Adaptação

Capítulo 13 "Cause, I'd rather see you suffer."


"Olá, tem alguém em casa?" Duas batidas na porta me assustaram, enquanto eu refletia sobre a explosão da boate.

"Sim, quem gostaria, por favor?" Katherina deixou o copo de vidro que segurava em suas mãos sob o balcão e perguntou se dirigindo em direção a porta da frente.

"A polícia, dona. Por favor, abra a porta." Meu coração gelou totalmente ao ouvir aquela voz gorda pronunciando a palavra que eu menos queria ouvir naquele dia. 'Polícia.'

"Sim, senhores. Há algo em que posso ajudar?" Katherina abriu a porta confusa, e logo fez um gesto para que os policiais entrassem.

"Na verdade é bem possível... há alguém nesta casa chamada Alice Stanford Kim?" O policial perguntou em um tom amargo e sério. Eu estava com medo, pois ele se referia à Alice.

"Pois não... ela é a minha sobrinha e veio passar uns dias aqui em Las Vegas. O que há de errado?"

"Achamos a identidade da sua sobrinha caída na porta da boate Style, a boate que 'detonaram' ontem a noite... Ela se encontra em casa?"

"Alice! Venha já aqui!" Katherina quase furiosa gritou o nome de Alice. É claro que ela estava completamente certa de que não fomos 'jantar' ontem a noite.

"Kate? Estou aqui, o que está acontecendo?" Ela se junta ao lado de sua tia, e faz uma cara extremamente confusa.

"A senhorita por acaso deixou perder algo ontem a noite?" O policial com um rosto muito mais sério olhou de um jeito sarcástico para Alice, esperando uma resposta sincera. E dura.

"Me desculpe, se perdi algo?" Ela fez cara de boba. Realmente acho que ela não sabia o que estava acontecendo.

"Senhorita Alice Stanford Kim, você poderia me acompanhar até a delegacia?" O policial disse, e eu pude sentir o gelo do corpo de Alice e o suor de suas mãos dali onde estava.

"Acompanhar até a delegacia? Ma-mas eu não fiz na-da. Eu... eu não fiz, não fiz na-nada." Alice gagejou, e logo em seguida olhou para mim, fazendo um rosto confuso e de quem estava urrando por ajuda.

"Seu policial, com licença. Eu gostaria de saber qual é a acusação... Eu estava com ela ontem à noite, passamos perto da boate, pode ser que tenha caído enquanto ela mexia em sua bolsa para pagar o táxi." Disse, me aproximando dele, em um tom mais amargo do que no começo, falhando a voz algumas vezes, porém confiante. Muito confiante.

"Acusação? Só estamos pedindo uma ida até a delegacia, moça. Ontem à noite todos os jovens que estavam na boate foram mortos. Qualquer pessoa que tenha deixado vestígios ou ligações com ela, seremos obrigado a ouvir o que viu, ouviu e o que estava fazendo, se entrou na boate, entre outras coisas." Ele me olhou firme, do tipo 'por que? acusação? você tem algo haver com isso?'

"Eu vou junto." Disse, segurando a mão de Alice.

A caminho da delegacia fui pensando em tudo o que eu tinha feito até agora, tudo o que fiz para me livrar de Nicholas, tudo o que passei com ele, todos os momentos loucos e ridículos que ele me fez passar... mas não. Eu não podia acreditar no que tinha feito, era demais pra mim, eu acho que Nicholas poderia ser o tão idiota e tão louco, psicopata do mundo, mas ele não merecia morrer daquele jeito. O pior de tudo, é que a pessoa que o matou fui eu. O pior de tudo foi que eu o queimei, o destruí. E eu estava me sentindo realmente muito horrível por causa disso.

"Entrem, por favor." O parceiro do primeiro policial disse, em tom divertido, parecendo não estar muito interessado no assunto da boate e de todos os jovens. Mas eu estava mesmo me sentindo um lixo.

"Policial? O que faremos agora?" Perguntei, confiante.

"Vocês iram para o inferno pela primeira vez." Ele sorriu, apontando para uma cela cheia de presos e presas, sem janelas, totalmente escura e fechada. Suja, cheirando muito mal e com apenas duas camas e alguns colchões pelo chão.

"O quê? Isso é injusto! Você não tem provas de que fizemos alguma coisa! Não fizemos nada! Tire-nos daqui!" Alice gritou em desespero, lutando contra a força dos dois policias que nos empurravam para dentro daquela cela escrota.

"Eu não... mas uma testemunha tem. Ele foi bem gentil, na verdade. Tirou várias fotos de vocês e de principalmente você, Kristen. Foi você quem detonou aquela boate, não foi? Vamos lá... diga a verdade." O policial fechou a cela, finalmente conseguindo nos colocar para dentro.

"Uma testemunha?" Alice assustada, olha diretamente para mim e em seguida para o rosto do policial.

"Sabe, acho que já entendi o que está acontecendo aqui... mas, se o senhor acredita mesmo na testemunha, o pergunte onde fica o inferno e ele te mostrará." Sorri, pisquei, e em seguida Scott chegou e com a ajuda de um revólver bateu forte contra a cabeça do policial.

"Bingo!" Gritei, sorrindo para Scott.

"Vocês estão bem?" Ele perguntou, enquanto pegava as chaves do bolso do policial desmaiado para abrir a cela e nos tirar dali.

"Scott? Kristen? Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? Scott! Por que você bateu na cabeça desse policial, você está ficando louco? Já estamos presas, não podemos ser mais presas do que já estamos presas!" Alice gritava em desespero, enquanto os presos da cela apenas a observavam entrar em pânico.

"Cale a boca! Ele não é um policial, ele é um comparsa do Nicholas. A boate não explodiu, aquele explosivo era falso, o documentário era falso, essa cadeia é falsa, é tudo uma farsa! Você acha mesmo que se estivéssemos em uma cadeia de verdade, esses presos não iriam estar querendo nos comer vivas?" Disse, puxando a mão de Alice para fora daquela cela, nos levando para fora da delegacia logo em seguida, rapidamente.

"Uma farsa? Espere... você não disse que todos da cidade tinham esquecido Nicholas? O que houve? Como conseguiu falar com Scott?"

"Mais cedo, mandei uma mensagem para Scott para que ele viesse para Vegas o mais rápido que pudesse, então quando estávamos no carro de polícia, implorei para que Scott fizesse algo. Eu já estava desconfiada de que tudo era uma farsa, a casa da sua tia é longe demais da boate 'Style' e..."

"ESPERA! Como o Scott se lembra do Nicholas então? Como você sabia que ele estaria tão disposto e tinha se recordado do Nicholas?"

"Eu liguei para Kristen ontem a noite, e ela me retornou a ligação de manhã. Eu a contei que tinha lembrado do Nicholas que ela tinha me dito alguns dias antes de ir para Vegas, disse que acordei sabendo quem ele era e tudo o que tinha feito. Resolvi tirar a dúvida, então ela pediu minha ajuda, pois disse que já estava desconfiando que isso era outra brincadeira dele." Scott anunciou, abrindo a porta do carro para que entrássemos e logo dirigindo rapidamente e já entrando na estrada para voltarmos para Mississipi.

"Quando eu acusei você, você parecia assustada e com medo!" Alice disse a verdade.

"Eu sei, Alice. Mas eu não ia te dar respostas sem ter certeza, eu estava com muito medo de tudo aquilo ter sido verdade e de eu estar ficando mesmo louca. Mas quando o policial disse sobre sua identidade, eu pude ver nos olhos dele que ele estava a mandato de Nicholas."

"E custava você me contar as coisas, Kristen?" Alice diz nervosa. "Para onde vamos? Como é que vai ser agora?"

"Vamos voltar para Mississipi e acertar as contas com Nicholas. Vamos entregá-lo, vamos pegá-lo, não sei. Vamos fazer algo antes que isso acabe para mim, e ele continue livre." Respondi, firme.

"She was a fast machine

She kept the motor clean

Was the best damn woman that I ever seen

She had sightless eyes

Telling me no lies

Knockin' me out with those American thighs

Taking more than her share

Had me fighting for air

She told me to come, but I was already there

Cause the walls started shaking

The earth was quaking

My mind was aching

And we were makin' it

and you...

Shook me all night long

Yeah you, shook me all night long!"

E depois de horas de viagem cansativa, chegamos novamente a nossa bela cidade de Mississipi. Olhei ao redor, parecia mesmo tudo muito normal. Não haviam pessoas sendo mortas ou gritando pelas ruas, meus pais não tinham dado notícia e nem me ligado, mas eu lembrei logo em seguida que esqueci o celular na cama de Alice, em Vegas, então diminui minha preocupação.

"Para onde, Kristen?" Scott perguntou, em um tom sério.

"O que você acha, Scott? Ele sabe que viemos até aqui, ele sabe que já temos certeza de que foi tudo uma farsa." Respondi, ainda olhando ao redor da cidade, em todos os cantos possíveis que existiam em um só local.

"O parque de diversões!" Scott lembra, e eu complemento:

"Sem dúvidas."

Dirigimos até o velho parque abandonado de diversões, que Nicholas tinha nos encontrado na roda gigante, antes da viagem para Vegas. Chegamos, estacionamos o carro e saímos dele, avistamos e lá estava ele. Sentado no carrossel, olhando o relógio, até que ele nos viu.

“Até que enfim vocês chegaram! Como estava o trânsito? Vieram bem? Até que não demoraram muito, olhe que passaram por muitos estados hein...” Nicholas sorriu falsamente, e Scott segurou a minha mão, enquanto eu escondia Alice atrás de mim.

“Me diga como.” Eu disse, já sem medo.

“Desculpe, doce. Como... o quê?” Ele sorriu novamente, chegando cada vez mais perto de mim.

“Se você encostar um só dedo nela, eu juro que irá se arrepender.” Scott disse, me colocando cada vez para mais longe de Nicholas.

“Ah, pois é... eu tinha esquecido que você é o ‘futuro dela’ não é mesmo, X-Men Evolution. Mas me diga, se naquela noite você disse que seria o futuro dela, então... como isso termina? Ela lhe contou sobre o nosso beijo?” Nicholas sorriu, e fez uma cara de quem estava plenamente satisfeito.

“Beijo?” Scott repetiu, e logo se virou para mim.

“Scott, eu posso explicar...” Eu disse. “Mas agora é um momento muito delicado, por favor me compreenda.” Eu disse, segurando em sua mão.

“Há-há-há! Parece que alguém aqui levou um chifre... já era de se esperar, não é mesmo? P-U-T-A cara lento! Até agora vocês dois já pelo menos se agarraram?” Nicholas olhou diretamente nos olhos de Scott, em um ar confortável. “Não. Eu sabia. E você. Scott? Sabe por quê? Porque ela me ama, por isso ela não ficará com você. Porque eu sou o futuro dela, e não você!” Ele retorna a dar gargalhadas sem parar.

“Cale a boca, seu... seu...” Scott se aproximou de Nicholas, e levantou seu punho direito para dar-lhe um soco, mas eu o segurei.

“Não faça isso, Scott! Seu idiota!” Eu gritei, abaixando sua mão.

“Como é?” Scott, Nicholas e Alice repetiram para mim.

“É isso mesmo!” Gritei. “Desde que cheguei nessa merda de cidade, só tenho me dado mal. Não vou bem nas porcarias das matérias, não me encaixo e nem conheço pessoas novas, minha única amiga é a Alice, me apaixonei por um cara que é mais louco do que Sid Vicious, fui presa em uma espécie de pensamento em formato de campo minado, quase fui para a prisão de Las Vegas e vocês dois vão ficar brigando por idiotice?”

Todos olharam confusos, até que Nicholas me garantiu um sorriso.

“Doce, eu te entendo. E é por isso que quero ficar com você, mas se você ficar me matando, isso não será possível.” Ele sorri.

“De que adianta eu tentar te matar, sendo que você nunca morre? Olhe você aí!” Brava, apontei para ele.

“Admita que você precisa de mim, mais do que eu preciso de você.” Ele novamente sorri.

“É, e por que eu precisaria de alguém como você? Eu não tenho 7 vidas, não aguentaria ir por aí com você. Isso é verdade, eu preciso de alguém. Mas eu não preciso de você!” Me aproximei dele, soltando as mãos de Nicholas.

“Talvez porque você me ame.” Ele diz, passando seu dedo esquerdo em meu rosto. “Ou talvez, porque eu posso fazê-la feliz, Kristen.”

“Eu sei disso, Nicholas.” Sorri.

“Então... por que não deixa que eu faça isso?” Ele sorri, e coloca seu rosto perto do meu, como a pedido de um beijo.

“Porque... eu prefiro ver você sofrer.” Sorri, e logo em seguida tirei uma faca do meu bolso esquerdo, fincando-a na barriga de Nicholas.

“Kristen, o que você fez?! Você está louca?” Alice gritou, enquanto Scott me puxou para trás, pois o corpo de Nicholas caiu diretamente no chão, porém ele ainda respirava. Uma sirene alta e uma luz azul e vermelha chamaram a minha atenção do lado de trás de Scott.

Ei, vocês, mãos para cima!” Policiais haviam chegado, um deles gritava, enquanto vários outros carros nos cercavam, e lá de longe eu podia ver pelo menos 100 revólveres apontados para a nossa direção.

“Vocês estão presos!” O chefe de polícia disse em voz alta, sem abaixar o revólver apontados em nossos rostos.