All Apologies.

Capítulo 16 – A calmaria antes da tempestade.


Beijos.

Beijos suaves como uma pena.

Beijos suaves em meu pescoço, que descem até minha nuca.

Abri meus olhos e vi um tufo de cabelos acobreados roçando em meu nariz, fazendo-me soltar um riso espontâneo.

“Bom dia, Edward.” Eu disse levando minhas mãos até a base de seu cabelo, puxando sua cabeça para olhar em seus olhos.

Ele sorriu com os olhos levemente inchados de sono e me deu um selinho longo.

“Bom dia, Bee.” Ele devolveu, mas logo em seguida fez uma pequena careta. “Eu não sei como minha coluna ainda não tencionou dormindo duas noites seguidas nessa cama minúscula.”

Suspirei com um ar de felicidade.

“Eu disse a você ontem que não era necessário dormir aqui.”

“Sim, você disse.” Ele respondeu. “Mas eu também disse a você que não queria mais ficar longe, após você finalmente confessar que me amava. Eu só acho que deveríamos ter ido para o meu quarto, onde a cama é maior.”

“Isso é literalmente pular em sua cama sem nem mesmo os lençóis terem esfriado do último relacionamento.” Eu fiz uma careta. “Além do quê, não é porquê estamos... fazendo o quê quer que estejamos fazendo agora, que eu vou começar a dormir no mesmo quarto que o seu. Ainda estamos na casa dos seus pais e essa história toda além de confusa, foi recente demais para seguirmos em frente tão rápido.”

Edward rolou seus olhos.

“Eu já disse que acho incrivelmente chato quando você fala a mesma coisa mil vezes?”

Bufei.

“Isso porquê você simplesmente não me escuta nunca, mesmo que eu esteja certa.”

Ele se levantou da cama então e sentou-se de pernas cruzadas ao meu lado me encarando.

Edward era tão bonito que o simples vislumbre de sua barriga me deu calafrios e olhar seus músculos sob a fina camiseta branca não estava ajudando muito a minha sanidade.

Ontem à noite, quando eu finalmente parei de pensar um pouco nas coisas e decidi simplesmente viver o momento, eu disse a ele que o amava. Após aquelas palavras, foi necessário um monte de autocontrole de minha parte para não me render aos seus charmes e simplesmente pular em seus ossos como uma cadela no cio.

Por mais que eu estivesse há malditos sete anos sem nenhum tipo de contato sexual com alguém e que fossemos ex-namorados, eu ainda não podia esquecer que tínhamos acabado de nos reconciliar.

Transar com ele agora não seria nada como levar as coisas devagar.

“Nós precisamos estabelecer algumas coisas agora que eu sou um homem solteiro.” Ele disse me encarando.

Arquei minha sobrancelha com a palavra ‘solteiro’.

“Um homem solteiro?” Eu questionei com meu melhor olhar de vadia.

Ele rolou seus olhos.

“Você entendeu o quê eu quis dizer.” Balançou a cabeça em brincadeira. “Mas, afinal, eu sou um homem comprometido com você? Eu posso chamá-la de namorada? Nós vamos manter um relacionamento à distância? Eu vou transar com você em algum momento de novo? Eu realmente preciso de respostas. Quero saber como serão as coisas daqui pra frente.”

Suspirei e me estiquei para encostar minhas costas na cabeceira da cama e cruzei minhas mãos sobre meu colo.

“Primeiramente, quero retificar que eu pretendo levar as coisas devagar, como já te disse várias vezes ontem.” O olhei com firmeza, tentando ignorar o olhar inconformado que ele me lançava agora. “Foi um passo muito grande pra mim quando decidi que voltaria pra você. Acredite quando eu digo que existem coisas que me impedem de me entregar cem por cento a essa relação e eu não sei se estou pronta pra te contar o quê é.”

Ele retrucou logo em seguida.

“É frustrante saber que você não confia em mim a ponto de não me contar isso. Ou até mesmo contar pra qualquer um além do meu pai. Alice e eu já conversamos sobre isso e como isso é fodido, mas no momento eu vou aceitar que você não me conte o quê quer que seja isso que você esconde do mundo. Mas eu quero que você saiba que isso me magoa como uma puta e um dia eu vou exigir uma resposta.” Seu olhar agora não era nada menos do que intenso e eu não pude decifrar que sentimentos estavam por trás dele.

“Eu sei que você vai.” Eu respondi tentando manter a calma. “E eu sei que não vai demorar muito até essa sua complacência sumir, mas... Olha, eu preciso resolver coisas comigo mesma antes de tudo. É exatamente por isso que acho que não devemos rotular o que está acontecendo entre nós no momento, porque eu simplesmente não quero te prender a mim se eu não serei capaz de ser totalmente honesta com você. Eu quero que você veja se realmente vai me querer mesmo com tudo isso.”

“Eu sempre vou querer você.” Ele devolveu e eu quase derreti ali mesmo.

“Você não sabe disso ainda.” Eu disse convicta. “Nós estamos começando do zero agora e eu simplesmente quero fazer sem obrigações, brigas ou um compromisso. É como o nosso test drive.” Eu me estiquei quando percebi um relance de tristeza nele e peguei suas mãos fortemente nas minhas.

Continuei.

“Eu apenas não quero apressar nada. Quanto à questão do relacionamento à distância, eu realmente acho improvável me mudar de Chicago e pelo o quê parece você realmente vai voltar para Forks, mas isso é algo que podemos deixar para pensar depois. O casamento é em uma semana e se após ele você decidir que ainda vai querer estar comigo, nós podemos conversar sobre esse assunto.”

Ele suspirou com relutância, mas acenou a cabeça sem discutir.

“Quanto ao sexo,” Eu hesitei e seus olhos de repente ficaram mais atentos. Esse era um assunto que muito o interessava, eu sabia. Principalmente, se eu julgasse pela forma como ele tentou entrar em minhas calças na noite passada ou apenas por todo o comportamento que eu conhecia dele em tantos anos de relacionamento. “acho que se vamos levar as coisas devagar, não devemos transar tão cedo.” Ele me deu um olhar que significava que ele não iria engolir aquela merda tão fácil.

“Eu quero muito, Edward.” Falei baixo, com uma voz chorosa. “Você não faz ideia do quanto. Eu sinto tanta falta do seu corpo, mas acho que isso será bom pra nós.”

“Bella, pelo amor de Deus!” Ele disse levando as mãos nervosamente para os cabelos e soltando quando percebeu que estavam curtos demais pra isso. “Porra, nós namoramos por malditos cinco anos! Eu te conheço desde que nasci, pra quê levar as coisas devagar? Essa não é uma relação nova, eu sei exatamente onde estou me metendo e posso dizer que te conheço melhor que você mesma. Eu quero você, eu quero isso. Tudo de novo.” Após seu jorro de palavras, ele respirou fundo e então baixou seus olhos para os meus, com sua melhor expressão de cachorrinho. “Eu te amo, Sardenta. Por favor, por favor, pare de complicar tanto as coisas.”

Mordi meu lábio inferior com força, tentando evitar cair em seus encantos.

“Nós somos pessoas diferentes agora.” Eu lhe expliquei. “Sete anos se passaram e eu tenho certeza de que a nossa relação nunca voltará a ser como antes, pois o tempo passou. Eu não quero complicar nada, mas nossa história tem marcas. Marcas profundas. Eu só acho que temos que resolvê-las antes de tudo.”

“Essa parte eu entendi.” Ele resmungou. “Eu vou deixar você ter seu tempo para pensar e decidir quando vai me contar o seu segredo.” Ele inclinou-se na cama e pairou sobre mim, apoiando as duas mãos nos meus lados da cama, me prendendo.

Segurei uma respiração quando Edward passou a trilhar um caminho imaginário com seu nariz por todo o meu pescoço e colo.

“Mas isso não significa que nós temos que esquecer qualquer tipo de compromisso.” Ele continuou e fez uma leve pausa em sua carícia para me olhar nos olhos. “Não significa que eu não posso te chamar de minha novamente e te arrastar para dentro do meu quarto, porquê é lá onde você pertence.” Ele beijou o lóbulo de minha orelha e manteve seus lábios ali enquanto falava. “Não significa que eu não vou poder foder você quando eu quiser, porquê eu tenho apenas sete anos de desejo por você correndo dentro de mim e tudo o que eu quero é te pegar e não deixar você ir, até que eu esteja completamente satisfeito – o quê eu acho um tanto improvável. “

Soltei um gemido baixo.

“Então você veta não rotularmos nossa relação.” Arfei e ele assentiu enquanto assaltava meu pescoço em sua tortura deliciosa. “Você veta dormirmos em quartos separados.” Ele assentiu novamente. “E veta não fazermos sexo por um tempo.”

“Veto especificamente este último.” Ele riu baixinho e eu simples levei minhas mãos até seu cabelo, puxando-o para beijá-lo.

Não demorou muito para invertermos nossas posições e eu estar me amassando em seu colo novamente.

Senti sua latente ereção batendo exatamente onde eu mais precisava e já senti minha calcinha molhando imediatamente. Uma de suas mãos desceu até o cós do meu moletom e a outra subiu por dentro da minha velha camiseta em direção ao meu seio esquerdo.

Sua cabeça pendeu para baixo separando nossos lábios, quando ele desceu em meu pescoço dando pequenos chupões ali. Quando seu dedo indicador pastou em minha entrada, sobre a calcinha, ele gemeu e eu quase gozei ali mesmo.

“Porra,” Sua cabeça afundou mais em meus cabelos. “você está tão molhada, querida.”

Seus dedos pressionaram meu clitóris e logo entraram por dentro da calcinha, fazendo-me pressionar com força minhas pernas ao seu redor.

“Urgh,” Eu urrei e levei minha mão de encontro à sua no meio de minhas pernas. “Você não pode fazer isso comigo.” Mas mesmo negando, guiei seus dedos em minha entrada e clitóris, sentindo um prazer delicioso.

“Bella.” Ele sussurrou me olhando por entre os cílios, com um pedido silencioso.

Eu sabia que estávamos indo longe demais, porém quando eu o tinha daquela forma sobre mim, era como se eu esquecesse todo o resto.

Eu assenti, deixando o desejo me guiar naquele momento.

Suas mãos deixaram meus seios e o lugar entre minhas pernas, e foram diretamente para minha calça de moletom. Ele a puxou com destreza, juntamente à minha calcinha, quando ouvi um grito de repente.

“Vocês só podem estar de brincadeira comigo!” Nessie gritou na porta do quarto com as mãos nos olhos. Ela virou-se imediatamente de costas pra nós e Edward soltou um palavrão alto.

Apressei-me em levantar minhas calças e o clima estranho no ar surgiu. Olhei para Edward que sustentava uma ereção que quase batia em sua barriga se não fosse a calça fina que usava e Nessie parecia petrificada.

“Me desculpem!” Ela disse quase saindo do quarto.

“Você faz isso desde que nasceu mesmo.” Edward resmungou e eu lhe lancei um olhar de fúria.

“Espere, Monstrinha!” Eu gritei antes que ela saísse.

“Você está decente?” Ela perguntou antes de se virar.

“Sim, estou.” Eu disse com uma risada.

Ela virou-se para mim finalmente me olhando, mordendo seu lábio inferior com um tom vermelho escarlate cobrindo seu rosto.

De alguma maneira, me vi em minha cunhada em muitos aspectos. Olhei para o lado e Edward parecia num nível superior de irritação quando se virou na cama e deitou-se novamente com a cabeça por baixo do travesseiro.

“Desculpe por isso, certo?” Eu disse suavemente a ela. “Mas afinal, você realmente precisa bater, já que eu não tenho uma tranca no meu quarto.” Ela assentiu e eu continuei. “Se você não comentasse sobre isso também, eu poderia te agradecer?”

Seus olhos então brilharam em minha direção e Edward imediatamente levantou sua cabeça lançando-me um olhar estranho.

“Eu aceito os seus cookies, Belluda. Eu não os como há anos.” Ela sorriu e eu assenti, agradecendo.

Ela deu dois passos para fora, porém antes de fechar a porta, pareceu lembrar-se de algo e deu meia volta para trás.

“O papai disse que queria conversar com você, Bella. O quanto antes.” Ela disse e eu suspirei já imaginando o que Carlisle queria comigo. E honestamente? Eu não estava com o menor saco para uma nova sessão sobre o que eu devia ou não fazer. “Ah,” Nessie continuou. “Edward, você é uma babaca tarado!” E nisso, ela fechou a porta, evitando que a almofada que Edward arremessou nela logo em seguida, a atingisse.

“Acredito que a pior coisa que Alice e eu fizemos, foi pedir um novo irmão pros meus pais.” Ele comentou, colocando uma mão sobre a minha coxa.

Soltei uma risada com sua implicância e puxei sua mão para encostar em meu rosto.

“Será que você pode me fazer um favor?” Eu pedi, beijando sua palma.

“Qualquer coisa.” Ele respondeu com um sorriso torto.

“Não me provoque mais desse jeito, ok?”

Ele sorriu sacana. “Sardenta, nunca te disseram que só é provocação, quando você não pretende ir até o fim?”

Resmunguei, irritada. Edward podia ser o ser humano mais teimoso da terra quando queria.

“Você não vai até o fim, entendeu?” Eu o cortei e ele bufou, passando sua mão livre em seu cabelo raso. “Sério, Edward. Se você quer que durmamos no mesmo quarto, tudo bem, eu aceito. Eu aceito também todos os seus vetos, menos o do sexo. Nós acabamos de nos reconciliar.”

“É só difícil, Bella. Você sabe como sua vagina é uma prostituta pelo meu pau. Você não consegue resistir mesmo que pense tudo isso.” Ele arqueou as sobrancelhas.

“Eu sei disso e é por isso que eu preciso que você me ajude e não faça mais... o que você fez agora.” Eu disse incisiva, mesmo ainda sentindo os efeitos de suas mãos em mim pela minha calcinha.

“Você quer que eu volte a brincar comigo mesmo, como se eu tivesse quinze anos?” Ele disse injuriado. “Quer dizer, nem com essa idade, porque você já liberava nessa época.”

Bati em seu peito.

“Não fale assim!” Dei risada. “Você fala como se estivesse há muito tempo sem sexo. Você tinha uma noiva até ontem.”

“Bom,” Edward deu de ombros. “Fazia um tempo desde que nós... Bem, você sabe. Na verdade, quanto mais o casamento ficava próximo, mais eu pensava na possibilidade de poder te ver de novo e então, eu apenas não conseguia.”

Aquela informação foi como música para os meus ouvidos, pois por mais que resistisse em admitir em voz alta, Izzy e o relacionamento de cinco anos com Edward ainda me deixavam estremecida. Apenas não entrava em minha cabeça que ele simplesmente tivesse esquecido todo esse tempo ao lado dela, tão rapidamente. Mas saber que ele broxava nos últimos tempos, apesar de cruel, me fez muito bem.

“Mesmo assim,” Eu suspirei continuando o assunto. “Você não está há tanto tempo, como eu. Então segure seu amigo dentro da calça por mais algum tempo. Eu prometo que não vai ser muito.”

“Há quanto tempo, exatamente, você está sem?” Suas sobrancelhas se uniram, dando-lhe uma expressão doce de preocupação.

Mordi meus lábios com vergonha de admitir o quê estava prestes a admitir e murmurei baixo:

“Sete anos?” Soou como uma pergunta.

“O quê?” Sua expressão se tornando alegre rapidamente.

“Sete anos, droga!” Disse mais alto, vendo seu sorriso se abrir de orelha a orelha.

“Então, quer dizer que...” Ele deixou a frase no ar.

“Sim, Edward. Você foi o único. Sempre.” Eu disse de forma apaixonada, mas o sorriso em seu rosto foi ficando cada vez mais prepotente e eu bufei irritada. “Você não pode, seriamente, estar gostando disso tanto quanto você está aparentando.”

“Você está brincando comigo?” Ele disse arqueando as sobrancelhas, em uma alegria quase absurda. “Você é minha. Literalmente. Você é minha do jeito que eu sempre quis que você fosse.”

Eu sorri e lhe dei um beijo casto, dessa vez tentando manter os nervos mais calmos.

“Agora você está sendo muito machista e controlador”, eu o repreendi.

Ele bufou, tornando-se sério. “Não quero ser controlador ou machista. Eu só estou dizendo que pertencemos um ao outro. Eu deveria ter feito como você e não deveria ter me envolvido com outra pessoa, mas eu não consigo apagar meus erros”, ele disse com um suspiro e continuou. “Eu sei que o ciúme é uma coisa idiota, é só que... Não dá pra controlar a alegria em saber que eu e você, sempre soubemos que seriamos pra sempre”.

Eu ri meio abobalhada quando ele voltou a sorrir e então sussurrou encostando seus lábios no lóbulo de minha orelha.

“Além do quê, você tem que ser muito bom de cama para uma mulher só conseguir dormir com você em toda a sua vida.” Ele mordeu meus lábios e eu o bati nos ombros.

“Você está levando isso na brincadeira e isso é meio que uma confissão romântica.” Eu disse emburrada. “Você está agindo como o Edward de dezenove anos novamente, cadê o todo responsável e sério que eu conheci essa semana?”

Se possível, ele sorriu mais, fazendo com que eu pensasse que se houvesse um concurso entre ele e o Coringa, os dois poderiam cair num empate.

“Eu simplesmente estou voltando a ser quem eu era. Você trouxe novamente o pedaço de mim que estava faltando, quando me aceitou de volta.” Ele disse e eu rolei meus olhos.

Podia ser cafona, mas a verdade era que eu também estava me sentindo como a Bella de antes.

Em sete anos, eu finalmente, estava completa.

(...)

“Só eu acho isso uma pornografia, disfarçada de camisola?” Rose olhou com repulsa pra peça branca nas mãos de Alice.

Eu suspirei cansada. Já estávamos há algum tempo na loja de lingerie e ela ainda não havia escolhido a camisola da noite de núpcias.

Eu olhei para o meu relógio pela enésima vez, mal esperando para que nos encontrássemos com os meninos novamente. Quando nós seis decidimos passar o resto do dia juntos em Port. Angeles, eu não esperava mesmo que Alice nos arrastasse para a primeira loja de Lingeries que visse, mandando Edward, Emmett e Jasper procurarem o que fazer durante duas horas.

O meu único alívio em uma tarde de compras longa, era saber que eu poderia evitar Carlisle por mais algumas horas. Eu descaradamente havia fugido dele mais cedo, porque eu sabia exatamente o que ele me diria: algo sobre eu estar iniciando um novo relacionamento com Edward sem que ele soubesse a verdade e como isso era imprudente, imaturo e irresponsável.

Eu não queria ouvir aquelas coisas. Eu já as sabia de cor.

Na realidade, era só o que eu pensava nas últimas horas, sobre como eu estava me metendo numa encrenca sem tamanho e o que eu faria.

O que fazer a seguir? Como mentir? Como manter um segredo como aquele intacto?

“Ah, qual é, senhora puritana?” A voz de Alice me tirou dos meus devaneios. “Você é a mulher mais safada que eu conheço e não vai usar uma camisola sexy na sua noite de núpcias?!” Exclamou com uma mão na cintura roliça.

“Por isso mesmo. Eu vou me tornar a senhora Rosalie Hale Swan, eu tenho classe agora!” Ela retrucou e me olhou pedindo apoio.

Dei de ombros. “Rose, são você e o Emm. Se existe uma coisa que os dois não têm, é classe.”

Ela me mostrou a língua. “Eu só quero uma coisa menos... assim. Gente, eu não quero uma camisola com entrada especial atrás e na frente. Isso é sujo.”

“Se fosse eu, honestamente, não usaria nada.” Comentei. “A última coisa a se preocupar é a roupa íntima. Eu teria muito mais interesse em tirá-las do que admirá-las.”

“Não!” Alice resmungou. “Gente, a camisola de núpcias é até mais especial que o vestido de noiva. Eu demorei dias pra achar a perfeita. E quando eu encontrei, não houve uma noite em que não a usei e Jasper não ficou louco.” Ela piscou pra nós com um sorriso sacana.

“Quantas vezes na vida eu vou ter que pedir pra me poupar desses detalhes? É o meu irmão, que nojo!” Rose resmungou.

“Sim, eu realmente não preciso de imagens mentais sobre você e ele.” Eu comentei, concordando com Rosalie.

“Ah sim,” Alice retrucou, “você está mais inclinada a imagens reais mesmo, como foi com a Nessie hoje de manhã”.

Ela sorriu e eu enrubesci.

“O que aconteceu?!” Rosalie olhou para nós, surpresa.

“Aquela Monstrinha linguaruda!” Praguejei.

“Nessie pegou Edward e Bella prestes a estrelar seu próprio filme pornô hoje.” Alice explicou, rindo.

“Vocês iam filmar?” Rose arregalou os olhos e eu bufei.

“Claro que não!” Me indignei e me virei para Alice. “Seus trocadilhos são péssimos!”

“Bem, ok, Nessie só te viu pelada em cima do meu irmão.” Alice rolou os olhos. “Mas não muda a situação, seus pervertidos.”

“Uau, vocês são muito rápidos.” Rosalie se admirou. “A Izzy foi embora há o quê, doze horas?”

“Gente, pelo amor de Deus.” Eu gemi. “Nessie me pegou em um momento de fraqueza.” Expliquei. “Eu realmente não quero apressar as coisas com Edward. Precisamos resolver toda a bagunça emocional que eu fiz antes... Ele estava apenas tentando me dissuadir da decisão que tomei de não fazermos sexo por enquanto.”

“Você não transa há sete anos e agora que a pessoa que você queria voltou, vai fazer um voto celibatário?!” Alice torceu os lábios.

“Eu entendo.” Rose observou. “Embora eu torça por vocês dois e eu não visse a hora dessa reconciliação, eu ainda acho que existem muitos poréns a se resolver. Como, por exemplo, o motivo pelo qual você foi embora em primeiro lugar.”

Um silêncio constrangedor se instaurou no pequeno corredor da loja e a tensão foi tão forte, que eu poderia cortá-la com uma faca.

Honestamente, eu já não sabia mais como fugir daquele assunto. Eu tinha plena noção de que as coisas já haviam atingido um patamar alto demais.

As mesmas perguntas surgiram novamente em minha mente.

O que fazer a seguir? Como mentir? Como manter um segredo como aquele intacto?

Uma súbita vontade de me abrir com elas surgiu. As palavras estavam na ponta da minha língua, mas então, mentalmente, eu imaginei como seria aquela confissão, ao lado de cuecas com trombas de elefante e fantasias de enfermeira de tecido barato.

Eu me viraria para as duas e diria: “Hey, meninas, eu sei que não comentei antes, mas eu fui embora porque eu tenho Leucemia. Quando eu fui embora Carlisle tinha me dado cinco anos de vida, no máximo, mas eu consegui viver dois anos a mais, então digamos que, nesse exato momento, eu estou no estágio mais avançado da doença e eu posso cair durinha e morta nesse chão agora. Então, vocês podem entender como deve ser constrangedor contar ao Edward antes de transarmos que ele escolheu uma namorada com prazo de validade ao invés de ficar com uma mulher completamente saudável, que poderia dar filhos a ele e que concordou em casar com ele e que viveria por um bom tempo”.

Não, eu realmente não poderia dizer aquilo. Pensar em minha própria mente já me dava calafrios e arrependimentos que eu não precisava ter naquele momento.

Eu não percebi quanto tempo fiquei inerte em meus próprios pensamentos, mas o silêncio constrangedor somente aumentava.

Rose me encarou e eu simplesmente as olhei com lágrimas repentinas nos olhos.

Alice bufou.

“Você não cansa, não?!” Ela me indagou irritadiça.

Olhei-a com os olhos arregalados.

“Bella,” Ela disse enfaticamente e começou um jorro de palavras. “Você não cansa de tanto drama?! Você não acha que já está mais do que na hora de nos contar o que aconteceu? É frustrante. Você sabe, seja o que for, nós vamos aguentar... O que é?”

Eu engoli em seco e balancei a cabeça.

“Será que nós podemos ficar pelo menos um minuto sem falar sobre isso?!” Eu devolvi irritadiça. “Eu sei que é importante, mas eu sinto que toda a conversa que temos chega nesse maldito assunto e eu, sinceramente, não aguento mais!”

“Bella, não é fácil pra nós...” Rosalie começou, colocando uma mão em meu ombro.

“Chega!” Eu gritei, me afastando. “Vocês precisam parar de me pressionar assim!”

E então eu percebi como estava sendo uma verdadeira imbecil, quando vi uma Alice e uma Rosalie com olhares assustados na minha frente.

Eu estava no meu limite ali.

A nuvem negra que pairava sobre mim estava ali novamente, mais forte do que nunca.

E era sempre assim.

Pela manhã, eu havia acordado com o homem que eu amava ao meu lado, eu estava tão feliz em poder beijá-lo, em poder ter dito que o amava e eu deixei de lado as minhas preocupações maiores. O problema é que elas sempre voltavam pra mim.

E então, eu me vi perdida novamente em pensamentos e em dúvidas.

O que fazer a seguir? Como mentir? Como manter um segredo como aquele intacto?

“Bella, eu...” Alice começou e eu a interrompi levantando uma mão.

“Gente, eu... eu preciso de ar.” Eu disse andando alguns passos para trás.

“O quê?” Rosalise franziu o cenho. “Onde você vai?! Acalme-se, Bella.”

“Eu preciso pensar!” Me alterei novamente e dei as costas para as duas, caminhando em direção à porta da loja.

Eu pude notar os olhares curiosos das pessoas ao nosso redor, os gritos de Alice e Rose me chamando, mas eu não liguei.

Eu simplesmente sai da loja e segui em direção a um nada.

A realidade é que eu realmente precisava de um tempo sozinha.

Tudo havia acontecido tão rápido. Em um dia, eu estava enchendo a cara com Emmett e Jasper e no outro, Edward e eu estávamos prontos a entrar em um relacionamento e eu não conseguia nem ao menos respirar.

Eu podia sentir as meninas me seguindo e eu só consegui olhar para a rua a minha frente e dar sinal para o primeiro táxi que vi passar.

O motorista do carro me olhou de soslaio para o banco de trás e eu provavelmente deveria estar com a maior cara de doida varrida, porque ele me perguntou: “Você está bem, senhora?”, com a expressão de pena mais latente que existia.

Eu respirei fundo e olhei para trás, para ver uma Rosalie correndo em nossa direção e uma Alice muito grávida alguns passos atrás, quase sem ar.

Eu respirei fundo e dei o endereço de um de meus lugares favoritos em Port. Angeles, antes que Rosalie conseguisse nos alcançar.

Eu estava bem no meio de um ataque de pânico. Daqueles que eu só conseguia ver na TV.

Eu comecei a pensar em todos os anos em que me escondi de minha família. Comecei a ver flashes de minha vida inteira, em um segundo.

Eu me vi sentada novamente na mesa de Carlisle, ouvindo sobre como eu estava com câncer terminal. Eu repassei em minha mente como eu havia chego em casa, contado ao meu pai que eu estava doente como a minha mãe esteve, que eu também não tinha muito tempo e o vi, novamente, gritando comigo sobre como eu não deveria ter lhe contado nada, que ele não precisava de mais sofrimento na vida.

Me lembrei sobre como ele sentiu remorso e magoa de mim, pela minha doença.

Eu me lembrei novamente da pior semana da minha vida, do dia em que Carlisle contou sobre o meu problema para Sue e os dois tentaram me abordar, me contando sobre as minhas poucas chances, mas que eu deveria ter fé e lutar.

Me lembrei do momento em que Edward me pediu em casamento e sobre como eu só conseguia pensar que talvez eu não estivesse viva no dia da cerimônia.

Eu me lembrei da solidão da morte, do silêncio entre Charlie e eu e do momento em que eu decidi juntar todas as minhas economias da faculdade e sumir pelo mundo.

Me lembrei de estar num avião, chorando como louca e conhecer Bree.

Me lembrei dos dias no hospital. Da quimioterapia, os vômitos, a fraqueza, o meu cabelo caindo.

Eu me lembrei do quanto eu me senti sozinha naquela cama de hospital. Do quanto eu ansiava por ouvir as gracinhas de Emmett e Jasper, as discussões de Alice e Rosalie e as piadas sujas de Edward.

Eu me lembrei, principalmente, das vezes em que eu estava internada e precisava usar o banheiro e eu simplesmente não tinha ninguém que arrastasse o meu soro comigo até a privada e toda a maldita vez eu tinha que chamar a enfermeira e, nas constantes vezes em que ela não aparecia, eu me urinava na cama. Sozinha, patética e humilhada.

Nesse ponto, eu já estava debulhada em lágrimas e catarro e eu não conseguia parar.

Eu não conseguia sair daquele lugar obscuro.

O motorista de táxi estava entrando em estado de choque e ele realmente estava com pena de mim.

Eu cheguei na cafeteria/livraria que Edward me levou em nosso primeiro encontro oficial e me sentei em uma das mesas do canto, encarando o nada.

Eu podia ouvir o meu celular tocando descontroladamente, pouco antes de me irritar pra valer e desligá-lo com brutalidade.

E então, eu simplesmente respirei fundo e lá fiquei, em prantos incessantes.

Algum tempo passou.

Eu não sabia dizer há quanto tempo exatamente estava ali, sentada, sem fazer nenhum pedido, com os garçons me encarando.

Eu olhei pela grande janela de vidro, atrás de minha mesa, e notei que já estava anoitecendo.

Eu pensei em como provavelmente deveria voltar, em como todos deveriam estar preocupados e achando o meu surto repentino muito bizarro.

Mas eu não conseguia me mover mais.

Eu não consegui nem mesmo pensar.

E então eu ouvi um movimento ao meu lado, e notei um homem parado ali, me olhando.

Eu olhei pra cima e me deparei com o grande e musculoso homem de olhar apologético, respirando com dificuldade.

E ali, sem preparo, sem anestesias, eu simplesmente disse:

“Emmett, eu estou morrendo. Eu fugi porque estou doente e estou morrendo.”

Continua...