No dia seguinte, os cinco amigos foram juntos para o comboio. Nenhum deles queria admitir, mas sentiam-se bastante assustados com aquilo que tinham descoberto no dia anterior e ninguém queria andar sozinho, com medo que algo de mal lhes acontecesse. Apesar de esta aventura ser uma grande emoção, sentiam que eram demasiado jovens para enfrentar algo tão sério e o seu maior receio era falhar, pondo, assim, em perigo a segurança de todo o mundo bruxo, de tudo o que conheciam e amavam.

Todos tinham concordado em aproveitar o melhor possível as férias de Natal, esquecendo apenas por umas semanas o mistério que os preocupava e que povoava os seus sonhos e os seus pensamentos. Poderia ser a última época de paz e as crianças tinham decidido vivê-la o mais intensamente possível.

A viagem de volta passou rapidamente, pois todos se divertiam juntos. Com este mistério, James e Fred estavam mais próximos de Alvo e os amigos, pelo que todos dividiram uma carruagem no comboio.

Assim que chegaram à estação, correram para os seus familiares. Alvo abraçou o pai com todas as suas forças, procurando conforto naquele abraço tão conhecido. Harry percebeu logo que algo se passava com o seu filho, mas não perguntou nada. Sabia que, se insistisse, ele não iria dizer nada, por isso, preferiu manter-se em silêncio, procurando proteger Alvo à distância. Ele sabia perfeitamente que um novo perigo surgia no mundo bruxo, pois se sentia uma nova agitação e eram feitos novos ataques a trouxas e mestiços, mas não suspeitava que o seu filho fosse um novo eleito.

Quando Alvo o soltou, foi a vez de James abraçá-lo da mesma forma. Harry começou a ficar realmente preocupado, pois James raramente mostrava os seus sentimentos. Para Harry, aquele abraço dos filhos era um pedido silencioso de conforto, que ele se iria esforçar ao máximo por atender. Sorrindo encorajadoramente para James, disse-lhe:

– Estarei aqui sempre para vocês, mesmo que não queiram falar agora, não hesitem em procurar-me se acharem necessário.

James ficou um pouco atrapalhado, pois não era sua intenção que o pai percebesse que algo se passava. No entanto, ficou também bastante mais calmo pois sabia que, acontecesse o que acontecesse, Harry os ajudaria o mais que pudesse.

Rose, Scorpius e Fred não estavam diferentes, abraçando os seus familiares como se fosse a última vez que os veriam. Conhecendo as crianças, os adultos acharam um pouco estranho, mas decidiram não perguntar nada, pensando que aquela atitude se devesse a alguma notícia sobre um ataque a alguém lida no Profeta Diário.

Após o reencontro e conversas rápidas, todos entraram nos respetivos carros e se dirigiram à Toca, onde Molly e Arthur os esperavam ansiosamente.

A matriarca da família abraçou os netos como se não os visse há anos, dizendo que todos tinham emagrecido bastante e querendo saber se se andavam a alimentar e a dormir bem, se tinham estudado e outras perguntas semelhantes, às quais as crianças respondiam com o maior prazer. Para além dos cinco amigos, também lá estavam Roxane e Molly, do mesmo ano de Alvo, Dominique, do mesmo ano de James, e Victoire, do sexto ano. Louis, Lucy, Hugo e Lilly, que são todos da mesma idade, divertiam-se com as suas coleções de sapos de chocolate. Até os próprios adultos tinham tirado aquelas semanas de férias para poderem estar com os seus filhos. Todos tinham a sensação que se iriam divertir muito!

Em primeiro lugar, as crianças foram divididas em quartos e todos arrumaram as suas coisas antes do jantar. Alvo tinha ficado com Scorpius, James e Fred num quarto que fora ampliado por magia para que todos coubessem. Todos ficaram muito satisfeitos com esta divisão pois, se mais alguma pista surgisse, poderiam conversar, chamando Rose para o quarto deles. Quanto a ela, tinha ficado com Molly e Roxane no quarto ao lado do dos rapazes, ficando Dominique, Victoire, Lilly e Lucy juntas no quarto seguinte. Louis e Hugo ficaram num quarto mais pequeno em frente ao de Rose. Aquele andar da casa era unicamente ocupado pelas crianças, havendo ainda duas casas-de-banho (banheiros) e uma ampla sala de estar, onde todos se podiam reunir.

Nesta sala, havia uma televisão com DVD e diversos filmes, pois Arthur era apaixonado por artefactos dos trouxas e tentava comprar tudo o que podia. Havia, ainda, um computador e uma aparelhagem com vários CD’S e todos os anos Arthur dava algum dinheiro às crianças para que fossem todos juntos escolher mais alguns. Noutra prateleira, havia diversos jogos, quer bruxos quer trouxas, com os quais todos se divertiam bastante no tempo em que estavam juntos. No meio da sala, havia uma grande mesa redonda com várias cadeiras à volta e, junto a uma das paredes, estavam diversos sofás bastante confortáveis. Era a divisão da casa favorita das crianças.

Após todos terem arrumado as suas coisas, Molly chamou-os para o jantar e todos correram para a mesa, pois sentiam-se famintos e estavam com saudades da deliciosa comida da avó. Foi um jantar bastante divertido, em que todos conversaram bastante e as crianças contaram as suas aventuras em Hogwarts. É claro que Alvo e os amigos tiveram cuidado, contando só os pormenores que todos poderiam saber. Todos se queixaram do professor de Transfiguração, sentindo que não iriam aprender nada, e os adultos ofereceram-se para ajudá-los nas férias. Rapidamente, Rose explicou que ela e os seus quatro amigos tinham tentado ajudar-se uns aos outros, atitude aprovada pelos adultos. Os primos perguntaram se se poderiam juntar a eles. Os amigos olharam uns para os outros, fazendo sinais de concordância com a cabeça. Afinal, se precisavam de aliados para derrotar o lord das trevas, era melhor começarem já, e quem melhor que os seus primos, que nunca os trairiam? Assim, pensaram em contar-lhes tudo depois do jantar, à exceção, claro, daqueles que ainda não tinham entrado em Hogwarts, pois só os preocupariam e corriam o risco de que o assunto chegasse aos ouvidos dos adultos. Estavam, também, com receio de contar a Victoire, pois ela era bastante mais velha e temiam que ela os proibisse de investigar sobre o assunto ou que fosse contar aos adultos. No entanto, sabiam que precisavam de aliados mais velhos, que lhes pudessem ensinar como se defender.

No final do jantar, todos foram para a sala do seu andar para verem um filme. Rapidamente, as crianças mais novas adormeceram e os mais velhos levaram-nas para os respetivos quartos. Quando estavam todos novamente na sala, os cinco amigos contaram aos primos tudo o que se tinha passado e tudo o que eles sabiam, não omitindo nada. Todos ficaram bastante chocados, pois não esperavam uma revelação daquelas. Victoire ficou extremamente preocupada. Sendo mais velha, tinha uma maior noção do perigo que teriam de enfrentar e sabia de mais pormenores macabros da guerra contra Voldemort, que os seus primos não imaginavam. Ainda pensou em contar tudo aos adultos, mas concluiu que de nada adiantaria, pois concordava com os primos que a profecia dizia respeito a Alvo. É certo que poderiam estar enganados na sua interpretação, mas era a que fazia mais sentido no momento. Assim, Victoire decidiu fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para os ajudar a sair vivos desta guerra.