Aftermath

Capítulo 9


Levaram 2 horas e meia para que a dobra de Eden fosse detectada nos radares das indústrias Stark.

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Outra dobra foi detectada e Eden saiu dela dentro do mesmo quarto de onde Ariza e ele partiram, Tony foi o primeiro a abordá-lo.

― Ariza? – Tony perguntou, quando notou que a garota não havia saído da dobra também.

― Ela ficou no Brooklyn, junto com eles... – Eden deixou a frase no ar e caiu sobre um joelho, Coryna e Endo que estavam se aproximando ajudaram Eden a se manter de pé.

― Ficou no Brooklyn com quem Fesi? – Eden não respondeu, sua cabeça pendia para os lados – COM QUEM?!

― Stark! Ele está fraco, melhor o levarmos para a ala médica. – Coryna censurou – O Brooklyn é logo ali, coloca sua roupinha voadora e vá! – e então ela e Endo arrastaram Eden para a ala médica, passando pela equipe que começava a se mover da sala de treino para o laboratório.

― Onde está ela? – ouviram no meio do corredor, Endo xingou alguma coisa em japonês e virou.

― Nem vem foguete, o cara tá mal, vá com o Stark. – e continuaram o caminho para a ala médica.

― Alguém pode dizer o que está havendo? – Nick colocou em palavras a pergunta que todos se faziam e Faur a respondeu.

― Ariza voltou, mas não está na torre... E EunBi vai aparecer na porta agora falando isso.

― Ariza voltou, mas não está na torre, vamos! – e todos a seguiram quando ela, Alice e Tony Stark saíram do laboratório para a sala comum daquele andar.

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Há vozes na minha cabeça.

Oito delas. Todas almas perturbadas.

Todas são velhas, antigas e sabias, mas a última é rebelde e delicada.

Minha voz parece não existir e ao mesmo tempo ser uma delas, todas elas, quem sou afinal, entre a mente e alma, onde estou eu? O meu verdadeiro eu, a essência com a qual nasci?

Ouço as vozes em resposta, o coro das oito, formando apenas uma.

“Entre a mente e a alma, entre o espaço e o ego, você não está em nenhum lugar, está em todos, está conosco.”

Então novamente em coro, as vozes respondem, e dessa vez ouço com atenção, a mistura das vozes se torna a minha voz...

“Você está conosco Ariza, porque você é parte de nós, você sou eu, e eu, e eu, e eu, e eu, e eu, e eu, e eu.”

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E a última voz ri, uma risada que é dela, mas que soa totalmente estranha a ela.

― Você está aqui, então todas estão aqui, está pronta para isso Jovem Dama?

Ariza ergue a cabeça e olha todos os rostos estranhos que ela salvou, todos que ainda esperam que ela os salve, e olha para o jovem de asas, a águia que veio para pegar uma coisa brilhante e se agarrou a ela, a única esperança que ele vê, ele irá a ter e ela irá os salvar.

― Sim, estou pronta Kallan. O que devo fazer? – ele sorri, e ele parece tanto com o pai que ela quer gritar e chorar, sair e correr para longe, mas seus olhos têm uma estranha frieza gentil, um olhar lindo, mas que já viu tragédias que a humanidade não sonha, ela sabe que perderá coisas por aquele ‘sim’, mas ela precisa salvar a todos e Kallan é o único que sabe como a prender ali, como não a deixar sair e destruir o mundo que ela tanto ama.

― Apenas fique comigo, fique conosco. Somos seus soldados agora, cuidaremos para que seu mundo fique a salvo.

― Ou para que eu não o destrua.

― Senhora! – uma vozinha vem do fundo da multidão e outros seres maiores levantam um pequeno ser rosa com grandes olhos leitosos e o colocam à frente de Ariza – Eles estão vindo senhora, todos eles, todos a querem bem e estão vindo... – então a vozinha para e escuta, Ariza faz o mesmo e a porta do grande galpão se abre, jorrando luz para a escuridão e todos estão lá.

Alice, EunBi, Faur, Peter, Frank, Selma, Sarah, Tina, Brenda, Coryna, Esperanza, Alfonso, Endo, Nick, Seth, Seo, Brian, Cristina, Matheus, Érica, Daniel, Vic, Cassie, Jude, Mumbi, Dale, Ian, Simon. Ariza ofega, algo dói ao ver todos eles.

Tony e Teddy pousam dentro do galpão, alertas e prontos para atirar em qualquer um, aquilo dói.

― Ariza? – Tony a chama, ela sorri.

― Estou bem Tony. – fez OK com a mão.

― E esses...? – Teddy aponta para todos atrás dela.

― São meus amigos, novos amigos. Explico mais tarde. – ela sorri mais, e se pergunta se vai acabar chorando.

Teddy e Tony começam a chegar mais perto, os outros vêm junto, Teddy sorri para ela como uma criança que ganhou um presente de natal maravilhoso e ela quer se chutar pelo que vai fazer agora, mas é preciso, ela já viu o que acontece quando está com ele, ela se solta e tem o controle que Ariza não precisa que tenha. Ariza fecha os olhos por um minuto e dá um passo para trás, ela sente as penas e o calor, e se pergunta se aquilo é certo ou errado, ou talvez os dois, ela dá as mãos a Kallan e o deixa puxá-la para si, e quanto torna a abrir os olhos Ariza enxerga por entre penas de um dourado apagado dor e dúvida em um mar azul.

Ariza lembrou-se de quando tinha entrado em sua mente se permissão, de como nem soubera o que fez até ter feito, de quando na boate explorara a vida dele e ele a odiara por aquilo, mas agora o que queimava nos olhos azuis não era dor e ódio, era dor e dúvida, dor e algo que ela não entendia.