Acordei com o sol no meu rosto. Eu devia ter fechado a cortina ontem antes de dormir, mas como eu iria me lembrar? Estava muito ocupado.
Olhei ao meu redor e havia um bilhete ao meu lado.

Austin,
Adorei a noite, espero te ver mais amore!
Da sua gatinha,
Alexia

Mais um bilhete como muitos que recebia quando acordava. Não lembrava do nome da garota ser Alexia, mas acho que a iludi demais, ela ainda acha que vai ter próxima vez.
Olhei o horário no despertador, chegando ao ponto que tenho tempo de sobra.
Deitei novamente e tentei dormir. Rolei de um lado para o outro na cama. Cadê a merda de sono que não chega? Desisto. Levanto e vou ao banheiro. Encontro um sutiã vermelho na pia. Estava escrito no espelho.

Só uma lembrancinha.

Nossa. Chega a ser nojento. Ela é muito pegajosa. Joguei a peça de roupa no lixo e limpei o espelho. Tomo um banho gelado. Todo o odor impregnado em mim foi pelo ralo. Sem suspeitas.

Visto uma skinny preta comum e camiseta qualquer, colocando a jaqueta de couro ao sair do quarto. Arrumo meu cabelo em frente ao espelho, passando mais tempo que o necessário com a escova e o secador na mão.

Desço as escadas e me direcionei para a cozinha, procurando algo que preste para comer nos armários e geladeira. Esse é um dos pontos negativos de se morar sozinho, você faz sua própria comida, e se acabou, você compra mais. Decido não comer nada, minha fome já não era das maiores aquela hora da manhã.

Rapidamente pego minha mochila e vou para a minha moto, colocando o capacete. Dirijo rapidamente para o Marino High School. Nem sei por que nos obrigam a ir à escola. Eu não preciso saber nada sobre física, química ou matemática, eu vou ser corredor de Motocross, não vou usar isso na minha vida. Porém sinto que isso traria o mínimo de orgulho para meus pais e meu irmão, mesmo eles não estando mais na minha vida.

Aliás, só passo de ano por causa de Arnold. Um nerd que faz todos os trabalhos e colas para mim. Em troca, eu apresento garotas a ele.

Chego rapidamente a prisão que ficarei por mais 5 horas.
Logo avisto Dez chegando.

Dez pode ser meio estranho. E esquisito. Além de não ser popular, ou muito inteligente. Mas é meu único amigo. Os restos são um bando de falsários ridículos. Só ele me entende e me compreende. Nossa! Isso soou tão gay.

— Hey, bro! – Ele chega ao meu lado.

— Eai. – Respondo, sem ânimo algum.

— Qual é o problema? – Ele pergunta.

— Você sabe que eu não sou uma pessoa matinal. – Bufo, prendendo o capacete na moto.

— Você só sabe ficar dormindo, acho até bom que venha pra aula, sair um pouco daquela cama.

— Tanto pra dormir, quanto pra fazer outras coisas, não é senhor Austin? - Alexia chegou por trás de mim, me abraçando. Eu fiz uma cara de Me ajuda para Dez. Mas ele abriu um sorriso cínico e falou.

— Tchau Austin, a gente se vê por ai, cara.

Alexia ainda estava grudada a mim. Mexi a boca como se falasse Vai se fuder, para Dez. Acho que ele entendeu o recado, pois mostrou o dedo do meio para mim.

— Alexia, entenda. - Eu disse me virando para ela e desgrudando-a de mim. - Foi só uma noite. Nada mais. Isabeli sabe disso, Carla sabe disso, até Natalie sabe disso. Como você não entendeu isso? - Eu falei calmamente.

— Amor, para de brincar comigo. Você nunca ficaria com essas vacas. Eu sei que você me ama Austi-Poo. - Que merda de apelido foi esse?

— Que merda de apelido é esse?

— Eu inventei para o meu ursinho. - Ela tentou me beijar, mas eu perdi a paciência.

— Porra! Eu já falei! FOI SÓ UMA NOITE! Agora me deixa em paz Alexia!

Ele me olhou perplexa, depois com raiva, fingiu uma cara de choro e sai correndo.

Que garota mais falsa.

Fui para a minha sala. Mas antes, barrei Arnold na entrada.

— Cadê meu trabalho de espanhol? - Fui bem direto.

— E-está aqui. Senhor Moon. - Ele me entregou uma pasta branca.

Olhei rapidamente o trabalho.

— Valeu. Sábado tem uma festa. Talvez eu ache alguém para você. - O olhei superior.

Ele saiu rapidamente. Entrei na sala.

As aulas foram normais.

No almoço, eu e Dez estávamos sentados na mesa 7. Eu estava observando a mesa 5, vendo se alguma das líderes de torcida me interessava, quando vi alguém caindo. Vi o sorriso cínico de Alexia e de Isabeli. Não sei quem é mais falsa das duas.

Quem caiu foi uma menina. Bem bonita por sinal, mas ela estava com macarrão e molho por todo seu corpo.

— Ally! - Dez gritou. A menina saiu correndo do refeitório.
Não me contive.

Qual o seu problema?— Gritei em direção a Alexia.

Ela me olhou.

— O que foi Austi-Poo?

— O que aquela garota fez a você? - Perguntei me aproximando.

— Não posso me divertir não? - Ela sorriu cinicamente.

— Sendo assim, eu também posso me divertir. - Falou uma baixinha que chegou naquele instante. Ela pegou o copo de suco de Alexia e derramou todo o conteúdo em seu cabelo.

Eu comecei a rir da cara de Alexia e todo o refeitório também.

— Ah! Sua desgraçada. O que pensa que você fez? - Ela perguntou, irada.

— A mesma coisa que você fez com a Ally, fofa.

Alexia saiu correndo porta a fora.

— Obrigada por defender a Ally. Ela vai ficar agradecida. - A baixinha falou pra mim.

— Obrigado você por ter jogado suco no cabelo dela! Foi hilário!

Rimos e fomos em direção à mesa que Dez estava.

Ele ria escandalosamente, como o resto do refeitório. Mas sua expressão mudou quando colocou os olhos na baixinha.

— Aliás, sou Trish... - Falou, mas sua voz cessou quando cruzou o olhar com o ruivo.

— Dezmond. - Ela falou, cruzando os braços.

— Patrícia. - Dez falou, imitando o gesto dela.

— Ahm... Alguém pode me explicar? - Falei.

— Não Austin. Ninguém precisa explicar nada a ninguém. Mas nós temos aula. Então, Patrícia — sua voz engasgava ao falar o nome da morena - nos vemos por ai.

— Ou não Dezmond. Ou não. - Ela falou e saiu.

Fomos para a aula (que por sinal, foi entediante como sempre).

Na saída. Um cara se encontrava perto da minha moto. Ele a olhava, examinando-a.
Reconheci seu rosto de longe. O que ele fazia aqui?

— Riker? – Cheguei mais perto dele. – O que está fazendo aqui? Já falei que aqui na escola, ninguém sabe de nada. E ninguém pode saber.

— Bonitinha sua máquina aqui. Por quanto pretende vendê-la? – Ele me olha sarcástico.

— O que você quer, cara? – digo, ríspido.

— Olha só, cara. – ele ironiza. – A coisa está ficando feia pra você e para mim. Se não pagar sua parte logo, eles vão cobrar mais. Podem até... Você sabe.

— Escuta bem o que eu vou falar. – me aproximo, apontando para seu rosto. – Eu estou conseguindo o dinheiro, ok? Já estou quase vendendo minha guitarra. E vou vender mais algumas coisas que tenho lá em casa. Então fale para eles terem paciência.

— Paciência? – Ele dá uma risadinha sarcástica. – Não se pede paciência pro tráfico, Austin. Só estou te avisando. – E ele foi embora, finalmente.

Já não estava aguentando. Me arrependia todos os dias por ter me envolvido com aqueles caras, mas só assim para eu ainda me manter vivo.

Dirigi minha moto rapidamente pelas ruas. Nada, além do vício, passava pela minha mente. Cheguei a casa, estacionando de qualquer jeito. Abri a porta, e fechei-a com um chute. Subi rapidamente as escadas, dando de cara com a porta do meu quarto. Fui até meu armário e abri o fundo falso.

Espero não me arrepender disso, mas eu já estava ficando louco, o vício era mais forte que eu. Sinto o mix de substâncias na minha corrente sanguínea e finalmente me sinto bem.