Alinhamento Astral.

Capítulo 18 – Eu apenas te amo. É tão difícil?!


Capítulo 18 – Eu apenas te amo. É tão difícil?!

LUA

Eu só parei quando chegamos a uma sorveteria, longe o bastante do acampamento das Caçadoras. Leo ainda exibia aquele olhar confuso e pensativo, o que era engraçado, por que Leo não é muito de pensar nas coisas.

– Afinal, por que você saiu da Caçada, Lua? - perguntou Leo, quebrando o silêncio e se sentando em uma das mesinhas da sorveteria. - Tem alguma coisa a ver com o que seu Pai disse naquela noite?

– Leo, não foi nada. Deixa pra lá. - respondi, tentando não falar a verdade, mas sabendo que seria inevitável.

– Lua, não minta pra mim. Eu sei que alguma coisa aconteceu. - Leo olhou no fundo dos meus olhos. Eu desviei o olhar Leo veio para o meu lado segurou meu rosto e me obrigou a olhar em seus olhos castanhos profundos.

– Você quer a verdade? Eu só não fiquei na Caçada porque não era o que eu queria. Foi só isso. - tirei as mãos dele do meu rosto. Eu não queria encarar seus olhos.

– Essa é a longa história que você tinha pra me contar naquele dia? - eu sabia que ele não desistiria. E sabia também que não teria como escapar.

– O que Poseidon quis dizer naquela noite foi exatamente o que Allana e aquela outra garota disseram. Que foi idiotice eu ter largado a Caçada por estar tão apaixonada. Mas eu não dou ouvido, porque sei que era meu destino escolher isso.

– Me explica direito, Lua, por favor. Não estou conseguindo entender. - Ele pediu com toda a calma.

– Bem o começo você já sabe. O por quê eu entrei na Caçada. Fiquei lá por cerca de seis anos. E até aquele dia no Central Park eu tinha certeza que queria ser Caçadora. Mas depois do momento em que nos despedimos, eu já não tinha tanta certeza assim. E os dias passaram e cada vez mais eu tinha certeza de duas coisas. Primeira: que eu nunca quis realmente estar ali. Esse era um sonho da minha mãe e não meu. E segunda: eu amava um garoto, e eu não devia estar sentindo isso. E no dia oito de setembro recebemos uma visita da Lady Ártemis dizendo que teríamos o dia livre do juramento. Tudo por um acordo entre a Lady e a deusa do amor. O acordo dizia que quando o alinhamento do planeta Vênus e a lua acontecesse, as Caçadoras deveriam escolher entre continuar servindo a Ártemis ou ir atrás do amor.

– Ah, entendi. Mas se você e Charlie abandonaram os deveres como Caçadora de Ártemis...

– Eu e Charlie corremos atrás do que acreditamos que era certo. E escolhemos vir atrás de você e Nico. Mas tudo isso estava meio que escrito em uma profecia antes mesmo de você e Nico escutarem. Sabe aquela profecia que vocês recitaram lá no Central Park?! Então, a forja era você e a sombra era Nico. A magia era a Charlie e o mar era eu. E vocês foram realmente importantes para a nossa decisão de continuarmos ou não Imortais. E eu realmente não acho justo esta profecia. Embora eu não precise dela para amar você. - quando eu admiti isso em voz alta pra ele, minha face estava vermelha e queimando de tanta vergonha.

Leo voltou a me obrigar a olhar em seus olhos. Ele passou os dedos levemente por minhas bochechas coradas. Ele ficou me olhando e abriu um sorriso acolhedor.

– Lua, você está me dizendo que largou a imortalidade por amor?! E que esse amor existe por uma profecia e que você me ama?! - perguntou ele ainda com uma das mãos no meu rosto. Eu não conseguiria falar, então apenas concordei com a cabeça. - Lua você sabe quanto tempo esperei pra ouvir você dizer isso?! No dia que você me disse que não pertencia mais a Caçada, eu estava vibrando por dentro. Porque eu não dormi a noite toda, estava chateado que você não tinha se despedido de mim. E, Lua, eu também jamais precisei de nenhuma profecia pra me apaixonar por você. Eu te amo, Pequena Sereia. Eu te amo mais que qualquer coisa.

– Leo... - e ele nem deixou que eu terminasse de falar.

Ele me colocou de pé na sua frente. Passou um braço na minha cintura e colocou a outra mão na minha nuca. Eu inclinei a minha cabeça e ele foi se aproximando cada vez mais. Eu fechei os olhos e nossos lábios se tocaram. Logo o beijo se aprofundou. Uma onda de calor passou por todo o meu corpo, como se ele estivesse pegando fogo. Mas não queimava, não doía. Era uma sensação muito boa, a melhor que eu já sentira em toda a minha vida. Eu não me importava com nada a minha volta. Eu estava nos braços de Leo. E nada mais tinha importância. Mas o beijo acabou rápido demais. Leo afastou seus lábios dos meus, mas nossas testas continuaram unidas.

Ele apenas disse:

– Está um calor aqui ou é impressão minha?! - o sorriso estampado em seu rosto.

– Cala a boca e me beija, Engenhoca Ambulante. - e puxei-o para mais um beijo.

Desta vez quem se afastou fui eu. Porque, infelizmente, lembrei que estávamos em uma sorveteria a mais de meia hora e não pedimos nada.

– Leo, você não vai me oferecer um sorvete?! - perguntei em um tom meio brincalhão e exibindo um sorriso.

Leo devolveu o sorriso e ergueu o braço para chamar o garçom: - Por favor, um Milk Shake de morango.

Nós ficamos ali enrolando tomando Milk Shake. Um Milk Shake e dois canudinhos. Leo fez piada e gracinha. Ele dava alguns beijinhos no meu rosto e, juntos, fizemos a festa na sorveteria. Depois passeamos na beira do mar, onde a água toca apenas o pé. Andamos abraçados e de mãos dadas. Houve um momento que ele me pegou no colo e me girou. Passamos o dia todo assim. Sendo apenas nós mesmos. Sem nos preocuparmos com mais nada. Andamos de volta para o iate e lá ficamos no convés. Queríamos observar as estrelas. E apenas ficamos lá sentados. Eu me virei para Leo e disse:

– Leo, está vendo aquela constelação? - e eu apontei para a constelação de Órion. Ele fez que sim com a cabeça. - Aquele foi o grande amor da Lady Ártemis. Aquele é Órion. Ele era um caçador brilhante e a Lady se apaixonou por ele. Mas ele morreu com uma picada de escorpião. Alguns dizem que foi Apolo quem matou Órion, outros dizem que foi a própria Ártemis. Mas depois Zeus o transformou em constelação. Então quando a constelação de escorpião se põe a de Órion nasce, parecendo que Órion está sempre perseguindo o escorpião, mas sem nunca alcançá-lo.

– Que história bonita. Mas para mim quem deveria saber essas coisas sobre constelação era a Charlie e não você. - disse Leo num meio sorriso.

– Mas minha mãe quem me contou essa história. Ela sempre me contava ela quando eu era pequena. Era a minha história preferida. - assumi.

– E por que essa era a sua história preferida? - seu olhar demonstrou verdadeira curiosidade.

– Essa eu não sei responder. Eu amo você, Leo Valdez. E nunca vou desistir disso.

– Eu amo você, minha Pequena Sereia. – Ele disse isso e me beijou mais uma vez.

~*~

Ficamos mais algum tempo assim, até que surge pela escada que subia para o iate duas pessoas que eu conhecia muito bem, mas que agiam de modo completamente diferente do normal. Charlie subiu rindo abertamente, o que raramente acontecia quando não era uma risada irônica, e Nico vinha logo atrás, com um sorriso largo que eu jamais vira antes. Assim que eles pisaram no convés, Nico a enlaçou pela cintura e depositou vários beijos no rosto dela, enquanto ela ria. Era uma cena feliz de se ver, quase tão feliz quanto Leo apertando mais um pouco minha cintura contra seu corpo e depositando um beijo em meu ombro.

Quando os dois nos viram sentados ali no chão, estancaram no lugar, mas não se soltaram e eu sorri com isso.

– Vejo que sua conversa rendeu, Hastings. - eu brinquei com ela, com um sorrisinho malicioso no rosto.

– Tanto quanto para você, Carter. - ela disse, olhando sugestivamente para a mão de Leo em minha cintura. Ela abriu um sorriso malicioso, mas eu via a enorme gota de felicidade que se escondia por trás dele. - Acho que eu vou dormir, foi um dia cheio.

Ela se virou para Nico e lhe deu um beijo nos lábios rapidamente. Acenou rapidamente para mim e Leo e desceu para o quarto. Nico foi para a cabine do leme e eu sabia que era para nos dar privacidade. Mas no entanto eu tinha que concordar com Charlie. Foi um dia cheio e eu mal podia esperar para me deitar.

– Acho que eu vou também, Leo. - eu disse, me levantando, mas Leo rapidamente se levantou e enlaçou minha cintura novamente. - O que foi?

– Você bem podia se despedir decentemente igual Charlie fez com Nico. - ele disse, abrindo um bico lindo.

– Que fofura! - eu exclamei, antes de dar um beijo nele.

Depois eu desci rapidamente para o quarto que dividia com Charlie e assim que pulei em minha cama, ela se virou para mim da sua, com um sorriso no rosto; e eu sorri de volta. Não foi preciso uma única palavra ser dita. Apenas por nossos sorrisos, via-se claramente o quanto estávamos felizes com a reviravolta desse dia fatídico.