Accidentally in Love

Uma conversa necessária e um presente inesperado


Emma estava trabalhando concentrada em seu computador, na sua mesa no The Mirror, quando ouviu uma movimentação na redação, fazendo ela tirar o olhar do computador e olhar para o que estava acontecendo. Viu Killian sendo saudado por vários colegas, o moreno sorria e retribuía a simpatia com que foi recepcionado. Não conseguiu evitar sentir uma apreensão, sabia que o cunhado estava se dando bem com sua noiva, mas ainda tinha receio de algo desagradável acontecer. E uma coisa era Killian querer fazer as pazes com a sua irmã, afinal de contas eram uma família, outra completamente diferente era ele querer o mesmo com a mulher que o traiu. Observou o ex-namorado ir em direção a sala de Regina, aonde ele entrou e ficou um bom tempo. De longe parecia que estavam tendo uma conversa civilizada, então decidiu tentar parar de se preocupar e voltar a sua atenção para o artigo que escrevia.

Algum tempo depois, Regina apareceu na sua frente.

— Meu anjo? – A morena chamou carinhosamente.

— Sim, meu amor? – Emma sorriu para sua noiva.

— Killian quer conversar com você, mas devido ao que aconteceu na última vez em que ele te pediu isso, ele não queria passar a impressão errada e me pediu para te tranquilizar em relação a isso. – Regina suspirou. – Ele está te esperando na minha sala, falou que se eu quiser estar presente não tem problema, mas eu acho que vocês deveriam conversar sozinhos. O que você acha?

Emma olhou para a sala da morena, aonde Killian estava sentado, ele não estava olhando para elas. A loira respirou fundo, antes de voltar o seu olhar para a sua noiva.

— Eu acho que você tem razão. – Emma ponderou. – Eu sempre senti que devia uma conversa honesta para ele.

— Nisso eu não concordo, você não deve nada a ninguém. – Regina suspirou. – Se deseja conversar com ele, faça isso, mas não se sinta obrigada a tal coisa.

— E você está bem com isso? – Emma questionou. – De conversarmos só nós dois?

— Eu confio em você. – Regina afirmou. – E acredito que ele está sendo sincero, acho que ele quer esclarecer as coisas entre vocês.

— Tudo bem, irei conversar com ele. – Emma levantou e selou os lábios carnudos, abraçando a morena pela cintura. – Eu amo você.

— E eu a você. – Regina sorriu. – Vou estar no refeitório, está certo?

Emma concordou com a cabeça e foi para a sala de Regina, aonde Killian aguardava ansioso. Ele levantou o olhar para a loira e deu um sorriso sem graça.

— Por favor, sente. – Killian apontou para a poltrona que tinha a sua frente.

— Como está, Killian? – Emma sentou na poltrona.

— Bem e você?

— Também. – Emma respondeu e um silêncio constrangedor se instalou, ambos receosos de como agir. A loira limpou a garganta e continuou. – Regina disse que você gostaria de conversar comigo.

— Sim. – Killian concordou e se ajeitou na cadeira. – Eu acho que já passou da hora de termos uma conversa civilizada. Eu tive muito tempo para pensar e reavaliar o meu comportamento, e cheguei à algumas conclusões. Primeiro que desde o início eu te pressionei demais, eu insisti e te persegui até conseguir que você aceitasse ter algo comigo. Depois eu te arrastei para Storybrooke, na intenção e ilusão que você iria se apaixonar por mim. Não é nenhum segredo que eu queria você trabalhando aqui, pois eu enxergava a possibilidade de nós aproximarmos. Eu fui egoísta e agi sem considerar os seus desejos. – Killian respirou fundo. – Eu percebi você se afastando cada vez mais de mim e culpei o trabalho no jornal. Nunca, nem em um milhão de anos, eu pensaria que você e Regina estavam se envolvendo. Isso simplesmente não passava em minha mente, o que só prova mais uma vez, o quão autocentrado eu estava. Em uma atitude desesperada, eu decidi te pedir em casamento, para fazer você ser minha definitivamente. E eu sinto muito por tudo isso, eu sinto muito por ter sido tão cego.

— Killian... – Emma tentou falar.

— Deixe eu terminar, por favor. – Killian pediu e ao ver a loira assentir, continuou. – Flagrar você e minha irmã foi uma das piores coisas que já me aconteceram. Eu senti muita raiva, muita raiva mesmo, e quis ferir você duas de volta, eu queria machucar vocês, da mesma forma em que eu fui machucado. O meu orgulho estava ferido e eu só queria revidar. Eu achava que você não passava de uma conquista para Regina, e isso me deixava ainda mais magoado, que ela me traiu por pura luxúria. Então você foi embora e eu vi o quão destruída a minha irmã ficou, mas na época eu fiquei feliz por isso, eu achei que ela merecia todo aquele sofrimento. Quando ela contou para mim e Mamãe que iria atrás de você, eu fiquei ainda mais revoltado. Mas pelo menos vocês estavam longe, era o que eu me falava sempre, durante os meses que passaram em Boston, até resolverem voltar e na minha visão, esfregar a felicidade de vocês na minha cara.

— Nunca quisemos fazer isso... – Emma suspirou.

— Na época eu pensei isso. – Killian respirou fundo. – Eu ainda não me conformava em ser trocado pela minha irmã. Aquele dia em que pedi para conversar com você e acabei tentando te beijar, foi um grande equívoco. Eu nunca deveria ter feito aquilo, mas eu ainda queria ferir a Regina. Depois disso eu evitei cruzar com qualquer uma das duas, viajei mais do que fiquei aqui e estava seguindo em frente. Eu já tinha percebido que não era amor o que eu tinha por você, tinha se tornado uma obsessão. Eu fui realmente apaixonado por você, mas depois de tudo o que aconteceu, isso acabou passando, restando apenas a revolta de ter sido traído. Após a Regina me contar que iria te pedir em casamento, eu percebi o quão verdadeiros eram os sentimentos dela em relação a você, mas não queria estar por perto para presenciar tudo isso. – Killian suspirou. – Quando a Mamãe veio pedir a minha ajuda, para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com Jefferson, eu pensei que ela tinha perdido a razão. Tudo bem, que eu estava seguindo em frente, mas ela não precisava exagerar. Os argumentos dela foram fortes, e eu fiquei curioso para saber se eu também tinha sido enganado por aquele bastardo, o que acabou se confirmando. Eu perdi o amor da minha vida, por uma pura vingança, por isso decidi contar a verdade para a Regina e não deixar ela sofrer o mesmo.

— E eu nem sei como te agradecer por isso. – Emma falou com a voz embargada, não tinha imaginado que Killian seria tão sincero em suas palavras. – E sinto muito que tenha perdido Milah.

— Bom, eu acho que me inspirei nas ações de Regina. – Killian deu um sorriso torto. – Eu resolvi tentar reconquistar a Milah.

— Sério? – Emma sorriu. – Eu te desejo toda a sorte do mundo, espero que realmente consiga.

— Eu também espero. – Killian sorriu. – Emma, eu quero deixar o passado aonde ele pertence. Você vai casar com a minha irmã e estou me esforçando para voltar a ter uma relação saudável com ela, por isso quero tentar o mesmo contigo.

— Eu também quero, Killian. – Emma sorriu. – Eu amo a tua irmã e pretendo passar o resto de minha vida com ela, por isso adoraria ter uma relação cordial com você.

— Vamos chegar lá. – Killian afirmou. – Bom, acho que temos que voltar ao trabalho.

— Sim, temos. – Emma concordou sorrindo. – Obrigada por ter me dito tudo isso, Killian. Significou muito para mim.

— Eu me sinto melhor agora. – Killian respondeu.

Emma concordou com a cabeça e Killian saiu da sala de Regina, deixando a loira para trás perdida em pensamentos. A conversa com o ex-namorado tinha sido totalmente diferente do que havia imaginado. Sentia que ele havia sido extremamente honesto e isso era ótimo, finalmente poderiam deixar o passado para trás e seguir em frente. Estava feliz que Killian tinha decidido tentar reconquistar Milah, torcia que ele encontrasse a felicidade e vivesse plenamente um amor correspondido. Estava tão distraída, que nem percebeu a noiva entrar na sala.

— Emma? – Regina chamou, se abaixando na frente de sua amada e colocando as mãos em seus joelhos. – Está tudo bem, meu anjo?

— Sim. – Emma concordou com a cabeça, olhando nos olhos castanhos mais profundos que conhecia. – Está tudo ótimo na realidade. Veio verificar se estávamos bem?

— Não. – Regina respondeu. – Eu estava esperando no refeitório, mas Killian entrou para pegar um café e me falou que você ainda estava aqui.

— Ah, sim. – Emma falou. – Apenas estava processando tudo. A conversa me surpreendeu bastante.

— Quer falar a respeito? – Regina questionou.

— Eu sempre quero falar sobre tudo com você. – Emma sorriu. – Killian foi muito honesto, ele abriu o seu coração e falou sobre tudo o que tinha acontecido. Me explicou suas ações e pensamentos. Admitiu que tinha errado, e eu vi em seus olhos que era verdade. Segundo ele, quando descobriu a verdade sobre Jeferson, ele percebeu que tinha perdido o amor da vida dele e não queria que você passasse pelo mesmo, por isso te contou tudo. Ele falou também que se inspirou em você e decidiu reconquistar a Milah.

— Nossa. – Regina falou surpresa.

— Ele falou que gostaria de esquecer o passado e tentar ter uma relação saudável entre a gente. – Emma sorriu. – Eu me sinto livre de culpa agora, acho que finalmente poderemos todos seguir em frente.

— Sim. – Regina concordou sorrindo. – Vamos rumo ao felizes para sempre.

— Regina Mills quer viver em um conto de fadas? – Emma perguntou em tom brincalhão.

— Desde que ela conheceu Emma Swan. – A morena respondeu sorrindo. – Mamãe me ligou, pediu para deixarmos as nossas tardes livres e ir se encontrar com ela.

— Aconteceu alguma coisa? – Emma perguntou preocupada.

— Não. – Regina negou com a cabeça. – Ela falou que tem uma surpresa para nós. Eu particularmente não sei se me sinto animada ou receosa com isso.

— Deixa de ser boba, Regina. – Emma sorriu.

— Eu falo sério, Emma. – Regina respondeu. – Cora Mills é uma força da natureza a ser seriamente considerada.

— Você fala como se a tua mãe fosse um desastre catastrófico. – Emma sorriu, negando com a cabeça.

— Mas ela realmente é. – Regina afirmou. – Se os cientistas, meteorologistas, ou quem quer que sejam as pessoas que nomeiam os furacões, tivessem conhecido a Mamãe, pode ter certeza que teria um furacão chamado Cora.

— Eu não tenho nem uma resposta para esse absurdo que você acabou de falar. – Emma sorriu.

— Porque sabe que é verdade. – Regina riu.

— Idiota. – Emma riu. – Que horas vamos encontrar a sua mãe?

— Depois do almoço. – Regina respondeu. – Por isso, faça tudo que tem para fazer agora, irei fazer o mesmo.

— Tudo bem, meu amor. – Emma deu um selinho na morena e se retirou de sua sala.

Emma e Regina passaram o resto da manhã trabalhando, cada uma com suas responsabilidades. Foram almoçar em casa, pedindo uma tele-entrega, depois de abastecerem os potes de água e ração de Toby, saíram para ir encontrar Cora. A matriarca dos Mills havia pedido para se encontrarem em um determinado endereço, desconhecido por ambas, fazendo Regina continuar falando besteiras sobre a sua mãe. Quando chegaram ao local, avistaram o carro de Cora estacionado no amplo jardim. Era uma casa de dois andares, com um lindo jardim na frente.

— Eu não entendo porque ela marcou de encontrar a gente aqui. – Regina falou, olhando em volta.

— Quem mora aqui? – Emma questionou.

— No momento ninguém. – Cora surgiu, vindo do lado da casa. – Mas no futuro será vocês.

— Como assim? – Regina perguntou, sem entender nada.

— Esse é o meu presente de casamento para vocês duas. – Cora falou sorrindo.

Regina e Emma ambas abriram a boca em surpresa, se olharam e depois voltaram a encarar a casa a frente, era belíssima.

— Cora, ela é linda, mas não podemos aceitar um presente desses. – Emma falou olhando para a sua sogra.

— Claro que podem. – Cora foi firme. – Minha primogênita está se casando, merece o melhor. Essa casa será o lar de vocês.

— Mamãe, Emma tem razão. – Regina falou. – É muito...

— Eu não aceito recusas, inclusive ela já foi comprada no nome de vocês. – Cora interrompeu e sorriu. – Sejam bem-vindas ao futuro lar de vocês, espero que sejam extremamente felizes nessa casa.

Emma sorriu e olhou para Regina, ambas se entendendo com o olhar.

— Eu nem sei como te agradecer. – Emma falou sorrindo e indo abraçar a sua sogra. – Muito obrigada, Cora.

— Mamãe, eu realmente não esperava por isso. – Regina abraçou sua mãe. – Obrigada mesmo.

— Venham. – Cora caminhou para entrar na casa. – Precisam conhecer por dentro.

Regina e Emma seguiram a mulher mais velha, que mostrou todos os cômodos da espaçosa casa. A casa era composta por três quartos, sendo um deles uma suíte, dois banheiros, escritório, sala de estar, sala de jantar, cozinha e área de serviço com lavanderia. Nos fundos, tinha uma bela piscina e algumas árvores. Era a casa dos sonhos de qualquer casal recém-casados. Após o tour, voltaram para o jardim da frente.

— Eu amei essa casa. – Emma sorriu para Cora. – Ela é perfeita.

— Realmente Mamãe, eu estou encantada. – Regina sorriu. – Aliás, olhando para tudo, eu percebi que ainda não tínhamos lhe dado uma grande notícia.

— Eu fico feliz que tenham gostado. – Cora sorriu para as duas. – Que notícia é essa?

— Regina e eu decidimos ter um bebê. – Emma falou animada.

— Oh, meu deus. – Cora arregalou os olhos. – Eu não via a hora de ouvir isso.

Cora abraçou a loira e depois a sua filha, extremamente contente com a boa notícia.

— Eu estou muito feliz com isso. – Cora falou em um entusiasmo sem tamanho. – Parabéns pela decisão.

— Preparada para ser vovó? – Regina perguntou sorrindo.

— Se pretendia me incomodar, nem tente. – Cora rebateu. – Eu não sou dessas mulheres que não podem nem ouvir a palavra Avó, que já enlouquecem. Eu tenho esse desejo há muito tempo. Confesso que imaginei que seria avó de uma mãe solteira, então pode imaginar a minha felicidade em saber que não será o caso.

— Muito engraçado, Mamãe. – Regina falou revirando os olhos.

— Você começou, minha querida. – Cora sorriu. – Mas falando sério, eu estou feliz que seja Emma a sua parceira nisso. Acho que essa criança tem sorte em ter vocês duas.

— Obrigada, Cora. – Emma falou com os olhos lacrimejados. – Significa muito vindo da senhora.

Regina abraçou a loira de lado e sorriu para a sua mãe.

— E mal posso esperar para poder mimar o meu neto ou neta. – Cora falou empolgada.

— Entre você e a Regina, terei que cuidar para não estragarem a criança. – Emma brincou.

— Claro, você vai ser a mamãe chata. – Regina beijou a bochecha da loira.

— Era só o que me faltava. – Emma fingiu indignação.

Emma e Regina começaram a implicar uma com a outra, atraindo sorrisos de Cora, que olhava admirada o quão longe essas duas tinham chegado. E isso era só o começo.