Alinhamento Astral.

Capítulo 16 - Encontramos nossa antiga família


Capítulo 16 - Encontramos nossa antiga família

LUA

O tempo passou meio rápido demais nos dias que se seguiram no iate. Eu e Charlie conversamos muito e provocamos os meninos sempre que tínhamos a chance. Charlie parou de ignorar Nico. Eu queria manter certa distancia de Leo. Mas era impossível. Eu não conseguia me sentir bem longe de Leo. E essa história de ele me amar por culpa de uma profecia não estava me fazendo nada bem. Eu juro que não queria aquilo. Preferia que ele não me amasse. Isso não é justo. Nem com ele e nem comigo. Se bem que eu também amo ele por essa profecia. Não é justo com ninguém.

Mas se eu for pensar nisso eu vou ficar louca. Por que as coisas não podiam ser mais simples? Por que eu não posso simplesmente amá-lo? Por que tem que ter uma profecia ridícula pra atrapalhar tudo? O melhor que eu faço é esquecer isso tudo e seguir minha vida sem pensar muito no antes ou no depois. Vou pensar no agora. E agora eu estou a caminho de Miami com meus amigos e o garoto que eu amo. Posso querer coisa melhor? Prefiro não responder essa pergunta.

~*~

Naquela manhã acordei bem animada. Estávamos a menos de meia hora de Miami! Charlie ainda dormia em sua cama. Não gostava de acordar Charlie de manhã. Digamos que você não vai querer conhecer o humor matinal dela.

Mas mesmo assim eu não podia deixá-la dormindo quando faltava tão pouco para chegarmos. Eu acordei Charlie bem devagar.

– Bom dia, Charlie! Anda acorda! Falta só meia hora para atracarmos no cais. Vamos! - estava tão animada que não cabia em mim.

Deixei Charlie pra lá, é melhor não insistir. Comecei a me arrumar. Coloquei um biquíni roxo, um vestidinho bem soltinho preto. Prendi meu cabelo em um coque e fui pra cozinha. Leo e Nico já estavam tomando café. Como sempre peguei uma tigela de cereal com leite e me sentei do lado de Leo.

– Bom dia, meninos! Agora falta pouco. Só uns vinte minutos e chegaremos. - disse para os meninos.

– Cadê a Charlie? Ela ainda está dormindo? - perguntou Nico e eu confirmei com a cabeça. - Vou chamá-la.

– Acho melhor você não fazer isso, Nico. Não sabe como é a Charlie com sono de manhã. Mas a vida é sua, faça o que quiser com ela. - eu brinquei.

Acho que Nico se convenceu de que era verdade. Porque quando terminou seus ovos com bacon ele permaneceu no lugar. Mas não demorou tanto pra Charlie aparecer e se juntar ao café-da-manhã. Ela não falou muito. E o restante do tempo passou voando. Paramos no cais, descemos e fomos até a praia. Andamos pela calçada. Olhamos a cidade e a praia, ambas perfeitas. Até que meu pé bateu em alguma coisa gelada. Eu olhei para o chão e vi uma flecha prateada. Eu conhecia muito bem esse tipo de flecha. Eu usei flechas iguais a essa por seis anos. As Caçadoras estavam em Miami.

Eu peguei a flecha e entreguei-a a Charlie sem dizer uma palavra. Ela examinou a flecha e sorriu pra mim. A família que nos acolheu no momento mais difícil de nossas vidas estava perto de nós.

– O que é isso, Charlie? - perguntou Nico atrás de Charlie. Ele estava confuso.

– Uma flecha de uma das Caçadoras de Ártemis. - expliquei para Nico e Leo que também estava com um olhar confuso. - Elas estão em Miami. Ou estiveram, eu não sei ao certo.

Continuamos andando pela cidade. Eu e Charlie olhávamos em cada beco sem saída por onde passávamos. Queríamos ver nossa antiga família outra vez. E em um beco bem escondido, uma barraca bem conhecida aparece. Eu segurei a respiração e o braço de Charlie. Nos entreolhamos e fomos correndo em direção ao acampamento das Caçadoras. Leo e Nico logo atrás da gente. Quando chegamos, nos aproximamos eu vi algumas das nossas antigas companheiras de Caçada. A pequena Emily também estava lá. E Thalia também. Thalia estava cuidando de Emily como sempre fazia. Mas nesse momento ela levantou os olhos e nos viu parados perto do acampamento.

– Lua! Charlie! - ela parecia animada ao nos ver. Até que seu olhar encontrou Nico e Leo logo atrás de mim e de Charlie. - Ah não! Leo Valdez não! E você di Angelo, como vai?

Nico respondeu apenas com um aceno de cabeça.

– Thalia! - Eu e Charlie exclamamos em uníssono.

– Oi pra você também, Senhorita Sou-Durona-Mesmo. - disse Leo em seu tom mais brincalhão, que eu amava.

– Meninas como vão as coisas? O que fazem por aqui, em Miami? - quis saber Thalia.

– Apenas aproveitando o tempo para passear. E vocês? - respondeu Charlie.

– Vocês já sabem. Estamos caçando. - Thalia nos enviou aquele olhar de “como vocês nos encontraram?”

– Acho que esqueceram isso aqui pra trás. - disse Charlie, entregando a flecha para Thalia.

Nesse momento Allana apareceu. Pessoalmente nunca tive nada contra ela, mas também nunca fui amiga dela. Allana era daquelas garotas insuportáveis, que nunca está satisfeita com nada. Era alta e muito magra. Os cabelos eram um pouco ruivos e lisos. E Allana era filha de Ares. Era muito encrenqueira.

– Olha quem veio nos dar a honra da sua presença?! Luali e Charlotte. As duas que não foram fortes o bastante e desistiram. O que vieram fazer aqui? - provocou ela.

– Olá, Allana. Como vai? - eu disse para manter a calma, porque Charlie estava furiosa. E eu nem precisava olhar seus olhos para saber que eles estavam vermelho-alaranjados. Ela estava tensa do meu lado.

– Eu vou bem, Lua. Mas e aí não vai me contar o por quê de você ter saído da Caçada?! Ou eu terei que adivinhar?! - se Allana continuasse assim eu também perderia a paciência.

– Deixe-nos em paz Allana. Só encontramos aqui por acidente e por sorte. Não estamos atrás de você, pode deixar. - eu disse tentando me controlar.

– Ah, Lua! Conta pra suas amigas. - provocou Allana mais um pouquinho.

– Vamos, meninas, admitam que saíram da Caçada por que estão apaixonadas. Dói menos. - disse uma das Caçadoras que eu não reconheci.

– Calem a boca! Vocês não sabem de nada. E não interessa a mais ninguém o motivo de termos saído da Caçada, senão a mim e a Lua. – respondeu Charlie, e pelo seu tom de voz eu podia perceber que sua paciência estava no limite.

– Então foi por isso mesmo! - Allana deu uma risada muito estranha e sinistra. - Admitam de uma vez!

Foi então que me lembrei de Leo e Nico atrás de nós. Eu olhei para eles e vi tristeza em seus olhos. Eles estavam chateados com alguma coisa e eu não entendia bem o quê. Eles também pareciam confusos. Estavam pensativos. Virei-me para Charlie e trocamos um breve olhar. Eu sabia que estávamos pensando na mesma coisa. Precisávamos explicar para os garotos o que estava acontecendo. Era a hora que eu menos queria que chegasse. Estava na hora de contar a longa história para Leo. Era hora de falar toda a verdade.

– Thalia, sinto muito pela confusão no seu acampamento. Mas está na hora de irmos. - Eu disse me despedindo. - Quem sabe um dia vocês não aparecem lá no Acampamento?

– Lua, Charlie. Sou eu quem pede desculpa pelo constrangimento. E pela atitude das minhas companheiras. Nós ainda nos encontraremos um dia. - despediu-se Thalia.

Eu me virei para Leo e peguei sua mão. Charlie saiu e olhou para Nico para que ele a acompanhasse. Leo olhou em meus olhos e eu apenas disse:

– Vamos, Engenhoca Ambulante. Temos que conversar.

E puxei-o para fora do beco onde estávamos para as ruas movimentadas de Miami.