Akai Koutei

Reencarnação


Primeiro Capítulo – Reencarnação

Ele não conseguia entender.

Porque?

Porque todos ficavam tão tristes quando alguém próximo morria?

Porque todos temiam a morte?

Ele não conseguia entender. Mesmo sendo o grande homem que foi em sua vida.

Não que ele fosse alguém que não se importasse com a vida, não, pelo contrário, era alguém que vivia e muito todos os momentos.

O que ele não conseguia entender era o porquê ficavam tristes quando alguém morria ou temiam a morte.

Mesmo agora, com a morte lhe visitando, ele não compreendia.

Ela era tão aconchegante, trazia consigo uma onda de tranquilidade, e um descanso que seus longos anos de vida ansiavam.

Sua consciência ia aos poucos se apagando, mas ainda assim, não sentia desespero algum, estava de bem com a morte, do mesmo modo que estava com a vida, ele simplesmente não se importava, afinal, seu lema sempre foi fazer o que quisesse.

O que vem agora?

[...]

O conceito da morte é visto de diversas formas em diversas culturas, mas ele jamais esperaria isso, que após sua morte, o que lhe esperava não era um paraíso ou o ciclo de reencarnação budista, ele jamais imaginaria que iria começar uma nova vida aqui, em um anime.

Apesar de já estar com uma idade bem avançada quando os animes começaram a fazer sucesso, não o impediu de se tornar um fã assíduo de diversos animes e jamais imaginaria que iria vivenciar um dos maiores sonhos de todos os otakus.

Ele jamais pensaria que iria para no mundo de Naruto.

Porém, ele não simplesmente reencarnou em Naruto, ele reencarnou pouco tempo antes da Segunda Grande Guerra Ninja, e ainda por cima, no clã Uzumaki.

Seu nome agora era Uzumaki Musashi, em homenagem ao grande samurai Miyamoto Musashi. Dono de cabelos curtos e ruivos, como todos os Uzumakis, um corpo que aparentava ter uma idade maior do que realmente tinha.

E bem, como dizer, ele era especial. Seu chakra era igual ao de Kushina, mãe do protagonista, por isso ele e ela foram mandados para Konoha, para ser decidido quem iria ser o próximo Jinchuuriki da Kyuubi.

E essa foi a sorte dele, pois logo após terem sido mandados para Konoha, Uzushio foi completamente destruída. Afinal, mesmo ele sabendo o que aconteceria, o que ele, uma criança, poderia fazer?

E lá estava ele, em Konoha, em cima do Monte Hokage, com Kushina em seus braços chorando depois de saber da destruição de Uzushio.

Ele simplesmente ficou ali, sendo usado de conforto pela ruiva, apesar de ainda não entender de onde vinha toda aquela dor que ela sentia.

— Eu realmente admiro você Musashi... – Kushina murmurou. – Sendo capaz de se manter firme mesmo agora. Você realmente será um grande ninja um dia.

Ele somente se limitou a abraça-la ainda mais forte, não tentou explicar a sua insensibilidade quanto a morte, afinal, cansou de fazer isso em sua vida passada.

Ele somente entendia que deveria ficar ali, sendo o amparo daquela frágil moça.

Suspirou, afinal que tipo de peça a vida estava pregando nele?

Primeiro ele é assassinado, em seguida é reencarnado em um anime, em um clã que foi exterminado e agora ainda vem com essas vantagens de um reencarnado?

Estaria ele sendo o protagonista de alguma história? Pensava ironicamente.

Mas afinal, o que eram essas vantagens?

O sistema, como ele gostava de chamar.

Surgiu assim que confirmou que havia reencarnado em Naruto.

Porém, diferente dos sistemas daqueles Isekai’s, em que o protagonista virava algo como um personagem de jogo.

O sistema de fato tinha suas semelhanças com isso, mas ele não tinha algo como níveis e nem melhoras diretas em sua força.

O sistema emitia missões para ele fazer e funcionava como uma loja que reunia tudo de novels, mangás e animes, até mesmo seus personagens.

A loja era dividida em equipamento, habilidades, itens e invocar. Cada seção tinha sua própria moeda, em que ele poderia comprar o que quisesse desde que tivesse pontos, mesmo a poderosa Zanpakutou do capitão Yamamoto de Bleach, claro que o preço é correspondente a capacidade do item.

Ah sim, além disso, existia algo como uma página que mostrava seu status em números.

E os status de Musashi estavam assim.

Nome: Uzumaki Musashi

Idade: Oito Anos

Chakra: 300

Físico: 50

Espirito: 10

Controle: 5

Pontos de Equipamento (PE): 120

Pontos de Habilidade (PH): 150

Pontos de Itens (PI): 300

Pontos de Invocação (PS): 0

Ele fez o que pode, mas não havia muito jeito de uma criança conseguir pontos, o que explicava a baixa quantia de pontos. Já os PS, ele sequer fazia ideia de como conseguir esses pontos, tentou de tudo, mas sequer ganhou um ponto.

Em seguida tinha quatro opções para selecionar, Inventário, Habilidades, Talentos e Invocações, cada opção mostrava o que já estava em posse do ruivo.

Em seu inventário estavam algumas coisas de seu cotidiano e vários pergaminhos, eram as técnicas dos Uzumakis, afinal, ele sabia que a vila ia ser destruída, então, usando seu status como o filho de um importante ancião do clã, copiou todo e qualquer jutsu que pode, mesmo não podendo usar nenhum agora, eles poderiam ser uteis no futuro, a herança militar de uma nação que foi temida não seria um desperdício.

Ele não tinha nenhuma habilidade ou invocação.

Mas a grande surpresa mesmo estava em seus talentos, ele tinha dois.

Um deles era algo esperado, o que trazia a linhagem do clã Uzumaki. Que o permitia ter um forte físico, grande chakra e seu chakra especial.

Quanto ao outro, era algo que ele já tinha visto em outro anime.

Mystic Eye of Death Perception: Capaz de ver as linhas da morte de tudo.

Era um talento muito poderoso, e igualmente perigoso. Basicamente ele permitia ver toda fraqueza de um ser vivo, que era mostrado em linhas, caso ele acertasse precisamente uma daquelas linhas, caso o ser não morresse ele iria ficar gravemente ferido.

Era uma habilidade que Shiki Tohno, de Tsukihime, e Shiki Ryogy, de Kara no Kyoukai, tinham.

Para eles ficar com os olhos ativos poderia ser incrivelmente perturbador, afinal, ver como o mundo é frágil o tempo todo e ainda por cima, a si mesmo, pode tornar as pessoas loucas. Porém, Musashi não tem esses problemas, afinal, ele não se importa com a morte. Mas também não era por isso que ele sempre os mantinha aberto.

Soltando mais um suspiro o ruivo fechou seus status.

Kushina ainda estava em seus braços, mas a mesma não chorava mais, ela só estava ali, quieta, aconchegada naqueles braços que estranhamente lhe passavam a maior sensação de segurança.

Nenhum dos dois sabia quanto tempo ficaram ali, só se deram por si quando o sol começou a se por.

— Veja Kushina. – Ele a chamou. – O sol está se pondo.

Ela tirou a cabeça de seu peito, apesar de ainda não ter o soltado, e olhou para o pôr do sol.

— Diga-me Musashi. – Ela murmurou. – Você acredita que existe algum deus?

— Por que pergunta?

— Você sabe, são deuses, com poderes inimagináveis, eles poderiam impedir todo e qualquer desastre de acontecer, então, se eles realmente existem, porque deixam isso acontecer?

O jovem suspirou com isso, a ruiva estava em uma fase de botar a culpa em seres superiores.

— Eu não sei se existe algum deus. – Ele disse tomando a atenção dela. – Mas, também não vejo o porquê deles se preocuparem em evitarem desastres aleatórios. Eu não me preocuparia. A minha preocupação é com aqueles importantes a mim. O que acontece com os outros, não me importa. Se começarmos a querer ajudar a tudo e a todos, chegaremos somente a um beco sem saída. Pode ser um pensamento egoísta, mas, é isso que nos torna vivo, é o fazer algo para ter seu retorno. Pergunte-se, quantos bons samaritanos já morreram sozinhos, sem alguém sequer lembrar de seu nome, sem relações verdadeiras simplesmente por estarem ocupadas demais salvando o mundo.

— Eu sou importante para você Musashi? – Ela perguntou o olhando diretamente nos olhos.

Ele imediatamente puxou a cabeça dela para seu peito e sussurrou em seu ouvido.

— É alguém por quem eu morreria.

Ela simplesmente o abraçou fortemente.

Ele não mentiu, afinal, ele era daqueles que sofria de paixões por personagens 2D, e dada sua personalidade, ele realmente se sacrificaria por aquilo que lhe importa.

Ele não teme a morte.

Ficaram naquele abraço por mais alguns instantes.

— Vamos para casa. – Ele sussurrou, recebendo um aceno de Kushina.

[...]

Já em casa, cada um tomou seu banho e foram deitar. Ainda preocupado com Kushina o mesmo foi dar boa noite para ela em sua cama, para encontrá-la aparentemente dormindo.

— Boa noite. – Disse enquanto beijava lentamente a cabeça dela.

Assim que iria sair, sentiu ser segurado por algo, e quando se virou, pode ver Kushina o segurando.

— Durma comigo hoje. – Ela pediu ainda o segurando.

Ele percebeu que ela tremia levemente.

Soltando um suspiro, falou.

— Vá um pouco para lá, para eu poder me deitar.

E assim ela fez, assim se deitou, sentiu seu braço ser abraçado por ela.

— Boa noite Musashi. – Falou enquanto fechava os olhos.

— Boa noite. – Respondeu a olhando. – Eu jamais irei deixa-la Kushina. – Sussurrou.

— Hm. – Ela simplesmente grunhiu enquanto apertava o abraço em seu braço.

[...]

Passado uma semana depois de tudo, Kushina já se mostrava de volta ao normal, com sua personalidade forte e indomável, apesar de corar levemente sempre que olhava para Musashi.

Eles estavam saindo do prédio do Hokage, finalmente haviam sido declarados como cidadãos de Konoha, a burocracia as vezes pode ser muito chata, ainda mais em uma época pré-guerra.

Agora que eram cidadãos de Konoha, iriam começar a frequentar a academia ninja, mesmo que estivessem entrando no meio do ano letivo.

Felizmente eles estariam entrando no primeiro ano, que se passava em sua maioria a geografia e história do mundo ninja, nada que já não tivessem visto em Uzushio.

Em seu primeiro dia de aula, Kushina insistia em acordar mais cedo, era difícil alguém facilmente se sentir confortável em meio a um grupo de desconhecidos, ainda por cima de sua idade, afinal, teriam assuntos para conversar, diferente de adultos, em que você só precisava responder o que eles perguntam.

A ruiva estava muito ansiosa, poderia ela finalmente ter novos amigos?

Já Musashi estava suspirando desde que acordou, concordava que seria bom ir à academia Shinobi, porém, se amargurava ao saber que teria que ficar no meio de uma pirralhada.

Diabos, se contasse sua vida anterior ele poderia ser dado como bisavô de todos.

Assim que chegaram na academia, foram direto para a coordenação, precisavam descobrir em que sala estariam.

Por sorte, o professor responsável por sua sala estava lá, assim ele os levou até ela.

Chegando na sala poderia se escutar a conversa de todos, causando em Kushina atentar seus ouvidos e Musashi soltar mais um suspiro.

O professor foi o primeiro a entrar, causando em cada um dos alunos voltar para seus lugares, e seguindo ele foi os dois Uzumakis, que podiam escutar os alunos murmurando sobre seus cabelos para seus amigos.

— Atenção alunos, hoje iremos receber dois novos alunos, eles vêm de Uzushiogakure. – Ele disse chamando a atenção de todos. – Se apresentem.

— Uzumaki Musashi. – Falou somente seu nome, não estava ali para fazer amigos.

— Eu sou Uzumaki Kushina, e eu serei a primeira Hokage mulher! – Kushina disse enquanto se afobava um tanto, queria passar uma forte impressão.

— Dois tomates. – Um comentário veio do fundo da sala causando risadas em todos.

— Quem foi?! Quem nos cham-

Foi interrompida por Musashi que colocou a mão em seu ombro, quando ela olhou para ele que simplesmente meneou negativamente com a cabeça, causando nela a inflar suas bochechas em descontentamento, porém não falou mais nada.

Logo em seguida acharam um lugar para se sentar enquanto o professor começava a aula.

Musashi fechou os olhos enquanto simplesmente escutava o que o professor falava.

Já Kushina estava irritada, as piadas quanto ao seu cabelo não cessaram, quando ela estava indo tomar satisfação, Musashi segurou sua mão, causando na mesma congelar momentaneamente em seu lugar, para logo em seguida abaixar a cabeça com as bochechas coradas, sequer se importando com as piadinhas.

A aula finalmente havia terminado, era hora do intervalo, foi incrível em como a sala esvaziou em segundos.

A caminho do pátio Musashi falou para Kushina que ia no banheiro e já voltava.

Quando já estava voltando do banheiro, suspirou ao encontrar Kushina brigando com algumas crianças, provavelmente fora provocada, porém, como se provasse seu título como a Habanero Vermelho, ela facilmente surrava todas as crianças.

Enquanto ele ia chegando mais perto para separar aquela briga, afinal, achava que ela já tinha os punido o suficiente, percebeu um garoto vindo por trás de Kushina com uma pedra em mãos, ela não conseguiria desviar.

Kushina percebeu alguém vindo por trás dela, mas quando viu a pedra descendo em sua direção imediatamente paralisou e fechou os olhos, porém nunca sentia a pedra batendo em si.

Quando abriu os olhos pode ver que Musashi segurava o braço do menino que estava com a pedra.

— Musashi! – Exclamou em felicidade.

— Você deveria tomar mais cuidado Kushina.

Em seguida ele desarmou o garoto e o desacordou sob o olhar surpreso de todas as crianças.

Sem parar seus movimentos seguiu para o próximo garoto que tentou se defender, mas um cruzado de direita em seu queixo foi o suficiente para nocauteá-lo. Para os outros dois ele simplesmente olhou, fazendo ambos recuar em medo.

— Vamos. – Falou enquanto segurava a mão de Kushina e a levava para um canto enquanto a mesma ainda estava atordoada.

O pátio caiu em um breve silêncio, até uma menina falar com os olhos brilhando.

— Um príncipe...

E não deu outra, logo os dois novatos receberão seus apelidos, Kushina conseguiu com sucesso herdar o mesmo que o anime, a Habanero Vermelho de Sangue-Quente, abreviando, Habanero Vermelho, e Musashi recebeu o apelido de Akai Ouji (Príncipe Vermelho).

Este posto irá me perseguir mesmo nessa vida? – Pensou enquanto suspirava.

Continua...