POV Rachel

Mal posso acreditar que estou de volta à Lima!

É claro que eu amei o Canadá, e tudo de bom que estava acontecendo com minha mãe, mas nasci em Lima, e embora eu obviamente não queira passar o resto da minha vida aqui, quero aproveitar minha juventude perto das pessoas e da cidade que eu amo.

Jesse! Como foi bom encontrar o meu melhor amigo no mundo. O que Jesse e eu temos é inexplicavelmente forte, ele está comigo desde sempre, e sei que sempre vai estar.

"É HOJE!" - digo, chegando por trás no armário de Jesse. Ele estava distraido mexendo em suas coisas, me vê, e abre um sorriso. Viemos juntos pra escola, eu de carona no carro dele, mas eu não disse nada sobre o meu grande dia, não queria que ele me desse sermões sobre "como o Finn Hudson não me nota" e blá blá blá, mas eu conto tudo à ele, então não pude resistir. Ele fecha o armário, encosta nele, e eu vou para mais perto dele.

"Hoje é o meu primeiro dia oficial no Glee Club, ou seja..."

"Seu primeiro dia mais perto do Hudson." - ele diz, rolando os olhos. Ainda nos compreendemos somente com um olhar.

"Ah, não faz essa cara!" - digo, puxando-o pela manga da camisa. Ele está rindo levemente, parecemos duas crianças pequenas, quando vejo Quinn Fabray chegando, e parando bem ao nosso lado.

Não fui com a cara dessa garota.

Ela não dá a Jesse tempo para dizer nada. Cola o corpo no dele, e lhe dá um beijo nos lábios. Ele parece levar um susto, pois está com os olhos abertos.

"Oi. Só parei pra te dar um beijo." - Ela diz a ele, ignorando totalmente a minha presença.

Faz uma semana que voltamos todos juntos pra casa, menos nos dias de Glee Club, quando Jesse vai sozinho pra casa, e nos dias de ensaio das Cheerios, quando vamos só nós dois. Nesses dias, podemos cantar com as músicas do rádio, levantar a capota do carro e sermos os dois crianções de sempre. Mas quando Quinn está lá...

Eu até tentei puxar assunto com ela, mas não recebi muita atenção. Não sei qual o problema dessa garota comigo, talvez seja por medo de que eu vá pegar o lugar dela no Glee Club. O que eu pretendo fazer, é óbvio, mas não é por maldade. Eu sou boa, os solos serão meus, fato.

"Quinn." - ouço a voz que faz meu coração delirar. Viro a cabeça rapidamente, e lá está ele: Finn Hudson, lindo como sempre foi. Ele esteve na minha turma durante todo o primário, e nessa minúscula cidade, é óbvio que estaríamos na mesma escola de Ensino Médio. Ele faz biologia comigo, mas só tivemos uma aula juntos. Eu sentei bem atrás, e ele chegou atrasado, sentou logo na frente. Ainda não teve tempo de me ver.

Meu Deus grego particular para bem ao meu lado, e acena com a cabeça para mim. Preciso me apoiar na parede para não cair.

“Quinnie, Glee Club. Vamos?” – ele fala com a loira namorada do meu amigo. Quinnie. QUINNIE!!!!

“To indo, Finn, to indo.” – ela dá mais um beijo em Jesse, e ela e Finn saem. Ainda estou com o Quinnie entalado na garganta.

Deixo Jesse com cara de pastel e saio rapidamente atrás dos dois.

Finn já está sentado lá atrás quando eu chego, Quinn ao lado dele. Fuzilo-a com os olhos por estar tão perto do meu deus grego – obviamente faço isso quando ela não pode ver. O único lugar vazio é ao lado de Kurt Hummel.

Kurt Hummel. Éramos meio que inimigos quando pequenos, ele também estava na mesma turma que Finn e eu, e éramos ambos apaixonados por Finn. E como Lima, Ohio é tão pequena quanto um ovo, ele está aqui, no mesmo Glee Club que eu. Sento quase na beirada da cadeira, o mais longe possível.

“Oi Rachel.” – ele se inclina na minha direção – “Fico feliz que você voltou. Não, eu não gosto mais do Finn. E não acredito que você continua com raiva de mim depois de todo esse tempo.”.

Nossa inimizade começou no primeiro dia dos namorados na escola. Nossa professora fez um bailinho, e cada um de nós podia convidar alguém pra ser seu par. Obviamente eu iria convidar o Finn, e esse seria o dia em que ele iria perceber o quanto me amava. Isso não aconteceu porque o Hummel passou a minha frente, e convidou o Finn, que aceitou (desde pequeno ele era um cara extremamente fofo e sem preconceitos, e embora fosse claramente hétero desde aquela época, não se importou nem um pouco em fazer o Hummel feliz). Ninguém entendeu nada quando passei o resto do dia chorando.

Olho para ele, e ele está rindo. Não é um riso de deboche, e me sinto confortável com o seu sorriso. Acho que já está mesmo na hora de esquecer essa bobagem toda.

“Obviamente, você ainda não superou” – ele olha na direção de Finn.

“Tão óbvio assim?” – pergunto a ele.

“Relaxa, é que sou bom em ler as pessoas. Uma dica: ele está solteiro.” – ele diz, e eu não posso evitar sorrir. Estamos ambos sorrindo, quando vejo uma “manada” de jogadores de futebol, chegando com seus casacos (o mesmo que Finn usa). Um deles, que parece ser o líder, rola uma bola de basquete desafiadoramente nas mãos. Ele para bem na nossa frente.

“Lady Hummel, resolveu finalmente nos brindar com seus belos agudos?” – ele faz um passinho de balé, enquanto seus amigos idiotas riem. Kurt apenas os ignora, e eles vão se sentar ao lado de Finn, que os olha meio aborrecido. Ele parece estar dando uma bronca no moreno pela desnecessária e claramente homofóbica atitude.

“Quem é o desagradável?” – pergunto à Kurt. Sempre fui contrária a qualquer tipo de preconceito.

“Blaine Anderson, o riquinho mais idiota e homófobico dessa escola. Está na minha aula de espanhol, e não passa um dia sem me perturbar. Finalmente resolvi que isso não pode me impedir de fazer o que amo.” – Kurt também é novo no Glee Club, participou da seleção comigo.

“Ok pessoal.” – Sr. Schuster chega, transbordando sua constante alegria em lecionar. Eu amo estar de volta! – “Gostaria de dar as boas vindas aos nosso novos recrutas.” – ele puxa uma salva de palmas para nós – “Ok, mas não temos tempo a perder. Esse será um ano bem trabalhoso se quisermos chegar às nacionais. Quero começar testando as vozes dos nossos novos membros.” – ele fala, enquanto distribui as letras da música – “Qual das meninas se habilita?”

Obviamente levanto a minha mão, com toda a empolgação existente no planeta.

“Certo, Rachel. Qual dos rapazes se habilita?” – ele pergunta. Kurt está fingindo que o comentário idiota do tal Blaine não o afetou, mas embora a vontade de cantar seja visível em seu olhos, ele não se habilita. Olho ao redor da sala, procurando os membros que entraram na mesma seleção que eu, e vejo um loirinho com cabelo de Justin Bieber apoiado numa parede, mastigando algo que deve ser um chiclete, e um garoto de intercâmbio com olhos verdes demais. Obviamente, nenhum deles se habilita.

“Hey pessoal, estão tímidos?” – Senhor Schuster pergunta. Para meu delírio, ele entrega a letra da música para o único cara desta sala com quem vale a pena cantar. “Finn, pode fazer as honras?”

Finn, como o líder o Glee Club que é, prontamente se levanta e vai ao piano. Eu fico de pé rapidamente, e vou para o lado dele. Preciso segurar a emoção quando ouço sua bela voz a cantar.

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=bDHXSd2HdQE

FINN

Estou com calafrio

E eles estão aumentando

E estou perdendo o controle

Porque a energia

que você está liberando

É eletrizante

Não fico para trás, e solto minha voz incrível no tempo certo

RACHEL

É melhor se cuidar

Porque eu preciso de um homem

E meu coração está com você

É melhor se cuidar

É melhor entender

Devo ser honesta comigo mesma

Ele me olha, aparentemente impressionado, e sorri para mim.

AMBOS

Não me resta nada a fazer

É você quem eu quero

(é você quem eu quero) o, o, oo, amor

É você quem eu quero

(é você quem eu quero) o, o, oo, amor

É você quem eu quero

(é você quem eu quero) o, o, oo

É quem eu preciso

Sem dúvida alguma

Todos batem palmas, quando terminamos. Finn olha na minha direção outra vez, e eu preciso me sentar antes que caia no chão.

“Se continuar sorrindo desse jeito, vai deslocar o maxilar.” – Kurt está me provocando, e eu estou rindo com ele. Blaine, que está sentado na fileira bem atrás de Kurt, faz uma vozinha fina e sussurra “as amiguinhas estão de fofoca”, e seus amigos idiotas riem. Olho para trás e o encaro com a cara mais feia que conheço. Ele faz uma careta pra mim. Finn, que estava se sentando na hora, dá um tapa na cabeça de Blaine, e sorri pra mim mais uma vez.

E embora eu seja uma artista extremamente aplicada em todo Glee Club que frequento, não consigo prestar atenção em mais nenhuma palavra que o Senhor Schuster fala.

**************

Estou sentada no laboratório de biologia, olhando para o relógio e esperando ansiosamente pelo momento em que meu deus grego passará por aquela porta. Está atrasado, como de costume.

Ele passa pela porta alguns segundos antes do sinal tocar, e recebe um olhar enfezado do professor.

E se senta ao meu lado.

Preciso virar minha cara para a parede, para esconder minha felicidade estampada.

Depois de todos esses anos, Finn está finalmente me notando! Claro que o fato de que a carteira ao meu lado era a única vazia também ajudou.

O professor anuncia que nessa matéria teremos aulas teóricas, ministradas na sala de aula, e práticas, aqui neste laboratório. E que a pessoa sentada ao nosso lado nesse momento será nosso parceiro permanente até o fim do ano.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!

Ele explica uma matéria, e passa um exercício do livro, por ainda ser a primeira aula. Não posso deixar de notar que Finn, embora seja o jogador de futebol que anda sempre com a jaqueta do time e chegue atrasado na aula de biologia, copia prontamente toda a matéria, e parece realmente prestar atenção no que o professor diz.

Estou com a cabeça baixa, resolvendo uma questão do livro, quando Finn fala comigo.

“Hey, você é a garota que cantou comigo semana passada no Glee, não é?” – pergunta, olhando diretamente nos meus olhos. Só consigo balançar a cabeça, envergonhada. – “Prazer, Finn Hudson.” – me estica a mão, e eu ergo a cabeça para olhá-lo.

“Eu sei.” – estou sorrindo como uma idiota. CONCENTRA, RACHEL, CONCENTRA!!! – “Estudamos juntos durante todo o primário. Rachel Berry.” – apertamos as mãos.

“Engraçado, não lembro de você. Olha, parceira, estou tendo dificuldades com a 4. Pode me ajudar?” – ele parece realmente interessado na matéria, e eu explico como resolvi o exercício.

“Ual, você é boa nisso.” – ele diz, copiando a resolução em seu caderno.

“Já tive essa matéria no Canadá.” – digo, ainda tímida. Ele parece se lembrar de algo.

“Ah, você é a menininha que chorava muito, né?” – ele pode estar se referindo ao episódio com o Kurt, ou a qualquer um dos outros em que cai aos prantos por N motivos, mas acho que está se referindo à vez em que minha mãe veio me buscar da minha última aula antes da viagem, e eu cai no choro também. Balanço a cabeça, querendo escondê-la num buraco.

“Foi mal Rachel, não te reconheci de início. Você mudou bastante... está bem bonita.” - ele diz isso de forma casual, e abaixa a cabeça para o livro novamente. O sinal toca antes que eu tenha tempo de responder algo.

Finn junta suas coisas rapidamente, e eu levo um certo tempo para organizar tudo, todo o sangue resolver ir para minha bochecha, e perdi o controle dos meus movimentos. Ele coloca tudo em sua mochila, e está saindo, quando se vira e para próximo à minha mesa.

“Rachel, estava pensando, sobre o baile...”

Ai meu Deus, não acredito!!!! O baile de boas-vindas será na próxima sexta. Eu já comprei meu vestido, mas sendo nova nessa escola, e considerando que ainda não conheço ninguém (e que Jesse vai levar a sebosa da Quinn), eu decidi ir com Kurt e Tina, minha amiga de infância que também estuda aqui. Não acredito que meu sonho está prestes a se realizar, e que Finn Hudson vai me levar ao baile!!!!

“SIM!” – o som escapa da minha boca rápido demais.

“... então, eu ia dizer que o Glee Club vai se apresentar, e estamos ensaiando todas os dias depois dos treinos do futebol. Queria saber se a Quinn já te passou isso.” – Finn completa. Aquele buraco que eu queria, onde é que está?

“Ah, não, não me falou não, mas eu vou estar lá.” – digo, encarando meus livros mais uma vez.

“Legal. Te vejo hoje, então.”

Ele sai, levando com ele a minha dignidade.

Mas hey, estamos na mesma turma de biologia, cantamos uma canção juntos no Glee Club, e vamos nos apresentar no baile. Preciso achar um novo dueto para nós dois. Desde que ouvi Jesse cantando “The Guilty Ones”, não consigo entregar essa letra a mais ninguém. Nossas vozes juntas foi algo tão incrível, que tenho a sensação de que ninguém, nem mesmo Finn, chegará à altura.

Corro para a cafeteria, ansiosa para contar à Jesse sobre todos os progressos que fiz com Finn. Esse ano definitivamente promete!!!!