All Hail the Queen

Twenty-Four Years after


"Saudade é algo que fico de alguém que partiu, e não levou tudo que lhe pertencia"

Autor Desconhecido

New York City — 05:49AM

Sábado

A fraca luz do sol infiltrava o quarto por entre as pequenas brechas deixadas pela cortina azul. Holly Bernasconi ressonava baixinho embolada no edredom branco de bordas na cor vinho, completamente alheia ao barulho de passos se aproximando pelo corredor. A porta foi aberta de forma tímida, produzindo um leve ranger nas dobradiças.

Leon não havia mudado muito nos últimos vinte e quatro anos. Possuía os mesmos olhos azuis, o mesmo porte físico e o rosto jovial. Bom, o cabelo havia mudado um pouco, ele havia adaptado à um corte mais comprido, porém continuava lindo de morrer, como a própria filha dizia.

Havia chegado tarde na noite anterior, acabou por ficar preso no escritório que comandava no centro comercial de NYC, mas assim que colocou os pés dentro da cozinha, um delicado bilhete lhe informava que o seu jantar estava no forno e lhe desejava boa noite. Aliás, mesmo que Leon cuidasse de Holly como se ela fosse o mais delicados dos cristais, não queria dizer que ela também não cuidasse dele.

Se sentou na cama espaçosa da filha, vendo o emaranhado loiro espalhado por todos os lados. Os acariciou sentindo um leve aroma de lírios. Levantou com cuidado e abriu de forma apreçada as cortinas do quarto. A luz se propagou por todo o ambiente e Leon escutou um resmungo e logo as cobertas foram puxadas bruscamente em direção ao rosto da jovem.

— Holly, está na hora. Vamos, acorde — disse de forma calma e apenas mais um resmungo foi escutado. — Querida, disse que correria comigo essa manhã.

— Mas é sábado! — A voz da garota foi abafada pelo tecido pesado encima da mesma.

O homem não prendeu a risada. Se tinha uma coisa que Holly odiava mais que mexerem em suas pinturas era acordar cedo. A loira era assim desde pequena, era uma luta diária ate tirar ela da cama e a situação só piorava quando o inverno chegava.

— E daí? É um dia completamente normal — deu de ombros se aproximando do quadro recém pintado da filha. — Segunda, sábado. Pra mim é tudo igual.

A pintura era incrivelmente colorida. Os traços que compunham a paisagem eram todos de uma leveza absurda. Ela havia pintado sua hora favorita do dia: o pôr-do-sol. Os tons de vermelho, amarelo e laranja se destacavam com as partes ainda azuis do céu. A cada pintura feita pela filha que ele contemplava o deixava ainda mais orgulhoso. Holly era a garota mais talentosa que ele conhecia.

— Já levantou, Holly? — Perguntou ainda de costas para filha.

— Como pode comparar, um lindo sábado de sol, com a insuportável segunda-feira? — Bufou irritada jogando as cobertas no chão e correndo para o banheiro. — É quase um pecado, papai.

— Claro, que grande blasfêmia. Vou me confessar depois dessa — retrucou risonho.

Logo, a água do chuveiro foi escutada e Leon andou pelo quarto recolhendo a bagunça da filha. Os livros da faculdade estava muito mal empilhados próximos à parede, os sapatos de salto debaixo da cama, porém a nova maleta de cores estava perfeitamente arrumada em cima da cômoda. E como um bom pai, ele recolheu cada uma das coisa, arrumou a cama e esperou.

Naquele momento, Leon se pegou pensando em como seria se Brooke estivesse ali. Provavelmente ela quem estaria fazendo aquilo, ou talvez gritando com Holly para que ela fosse mais organizada. Havia uma infinidade de possibilidades e ele nunca saberia. Brooke não estava mais ali, há mais de vinte anos ela havia o deixado, e mesmo assim seu coração se recusava a esquecê-la e se abrir para um outro amor.

— Estou pronta — Holly disse de um jeito suave e ele agradecia a velocidade que ela tinha de tomar banho e se — Que cara é essa? Está tudo bem, pai?

Leon forcou um sorriso e concordou com a cabeça. Aquilo não pareceu convencer Holly, já que ela ergueu uma sobrancelha. Desceu os olhos pelas roupas da filha, e a primeira coisa que constatou era que estava curta demais. A regata cinza de algodão deixava sua pele branca da barriga à mostra, mesmo que um pequeno pedaço. O short preto de algum tecido leve era curto, deixando as pernas longas da filha completamente de fora. A única coisa que ele aprovava naquela escolha eram os tênis.

— Não está muito curto e mostrando demais? — O ciúme era perceptível. O homem tinha uma certa dificuldade em aceitar que Holly não era mais uma garotinha de cinco anos que corria pela casa com os cabelos loiros sujos de tinta.

A beleza da filha era no mínimo estonteante. Os cabelos longos e loiros, os olhos em um tom de azul claríssimo, o formato do rosto perfeito... No entanto, o que ele mais adorava na filha, com toda certeza, eram o nariz e os lábios, pois estes eram idênticos aos de Brooke. Holly exalava luz e simpatia, sempre com um sorriso estampando os lábios rosados, delicada como uma flor. Era complicado ver a mulher irritada ou chateada com algo. Holly era seu pequeno anjo, vinda para espalhar luz por onde passasse.

A loira revirou os olhos de forma teatral e suspirou. Pegou o celular m cima da cômodo e começou a deixar o quarto. Assim que saíram de casa uma segunda loira, também vestida para correr, vinha na direção dos dois. Ela poderia ser facilmente comparada com uma irmã ou prima. Definição de Summer D'Lavois: a melhor amiga de Holly. Espalhafatosa, risonha e engraçada, Holly costumava dizer que a amiga tinha a sutileza de um elefante e a delicadeza de uma marretada, o que era bem irônico já que Summer era bailarina.

— Pelo salto alto, eu quase fiquei sem carona! — A loira mais alta disse logo após beijar rosto da amiga. — Tio Leon, vocês estão indo pro Central Park? Vou com vocês.

Como disse, espalhafatosa. Summer e Holly se conheceram ainda no jardim de infância. A Bernasconi era uma pequena garotinha tímida que gostava de suco de uva e brincar de bonecas enquanto Summer odiava uva e preferia maçã e, claro, gostava mais de brincar na caixa de areia à bonecas. E foram as diferenças que as tornaram amigas. A professora Glondin usava um famoso ditado para descrer as duas: "Depois da tempestade, sempre vem o arco-íris". Summer era forte, defendia a melhor amiga do mundo com unhas e dentes e Holly era tão doce quanto mel, delicada e apaziguadora. Leon havia perdido as contas de quantas vezes teve de ir a escola e encontrou Holly na diretoria tentando a todo custo acalmar Summer.

Os três mais riram do que correram. A cada piada ou comentário sarcástico de Summer, Leon e Holly sentiam que suas pernas cederiam de tanto que rir. Os comentários variavam entre o modo engraçado que uma senhora corria até a falta de bom senso de um homem que se atrevia a usar uma blusa que não cobrisse completamente sua barriga gigantesca. A corrida acabou em uma lanchonete, com os três comendo um cheeseburguer duplo com um refrigerante grande.

[...]

O cheiro de tinta à óleo preenchia a casa. Os olhos azuis de Holly percorriam cada centímetro da pintura tentando captar qualquer imperfeição na tela. O desenho na tela era diferente de qualquer outro que já havia feito. Holly costumava pintar paisagens, flores, pessoas e alguns pequenos animais, mas ela nunca havia pintado algo tão lindo, mesmo que fosse obscuro de mais. No meio da tela, um enorme lobo em tons de marrom, preto e cinza uivava na direção da lua cheia. O cenário que o cercava era uma floresta ou talvez um pântano, as árvores tinham troncos irregulares e finos com a copa alta. Era lindo, ela admitia, mas parecia algo que ela não pintaria.

Desistindo de procurar um defeito, que certamente a peça não tinha, Holly largou o pincel sujo junto a paleta em cima da bancada de mogno, que tinha varias manchas de tinta, marcas de que orgulhavam a moça. A loira deu dois passos para trás e mais uma vez observou o desenho. Tinha certeza que ficaria lindo no quarto do pai, combinaria com a mobília rústica e os objetos modernos.

Com um sorriso largo nos lábios, ela saiu porta afora na direção do escritório no fim do corredor. Usou o cotovelo para bater na porta, não queria manchar nada na casa. Escutou a voz do pai dizendo que ela podia entrar.

— Papai, abra a porta pra mim. Estou com as mãos sujas de tinta — falou suavemente. Segundos depois a porta foi aberta e Leon indicou que a filha entrasse.

— Não é rápido. Queria que visse minha pintura, acabei de terminá-la — os olhos azuis da moça eram apreensivos. — É um pouco diferente de tudo que já pintei, mas modéstia à parte, continua linda.

Ambos caminharam lado a lado no corredor ate alcançarem o estúdio da loira. Leon não deixou de perceber que a porta tinha manchas novas, inclusive a maçaneta que ostentava diversas marcas de tintas em forma de mão.

— É um presente. Quero que seja sincero — avisou antes de entrar.

— Holly, eu sou advogado, a última coisa que eu serei é sincero — brincou, recebendo uma cara de deboche em troca. — Tudo bem, prometo ser o mais sincero possível.

Ela apenas assentia enquanto abria a porta e deixava que o cheiro de tinta golpeasse seu pai em cheio. O estúdio de Holly era um dos maiores cômodos da casa, as janelas eram amplas enfeitadas com cortinas brancas esvoaçantes, haviam prateleiras de madeira espalhadas por todo o espaço e todas elas continham manchas coloridas de tintas, alguns móveis igualmente manchados, um pequeno sofá e diversas telas já pintadas espalhadas por todo canto. As tintas eram divididas por cores e tonalidades, os pincéis eram distribuídos em diversos potes de vidro e pareciam ter algum tipo de classificação. O estúdio era bem mais organizado que seu quarto.

— É essa aqui — Holly apontou para a pintura ainda no suporte.

Leon sentiu seu coração falhar uma batida. Não tinha como Holly saber. O homem deu passos largos até a pintura e pensou em tocá-la, porém se lembrou que a tinta permanecia fresca. Ele não sabia como, talvez o destino, mas Holly havia pintado a forma lupina de sua mãe. Leon tinha certeza, o lobo castanho com mesclas de preto e cinza era ela, sua Brooke. O cenário era claramente o pântano onde a Labonair cresceu e passou grande parte de sua adolescência. Ele conhecia aquele lobo ate mesmo no escuro, sabia a exata descrição através dos inúmeros desenhos de Lisa.

— Como... Holly, onde você viu esse lobo? — Questionou sem conseguir tirar os olhos da linda pintura.

— Sonhei com ele na semana passada. Demorei um tempo para por cada detalhe na tela, eu... Bem, nunca tinha pintado nada assim — ela havia sido honesta. O lobo simplesmente a cativara ale de ter sido um ótimo desafio. — Ele é seu pai, e pelo jeito acertei.

Holly nem imaginava, mas aquela pintura significava muito mais.

Como de costume, eles comeram pizza no jantar. Holly reclamava do como o azul royal era muito mais bonito que o ciano e citava todas as diferenças das duas cores. Mas a mente do homem estava quilômetros dali, em uma das épocas mais incríveis de sua vida... A época em que sua doce Brooke o fazia carregar as compras pelos seis lances de escada do seu antigo apartamento em uma das inúmeras esquinas do bairro francês.

— Pai, está me escutando? — Holly estralou os dedos em frete ao rosto do pai. — Está em que mundo, Sr. Leon Bernasconi?

— Desculpe, não é nada. Só... — ele não completou.

Fechou os olhos cristalinos se lembrando de algo, que com toda certeza Holly não ia gostar. Apertou o garfo com força entre os dedos e voltou a abrir os olhos. A filha o encarava, seu rosto tinha um enorme ponto de interrogação. Suspirou, já prevendo a reação dela.

— Holly, querida, seu avô me ligou há algumas horas e. me pediu para ir a Suíça ainda nessa semana — disse com calma.

Viu Holly torcer a boca em desagrado. Odiava quando o pai precisava viajar especialmente por causa de seu avô, que não passava de um folgado. Qualquer problema em um dos escritórios era seu pai quem tinha que se locomover de Nova Iorque para resolvê-los. Bufou, impaciente. Havia um motivo para os dois terem saído da Suíça: a enorme antipatia que Susan, sua "doce" avó, tinha por ela. Só de lembrar da velha, Holly sentia ânsia de vomito.

— Hm — disse enquanto cortava um pedaço da fatia de pizza disponível em seu prato.

A massa pareceu perder a graça completamente. A moça odiava ficar sozinha, a casa parecia grande e vazia demais sem seu pai ali. Sempre foram apenas os dois, Holly e Leon contra o mundo, segundo ela aos quatro anos.

— Holly, não fique assim. É por no máximo um mês, eu prometo. Nem um dia além — garantiu o pai ao ver o olhar decepcionado dela.

Os olhos são as janelas da alma. Holly levava a frase ao pé da letra, não tinha culpa alguma de ser um livro aberto e seus olhos sempre expressarem seu estado de espírito. Mais uma coisa herdada da mãe.

— Eu não estou "assim". Vovô não pode resolver sozinho, ele esta lá na Suíça mesmo. Não entendo a necessidade de sair daqui para resolver um problema lá. Tenho certeza que temos profissionais competentes o suficiente para isso. — A vermelhidão em seu rosto indicava uma pequena irritação, porém sua voz continuava baixa e doce como se nada estivesse acontecendo.

— Acredite, eu também não entendo. Acho que meu pai quer ver se sou capaz de comandar duas sedes ao mesmo tempo, ou talvez seja só... Saudade — explicou o mais paciente que podia, encarando a filha que permanecia de cabeça baixa. — Eles sentem sua falta Holly, e também a minha.

A garota não respondeu se limitou a encher as bochechas de suco de uva. A vermelhidão em seu rosto havia sumido, mas a sobrancelhas franzidas e o olhar magoado denunciavam seu descontentamento com tudo aquilo.

— Quando viaja? — Perguntou após alguns segundos de silencio.

— Na terça — respondeu a encarando.

— Vai me ligar sempre que puder? — Leon não deixou de sorrir. — E se não voltar em trinta dias, vou ate a Suíça te buscar pelos cabelos.

[...]

New York — 01:47 PM

Segunda-feira

— Como era sua mãe, Holly?

Uma pergunta inocente. Mas que fazia o coração da jovem dar voltas em seu peito. Como ela poderia amar uma pessoa que nunca viu na vida? Devia ser fato dela ser sua mãe e ter dado a própria vida em prol da sua.

Summer deu uma cotovelada na costela da irmã tão forte que Holly sentiu dor na sua. Tabita era assim, inconveniente. Não que uma garota de quinze anos pudesse ter freios na língua, mas Holly não se importava com isso. Com um sorriso doce, ela mascarou o leve apertou em seu peito, sabia tão pouco sobre a morena que lhe dera a luz, parecia um assunto ainda muito delicado para seu pai e Holly não ousava perguntar.

— Tenho algumas fotos dela lá em cima, Summer, me ajuda a procurar — pediu à loira que tinha os olhos faiscando na direção da irmã mais nova.

— Claro, vamos lá — disse se levantando. — E você, sua aprendiz de peste, fica sentada aí e não mecha em nada.

Summer, era um poço de doçura. Antes de levantar ainda deu um forte chute na canela da irmã.

— Me desculpa por isso, Holly — suspirou enquanto caminhavam pelo corredor. — Tabita não tem filtro do cérebro para a boca.

— Ela só ficou curiosa, não a culpo por isso — o sorriso doce ainda estava presente.

Holly suspirou frustrada. A mesa de mogno em meio ao escritório estava lotada de papeis. Marry, a secretária de seu pai, havia os deixado no começo do dia. Era por essas e outras que ela era uma simples artista. Enquanto se abaixava para puxar a caixa de fotos do armário no canto da sala, Holly pôde ver Summer mexer em um porta retrato ao lado da pilha de papeis e pastas.

— Holly, olha só essa foto — a loira ergueu o objeto de vidro, contudo a peça, escorregou por entre os dedos finos de Summer.

O porta retrato foi de encontro ao chão se quebrando em varias partes. Summer deu um pulo no lugar pondo a mão direita na boca par abafar um grito e susto. Assim como o vidro, fotos se espalharam por todos os lados e ao se aproximar, percebeu que eram antigas. Fotos de seus pais provavelmente na época em que namoravam. Holly recolheu uma em especial, a primeira coisa que visualizou foi o sorriso largo nos lábios da mãe, que era abraçada por seu pai. Holly conseguia sentir o amor de ambos através da foto.

— Holly, olha isso! — Summer chamou sua atenção apontando para o imóvel atrás de seus pais na foto.

Parecia muito antigo, a cor branca prevalecia em toda a construção. Algumas torres compunham a arquitetura do local. Holly teve certeza que se tratava de uma igreja ou algo do tipo.

— Meu pai nunca me disse que eles tinham viajado juntos — observou a moça. Summer encarou a amiga por alguns segundos, ponderando se expunha sua opinião.

— Olha, seu pai disse que conheceu sua mãe na cidade onde ela morava, certo? — Holly assentiu, não sabendo exatamente onde ela queria chegar. — Bom, com toda certeza, esse lugar é Nova Orleans. Tabita fez um trabalho sobre cidades históricas semana passada. Se não me engano, esse lugar é a Praça Jackson.

— Meu pai nunca disse de onde minha mãe era, só que ela era daqui mesmo, americana. — a loira continuava a encarar a foto. — Nova Orleans não é tão longe daqui.

— É uma cidade histórica, sabe, aquele tipo de gente guarda tudo. Registro de nascimento até o óbito. — D'Lavois foi o mais sugestiva que pôde.

— O que você quer dizer com isso? Eu não posso simplesmente ir com cara e a coragem para lá — disse erguendo uma sobrancelha na direção da melhor amiga, que bufou.

— Holly, sinceramente, você não mais uma criança. Se quer saber se tem algum parente ou amigo da sua mãe, lá é o lugar certo. É uma cidade com história, alguém já deve ter conhecido algum Labonair. — Os olhos azuis de Summer brilhavam. — Eu até iria com você nessa aventura, mas tenho recital de balé.

— Não disse que vou ate lá. Se meu pai nunca me disse nada sobre aquele lugar, alguma coisa deve ter.

— Por favor... Sua mãe era a típica garota do interior, provavelmente tinha um namorado e do nada um estrangeiro bonitão aparece na cidade e, puff, ela se apaixona, vive um romance proibido e engravida? Talvez seus avós sejam muito conservadores e guardem algum tipo de mágoa por causa do que aconteceu — Summer deu de ombros se jogando na cadeira de couro atrás da mesa.

— Ótimo, meus avós por parte de mãe também me odeiam. Mesmo assim, Summer, não sei se é uma boa ideia ir ate lá — disse incerta. Algo em seu peito dizia que aquela "aventura" não acabaria bem.

— O universo conspirou, amiga, seu pai vai ficar fora por um mês. Dá tempo o suficiente para ir e voltar e seu pai nem precisa saber que você foi ate lá. — Holly estava quase aceitando. — Pensa comigo, seu pai sai na terça. Eu compro as passagens para quarta, quando levarmos seu pai no aeroporto retiramos a sua passagem e você embarca no dia seguinte. É perfeito!

Holly não sabia se era certo, mas era sua chance de finalmente saber um pouco mais sobre sua progenitora, algum amigo, ex-namorado ou parente. Alguém devia tê-la conhecido e ainda se lembrava dela. Mesmo que seu coração dissesse que algo muito ruim ia acontecer naquela viagem, Holly pouco se importava naquele momento.

— Compre a passagem pela internet. Já está mais que na hora de saber um pouco sobre os Labonair — disse sorrindo.

Holly não sabia, contudo naquele momento sua vida começava a tomar um rumo do qual não tinha volta. Ela iniciava um caminho sem desvio, atalho ou retorno. Mas ela estava disposta a tentar, mesmo sem conhecer a verdadeira Nova Orleans.