Banner e eu estamos sentados um em frente ao outro. Acabamos vindo ate o bar Captain. O bar em que nos conhecemos. Em cima da, pequena, mesa há três garrafas de cerveja e uma garrafa de tequila. Permaneço em silêncio antes de virar o terceiro copo de tequila. Banner apenas me faz companhia. Ele não bebeu nada.

Aparentemente, ele não se importa com o meu silencio. Continuo a beber sem falar nada. O olhar de Banner não muda. Ele continua com o seu olhar gentil e agradável.

–Seu olhar me incomoda – começo a falar após beber o meu quinto ou sétimo copo de tequila. Resolvo misturar com a cerveja.

–E qual o motivo? – a sua voz soa extremamente calma. Como sempre.

–Sempre tão gentil e doce. Isso me deixa louca – começo a sentir a minha cabeça girar. Meu corpo fica cada vez mais leve. A sensação é divertida.

–Ser gentil não deveria ser algo ruim.

A voz dele soa como uma reclamação.

Bebo mais dois copos de tequilas seguidos. Começo a sentir a minha boca seca. Meus olhos começam a fechar.

Isso é estar bêbada? Eu não me lembro.

–Quando você é gentil – digo com a voz normal.. ou está arrastada? – as pessoas ficam ao seu redor. Gostam de você.

–Isso é algo bom.

–Não é – nego ao encará-lo – É ruim para todos os outros.

Meu olhar está fixo na bebida. Eu quero beber mais. Eu quero esquecer tudo. Seguro a garrafa, mas a mão de Bruce fica sob a minha. Ergo o olhar e o encaro.

–Você quer? – pergunto.

–Não – ele negou? – Eu quero que você pare de beber e converse comigo.

–Certo, eu falo – minha voz saiu alta? – Eu quero me vingar dele.

–Gosta dele?

–Não. O odeio, mas quero...me vingar.

–E como gostaria de fazer isso?

Ainda sinto o calor de sua mão. Ele continua segurando a minha mão.

–Eu quero.. um homem – sorrio largamente. Minhas faces ardem levemente.

–Pode ter o homem que quiser, Romanoff.

–Certo? – sorrio ainda mais – Mas quero um que possa deixa-lo louco – confessei ao piscar. O sono aumentara. É cada vez mais difícil manter meus olhos abertos. Olho para ele e sorrio – Quero te alugar.

–Me alugar?

Ele gritou?

–Sim, que tal?

Ele está em silencio, enquanto a minha cabeça se move de um lado para o outro. Não vai demorar para dormir.

–E quanto eu ganharia?

–Vai poder tocar nesse corpo – aponto para mim mesma. Devo estar louca.

O encaro e o vejo sorrir.

–O seu sorriso é fofo – elogio e sorrio diante de sua expressão envergonhada. – Espere – me levanto, esbarrando em tudo ao segurar o meu aparelho celular. Tiro as mãos de Banner do colo, e sento.

–O que.. está fazendo? – a voz dele soou assustada. Que fofo.

–Marcando o inicio do seu aluguel – colo meu rosto ao dele antes de tirar uma foto. Aperto alguns botões sem saber o que faço exatamente. – Prontinho – pisco antes de tentar me levantar, mas sinto as mãos dele em minha cintura – Quer outra foto?

–Não tem muita noção do perigo quando ingere álcool, não é?

–Sei me defender, Bruce – sorrio ainda sentindo as mãos dele em minha cintura. – Tem mãos fortes. Não parece ser um nerd que trabalha em laboratório.

–E você não parece ser uma segurança – ele sorri ainda mais.

Estou prestes a falar algo quando meus olhos começam a fechar.

****
Pela segunda vez em menos de um mês acordo com a cabeça latejando na casa de um desconhecido. Pelo menos foi isso que pensei antes de perceber que estou na casa do homem fofo. Não consigo evitar quando um sorriso estampa a minha face.

No que estou pensando?

Me levanto apesar de sentir meu corpo mole. Preciso parar de beber tanto em um curto período de tempo. Sinto que estou acabando com o meu corpo dessa forma. Mexo em meus cabelos, ajeitando-os? Nem eu sei. Respiro fundo antes de abrir a porta do quarto e sou agraciada, como da ultima vez, por um aroma delicioso, desta vez de panquecas.

–Olá – digo sorrindo ao vê-lo de costas na cozinha. Bruce possuí um corpo esplendido para alguém que vivia em laboratório.

–Natasha – ele me chamou pelo meu primeiro nome? Estamos evoluindo.

–Bruce – tenho que chama-lo da mesma forma, certo? – Desculpe novamente.

O sorriso dele consegue ser ainda mais fofo. Olho para mim mesma apenas confirmando que estou vestida. Estranho a forma como ele olha para mim. De uma forma divertida.

O que aconteceu, enquanto eu dormia?

―Sobre a noite passada...

―Não deveria ficar tão acanhada, Natasha – a voz gentil e zombeteira dela me interrompe. O encaro realmente confusa. – Não se lembra de nada, não é?- obviamente nego. Nego com todas as minhas forças. O que aprontei dessa vez? – Acredito que deva me chamar de Bruce agora.

―Por que eu faria isso? – questiono mais por curiosidade. Tinha que entender o motivo dele estar falando daquela forma.

―Isso deve explicar – o fofo retirou um celular de seu bolso, se aproximou de mim. O seu aroma conseguiu me deixar entorpecida por alguns segundos ou seria minutos? O seu cheiro conseguia me lembrar uma praia deserta. Estou alucinando agora, perfeito. Escuto ele me chamar, pigarreio apenas para não transparecer a minha atitude. A minha louca atitude, diga-se de passagem. O fofo continua segurando o aparelho em minha direção. Ergo os olhos e no segundo seguinte começo a gargalhar incrédula.

―Eu fiz isso? – aponto para a fotografia. Eu estou sentada em seu colo, beijando em seu rosto.

―Na verdade piora – porque o fofo tem que me trazer noticias tão ruins? Essa é a segunda em menos de vinte e quatro horas – Sem que eu percebesse, você postou essa foto e todos já viram – ele apontou para o ícone de curtida – todos curtiram. Essa deve ser a sua foto mais popular.

Não consigo sorrir. O fofo está tirando com a minha cara.

―Eu não fiz isso – digo séria. Não tem como eu ter postado uma foto bêbada, certo? Errado. Eu já fiz isso antes. Droga! Eu deveria ter colocado aquelas telas com teclas, labirintos e tudo mais no celular.

―Parece que se lembra – Bruce, não é mais o fofo, diz sorrindo ao olhar para mim. Ele quer que eu o parabenize? – E agora?

―Como assim? Basta falar a verdade.

Essa é a solução mais obvia. Por mais que ele seja fofo e que eu tenha o beijado no escritório, não posso falar a todos que estou saindo com ele.

―Clint curtiu a foto – o ex-fofo diz como se não fosse nada. Ele está me manipulando, mas por qual motivo?

―Só por ele ter curtido eu devo continuar a mentira?

―Na verdade a única que quis se vingar foi você.

Meu queixo cai. Eu realmente pedi para me vingar do Clint?

―Mesmo que eu deseje isso não posso fazer isso com você, Banner.

É bom esclarecer as coisas. Não posso me deixar levar pela forma fofa dele.

―Talvez seja tarde demais para isso.

―Sobre o que está falando?

O ex-homem fofo olha sem jeito para mim. Evito olhar para o seu corpo, apenas para manter o bom senso.

―A foto já esta na internet. O seu ex-noivo já a chamou para o casamento e todos acham que somos namorados.

―Aonde quer chegar?

―Pode me usar Natasha – Bruce fala gentilmente e ainda sorri para mim. Que tipo de homem aceita ser usado de forma tão deliberada?

―Como pode falar tão facilmente? Qual o seu problema afinal, Banner? – Não consigo mais aguentar. Ele deixa uma mulher gritar com ele e agora implora pra ser usado? O que ele é? Um masoquista com problemas psicológicos?

―Te ajudar – a sua voz simples e tranquila me faz encará-lo incrédula.

―Não existe pessoas assim – digo sem perceber, estupefata.

―Eu existo – ele diz tranquilo e então sorri. O sorriso mais encantador que eu já vira.