All Of Me

Capitulo Dois.


Capitulo Dois.

Estou pronta!

Digo a mim mesma quando vejo minha imagem refletida no espelho longo do quarto de hotel.
Eu realmente me sentia pronta para enfrentar aqueles que causou a minha dor. Eu sentia a adrenalina tomar meu corpo pois iria assumir o lugar que eles jamais acreditaram que eu seria capaz ao me tornar mãe mas eu estava mais que pronta para mostrar o contrário. Foram anos de preparação e estudos para provar do que eu era capaz. Anos de estudos e faculdade.

Tudo para enfrentar Charlie Swan, meu pai.

Olhando no espelho eu notei um brilho em meu olhar, diferente de todos que eu um dia notei em mim. Havia fúria. Audácia, eu me sentia capaz agora de estar em território inimigo e encontrar o que me foi tomado quando eu não tinha como me defender: meu bebê. Que de forma cruel foi retirado de mim sem ao menos eu saber qual era seu nome ou se era menino ou menina, mas jamais conseguiram tirar de mim as lembranças de o sentir chutar e crescer dentro de mim.

Mas ainda me doía não saber se meu bebê era menino ou menina. Não saber seu nome e ao menos saber se estava bem ou ...vivo.

Estremeci com o pensamento.

Sem mais delongas calcei os saltos preto, combinando com o vestido da mesma tonalidade e liso, moldando em meu corpo magro com curvas acentuadas que adquirir com as corridas e academia. Coloquei o casaco bordo longo por conta da chuva lá fora e por último soltei meus cabelos castanhos avermelhados do coque, que caiu em cascata por minhas costas. Dei uma última conferida em minha maquiagem marcante com um delineador em meus olhos castanhos e um batom vermelho sangue nos lábios.
Eu estava realmente estonteante.

Me sentia assim e estava mais que confiante que eu conseguiria o que eu queria.

O caminho até a empresa naquela manhã foi um tanto estressante por conta do trânsito que se formou pela chuva, mas assim que adentrei o imenso prédio espelhado eu senti um arrepio por meu corpo, olhando todas aquelas pessoas de nariz empinado, presas ao celular e bem vestidos, não era o tipo de ambiente que me agradava. Parecia tudo muito robotizado. Porém eu sabia que precisava enfrentar esse mundo para obter respostas.

Subo o elevador sem me notificar na recepção. Afinal, aquela empresa era minha também e eu sabia o andar da presidência e fui diretamente para o vigésimo terceiro andar. Onde eu sabia que ficava a sala de meu genitor. Não contive um sorriso de canto ao imaginar sua reação ao me ver ali e mal podia esperar para ver como ele reagiria quando eu dissesse o motivo de eu começar a frequentar a empresa de nossa família.

Caminho pelo longo corredor de mármore escuro e apenas ouço o som de meu salto contra ele até chegar à recepção rústica e fria de Charlie, onde uma senhora de meia idade estava sentada olhando a tela do computador. Me aproximo e ela sorri com simpatia. Retribuo o sorriso e me apresento.

—Olá! Me chamo Isabella...

—Isabella Swan! Filha de Charlie. Me lembro de você, se tornou uma linda mulher.

Diz ela e a encaro com surpresa.

—... espera. Nós nos conhece...Oh!

E então me lembro dela.
Era Melanie Thones, a senhora que cuidava de mim quando era pequena. Sempre tão gentil e carinhosa comigo, me ensinou muitas coisas que era função de minha mãe se ela não estivesse tão ocupada sendo a esposa perfeita para um homem que nunca a colocou em primeiro lugar.

—Senhora Thones.
A abraço quando a mesma se levanta para fazer o mesmo.

—Não esperava que me reconhece, era tão pequena e eu estou tão velha.

Disse ela sorrindo, brincalhona.

—Não poderia não me lembrar de você. Sempre cuidou tão bem de mim.

—Ora, fico muito feliz que se lembre de mim assim. Quando soube que havia ido para outro país estudar pensei que jamais veria novamente a pequena Swan e meu coração se apertou.

—Mas eu voltei. E pretendo ficar por um longo tempo.

Pisco para a velha senhora que sorri de canto.

—Isso é ótimo, esse lugar precisa de uma alma jovem.

Ela piscou e eu ri.

—Com toda certeza. — Concordo. —Hum, onde está Charlie?

A questiono.
Ela fica um tanto surpresa ao me ver o chamar pelo nome. Mas não questiona.

—Ele está em reunião com seu sócio nesse momento. Em sua sala.

Ela conta.

—Perfeito.

Digo e caminho até a porta fechada.

—Espere, ele não gosta de ser interrompido.

—Fica tranquila, senhora Tones. Acredito que ele ficará feliz ao ver a filha.

Pisquei e sorri de forma angelical com a mentira.

Ela pareceu acreditar e eu me senti um tanto mal por mentir para ela, mas não desviei do que precisava fazer e abrir a porta de sua sala me deparando com ele sentado em sua mesa com o rosto sorridente para alguém que estava sentado na cadeira a sua frente, mas com satisfação vi seu sorriso morrer ao me ver ali adentrando de surpresa.

Mantive meu rosto firme e o confrontei com um olhar.

Ele se levantou sério.

O que faz aqui, Isabella?

—Olá Charlie. Ironizei.

Ele se irritou ainda mais, mas disfarçou ao notar que não estávamos sozinhos. E então a pessoa que estava com ele, se levantou da cadeira e ficou de frente para mim e contive o rosto surpreso ao ver que era o mesmo homem que quase me atropelou no dia anterior e me lembrei das palavras da senhora Tones. Onde dizia que Charlie estava em reunião com seu sócio.
Com certeza esse mundo é cheio de surpresas.

E não fui a única a notar. Pude ver o homem sorrir de canto ao me reconhecer.

—Depois conversamos, estou em reunião Isabella.

Disse Charlie atrapalhando nossos olhares que se cruzaram por um instante.

Eu sorri de forma falsa para meu pai e me aproximei do seu sócio.

—Isabella Swan.
Me apresento estendendo minha mão ao Sr. Arrogante, como o apelidei naquele dia do quase atropelamento. Ele pegou minha mão e a beijou delicadamente, sem desviar seu olhar do meu.

Disfarcei o formigamento em meu estomago que senti, estranhamente.

—Edward Cullen. É um prazer a conhecer, Srta. Swan.

—O prazer é meu, acredito que cheguei em um ótimo momento.
Digo e ambos me encaram com confusão. Eu explico com um sorriso triunfante. —Pois acredito que eu deveria estar nas futuras reuniões da empresa a partir de agora, afinal vovó me deixou tal cargo. Eu estou aqui para assumir.
Conto e vejo o rosto de meu pai endurecer e o do Sr. Arrogante apenas surpreso.

—Desculpe minha filha, Sr. Cullen. Nada ainda fora conversado.

O corto.

—E precisa, papai? Não leu o testamento? Tenho tanto direito a isto quanto vocês dois.

O questiono com falsa surpresa e inocência.

Seu rosto ficando vermelho me diverte, pois sabia que ele ficava assim quando estava com muita raiva, mas não poderia fazer nada contra.
O homem a nossa frente parecia sentir a tensão e o vi coçar o cabelo ruivo desalinhado.

—Acredito que vocês têm muito a conversar. Outro momento conversamos sobre o que precisa, senhor Swan.
Diz Edward Cullen de forma tranquila para meu genitor que me encarava com fúria e se vira para mim.
—Seja bem vinda a empresa Srta. Swan.

—Grata, Sr. Cullen. Retribuo seu aperto de mão e ele nos deixa a sós.

E assim que a porta se fecha ouço Charlie voltar a respirar e ficar em minha frente.

De forma rápida segura meu braço com força.

O encaro com surpresa e raiva.

—Como ousa me envergonhar assim na frente de meu sócio, garota?

Me afasto abruptamente de seu aperto e o encaro com ódio.

—Nosso sócio a partir de hoje, Charlie. A partir de agora eu irei assumir meu lugar que minha avó me deixou você querendo ou não, não me importa e você terá que me consultar para tomar qualquer decisão. Pois não é só sua empresa mais.

Digo com frieza.

—Petulante. Acha mesmo que pode chegar aqui e querer mandar em algo?

—Não só posso como irei.

Nos enfrentamos com o olhar e eu sentia toda raiva que por anos contive vindo à tona, eu tinha nojo do homem a minha frente.

—O que você quer, afinal?

Ele questiona.

—Você sabe muito bem, Charlie. Dessa vez você não tomará qualquer decisão por mim. Isso eu te prometo.
Digo com ódio e lhe dou as costas. Eu já tinha feito a gentileza de o informar sobre o que eu fazia ali.
Nada que ele dissesse mudaria minha decisão e eu sabia que ele não deixaria isso barato, mas eu estava pronta para lutar.

Antes de conhecer minha nova sala eu fiz um tour por toda a empresa que havia sofrido algumas alterações em ambientes e outros lugares que não havia chegado a conhecer quando era mais nova e agora fazia questão, afinal era o território inimigo que por anos governou este local. Eu preciso ter vantagens antes de atacar e nada como conhecer cada lugar e pessoas ali. Quando por fim cansei do tour, senhora Thones me levou até minha sala em um andar acima de Charlie. Havia uma outra sala ao lado da minha em um corredor de mármore claro. Diferente do andar dele.


—A sala ao lado é do Sr. Cullen. Me informou ela.

Pigarrei ao ficar desconfortável com a informação, eu não sabia bem por que mas aquele homem me despertava algo estranho, eu não era boba. Ele era um homem misterioso e muito atraente mas eu não permitiria uma aproximação.
Eu tinha um único motivo que me fez voltar e era apenas ele que me manteria aqui.

—Do sócio?

—Isso mesmo.
Disse ela sem notar meu desconforto.

—Okay...

Olhei para a porta fechada ao lado da minha e notei a recepção vazia.

Sabia que teria que contratar uma secretária em breve.

—E está é sua sala. Era a sala que seus avós ocupavam.

Contou ela e senti um aperto em meu peito quando a nostalgia me tomou. A sala que meus avós ocupavam antigamente era bem clara em tons de madeira clara e móveis brancos. Um lugar aconchegante e nada frio como o resto daquela empresa.
Em minha mesa branca vi a foto deles juntos e não contive as lágrimas.

—Eles fazem muita falta. Eles eram incríveis.

Comenta Melanie. E concordo.

—Não só aqui, todos os dias sinto a falta deles.

Confesso.

Respiro fundo limpando as lágrimas e ajeitando minha postura.

—Sei que eles estariam orgulhosos de mim neste momento, então preciso trabalhar.

Pisquei para ela que me desejou boa sorte e se despediu, me deixando sozinha ali. Sem antes me passar muitos documentos que eu precisava analisar e ao ver a montanha de papéis eu sabia que ficaria por horas ali até compreender toda a dinâmica e responsabilidades do papel que assumi.

As horas se passaram e notei que havia escurecido e eu não tinha comido nada além dos biscoitos e café que gentilmente senhora Tones me trouxe ao perceber que eu não sairia tão cedo dali. Realmente eu não tinha nem chegado na metade da metade do trabalho que eu precisaria verificar e fazer. Mas eu sabia que conseguiria em breve tornar aquilo mais tranquilo com o tempo.

Porém eu também tinha outro objetivo. Encontrar pista de meu bebê.

Ao ver que todos estavam indo embora eu decidi ir até o andar de cima, senhora Tones havia vindo se despedir de mim algumas horas atrás e eu sabia que Charlie iria logo depois dela pois teria um jantar de negócios. Informações que eu ingenuamente consegui retirar dela sem que soubesse minhas reais intenções ao querer saber dele.

—Está na hora.

Digo a mim mesma colocando meu casaco de volta e desligando as luzes da minha sala antes de ir para o andar de cima. O corredor estava escuro, precisei acender minha lanterna do celular para me orientar ali. Andei um pouco mais rápido ao ver a porta da sala de Charlie e quando tentei abrir notei que estava trancada.

—Merda!

Sibilo com raiva, forçando a porta mais algumas vezes antes de voltar para o elevador frustrada, mas com a certeza que estava ali o que eu procurava, ou algo que Charlie escondia. Eu descobriria! Entro no elevador quando a porta se abre com a cabeça baixa e me encosto na parede fria com os olhos fechados enquanto minha mente trabalha em outras opções para adentrar a sala dele.

—Um dia cansativo?

A pergunta surge do nada e abro meus olhos assustada.

Vejo Edward Cullen me encarando com a sobrancelha arqueada contendo um riso.

—O que faz aqui?

—Eu trabalho aqui. Responde ele com um tom sarcástico.

Reviro os olhos.

—Está tarde. Pensei que não teria ninguém além de mim e os seguranças.

Explico.

—Pensou errado. Acabei me atolando em contratos.

Suspira ele profundamente, vejo seu rosto cansado.

—Entendo.
Digo, pois eu também havia me perdido no tempo com tantos documentos para avaliar. Tirando a parte de quase entrar na sala de Charlie. A porta do elevador se abriu e uma moça tímida entrou e corou ao olhar para o Cullen.

Me deixando confusa.

—Bo-a noite. Sr. Cullen!

Ela abaixou a cabeça envergonhada após nos cumprimentar e encarar Edward que tinha uma expressão séria em seu rosto. Encaro tudo com confusão e quando a moça desce e sai praticamente correndo do elevador, encaro Edward Cullen o questionando.

—Você a mordeu?

Ele me encara com a sobrancelha arqueada como se eu tivesse dito algo louco e então ele compreende vendo a moça que saiu rapidamente ao ver ele.

—Não costumo ser muito ... sociável. Acho que isso os fazem me temer.

—Ah! Ou talvez por você ser o responsável por eles ainda ter emprego e sua falta de socialização os assustar acreditando que podem perder o emprego.

Pisco e ele sorri de canto.

—Para uma moça que quase se matou ontem você é bem engraçadinha.

Ele pisca e eu fecho a cara.

—Você que quase me atropelou, Sr. Arrogante.

Ele não contém o riso dessa vez.

—Vai ser divertido a ter por aqui, Srta Swan.

Dou um riso leve.

—Acredito que mudará de opinião.

Digo misteriosamente e ele me encara confuso.

Me despeço sem lhe dar respostas e viro de costas em direção ao meu carro. Eu realmente estava exausta depois de um longo dia.
Não conseguia parar de pensar em deitar na cama nem tão confortável de meu quarto de hotel.