Os dias seguiram tranquilamente. Emma estava cada vez mais preocupada, a cabeça cheia de pensamentos, alguns nada ortodoxos. O namoro com Killian estava esfriando, e tinha uma grande suspeita do motivo. Seu trabalho no jornal estava cada vez melhor, simplesmente amava o que fazia. O problema era exatamente esse, faltava um pouco mais de um mês para completar os três meses de seu contrato com o The Mirror. E ela não tinha ideia do que faria, pois pela primeira vez na vida, não queria ir embora, queria ficar. O que levava a outra grande parte do problema, Regina Mills. O relacionamento das duas era uma incógnita para a loira. Deveriam ser cunhadas e colegas de serviço, nada além disso, certo? No máximo amigas. Mas não era o que estava acontecendo, Emma estava com muito medo dos sentimentos que estava desenvolvendo pela morena. Pois eles acarretariam uma serie de consequências, que não estava preparada para enfrentar. Primeiro tinha o seu namorado, que apesar de não ser apaixonada por ele, lhe devia respeito. Depois tinha Cora, uma pessoa que tinha um afeto enorme, e que se algo acontecesse, tinha certeza que ela lhe odiaria para sempre. E por último, mas o mais importante, Regina seria sua ruina. A morena tinha uma fama de quebrar corações, nunca tinha amado na vida, e nem tido um relacionamento de verdade. Sabia que se apaixonar por Regina seria uma enorme burrada.

Killian tinha planejado uma noite romântica para os dois, e Emma queria estar mais animada para o evento. Desceu as escadas da mansão, procurando o namorado com os olhos, que para variar estava conversando com sua mãe. Emma rolou os olhos, ele era mesmo o filhinho da mamãe, não adiantava tentar negar. Killian e Emma se despediram de Cora, que desejou uma boa noite para eles. No caminho do restaurante, Killian notando o silêncio da namorada, decide quebrar o gelo.

— Uma moeda por seus pensamentos.

— Nada importante.

— Eu discordo.

Emma tirou os olhos da janela e o encarou.

— O que quer dizer com isso?

— Que acho importante o seu pensamento, ultimamente é o que mais você faz. Estou te estranhando amor!

— Não há nada para estranhar, continuo a mesma pessoa.

Killian achou melhor encerrar o assunto, não queria brigar. Queria uma noite inesquecível para ambos.

Chegaram no restaurante, e após se acomodarem na mesa, Killian viu Regina acompanhada de uma bela mulher.

— Minha irmãzinha não perde tempo mesmo. – Comentou brincando, atraindo a atenção da loira. – Espie só, eu não conheço aquela ruiva.

Emma olhou na mesma direção que o namorado olhava, e viu Regina e uma mulher ruiva jantando, não pode deixar de sentir uma pontada de ciúmes. Sabia que a morena saia com várias mulheres, mas presenciar a cena era diferente, tornava mais real.

— Vamos lá cumprimentar elas?

— Não! – Respondeu rápido demais, o que fez Killian arquear a sobrancelha. – Eu quero dizer que é melhor deixa-las à vontade.

— Que bobagem. Regina nunca apresenta suas aventuras, poderíamos aproveitar a chance de conhecer uma delas.

Graça aos céus, que a morena não fazia isso, não tinha a menor vontade de conhecer nenhuma delas.

— Melhor não Killian! Vamos aproveitar a nossa noite!

Killian sorriu amplamente com isso, e concordou. A noite ia passando, e Emma continuava incomodada em saber que a poucas mesas, Regina estava em um encontro. Pediu licença e foi ao banheiro. Quando estava saindo da cabine do mesmo, encontrou Regina de frente para ela, com os braços cruzados na altura do peito.

— Você gosta de me seguir até banheiros, não é?

— Sempre. – Sorriu se aproximando mais. – O que não entendi, foi porque ignorou a minha presença a noite inteira, muito concentrada em sua noite romântica com o meu irmão?

— Olha quem fala. – Falou saindo da frente da morena, e indo lavar suas mãos.

Regina sorriu e voltou a se encostar na pia do banheiro, ao lado da loira.

— É impressão minha, ou você não gostou de me ver com Ariel?

— Esse é o nome dela?

— Não desvie o assunto, Emma!

Com isso, a loira terminou de enxugar suas mãos e parou na frente de Regina.

— É a primeira vez que me chama pelo meu nome!

— Mas não a última!

Emma sorriu, e Regina se viu encantada por aquele sorriso, estava morrendo de vontade de beijar a loira. Nunca tinha achado ciúmes tão atraente quanto agora. Se aproximou mais dela, e a viu segurar a respiração, sussurrando em seu ouvido.

— Não precisa ficar com ciúmes! Eu só tenho olhos para você!

Emma sentiu uma alegria inexplicável ao ouvir isso, mas rebateu.

— Mas vai terminar a noite na cama da ruiva!

— E você na cama do meu irmão! – Regina se afastou e encarou os olhos verdes, que pareciam tentar enxergar sua alma. Viu o conflito interno que Emma estava passando, e decidiu recuar, teria tempo para isso. – Bom jantar, eu já estou indo embora.

E assim, Emma ficou sozinha no banheiro, tentando conter as batidas do seu coração, que estavam extremamente aceleradas. Era isso, não tinha mais como se esconderem atrás de piadas e provocações, as cartas estavam na mesa. E Emma tinha certeza, que não seria capaz de resistir ao que seu coração tanto implorava para ter. Voltou para a mesa, procurou a morena com os olhos, mas ela realmente tinha ido embora, então tentou se concentrar no namorado a sua frente.

Voltando para casa, Emma se perguntou se Regina ainda estaria com a ruiva. Chegou a conclusão que estava se tornando masoquista, em ficar imaginando Regina nos braços de outra. Outra mulher, que era livre e desimpedida, o contrário dela mesma, que não poderia ser mais complicada. Olhou para o namorado, que esperava alguma resposta, de uma pergunta que ela nem ouviu.

— Desculpe, você falou algo?

— Sim amor, falei que poderíamos esticar a noite.

— Eu tenho que acordar cedo amanhã. – Sabia que estava sendo cruel com Killian, mas não tinha a menor disposição para passarem a noite juntos. – O fim de semana está próximo, para podermos aproveitar melhor!

— Como se fizesse diferença. – Resmungou amuado. – Você só pensa no jornal!

Emma o encarou, não era bem no jornal que sua mente estava constantemente perdida. Tinha plena consciência que estava sendo injusta com ele, mas não conseguia agir de outra forma. Sempre foi fiel aos seus sentimentos, e eles agora estavam todos voltados para a irmã do seu namorado.

Killian lhe deu um beijo na testa, e foi em direção a sala de estar, no mínimo beber algo, pensou Emma. A loira subiu para o quarto, antes de entrar no seu, olhou na direção do de Regina. Estaria a morena de volta, já? Ficou com a mão na maçaneta do seu quarto, pensando se deveria ir bater no da cunhada. Nem sabe dizer, quanto tempo ficou ali, mas foi tirada de seu dilema por uma voz rouca e inesquecível, fechou os olhos e pediu força para não agir impulsivamente.

— Problemas na fechadura Swan?

— Cheguei agora. – Respondeu ainda de costas para a morena. – Achei que iria dormir fora!

Regina gargalhou e chegou ainda mais perto de Emma, que sentia a respiração quente da cunhada em seu pescoço.

— Acho que já estabelecemos que seu ciúme é infundado, adorável, mas não tem sentido.

— Não estou com ciúmes. – Respondeu indignada, poderia estar morrendo de ciúmes, mas não precisava ser lembrada disso. – Não tenho nada a ver com quem você dorme!

— Não é o que parece!

Emma virou de frente para Regina, a encarando nos olhos.

— Sou sua cunhada!

— Que nada interfere sobre o que estamos falando.

— E o que estamos falando mesmo?

Regina sorriu e se aproximou mais, perto demais, sua respiração se misturando com a respiração da loira. Emma engoliu em seco, não conseguia pensar em mais nada, que não fosse o desejo de provar os lábios carnudos da mulher a sua frente.

Ouviram passos na escada, e se afastaram rápido, Killlian apareceu com uma garrafa de uísque na mão. Estava visivelmente bêbado, o que deixou Emma enojada, odiava isso. Regina olhou para o irmão, que estranhou encontrar as duas no corredor.

— Reunião da eficiente dupla do The Mirror?

Regina revirou os olhos, se aproximou do irmão, oferendo o ombro para ele se apoiar.

— Vamos companheiro, te levo para o seu quarto! Não quer passar vergonha na frente da sua namorada, não é?

Killian olhou para Emma, depois para sua irmã, e concordou com a cabeça. Regina o guiou, o quarto dele ficava ao lado do seu. Antes de entrar no quarto do irmão, olhou uma última vez para a loira, e falou em um tom baixo e sedutor.

— Não terminamos a nossa conversa! Não pense nem por um segundo, que esquecerei de retomar esse assunto, quando tivermos oportunidade!