Durante a ida para a escola, ninguém ousou dizer absolutamente nada. Zach ficara a pensar em qual era o estado de Glen. Estava preocupado. As palavras que sua mãe havia lhe dito eram certas. Sempre gostou e amou Glen. Por uma brincadeira de mal gôsto, êles tiveram a oportunidade de se conhecerem. Mas por causa de mentiras, e mais mentiras, agora Glen estava longe. Poderia não mais voltar. Tinha de haver uma maneira de se reconciliar mais uma vêz com Glen. Essa paixão que Zach ocultava, estava o matando. Tinha que dar um fim nessa história de amôr ou poderia ser tarde demais. Mas... E se Glen não o quisesse vê-lo novamente? E se o desprezasse como havia feito? Não. Glen era gentil e inocente demais para tal. O que estaria êle fazendo agora?
O que Zach nunca saberia era que Glen estava no seu quarto, lendo um romance. Mas por mais que seus olhos seguissem as linhas, sua mente estava em outro lugar. Pensava em Zach dia após dia, noite após noite. Aquilo era um martírio. Seria assim pelo resto de sua vida? Não! Teria que vencer. Não podia sofrer assim. Se o mundo caiu, que aprenda a levantar.
Nessa hora, entediou-se do livro, que por sinal, não estava lendo, e partiu para o banheiro na esperança de que pudesse relaxar num banho para depois almoçar.
Zach e Grace já estavam saindo quando Rick apareceu repentinamente colocando os braços por cima dos ombros dos dois:
- Meus dois colegas favoritos. Soube que estavam falidos. Então, como é a vida de pobre?
- O que você quer Rick? – perguntou Grace virando de cara para Rick.
- Nada. Só estava passando e resolvi saber se vocês estão naquele apartamento ou já foram para debaixo da ponte.
Enquanto Rick ria, Diane apareceu guiando uma Mercedes, parando o carro ao lado da calçada o que fez Rick se calar:
- Meninos? Estão prontos?
Os dois entraram no carro e saíram deixando Rick sòzinho.
Grace, extasiada, pelo nôvo modelo que estava em posse da mãe, perguntou:
- Mãe, como?
- O meu nôvo cargo me permitiu compra um carro melhor.
- Promoveram a senhora? – Grace perguntou ainda com poucas palavras.
- Não. Não me promoveram. Foi apenas êsse pedaço de papel que me permitiu mudar de posto no escritório.
Grace leu, e quando viu o nome, se assustou:
- Michael Andrews?! Michael Andrews assinou isso?
- Foi. Encontrei junto com a carta que Glen deixou ao lado de minha cama antes de fugir.
- Fugir? Glen fugiu?
Diane acenou positivamente para sua filha que estava sentada no banco ao lado. Zach, que sentava no banco traseiro, ao ouvir a pergunta, volveu seu olhar para fora da janela. Grace, quando recebeu a resposta, começou a falar com Zach:
- Mas será possível? Eu saio p’rá dormir na casa da Brenda, e você consegue estragar tudo!
Zach, com todo o ódio que tinha no momento, retrucou:
- Cala essa p**** que você chama de bôca e vai...
- Zach! – gritou Diane parando ao lado de uma calçada. – Não importa de quem seja a culpa. Glen provavelmente não voltará. E não quero ouvir mais sôbre êsse assunto e outras palavras que eu nunca os ensinei a dizer até chegarmos em casa. Fui clara?
Diane arrancou o carro sem mêsmo ouvir a resposta.
Glen, depois do almôço, ficou na sacada do quarto. Seus olhos moveram para um casal que brincava no parque. Corriam pela grama, e por fim êle a pegou nos braços e a beijou. Só pararam, pois havia começado a chover. Uma chuva grossa. Os dois correram e se instalaram numa loja por perto.
Glen não tinha êsse tipo de felicidade. Ninguém tinha se arriscado a chegar perto dêle. Perto o bastante para começar uma relação. O que havia de errado nêle? O corte de cabêlo? A maneira como se vestia? Glen tentava com tôdas as fôrças que tinha, ser a melhor pessôa que podia. Não estava ajudando. Nem sua mãe o quis. Preferiu fugir com o primeiro que apareceu. Seu pai... Era seu pai, ocupado mas... Zach... Zach nunca deve ter gostado dêle. Devia só fingir para depois descartar. O pior é que ainda sentia o gôsto daquêle beijo.
Saiu da sacada e desceu ao restaurante. Matt estava atrás do balcão do bar. Quando viu Glen passar, gritou:
- Glen! Venha aqui!
Glen se aproximou. Sentou num banco giratório e perguntou:
- Chamou?
- Chamei. Você não parece bem. Aqui, tome isso. Vai se sentir melhor.
Em poucos segundos apareceu um copo alto. Cheio até a borda de milk-shake de morango. Glen ao ver, se assustou:
- Só pode estar brincando.
- Não. Eu falo sério.
Glen tomou um pouco e acabou gostando. Mas gostou mais da conversa que se criou entre os dois. Os dois riam. Parecia não haver sofrimento. E um momento dêsses, não volta mais. Não tinha parado de chover. Mas isso não importava. Glen estava feliz. Por um momento se sentia feliz de verdade. Pois sabia que não estava sòzinho...