Agape

V. Close


V

Caitlin estava com Iris passeando no shopping quando ela o viu pela primeira vez, alto, moreno e musculoso, chamava a atenção de todas as mulheres que passavam por ele. Caitlin teve que segurar o suspiro de irritação quando ele se aproximou.

"Olá Caitlin. Que prazer encontrar você aqui." Peter lhe deu um sorriso sedutor daqueles que antes faziam o coração dela bater mais rápido, mas que agora a faziam revirar os olhos.

"Não sabia que estava em Central City, Peter."

"Trabalho, meu amor. Meramente trabalho." ele disse antes de pegar a mão dela e beijar o dorso. Caitlin olhou para Iris que parecia tentar reprimir a risada, Peter rapidamente notou a presença da jornalista e repetiu a saudação. "Iris West-Allen, continua linda como sempre."

"Agora é apenas West." Iris informou e o sorriso de Peter apenas aumentou.

"Então isso significa que agora eu tenho uma chance?"

"Você nunca teve chance, Peter." Caitlin disse puxando a mão da amiga para longe dos lábios salientes do português. Peter Albuquerque era um galanteador de primeira, Caitlin o havia conhecido a partir de sua mãe, eles namoraram por mais de um ano, mas ela resolveu terminar quando percebeu que não havia futuro nenhum entre eles. E além do mais, Peter tinha dado em cima de Iris da última vez que haviam se encontrado.

"Isso é verdade, doce senhorita West?" Peter piscou seus olhos cor de mel em direção a Iris que parecia hipnotizada por cada gesto teatral dele.

Caitlin revirou os olhos e puxou a manga da camisa dela fazendo a jornalista acordar.

"Acho melhor irmos ou chegaremos atrasados no laboratório." Iris disse passando por Peter.

"Espero que tenha outra chance de um encontro mais calmo." ele falou e acenou enquanto as observava se afastar.

"Ele vive preso no papel de um maldito duque." Caitlin murmurou e encarou Iris pelo canto do olho, o efeito que Peter tinha demorava a passar, mesmo nas pessoas mais fortes. "Cisco me falou sobre Meena e Vanessa, pelo visto Barry seguiu em frente e você?"

"É mais difícil para um mulher divorciada com dois filhos arranjar alguém, geralmente os homens fogem quando digo que tenho dois filhos. E você sabe bem disso."

"Durante os últimos oito anos só tive um namorado sério e Nia ainda fez questão de ignorar Peter por pelo menos seis meses." ela contou fazendo Iris rir. "Eu estou pronta para um novo relacionamento, mas é difícil achar alguém que suporte todos os meus fantasmas e minha bagagem."

"Agora você está falando igual ao Barry. Ele também acha que nunca vai encontrar alguém que suporte tudo o que ele carrega consigo."

Caitlin riu e desviou o olhar. Parecia que ela e Barry tinham mais em comum do que podia imaginar.

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"Se você não estivesse correndo, isso não teria acontecido." Carla afirmou enquanto limpava o sangue na testa de Nia. Caitlin mordeu o lábio e olhou para sua filha através da tela do notebook, Nia havia se machucado ao tentar escalar uma velha árvore no quintal de sua tia. Caitlin se sentia mal por não estar lá por ela, seu coração de mãe estava quebrado por vê-la chorar e não poder fazer nada. "Sua mãe era igual a você, sempre se metendo em encrenca."

"Mãe tenha cuidado." Caitlin pediu observando a careta de dor que sua filha fazia. "Está doendo muito, peixinho?"

"É como ir ao dentista, mas a srta. Harper é mais gentil." Nia falou com seu tom dramático, Caitlin riu, mas Carla apenas revirou os olhos.

"Pronto. Pode voltar a respirar." Carla se afastou e analisou o corte na testa de Nia que subia pela sua sobrancelha esquerda até perto do seu cabelo. "Foi apenas um arranhão."

"Arranhão? Eu estou desfigurada!" Nia exclamou olhando para o espelho. "Terei que usar uma máscara para ir a escola."

"Não seja exagerada, Nia. Logo irá cicatrizar." Caitlin afirmou recebendo um olhar frustrado de Nia que rapidamente se jogou na cama soltando suspiro de desespero.

Caitlin observou o drama de sua filha e soltou seu próprio suspiro, mas este era de saudade.

"E para onde você vestida desse jeito?" Carla indagou, Caitlin olhou para sua roupa, um vestido preto simples que havia encontrado no fundo da mala.

"Vou sair para beber com os meus amigos."

"Tio Barry vai estar lá?" Nia questionou subitamente interessada na conversa. "Eu gosto do tio Barry, mas do tio Cisco também e do tio Ralph, e do tio Wally, e do papa Joe, e da…"

"Apenas diga que você gosta de todo mundo." Caitlin a interrompeu sentindo que os devaneios de Nia iriam levá-la longe. "E sim, Barry vai estar lá, todos vão."

"E você está arrumada pro tio Barry?" Nia indagou dando um leve sorriso maroto. Caitlin revirou os olhos sabendo que nunca iria dizer nada a sua filha.

"Eu estou arrumada porque estou me sentindo bem comigo mesma. Não precisamos nos arrumar para homens, meu amor, apenas para nós mesmas."

"Então você está se arrumando para si mesma levando em conta que tio Barry vai estar lá." Nia arqueou as sobrancelhas e Caitlin revirou os olhos.

"Isso é uma péssima mania." Carla alertou com um olhar de repreensão. "Eu te dei Boas maneiras, Caitlin."

"Mãe, embora eu tenha muita vontade de continuar essa discussão com você, acho melhor eu terminar de me arrumar ou acabarei chegando atrasada."

Caitlin rapidamente se despediu e desligou o notebook, ainda faltavam vinte minutos para que elas estivesse relativamente atrasada, por isso se maquiou com calma. Sua mente estava relativamente agitada, a conversa com Cisco e as palavras de Iris ainda lhe causavam uma certa angústia, ela não tinha uma opinião formada sobre a atual de Barry, mas tinha plena certeza que não deveria se meter, pois não era um assunto seu.

Olhou para a cidade através da janela e soltou um suspiro, ele não era assunto dela, mesmo que algumas vezes ela sentisse que sim. Barry Allen não deveria causar aquele tipo de poder sobre ela.

"Merda." Caitlin resmungou se levantando da cama, pegou o celular, a bolsa e saiu do quarto.

O bar que haviam escolhido era o mesmo da primeira vez que eles tinham saído juntos. Caitlin rapidamente encontrou Ralph e Sue sentados na mesa ao lado de Iris e Kamilla, ela sorriu para eles enquanto se aproximava, mas antes que pudesse chegar a mesa foi subitamente puxada para o lado.

"Venha nos ajudar com as bebidas." Barry disse apontando com a cabeça para o bar onde Cisco tentava encaixar diversos copos em uma só bandeja. Caitlin franziu a testa enquanto se aproximava do amigo, sua experiência em um bar finalmente seria útil. "Você já pediu sua bebida?"

"Ainda não. Estava pensando em algo mais leve do que uma dose de whisky." Caitlin afirmou olhando para a seleção de bebidas nas prateleiras do bar.

"Que tal aquela?" Barry passou o braço sobre o ombro dela e apontou para uma garrafa com um líquido rosado, Caitlin sorriu e assentiu, então esperou que ele se afastasse, mas ele não fez.

Barry abaixou o braço e colocou a mão na cintura dela, deixando-os mais próximos, ela umedeceu os lábios e inclinou levemente a cabeça para encará-lo, mas Barry já conversava com o barman pedindo a bebida dela. Caitlin sentiu seu corpo ficar tenso enquanto os dedos de Barry tocavam sua pele, mesmo com o tecido de vestido entre eles, ela podia sentir o calor do contato de sua palma, tão quente e convidativo. Ele já havia feito isso antes, em abraços ou ajudando-a a manter o equilíbrio durante uma luta, mas naquele momento aquele simples toque a fazia suar frio e ter sensações que ela não deveria ter.

"Um moeda pelos seus pensamentos." Barry sussurrou, a boca dele perto da orelha dela, seu hálito quente contra a sua pele a fez dar um pequeno pulo para longe de seu braço. Barry franziu a testa confuso. "Você está bem?"

"É melhor irmos pra mesa." Caitlin pegou a bebida no balcão e se afastou em direção ao seus amigos. Caitlin abraçou Sue e a mulher rapidamente se desculpou por não ter ido a festa festa de boas vindas dela. Caitlin deu um leve sorriso e assegurou que tudo estava bem.

A conversa fluía normalmente enquanto todos entornavam suas bebidas e contavam as novidades de suas vidas, Caitlin tentou prestar atenção, ela realmente tentou se interessar pela vida de seus amigos e todas as maravilhosas coisas que estavam acontecendo com eles, porém a única coisa em que ela conseguia pensar era em como a mão de Barry se encaixava perfeitamente em sua cintura.