Ethan Williams POV – Meio dia de 13 de Novembro.

Atraí minhas adagas por magia, e me senti um pouco mais cansado, devido ao peso das magias que estava usando. Mesmo assim, sabia que conseguiria lidar com alguns deles. Os outros ainda tinham suas armas. Havia, além de Eleanor, que empunhava uma adaga longa de dois gumes, um rapaz de uns dois metros de altura, musculoso e loiro que empunhava uma clava enorme e cheia de espinhos afiados; uma garota de cabelos lisos escorridos e negros, soltos nas costas, que empunhava um machado e tinha outro preso no cinto; um rapaz moreno, parecido com a garota do machado, que empunhava uma espada; e outra garota loira platinada, que mais parecia um homem de tão máscula, que empunhava duas adagas longas, de caça.

E adivinha quem veio correndo para cima de mim? O gigante loiro. Com a clava gigantesca.

Ele brandiu a clava, mirando minha cabeça, e desviei-me rapidamente, fazendo com que a clava prendesse na árvore e me desse tempo para contra-atacar, girando para trás dele e atingindo-o em um X nas costas com as adagas. Ele urrou e se virou, tirando a clava da árvore com uma força surpreendente e por um triz meu cérebro não foi esmagado pela arma. Abaixei-me e atingi suas pernas com as adagas, deixando profundos cortes na pele. Seu sangue espirrou de leve no meu rosto. Bati com o cabo de uma das adagas em seu ponto de máxima sensibilidade (sua genitália) e rolei para o lado para sair da zona de perigo. Ele urrou, caindo no chão, e finquei uma adaga em suas costas, retirando-a rapidamente. Ele se debateu por alguns segundos, e então parou.

Olhei ao redor. Andrew lutava com a loira platinada, enquanto Kensi ainda estava desacordada, alguns metros atrás dele. A garota loira pareceu ser oponente quase páreo a Andrew. Os dois trocavam golpes rápidos e furiosos, e a garota sempre se defendia com as adagas. Andrew recuou, com um excelente jogo de pés, e com um golpe de direita bem trabalhado e floreado, fez a mão que segurava a adaga mais longa girar, e a arma voar para longe. A loira platinada se viu com uma adaga pequena, enquanto Andrew usava uma espada mais longa, um pouco mais pesada e letal. Ele sorriu, macabro, e em um milésimo de segundo mais tarde, a garota se debatia enquanto uma espada era fincada na altura de seu estômago. Ele retirou a lâmina e ela caiu, contorcendo-se levemente e babando sangue. E morreu.

Alguns metros adiante, Fred lutava com o moreno da espada, que não era um guerreiro tão talentoso quanto Fred. Ele, com um golpe só, arrancou a cabeça do moreno de cima dos ombros; não foi uma imagem muito bonita. A garota morena do machado urrou de raiva, acertou Harry de leve na coxa (o suficiente para fazê-lo xingá-la e se dobrar um pouco de dor) e partiu para cima de Fred, que estava de costas para ela.

- Fred! – Berrei ao mesmo tempo em que Harry berrava. – Atrás de você!

Fred se virou a tempo de bloquear o ataque furioso do machado da garota. Ela atacava incessantemente, e ele se defendia, mas não lhe sobrava tempo nem espaço para contra-atacá-la. A garota, por mais experiente que fosse com o machado, estava começando a se cansar, devido a força que estava aplicando aos ataques. Era visível que estes não tinham mais a mesma intensidade de antes. Enquanto isso, ele ainda estava bem descansado, até. Ela abaixou o machado com toda a fúria e dor que lhe restava, e ele bloqueou o ataque com a espada, cortando o cabo de madeira ao meio. A lâmina caiu no chão, e a garota tentou sacar o machado preso ao cinto, mas Fred foi mais rápido. Ele fincou a espada na garganta da garota, passando direto pela sua espinha e lhe causando morte instantânea. Ele retirou sua lâmina e o corpo caiu no chão.

- Ei, Williams! – A voz de Eleanor chamou. Virei-me e encontrei-a com uma lâmina no pescoço de Marie, que aparentava estar assustada. – E agora, hein?

- Matamos todos os seus amigos, Eleanor. Desista. – Eu disse. – Você não vai conseguir sair daqui viva.

- Talvez. Eu já não tenho mais muitos motivos para continuar viva, graças a você. Primeiro, mata meu namorado, a minha alma destinada. E agora mata meus amigos? Você sabe o quanto isso dói? Bastante. Mas eu ficaria imensamente feliz se a última coisa que eu visse fosse você, sofrendo porque eu matei a sua alma destinada, sabia? – Ela rosnou, apertando a lâmina contra o pescoço exposto de Marie, fazendo um filete fino de sangue escorrer. Aquela vadia pagaria muito caro se encostasse mais um pouco aquela lâmina em Marie. Cruzei os braços, sorrindo de canto.

- Vá em frente. – Fiz um aceno de mão qualquer, despreocupado. Ao mesmo tempo, mentalmente projetei uma imagem na mente de Marie e ela piscou um olho entendendo. Em seguida, deslizou a mão bem lentamente até encostá-la na coxa de Eleanor. – Sério, vai. Mata. Você acha que vai me atingir tanto assim? Acho que você não entendeu a parte que eu não tenho sentimentos, não é? Eu só estou usando essa garota. Quero é chegar aos portões da Morte e fazer o meu pedido, para ter a vida feita! Ou você acha que eu sou muito diferente de você?

Eleanor vacilou um pouco. Ela havia caído no meu blefe. “Agora!”, eu disse na mente de Marie. Um brilho azul intenso surgiu das mãos de Marie, e Eleanor tremeu e paralisou, devido à intensidade do choque elétrico. Marie se soltou, correndo para o lado, ao mesmo tempo em que eu lançava as minhas duas adagas em Eleanor. Uma a atingiu no peito e a outra no abdômen. Ela arfou e tombou no chão, tendo uma rápida convulsão por causa da voltagem e dos ferimentos, e parou. Morta.

- E agora, hein? – Perguntei baixinho, irônico. Marie correu em minha direção e me abraçou. – Ei, você está bem?

- Eu sou uma estúpida. Se não fosse você, provavelmente ainda estaria com aquela adaga no meu pescoço.

- Marie, você não é estúpida. – Segurei em seus ombros, afastando-a um pouco de mim para poder olhá-la nos olhos. – Você só tem menos experiência de combate do que eu. Você vem aprendendo a lutar há poucos meses, e é melhor do que eu quando comecei. Juro. Ou você acha que eu nunca estive em situações em que não conseguia pensar em nenhuma saída e dependi da ajuda de outros? Calma, meu anjo. Você é maravilhosa, ok?

Ela sorriu, mas vi em seus olhos que ela continuava frustrada consigo mesma. Abracei-a lateralmente, me sentindo muito cansado, e olhei ao redor. Cinco corpos humanos, uma pantera gigante e um carro em chamas. Realmente tínhamos coisas para resolver.

- Ok. O que faremos com os corpos? – Perguntei.

- Podemos apagar o fogo do carro, colocá-los dentro e colocar fogo de novo, parecer que eles eram os passageiros no acidente. – Marie sugeriu.

- Viu? Eu disse que você é maravilhosa. Eu demoraria a pensar em algo. – Sussurrei no ouvido dela e ela riu.

- Tá, e a pantera? – Perguntou Fred. Andrew estava com Kensi no colo, tentando acordá-la.

- Eis um verdadeiro problema. Vamos dar conta dos humanos, e então a gente vê o que faz com esse bicho. – Disse Harry. Marie se aproximou do carro em chamas e o apagou com magia, suspirando cansada quando terminou o feitiço. Juntei o pescoço do garoto moreno com a cabeça com um feitiço, e curei rapidamente os ferimentos mais profundos dos outros. Retirei minhas adagas do corpo de Eleanor e as deixei ao lado da mochila. Colocamos com um pouco de esforço cada um dentro do carro (o gigante precisou ser carregado por quatro de nós) e em seguida ateei fogo com magia.

Sentei-me no chão, exausto, e Marie se sentou ao meu lado.

- Tá, e o que faremos com esse bicho? Será que escondê-lo no mato será suficiente? – Perguntei.

- Se colocarmos um feitiço da invisibilidade, talvez. – Disse Marie. – Colocar fogo nele geraria muito mais atenção. Seria necessário colocar fogo nesse mato todo, o que eu acho crueldade.

Assenti em concordância.

- Vamos colocá-lo mais para dentro, no mato, e escondê-lo com um feitiço, então. – Disse Harry.

- Vamos fazer o feitiço juntos? Ou você aguenta sozinha? Estou exausto. – Eu disse, olhando para Marie.

- Pode deixar, eu cuido disso sozinha. Tente descansar um pouco. – Ela respondeu. Eu tinha certeza que ela estava tão cansada quanto eu, porém estava tentando se redimir consigo mesma por ter sido refém de Eleanor. O cheiro da combustão da carne humana estava me enjoando, mas era necessário permanecer ali mais um pouco. Levantei-me, e mesmo com os protestos de Marie, a ajudei a levitar o monstro até dentro do mato, e ela fez o feitiço da invisibilidade. Retornamos para onde o carro estava capotado, e Andrew havia conseguido acordar Kensi, que estava sentada ao lado dele.

- Ok. O que tudo nos sobrou? – Perguntou Fred.

- As mochilas com uma muda de roupas, um pouco de dinheiro e um pouquinho de comida... – Disse Harry, estendendo sua mochila.

- As armas... – Disse Andrew, estendendo sua espada. Olhamos ao redor, e eu sorri fracamente, frustrado. – E só.

- E quantos quilômetros falta para chegarmos a Limerick? – Perguntou Marie. Fred foi até a beirada da estrada e olhou uma placa a alguns metros de distância.

- Faltam quase cinquenta quilômetros. – Disse ele, suspirando.

- Estamos literalmente ferrados. – Murmurou Kensi.

- E precisamos sair daqui logo antes que alguém apareça. Não vai ser bom para nós sermos encontrados assim, feridos e maltrapilhos, ao lado de um carro acidentado e em chamas, com cinco pessoas mortas dentro. – Eu disse. – Vamos tentar caminhar um pouco e paramos para acampar.

- Que agradável, uma noite ao ar livre, no meio do nada, sentindo frio. Estou empolgado. – Resmungou Harry.

- Todos nós estamos. – Marie resmungou em resposta. Mas mesmo assim, começamos a caminhar, mesmo exaustos. Forçamo-nos ao máximo, e uns dois quilômetros depois chegávamos à beira da exaustão, parando ao lado de um riacho escondido por uns arbustos perto da estrada. Estava anoitecendo, e ainda estávamos muito, muito longe de Limerick.