Para alguém de Divergente

Campinas, 25 de abril de 2016

Beatrice Prior,

Foram inúmeras as vezes em que tentei escrever, várias folhas atiradas ao lixo, porque não sabia por onde começar, mas acho que agora consegui colocar em ordem um terço, pelo menos, de tudo que gostaria de dizer.

Tris, meus sentimentos em relação à sua morte são mistos, em alguns momentos são de revolta, em outros de tristeza, mas não sei dizer qual se ressalta. Não posso dizer que superei sua morte, foi algo que realmente tocou a minha alma, chorei litros, não sei como não me desidratei. Ficou em minha mente que em muitas situações é difícil nos sacrificarmos até pelas pessoas que amamos, imagine só por desconhecidos. Mas você não pensou em momento algum nas consequências, e deu a sua vida para que todos pudessem conhecer realmente quem são.

Mas vamos parar um pouco de falar sobre meus sentimentos e te dar notícias. Todos ficaram surpresos com a sua morte, principalmente a Christina, que ficou arrasada, também a Cara... O Caleb, então! Ficou se sentido o culpado por tudo. Por último e mais importante, o Quatro ficou transtornado, abalado quando soube de sua morte. Ele não acreditou até ver seu corpo gelado e frio, sem vida. Naquele momento, ele a considerou um tanto egoísta por não ter pensado nele. E, vamos ser francos, se ele pudesse, mataria o Caleb por ser um inútil e não te impedir, mas considerou que ele viver com o remorso por sua morte até os seus últimos dias já seria castigo suficiente.

Ah, dentre as coisas que eu queria lembrar não podia faltar sua primeira prova de amor ao Quatro naquela simulação em que se mostrou entregue, ou melhor, os dois sem reservas se entregaram um para o outro

Hoje ele vive um tempo de readaptação de afeto com a Evelyn, que está sendo até de grande apoio para ele, mas o amor dele por você nunca vai morrer, um amor construído à base de insegurança e medo, mas que se transformou em algo intenso, inquebrável, que nem a morte separou.

O tempo que convivi com a sua história foram meses incríveis na minha vida, pude ver que realmente há pessoas no mundo com amor ao próximo, ato que não vemos no mundo atual. Sua coragem e amor pelo seu povo foi algo corajoso, e acredito que não seja só eu que veja isso, mas todas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer sua história.

Despeço-me com o coração mais leve, enquanto escrevia pude sentir como se você tivesse parado para me ouvir e compreender tudo o que sentia.

Você mostrou que em momento algum o seu amor ao seu irmão falou tão alto como a temida frase “Facção antes do sangue“.

Que a primeira a pular não seja nunca a última a ser lembrada, um beijo para minha eterna corajosa.

Com amor,

N.