Capítulo 15

“Eu lutaria junto.”, então me ajude agora.

Está escuro.

Está frio.

Eu não sei onde estou e sinto medo.

Kallan, você disse que me protegeria.

E Teddy, eu nunca quis lhe machucar.

Eu quero voltar, mas sinto que é perigoso. Parece que toda energia e poder do universo está presa em meu corpo...

─ Alguém pode me ajudar? Alguém? – Ariza sussurrou sentada na escuridão.

─ A única ajuda que você precisa é ter força, e você tem muita, Ariza. – a voz que a respondeu era calma e ressonante, e vinha das estrelas, ou melhor, de uma mulher vestido estrelas.

.

.

.

─ Não havia nada. E em seguida tudo. Girando, queimando partículas da criação que circularam vivificantes sóis. E então... Corremos para a luz.

Ariza a olhou e colocou a cabeça nas mãos.

─ Você lembra-se dessa história criança? Eu lhe contei, essa é minha histó-

─ Essa é sua história, minha história, nossa história. A história da origem do universo e tudo que há nele. – Ariza levantou a cabeça e a olhou – Quem é você?

─ Na Terra eles me chamavam de Deusa.

─ Como lhe chamam aqui? – ela sorriu.

─ Não me lembro. O único que estava junto a mim me abandonou faz um tempo, Ele perdeu a fé na própria criação e resolveu tirar um longo cochilo até eles terem sido aniquilados ou voltarem à antiga forma. Mas isso não tem nada haver com a questão.

─ Se você é a Deusa, foi você que fez isso comigo? Me deu o poder?

─ Talvez. – Ariza soltou uma risada triste – Eu reuni a força, tentei restabelecer Chaos para que me ajudasse, mas é o Chaos, ele simplesmente achou um recipiente.

─ Então é isso que sou? Um recipiente para o Chaos? O que é o Chaos afinal?! – uma rajada de ar saiu do entrono de Ariza para a escuridão, passando pela Deusa. A Deusa sorriu.

─ Não, você é muito mais. Você, sua essência, dominou o Chaos e se fundiu a ele, e ele lhe deu um presente, mas Chaos nunca soube presentear.

─ Presente? – Ariza engoliu em seco – São Elas não é? Ele as fez aparecerem. Ela se uniu as irmãs. – a Deusa assentiu.

─ Você deveria falar com elas, ou seus amigos sempre estarão em perigo. – ela começou a desaparecer.

─ Obrigada, Tamara Devoux, Capitã Universo. – a Deusa sorriu.

─ Cuide bem da menina, Chaos.

.

.

.

Ariza se viu sozinha novamente. Estava escuro, mas menos frio.

─ Olá? – silêncio.

A Deusa havia dito para falar com as outras, mas como ela faria isso? Ela se sentou no escuro e colocou a cabeça entre as mãos, parece que iria ficar ali por um tempo, quanto tempo teria passado quando conseguisse voltar para a Terra?

.

.

.

─ Será que ela realmente quer nós ver?

─ Sinto que sim.

─ Ela está com raiva antes mesmo de nos conhecer, acho que nos mataria se pudesse.

─ Realidade, Alma e Mente, calem as malditas bocas. Se ela quisesse matá-las, vocês estariam mortas.

─ Você é muito violenta Chaos. – Ariza levantou a cabeça para as 8 figuras a sua frente.

─ Até que ela é bonitinha, eu ia odiar ter um rosto feio.

─ Ego...

─ O que irá fazer Chaos? Destruir-me? – Ariza reconhecia as vozes, era como ouvir sua voz gravada em tons diferentes.

─ Poderia, se Tempo não fosse me parar, não é tempo?

─ Não que isso seja possível, mas acho que estamos perdendo tempo com essa briguinha familiar, ela está nos olhando. – a figura alaranjada apontou Ariza.

.

─ Você sabe quem somos, não sabe? Você pode nos subjugar, já deve ter tido acesso a Mente.

─ Eu queria não acreditar, mas acho que são as jóias do infinito. Mas eu achava que eram apenas 7.

─ Eram. Chaos foi destruída há muitos milênios atrás e ainda não nos disse como voltou.

─ Se importa se elas sumirem, Ariza? – Chaos se movimentou e as outras figuras sumiram, foi como ver espelhos desaparecerem de repente – Você conheceu a Deusa...

─ Sim.

─ Foi ela que me refez. Não totalmente, parcialmente. Mas sua mãe me quebrou e acabei lhe usando como receptáculo, você era tão fraca, não acho que teria sobrevivido sem absorver minha força. – Ariza apenas a ouvia – Então teve aquele medicamento estranho e as ondas magnéticas que a torre Stark exalava nos laboratórios, foi ai que acordei.

─ E então passou a ser um imã para o resto de sua força espalhada pelo universo, a matéria negra que atacou a Terra... Você queria nos destruir!

─ Não. Eu não fui criada para destruir, eu era uma construtora, a primeira antes de minhas irmãs, mas todas acabaram tendo seu poder corrompido ou metamorfoseado em algo diferente. Caos, Ego, Poder, Espaço, então Mente, Alma, Realidade e Tempo. Eu vi guerras destruírem tudo aquilo que criei e isso me enlouqueceu, eu lembro, mas não tinha controle. Destruí diversos planetas de conquistadores, até que fui destruída na explosão de Azzuir.

─ O planeta de Faur? – ela assentiu.

─ A raça dele foi corrompida, e a matéria prima das armas vinha do planeta, então eu...

─ Você exterminou toda uma raça! Mulheres, crianças, velhos... Todos! Ele vagou pelo universo quase morrendo sem saber o que tinha acontecido! – Ariza olhou Chaos, ela chorava.

─ Você acha que não sei? Eu senti a dor deles antes de eu mesma ser destruída e espalhada pelo universo. Se eu sou um monstro, você também é, porque agora todas somos você.

─ O que você quer dizer com isso?

─ Você vivia por conta do meu poder, quando acordei e trouxe a matéria negra para Terra você sugou não só minha força como a essência das outras jóias. As gemas se tornaram pó nas mãos de seus portadores e passaram a habitar em seu corpo.

─ Por isso meu corpo...

─ Seu corpo humano não aguentaria, tivemos que criar outro.

─ Nossa, que explicação maravilhosa. – ela riu.

─ Deve ser por essas respostas que Ego gosta de você. Perdoe a confusão mais cedo, ela não fica bem quando é ferida.

─ O que vai acontecer agora?

─ Nada.

─ Nada? Eu tenho poder para destruir um planeta e você diz nada?

─ Você tem paz em meio aos caos, você tem um protetor, - Ariza pensou em Kallan – você só precisa nos aceitar para que as essências se unam e nós iremos dormir e lhe entregar nosso poder, por completo.

─ E se eu precisar de vocês? – Chaos sorriu, um sorriso bonito e brincalhão no rosto de Ariza, mas ela pensou que nunca conseguiria sorrir igual.

─ Nos chame, em seus sonhos, em sua mente. – e desapareceu.