Accelerator e Last Order- 6 anos depois...

Operação: investigar a pirralha III


Mais uma vez, tirei aquela planta da minha porta, e resolvi que iria coloca-la no quintal! Desci as escadas, abri a porta para o quintal, e escolhi o lugar mais longe possível e coloquei a planta. Eu já estava cansado de ficar limpando a terra que caía no tapete do meu quarto (na verdade eu não estava limpando, mas é como um sentido figurado).

No meu relógio de pulso marcavam 20:10, provavelmente a pirralha colocaria seu plano em ação quando todos estivessem dormindo, mais ou menos às 23:00 ou 24:00.

Tranquei a porta que dava acesso ao quintal, e coloquei a chave em cima da fruteira, vamos ver se aquela planta tem a audácia de aparecer na porta do meu quarto. Fui até a sala de estar, avistei a Kikyou falando ao telefone, e por sinal estava falando mais alto do quê o normal.

– A Aiho acabou de sair Tessou. Ela disse que estava a caminho da Área “L”, e me pediu para avisar te avisar, caso ligasse...

A Aiho provavelmente estava naquele trabalho maluco, a Anti Skill. Sem a Aiho por perto, talvez a pirralha pudesse “sair” mais cedo, a Kikyou é lerda, com certeza não iria nem notar a “fuga” da Last Order. Fiquei um tempo parado e prestando atenção em tudo que a Kikyou estava dizendo.

– Se precisarem de ajuda, liguem para mim. Descodificar coisas é um dos meus passatempos favoritos...

Descodificar coisas... Naquele momento lembrei-me dos números que estavam nos papéis da caixa da pirralha, e principalmente, do número que estava riscado nas moedas. Talvez a Kikyou pudesse ser útil, mas por outro lado, provavelmente ela iria querer saber o porquê daqueles números, e iria perguntar diretamente á Last Order. Imagino que isso não seja uma coisa boa... Ah, dane-se eu não devo satisfações a ninguém, muito menos à Kikyou.

Quando a conversa dela finalmente havia acabado, ela colocou o telefone em cima da mesa e virou-se diretamente a mim.

– Precisando de alguma coisa por aqui, Accelerator?

– Eu tenho uma... Pergunta!

– E qual seria sua dúvida?

– Qual o segredo para desvendar códigos?

– Bem, não há segredo algum. Basta ter paciência. Você pode demorar uma semana para descodificar algo, ou um mês, ou até mesmo dez anos... Mas além de paciência, você precisa saber recolher as pistas dos códigos que quer desvendar e entre outras coisas...

– Hum... Entendo.

– Está precisando desvendar algum código?

– Bem... Não... Sim! Er... Quero apenas aprender...

– Não sabia que você gostava desse tipo de coisa... – Disse a kikyou com um olhar desconfiado.

E não gosto!

– Tipo, eu... Estou me interessando, sabe...

Ela ajeitou os óculos e ficou me encarando.

– Um código pode ter vários significados, e muitos deles podem ser bem diferentes do quê você pode imaginar. Tenho muitos livros e programas de computador especializados na área... Códigos de rastreamento, de barras... Existe uma infinidade de tipos de códigos por aí...

– Então, vamos dizer que você é uma “esper em desvendar códigos”.

– Nem tanto. – Respondeu a Kikyou rindo.

Se eu tivesse acesso ao computador da Kikyou, talvez fosse mais fácil de desvendar tanto o código que estava na moeda da pirralha, quanto os recortes de papéis que haviam números e estavam dentro na caixa. Enquanto eu estava pensando sobre os códigos da pirralha, lembrei-me que eles tinham certa “relação” com o risco nas moedas: em todos os números dos recortes de papéis, havia a sigla No_, e na moeda também tinha No_.

– Mais alguma dúvida, Accelerator?

– Não, era só isso mesmo.

Saí da sala em direção às escadas, eu precisava conferir se a pirralha estava no quarto. Achei estranho aquele silêncio rodeando pela casa. Ao chegar às escadas, vi algo verde caído no chão, mas não era a PLANTA... Era uma braçadeira da Judgment! O quê aquilo estava fazendo caído no degrau da escada? Estranho... Nunca vi alguém dentro de casa usando uma braçadeira da Judgment.

Peguei a braçadeira do chão, e comecei a investigá-la. Não tinha nome algum na braçadeira, estava totalmente limpa, e também não havia nenhum risco ou qualquer coisa denominada de “imperfeição”. Parecia que aquela braçadeira havia saído de alguma fábrica, estava “novinha em folha”!

Fui subindo lentamente com a mão esquerda no eletrodo, estava com receio de ter alguém “indesejado” lá em cima. Quando cheguei, olhei no meu quarto, e não tinha nada que eu poderia considerar “suspeito”; fui ao quarto da kikyou, e também não havia nada de estranho; o quarto de Aiho estava trancado; no banheiro também não tinha nada fora do lugar; o quarto da pirralha estava a mesma bagunça de sempre, não tinha ninguém... Nem a própria pirralha! Ela certamente teria saído, e eu um completo distraído, não me lembrei de ficar “vigiando” ela. Quando eu estava quase entrando no quarto dela, ela apareceu atrás de mim, do nada!

– Está me procurando, Acce? – Perguntou a pirralha sorrindo.

– Tá ficando doida, pirralha?! Eu quase tive um ataque do coração!

– Você está se assustando muito fácil, Acce. Cuidado.

– Mudando de assunto, por que ainda está com o uniforme do colégio?

– Eu ainda não tomei banho...

A pirralha não estava suada, ou algo do tipo. Era estranho... Principalmente quando eu descobri que ela mentia muito bem...

– Hum... Então o quê você fez durante esse tempo todo?

– Eu estava organizando meu relatório do colégio para a semana que vem.

Sinto mentiras no ar... Mas como pegar ela no flagra?!
– Um relatório sobre o quê?

– Sobre o Daihasei.

– Hum... Entendo. Eu achava que seus materiais ficassem no colégio.

– Sim eles ficam no colégio. Mas estou fazendo uma parte com alguns que eu tenho no meu quarto, quero adiantar esse relatório para a semana que vem, eu possa ter um tempinho de sobra para estudar para meu teste de matemática.

A pirralha é como o coringa... Sempre com o sorriso no rosto. Ela começou a piorar a situação, parte disso podia ser verdade, e a outra não. Mas também ela poderia estar mentindo sobre tudo o quê tinha acabado de me contar... Acho pouco provável de ser tudo verdade.

– Hoje você está conversando comigo mais do quê o normal, Accel... – Disse a pirralha sorrindo e me encarando.

Comecei a encará-la com um “sorriso forçado”.

– Algum problema nisso, LAST ORDER?