menino.
— Alex! Você esta bem? – Sophie perguntou preocupada.
— Sim, estou na casa da vovó... Ela disse que eu não podia entrar porque sou muito criança. – Falou emburrado e só de imaginar sua carinha sorri. – Você esta bem? Já pode ir para casa?
— Ainda não – Sophie falou também emburrada revirando os olhinhos. – Mas papai e mamãe falaram que não vai demorar.
— Mamãe? Papai ? – Alex chamou no outro lado da linha.
— Oi meu amor – Castle e eu falamos em uníssono e os dois riram.
— Adoro quando fazem isso!– Alex falou ainda rindo. – Estou com saudades.
— Eu também, meu garotão – Castle e eu falamos novamente juntos e dessa vez acabamos rindo todos juntos, mas Castle logo desviou os olhos dos meus encarando qualquer outra coisa no quarto.
— Precisamos desligar agora, tudo bem? Preciso assinar algumas coisas aqui para irmos para casa depois.
— Tudo bem, papai. – Alex falou com um suspiro. – Não vai demorar né?
— Não, meu amor.. Obedeça a vovó, ok?
— Pode deixar, mamãe. - Levou algum tempo para os gêmeos se despedirem, mas ao final da ligação Sophie estava sorridente e Alex parecia mais tranquilo. Castle se despediu de Sophie com um beijo demorado na bochecha e saiu do quarto.
— Mamãe – Sophie me chamou depois de um tempo.
— Oi meu amor – Disse enquanto acariciava seus cabelos. Estava espremida na cama junto a ela.
— Você e o papai brigaram? – Perguntou me observando com os olhinhos curiosos.
— Não, meu amor... – Falei forçando um sorriso.
— Você me perdoa mamãe? – Sophie falou com rostinho bem próximo ao meu. – Não devia ter comido o biscoito sem te falar, mas é que parecia tão gostoso! – Sorri olhando para aqueles olhinhos azuis cheios de ternura.
— Não foi sua culpa, minha princesa. – Disse a apertando em meus braços. – Eu não fazia ideia que você poderia ser alérgica a nozes... Sinto muito.
— Mamãe, ninguém sabia. – Falou olhando em meus olhos. – Não foi sua culpa, tá bom? Você continua sendo a melhor mamãe do mundo! – anunciou orgulhosa e com um grande sorriso.
— Eu te amo minha princesa. – Falei beijando seu nariz. – Não dá pra acreditar que uma coisinha como você e o seu irmão saíram de dentro de mim. – Sophie riu.
— Papai sempre diz que fomos a segunda melhor coisa que ele já fez.
— E qual é a primeira? – Perguntei curiosa.
— Ter te convencido a se casar com ele. – Falou tentando imitar a voz do pai e rimos juntas.
— Eu tive que ser convencida? – Perguntei e Sophie riu mais ainda.
— Você não se lembra mamãe? – Perguntou me olhando curiosa.
— Claro que me lembro! – disse o mais confiante possível. – Mas você pode me falar o que ele conta pra vocês, né? – Parecia uma criança ansiosa por uma história antes de dormir e para a minha alegria Sophie amava contar histórias.
— Vou te contar! – Disse se ajeitando ao meu lado. – Era uma vez na cidade de Nova York uma detetive que solucionava todos o casos e prendia todo os caras maus. – Sorri a observando enquanto se esforçava para se lembrar das palavras. – Só que essa detetive vivia muito só e com um grande buraco em seu coração. Um dia em uma festa a detetive encontrou um escritor que também precisava muito de alguém de verdade... O escritor ficou apaixonado pela detetive, mas ela era muito durona para admitir que também estava apaixonada e o escritor era muito teimoso para desistir. Em um belo dia o escritor conseguiu descobrir algo que aquela detetive amava e conquistou o coração dela. Sabe o que era? – Sophie perguntou.
— Não faço ideia, meu amor.
— Café! – Falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Então, depois de muitos e muitos copos de café a detetive finalmente se apaixonou pelo escritor e sabe aquele buraco? O escritor o preencheu junto com duas crianças maravilhosas.
— É uma bela história, meu amor. – Disse acariciando seu rostinho. – é uma detetive de muita sorte.
— O escritor também. – Castle falou chamando a nossa atenção. Sophie se sentou sorridente.
— Você ouviu papai? Acho que esqueci algumas partes..
— Só o finalzinho – Castle falou a pegando no colo. – Anida quer voltar para casa ou dividir a cama aqui com a mamãe é melhor?
— Casa! Vamos pra casa, por favor! – Sophie pediu piscando os olhinhos para o pai.
— Para casa!
xxx
No caminho para casa paramos para pegar Alexander na casa da vovó Martha, depois de um abraço apertado Alex e Sophie conversaram durante todo o trajeto. Chegando em casa Castle se encarregou de preparar o jantar enquanto eu auxiliava as crianças no banho, depois do jantar Sophie e Alex não se desgrudaram e acabaram dormindo juntos no tapete da sala.
— É a primeira vez que eles ficam separados? – Perguntei enquanto tentávamos separa-los para leva-los para cama.
- Sim, os dois sempre fazem tudo juntos. – Disse enquanto pegava Alex no colo e mesmo contra vontade de Rick acabei levando Sophie para o quarto.
Com os gêmeos na cama acabamos parados na porta os observando, lembrei-me da história que Sophia havia me contado e uma parte do meu coração parecia vazia, incompleta. Como eu pude dizer que não o amava?
Fale com o autor