Depois de cinco anos de sua visita, Alice sente saudades do País das Maravilhas, ela preferia seu mundo de fantasia por que seu real era trágico, seu pai havia morrido há alguns anos em um acidente de carro, ela estava junto, ele se distraiu enquanto conversava com a filha e bateu o carro, Alice por sorte conseguiu se salvar, a mãe sempre á culpou pela morte de seu pai, sempre sendo muito fria com a filha desde então, ela tentava agradar sua mãe como podia, sempre dava o seu melhor não era o suficiente, nunca era.

Alice não tinha muitos amigos na escola, apenas um amigo, Andy, que era apaixonado pela melhor amiga, com quem havia brigado pouco tempo antes, ela sabia que ele sentia falta dela mas não demonstrava, isso deixava Alice irritada era como se ele esperasse que ela adivinhasse com seus "poderes mentais" que ele precisava dela, desde então a menina ficava sozinha, era diferente das outras garotas sua cor preferida não era rosa, não curtia as mesmas músicas, nem era meiga, ela achava isso chato, enquanto todos a achavam diferente, ela achava estranho todos serem tão iguais.

Alice havia se tornado uma adolescente triste, depressiva, com problemas de autoestima. Todos os dias quando as garotas de sua escola a maltratam e sua mãe mais uma vez como de costume não ajuda, apenas fala como ela é uma filha horrível, ela se tranca no banheiro fica na frente do espelho, pega uma pequena caixa, lá dentro á uma lâmina, que Alice considera sua única amiga, ela pega a lâmina, sobe a manga de seu moletom, em seu braço á varias cicatrizes que contam sua história e faz um corte, a garota se sente aliviada, de repente alguém bate na porta, é sua mãe, naquele dia ela tinha se esquecido de trancar a porta, sua mãe abriu a porta e viu aquilo ficou totalmente apavorada e disse:

– Alice, o que você está fazendo?!

Alice não disse nada e desabou a chorar. Sua mãe então disse:

– Você é louca?! Porque está fazendo isso?! -Alice com muito esforço respondeu:

– Não sabe o que é não ter alguém quando tudo desaba sobre você. Não sabe o que é não ter alguém para te pergunta como foi seu dia. Não sabe como é não ter alguém para te abraçar e dizer que vai ficar tudo bem. Você não sabe como é não ter amigos, não ter alguém que se importe com você. Não sabe como viver se sentindo rejeitado pelo mundo, como se fosse uma aberração!

Sua mãe no início não disse nada, mas tomou coragem e respondeu:

– Você vai passar alguns dias na casa de seus avós, até eu decidir o que fazer com você...

A menina indignada saiu correndo para seu quarto, bateu a porta e se trancou, ficou lá o dia todo, quando chegou a noite então ela dormiu.

Então, no meio da noite ela acorda, olha o relógio, são 3:07 da manhã, chove forte do lado de fora da janela, trovões e relâmpagos á toda hora, ela está com uma estranha sensação á algo de errado com o País das Maravilhas, ela sente que precisa voltar ao seu mundo, mas não liga muito para a sensação e volta a dormir. No outro dia, ela acorda, assim que se levanta sua mãe diz:

– Arrume as malas, você vai passar este fim de semana com seus avós.

Alice não responde, mas começa a arrumar as malas, ela tenta encarar a situação como uma chance de se afastar de tudo um pouco. Depois de arrumar a mala, ela desce para tomar o café, a mãe dela a está esperando, e aproveita para explicar a ela o porquê dela passar o fim de semana no sítio dos avós, logo após o café as duas vão para o carro, as poucas horas de silêncio que se passaram até o sítio pareceu uma eternidade, até que sua mãe virou a última esquina que leva a um portão dourado, os avós de Alice eram muitos ricos e seu sítio igualmente luxuoso, ela desce do carro e enquanto pega suas malas sua mãe conversa com seus avós, ela se despede da mãe que diz:

– Eu te amo não se esqueça disso.

Alice dá um sorriso e abraça a mãe, fica feliz em ter ouvido aquilo, sua mãe nunca foi boa em demonstrar sentimentos, uma coisa que Alice herdou dela, logo depois que ela entra no carro e vai embora, ela dá um abraço em seus avós que sempre são doces com ela, quando era pequena ela se lembra deles contando histórias de contos de fadas, com uma princesa em um castelo, uma bruxa malvada e um príncipe que sempre chega, salva a princesa e tudo acaba "feliz para sempre", dando doces a ela, todos entram na enorme casa, eles mostram o quarto em que ela vai ficar e sua avó diz:

– Estou muito feliz que você veio Alice, nós estávamos com saudades!

Alice então responde:

– Também estava com saudades vovó!

Sua avó diz:

– Vamos deixá-la sozinha para desfazer as malas, depois pode ir um pouco lá fora antes do jantar.

Alice não responde, apenas dá um sorriso e concorda com a cabeça, seus avós encostam a porta e ela desfaz as malas, quando está quase acabando ela olha pela janela, ainda chove forte como na noite anterior, e entre as árvores ela vê o coelho ele está diferente, está magro, com a pelagem meio suja, olhos escuros e o paletó rasgado, ele aponta para relógio, parece estar nervoso, então Alice pega um casaco, ela passa pela sala onde seus avós tomam um chá, eles percebem a pressa da garota e seu avô pergunta:

– Aonde você vai Alice? Tem uma tempestade lá fora!

Ela responde:

– Acho que vi uma coisa vovô, eu já volto..

Eles estranham, mas não dizem nada, afinal a menina está na adolescência. Ela sai na chuva e corre em direção ao coelho, que enfim começa a pular para o meio da floresta, ele para em frente a uma árvore, embaixo dela a uma toca por onde o coelho entra, Alice não pensa duas vezes e vai atrás, como da última vez ela começa a cair, mas dessa vez bem mais rápido, em questão de segundos ela chega ao chão.

Alice olha em volta á uma pequena mesa em sua frente com um frasco escrito "beba-me" ela bebe o conteúdo do frasco e diminui de tamanho, então ela vê a pequena porta igual á última vez que a viu, porém ela está aberta, ela não vê nada além da escuridão pela porta, mas mesmo assim vai até ela e finalmente chega no País das Maravilhas.