2010

No décimo sétimo aniversário de Mark, a surpresa não foi tão boa. Já estava escuro, Jackson havia acabado de ir embora, junto de sua família, já que estava com dezenove anos na época, estava morando sozinho, não muito longe dali. A senhora Tuan apareceu no quarto do filho único, o encontrando vasculhando sua gaveta, com uma expressão zangada.

-O que houve, filho? –Perguntou enquanto se encostava no batente da porta.

-Perdi meu colar com o J. O Puppy vai me matar se descobrir! –Havia pego uma almofada da cama, a jogando no outro lado do quarto.

A mãe sorriu e suspirou, indo até uma caixinha que estava em cima do criado-mudo, a abrindo e tirando a corrente prateada de dentro com um “J” pendurado, o alívio no rosto do rapaz era notável, Jackson realmente iria ficar chateado se o mais novo o houvesse perdido o amuleto da sorte. Dali alguns dias, iriam comemorar aniversário de amizade, provavelmente indo para casa do outro, assistir algum filme ou jogar videogame.

—Mark, precisamos conversar. –A voz doce e suave já entregava que havia algo de errado.

Ela se sentou na cadeira, que ficava na escrivaninha, apontando para ele se sentar também, saberia que sua reação não seria boa, e queria que ele estivesse preparado. Assim que ele se sentou, apertou o fecho e passou a correntinha de metal pelo pescoço, a prendando, logo, voltando a atenção para sua mãe.

—Como você sabe, quando você era pequeno, nós costumávamos nos mudar constantemente, certo? –O rapaz assentiu. –Eu sei que prometemos para você, que não nos mudaríamos mais...

Ela nem precisava continuar, Mark sabia onde tudo aquilo ia dar, todo aquele drama, para ela dizer que eles iriam se mudar.

—Quando? –Sua voz saiu grave, enfatizando o fato de que estava bravo. Não havia por que argumentar, saberia que sua mãe lhe diria que ele ainda era jovem para entender que eles deveriam seguir as oportunidades de trabalho.

—Segunda-feira. –Os olhos vacilantes da mulher pousaram na expressão irritada do filho.

—Pode sair daqui, por favor? –Ele se levantou e foi até a poltrona, que ficava embaixo da janela.

Quando ainda eram vizinhos, Jackson vivia subindo para o quarto do mais novo, não conseguia contar quantas vezes já ficaram ali, apenas conversando e rindo. Sua mãe suspirou e saiu do quarto, encostando a porta. Não sabia o que fazer, sendo que sua vontade era de jogar sua cadeira na parede e quebrar qualquer coisa que estivesse lá, mas sabia, que nada iria mudar, ainda iria embora em três dias. Caçou seu celular pelo quarto, já que havia revirado tudo enquanto procurava o amuleto da sorte, ao achar, desbloqueou e foi até a conversa com o mais velho.

Eu: Puppy, ainda está acordado?

Wang Puppy: Oe, Markie, estou sim, what’s up?

Eu: Posso ir pra sua casa?

Wang Puppy: Ahn, claro, quer que eu te busque? Aconteceu algo?

Eu: Consigo ir a pé, só deixa avisado no prédio pra eu poder subir direto.

Wang Puppy: Está bem, Markie.

Andou até sua cômoda, pegando uma bolsa e algumas roupas, pretendia ficar uns dois dias lá, voltando para casa apenas para arrumar suas coisas. Pegou seu carregador e chaves, colocando a bolsa em seu ombro, saiu do quarto e encostou a porta, desceu as escadas, indo para a cozinha pegar sua garrafinha d’água, passou pela sala, olhando os pais no sofá, assistindo um programa qualquer na televisão.

—Estou indo para a casa do Jackie, tchau. –Nem esperou resposta, apenas saiu e bateu a porta.

O apartamento do mais velho ficava a apenas duas quadras da casa do mais novo, não havia por que pedir para ele ir lhe buscar, já que, era uma boa caminhada. Não queria contar para o outro sobre as novidades, não queria lhe magoar, se lembrou de quando eram pequenos, jurando nunca se separarem. Ao atravessar a avenida, se amaldiçoou por ter esquecido de pegar a blusa de Wang, que estava para devolver fazia mais de uma semana. Quando finalmente chegou no prédio do outro, apertou o interfone, estava achando que ele havia se esquecido de avisar lá embaixo que Mark estaria vindo, no momento em que considerou tocar mais uma vez, o portão foi destravado, passou por lá, o bateu de volta até fechar e acenou para o porteiro.

Foi até o hall de entrada, por ter apenas um bloco, era bem fácil o caminho. O prédio era até que bem ajeitado, apesar de ser um dos “piores” da vizinhança, já que, a maioria dos moradores de lá, eram estudantes de faculdade ou idosos abandonados pela família, Jackson se encaixava na primeira categoria. Havia sido uma luta para a senhora Wang deixa-lo sair de casa, já que era o filho caçula, e o casarão Wang estava apenas com os pais aquela altura.

Ao se dirigir até o elevador, encontrou um casal dando um amasso encostados na parede, quando aquela caixa de metal enorme parou no térreo, o casal entrou e se encostou no espelho que havia lá, enquanto Mark, ficou perto da porta. Apertou o andar número oito, o cara do casal apertou o número dez. Foram longos minutos esperando chegar no andar do mais velho, a única coisa audível naquele elevador, eram os sons dos estalos que os beijos faziam. Agradeceu a Deus quando finalmente chegou em seu destino. Foi até o apartamento número oitenta e três e bateu na porta.

—Oe, Markie, demorou hein! –Jackson abriu a porta, trajando apenas uma boxer preta.

Os olhos do menor foram direto para a roupa íntima do outro, o deixando constrangido, como se nunca o tivesse visto nu ou daquele jeito. Como faziam quase dez anos que se conheciam, já se viram em momentos piores ou fazendo coisas muito piores, mas de um tempo para lá, os sentimentos do mais novo estavam remexidos, qualquer coisinha já o deixava babando pelo outro, sempre fora apaixonado no mais velho, só não tinha coragem de se declarar.

—Desculpe, Puppy. –Encostou a porta, passando o trinco, enquanto o outro ia para a cozinha.

-Por que veio tão tarde? –Apareceu na porta, segurando um pedaço de pizza velha.

—Ahn... Jackson, precisamos conversar... –O menor colocou sua mochila no chão, perto do sofá.

Ao chamar o maior pelo nome, o deixou tenso, nunca se chamam de um jeito que não fosse algum tipo de apelido. Acabou se sentando na mesinha de madeira que ficava de frente para o sofá, indicando que era para o outro se sentar no móvel, não tão confortável.

-O que houve? –O mais velho se sentou, colocando a coberta que estava lá perto, em seu colo.

Não sabia nem por onde começar, deixando o outro mais tenso ainda, todas as opções possíveis passava por sua cabeça, como se ele possuía uma doença terminal ou se estava sendo ameaçado por um agiota, que havia começado a jogar e devia um rim ou qualquer coisa em tal sentido.

-Nós vamos nos mudar. –Soltou relativamente rápido, deixando o mais velho sem compreender.

As feições de Jackson passaram de tenso para surpreso, de surpreso para bravo, de bravo para magoado, quase partindo, mais ainda, o coração já fragilizado de Mark. O menor não sabia o que dizer e continuava naquele silencio torturante, esperando o outro dizer alguma coisa.

-Quando? –As palavras saíram cortantes, dando uma facada no peito do mais novo.

—Segunda... –Sua voz falhou, sentia seus olhos arderem, só de pensar em se separar do outro.

-Por que veio aqui pra me dizer isso? Poderia simplesmente ter mandado uma mensagem. –Jackson se levantou e foram até seu quarto.

-Isso não é algo que se diz por mensagem, Jackie. –O mais novo o seguiu até o cômodo, vendo o outro vestir uma calça de moletom preta e uma camisa lisa.

—Poderia ter me dito outra hora. –O maior foi passar pela porta, onde Mark estava tapando a passagem. –Sai da frente.

-Jackson,olha pra mim. –O menor se impôs para o outro, o chamando com autoridade. Não ia deixa-lo se afastar, como estava fazendo, provavelmente queria o deixar bravo, para ser mais fácil na hora do “adeus”.

-Para que, Mark? Eu te olhar vai fazer você ficar? –A raiva no olhar do mais velho, deixava o outro nervoso e com as mãos suando. –Caralho, Mark! Por que todas as pessoas que eu amo vão embora?! –Sua voz ficou mais alta, deixando o outro se sentindo menor ainda.

—Não é minha culpa, Jackson! –Novamente deixou sua voz mais alta, o olhando indignado. –Eu não quero ir embora! Você acha que eu deixaria a pessoa que eu amo mais que a mim mesmo, que eu estou apaixonado a quase uma década pra trás, por pura e espontânea vontade?! –Saiu da frente do outro, indo até sua mochila.

Depois de alguns segundos se deu conta que havia se declarado para o amor de sua vida, num momento de raiva e impulsividade. Pegou a mochila, colocou nos ombros e se dirigiu até a porta, tendo uma dificuldade imensa em conseguir abrir o trinco, já que suas mãos estavam tremendo. Quando Jackson se recuperou do choque que foram as palavras e Mark, saiu correndo do quarto até a sala, indo até o menor, que estava empacado com a fechadura. O maior segurou o pulso do outro, o virando para si, o encostou na porta, puxou a mochila e a jogou em cima do sofá, pelo menos, era onde ele havia mirado.

Os olhos marejados do menor pareciam uma facada no peito do outro, que parecia não conseguir respirar. Ele havia se declarado, apesar de ser um momento de fúria. Então, Mark o amava...? Por todo o tempo que eles se conheciam? Eu o amo...? Claro que amo, ele é minha alma gêmea.

—Mark. -Chamou quando percebeu que haviam ficado muito tempo se encarando. -Você me ama?

—Você acha que eu teria dito tudo aquilo em vão? Só pra te magoar? -O olhar indignado do mais novo era realmente fofo.

—Você me ama? -O mais velho insistiu, queria ouvir dos lábios dele tais palavras.

—Travou o disco? -Desviou seu olhar do outro, sentindo sua bochecha arder.

—Mark Tuan, você me ama? -Segurou sua bochecha, o virando para se olharem.

—Amo, Jackson, mais que a mim mesmo... -Queria gritar, mas a vergonha daquele momento, fez sua voz sair baixa e suave.

No próximo segundo, os lábios do maior estavam selando um beijo com os do outro, causando surpresa por duas partes. Mark não sabia o que fazer, estava tão surpreso que estava se esquecendo que deveria corresponder o beijo, levando suas mãos á nuca do mais velho, aprofundando ainda mais. Quando se deram conta, as duas blusas já estava atiradas em um canto qualquer, as costas do mais novo estavam coladas ao peitoral, já suado, do outro, que, deixava um rastro avermelhado pelos ombros e pescoço do menor.

Ao encosta-lo na parede, Jackson sentia que poderia entrar em combustão a qualquer segundo, já que seu corpo estava pegando fogo. O virou para si, passando suas mãos pelas coxas magricelas do menor, logo o encaixando em sua cintura, cruzando as pernas, rumou ao sofá, já que a cama ainda não estava montada. Assim que sentiu suas costas repousadas no sofá, o mais novo virou seu rosto, querendo esconder a vergonha que estava sentindo. O mais velho, desceu beijando o peito do menor, parando em seus mamilos, sugando levemente, vendo o rosto do outro, que estava descabelado e corado, muito corado.

Quando levou suas mãos até o cós da calça, sentiu o corpo de Mark se arrepiar, sendo que as mãos do outros estavam geladas, abriu o botão com toda calma do mundo, logo, se livrando da peça, vendo então, a ereção do menor. Afim de constrange-lo ainda mais, Jackson passou sua língua no membro do outro, ainda por cima do tecido, que aquela altura, era a pior coisa do mundo para ambos. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, com aquela garoto que estava deitado no sofá velho e duro, o mais velho abriu sua calça e a retirou, junto com a cueca.

Mark já havia visto Jackson nu, claro, já tomaram muitos banhos juntos, sem a menor malícia, mas naquele momento, parecia a primeira que o via naquela situação. Quando puxou a roupa íntima do menor, com pouca sutileza, a boca do mais velho começou a salivar, sabia que aquela era a primeira vez dele, e queria que tudo fosse perfeito e prazeroso.

E seria...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.