Acabei entrando em um clube de xadrez na escola para tentar me distrair mas Yuko,a menina japonesa transferida no segundo semestre era melhor que eu.Me ganhava em todas.Eu estava literalmente derrotada.

As aulas de história passaram a ser ao ar livre,com passeios periódicos aos monumentos históricos locais.Lucas adorava aquelas aulas e sempre tentava me fazer sorrir,sem sucesso.

__Algum problema? – Lucas me abraçou casualmente

__Não que eu saiba.

__Você está a fim de alguém não é? É o Gabriel?

__Claro que não! Quero dizer...ele é um grosso,um estúpido.

__Vocês saíram uma vez. – Lucas parecia estar me acusando em um tom de veludo.

__Sim...ele te contou?

__Contou.Acho que você mexe com ele.

__Não...ele só me trata mal o tempo todo.

Ele não respondeu.

Naquele dia,viemos juntos da escola.Seu andar despreocupado e os fones no ouvido,davam-lhe uma aparência de menino saudável.Totalmente diferente dele.Lucas era adorável.Mas sua presença não me causava nenhum contentamento especial.

Teria sido legal me apaixonar por Lucas.Talvez ele não me bombardeasse com sarcasmo e não tentasse esconder algo de mim constantemente.Poderíamos ir ao cinema,ao boliche e a minha vida teria um ar normal,mas ainda sim eu me sentia tentada pelo ‘garoto-mistério’

Gabriel passou a se posicionar com os amigos cada vez mais longe de mim,até que um dia, ele sumiu de vez da escola.Uma semana.Sete dias inteiros sem o menor sinal de sua presença.E mesmo que eu quisesse ignorar,um pressentimento funesto se apoderava da minha mente a cada dia de ausência dele.Se ao menos eu soubesse porque.A repugnância que ele sentia por mim era tão grande assim? Ele teve vontade de sumir?

Uns dias depois de seu desaparecimento inexplicado e repentino,meu pai ficou sabendo que o filho de um amigo dele havia sido internado e precisava de doação de sangue.Ele estava muito fraco e não havia ninguém que pudesse ajuda-lo.Sua mãe havia morrido quando ele era apenas um bebê e ele cresceu sem muita saúde.Quando soube desta história,me compadeci e disse ao meu pai que queria visitar esta pessoa,assim eu aproveitaria para doar sangue.

__Minha filha,você ainda não tem dezoito anos.Não pode doar sangue. – Meu pai abriu o jornal despreocupado.

__Pai,eu fiz dezoito mês passado,não se lembra? – cruzei os braços feito uma criança pirracenta.

__Há bem pouco tempo você tinha dezessete.É melhor ficar em casa,deixa que eu mesmo vou. – ele pegou as chaves do carro encima da mesa e fez menção de sair.

__Pai,por favor...eu quero ir com você.

__Beatriz,um hospital não é um ambiente muito feliz,muito agradável.Esta visita não te fará bem.Acredite no seu pai.

__Pai,por favor.

__Confie em mim.Você não vai gostar do que vai ver.

__É por uma boa causa.

Ele me olhou por um instante e acabou concordando.Fez algumas pequenas reclamações e resmungos mas concordou.

Entramos no carro sem olhar um para o outro.Meu pai odiava ser contrariado e eu era igualzinha a ele.Mas desta vez eu havia vencido.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.