Ele virou a rua do supermercado e sumiu, não o vi mais. Sorri feliz ao perceber que ele finalmente voltou, e fui andando até o hotel e ao meu quarto, abri a porta e o chuveiro estava ligado, Brianna estava no banho. Suspirei feliz e me joguei na cama olhando para o teto.

—Oi... – Steve diz da porta, já que a deixei destrancada e ele a abriu, mesmo sem bater.

—É assim agora? – pergunto irônica e brincando – Entrando aqui quando quiser, sendo convidado ou não, tanto faz? – brinco e ele ri saindo da porta e a fechando consigo dentro do quarto.

—Quem era aquela mulher que estava com você na praça? – pergunta e reviro os olhos para a sua curiosidade, ciúmes, o que quer que seja. Me sento na cama o observando melhor.

—Era uma mulher que conheci no bar, simpática, apenas conversamos normalmente – minto dando de ombros. Nos últimos anos melhorei bastante na maneira como eu minto, e todos sempre caíram, menos Steve.

—Ah sim – concorda e se senta na cama ao meu lado – Conseguiu pagar ao mecânico para o seu carro ficar pronto mais rápido? – pergunta e afirmo com a cabeça – Vai quando?

—Amanhã de manhã, e você?

—Daqui a pouco – responde e meu coração se aperta, e pelo jeito, o loiro notou, pois me acolheu nos braços me abraçando e beijando o topo da minha cabeça – Se caso você quiser voltar, volte quando quiser, estarei te esperando – diz e fecho os olhos sentindo o carinho, sentindo o seu amor que me faz sentir mal em ter que ir embora, apesar de que é ele quem vai primeiro, mas fui eu que comecei com isso.

Várias coisas sobem na minha cabeça, apenas afasto tudo, não quero pensar em mais nada agora, apenas nele. E não êxito em colocar a mão delicadamente sobre o seu queixo, e aproximando os seus lábios dos meus, o beijando com delicadeza, com cuidado, da mesma maneira como ele fez ontem, e passei quase todo o dia desejando aqueles lábios novamente.

O loiro aproxima a minha cintura com as suas mãos, e não o seguro quando ele se levanta e separamos os nossos lábios por míseros segundos. Olhamos um nos olhos dos outros. Suspirei ainda focada naqueles olhos azuis, e me levantei rapidamente colando os nossos lábios novamente, mas dessa vez, com urgência. Voltamos para o seu quarto, onde ele me jogou na cama e voltou a me beijar.

Ele foi embora, quatro horas depois, quando ainda estava bem escuro. Pedi para ele tomar cuidado, e ele me pediu o mesmo, e disse para eu ligar toda noite, todos os dias para ver se eu estava bem, se Brianna estava bem também. Sorri e ele me beijou antes de ligar a moto e partir. Brianna deveria ter se despedido dele também, mas ela se limitou a acenar com a mão e voltar para o quarto. Ela ainda estava verdadeiramente chateada com ele.

Me deitei na cama esperando pela Brianna, e me cobri quando ela finalmente terminou com o banheiro, depois de escovar os dentes e dormir tão rapidamente que me deu inveja. Fiquei quase rolando na cama, mas só não fiz por falta de espaço. Suspirei cansada daquilo. Eu deveria dormir bem, vou dirigir o dia inteiro amanhã, preciso estar descansada. Apenas afastei o cobertor e peguei uma cadeira de madeira e coloquei perto da janela voltando a observar as estrelas, sorrir pelo o que elas me lembram.

Brianna estava sentada no banco do carona, com fones de ouvidos e lixando as unhas com cuidado. Estávamos no carro fazia apenas algumas horas, cinco horas eu acho, e saímos do hotel quase dez, já era três horas da tarde, e eu estava procurando por alguma cidade que possamos passar a noite com segurança, pois eu não estava disposta a entregar o carro nas mãos da Brianna, que passou no teste de direção por muito pouco, e além do mais, ela só tinha três meses de carteira.

Liguei o rádio a fim de preencher o silêncio incomodo que ficou entre a gente, mas as músicas atuais são tão chatas e repetitivas que desliguei depois de cinco minutos. Quase nenhuma palavra foi trocada desde que entramos no carro, e aquilo estava me matando, além de me deixar entediada.

—Mas então... – tento começar casualmente, mas ela não esboça nenhuma reação – E aquele garoto? Aconteceu alguma coisa entre vocês? – pergunto e ela retira um fone parando de lixar a unha.

—Meio difícil, pois ele é gay – conta e fico surpresa com aquilo.

—Que falta de sorte, não é? – pergunto risonha, ela afirma com a cabeça olhando para frente – O que mais você fez lá?

—Além de me encher de livros e tédio dentro do quarto, e só duas vezes sair do quarto além de tomar café da manhã, almoçar e jantar? – pergunta ironicamente um pouco irritada, e não espera eu responder – Nada, apenas conheci ele por que eu queria sentar e todos os outros bancos estavam ocupados por pessoas esquisitas – responde rapidamente não me dando tempo de dizer algo.

—Nossa... Porque você está tão irritada? – pergunto assustada com aquilo. Só faltava ela soltar fogo pelos olhos e incendiar todo o carro comigo dentro. A escuto bufar.

—Porque você ignorou por completo o meu conselho de ficar longe do papai enquanto estávamos lá – responde se referindo a cidade. Entendo o que ela quer dizer. Quando finalmente ela tem a oportunidade de me aconselhar sobre algo, eu não sigo o seu conselho. Eu a entendo, isso também me deixaria chateada, mas não irritada como ela está.

—Você acha que é fácil ficar longe de alguém que você ama, Brianna? – pergunto ironicamente e começando a ficar tão irritada quanto ela, mas como sou a adulta aqui, tenho que me manter calma, pois senão, essa viagem vai virar um inferno completo.

—Não, não é, mas você nem tentou – responde e reviro os olhos – E ainda reclama quando eu não me despeço do papai direito, ainda estou muito chateada com ele, e era assim que você deveria ficar – comenta se achando a dona da razão, mas não é.

—Eu não consigo ficar chateada por muito tempo por qualquer pessoa, e isso também vale para a senhorita – digo e ela olha para trás rapidamente – E não quero que você fique...

—E porque ele te deu uma arma? – pergunta me cortando, e a arma vem flutuando sozinha até banco da frente. Assustada, a peguei do ar e a deixei no chão do carro, me certificando se ela estava travada, até o carro balançou um pouco pois retirei as mãos do volante por míseros segundos.

—Brianna! – grito em reprovação, ela bufa enquanto divido o meu olhar entre a adolescente ao meu lado e a estrada na minha frente. Fiquei assustada e ao mesmo tempo nervosa, sentia o meu coração bater rápido dentro do meu peito. A arma estava dentro da bolsa fechada no banco de trás, mas como ela... Ah sim! Os seus poderes. Bato no volante em frustração – Da próxima vez que você fizer isso, coloco você num ônibus direto para Nova Iorque – ameaço travando o maxilar, mas ela nem me dá ouvidos.

—Mas você não respondeu – insiste e grito em frustração mais nervosa do que o normal.

—Não te interessa e não é da sua conta! – respondo nervosa e ela dá de ombros inclinando o banco e ficando mais deitada. Bufo e acelero com o carro querendo chegar logo em Malibu, e me arrependendo amargamente por ter decidido cometer uma loucura e ir de carro ao em vez de ir de avião.

—Claro que é! Vou atravessar o país com você e uma arma, não acho muito seguro... – comenta casualmente olhando para a janela ao seu lado. Bufo apertando os dedos contra o volante com força.

—E ter você como passageira e uma arma é muito seguro, não é? – pergunto ironicamente, e ela dá de ombros mais uma vez, e aquilo me irrita muito, essa falta de importância que ela dá para as coisas me deixa com os nervos a ponto de um colapso.

—Se quisesse segurança e calmaria, que tivesse colocado a Hannah Montana aqui – responde se referindo a irmã mais velha. Reviro os olhos.

—Esqueceu? Foi você que entrou no carro escondida! Por mim, a Hannah iria no seu lugar, ela não me deixaria a beira de um colapso nervoso igual a você. Mas só que, ela está na faculdade, em outro estado, me dando orgulho, e você não – digo nervosa e ela afirma com a cabeça voltando com os dois fones no máximo volume. Respiro fundo e percebo o quanto aquilo poderia ter magoado ela, mas ela não liga, apenas muda de música fazendo o celular flutuar e comandar com os seus poderes. Percebo que a viagem vai ser mais longa do que pensei.

Era quase nove horas da noite quando finalmente um hotel apareceu, e era muito pior do que o hotel que estávamos hospedadas, e ainda tínhamos que dividir uma cama de solteiro. Eu poderia passar a noite no chão com algum cobertor, mas eu tinha medo de ter algum inseto pelo chão, como baratas, ou até animais pequenos, como ratos, o que me deixou aterrorizada, e por garantia, me espremi na cama com Brianna me chutando involuntariamente a noite toda. Dormi, mas muito mal.

O dia amanheceu, só joguei uma água no rosto, comi de café da manhã biscoitos salgados e um suco de manga que deixei no frigobar no hotel, que nada tinha com exceção de uma garrafa de água pela metade. Brianna comeu salgadinhos e um refrigerante, claro que reclamei, mas quem disse que ela prestou atenção em alguma palavra que eu tenha dito? Não fez nada além de dar de ombros e se sentar no banco de trás do carro.

Paguei o hotel e me sentei no banco do motorista manobrando o carro com cuidado e voltando para a autoestrada que me levaria para Malibu finalmente amanhã, no máximo depois de amanhã de manhã. Tentei manter os pensamentos positivos, mas o céu milagrosamente começou a se fechar e chuviscar, enquanto Brianna dormir no banco de trás, eu tinha que me conter em manter os olhos abertos olhando para o nada, apenas para a estrada sem fim.

Conectei o meu celular no carro e coloquei alguma música do meu gosto para tocar, baixo, pois não quero acordar e começar a discutir com Brianna novamente. Mas alguém me liga e atendo de imediato.

—Alô?

Você ainda está na metade do caminho? – escuto a voz, meu pai, e sorrio involuntariamente.

—Tive problemas no carro e paramos numa cidade – explico – Mas estamos indo bem, provavelmente no máximo depois de amanhã, estamos aí – digo.

— “Vocês”? — ele pergunta duvidoso.

—Eu e a Brianna. Ela entrou no carro sem eu ver e só apareceu quando o carro parou no acostamento – conto e escuto a sua risada.

Essa garota é boa... – elogia e reviro os olhos rindo baixinho.

—Obrigada vô – agradece a própria Brianna de repente, ela havia acordado.

O que eu já falei sobre me chamarem de “avô”? – pergunta retoricamente e fingindo estar nervoso, Brianna ri – E de nada, você mereceu. Agora me conte, como você conseguiu isso? – pergunta curioso.

—Enganar a mamãe é fácil, o problema foi o Logan e o professor Xavier – responde e olho pelo retrovisor interessada na conversa – Tive que convencer o professor Xavier de que aquilo era necessário. E o Logan... Bem, foi só pegar o charuto da boca dele e ameaçar contar para a Tempestade, e pronto, me deixou ir – contou e escutei a risada do meu pai novamente.

Garota... Nossa! – elogia empolgado e oprimo o meu sorriso ao perceber que ela foi muito mais esperta do que o Logan, e olha que ele é várias vezes mais velho do que a Brianna – Me lembre de nunca jogar pôquer com você – brinca e a morena ri.

—Não sei jogar mesmo – ela respondeu.

Te ensino. Enfim... Então no máximo depois de amanhã? – pergunta.

—Sim, aviso quando eu estiver na Califórnia – digo e Brianna volta a se deitar no banco de trás.

Não precisa, estou vendo vocês na estrada graças ao Jarvis – explica – Garota! Vai mais devagar! Está pior do que eu – exclama e rio enquanto desacelero um pouco.

—Se eu estivesse com aquela Spyder, aí sim seria perigoso – explico – E fala para o Jarvis que estou com saudades dele – peço risonha.

E ele está com saudades de vocês – meu pai responde e rimos. Nos despedimos rapidamente e desligo a chamada e a música volta