Accelerator e Last Order- 6 anos depois...

Operação: Investigar o quarto da pirralha II


Eram 13:04, eu não parava de olhar para o relógio. Não tinha comido nem uma ervilha ainda, a Aiho me olhava come se eu fosse uma criança mimada de nove anos que teimava para não comer. A verdade era que eu estava totalmente sem fome, só aceitei ir almoçar para “disfarçar” a minha procura pela Last Order.

– Você parece preocupado. Tem algo te perturbando, Accelerator?

– Por que pareço preocupado? Claro que não estou preocupado. E por qual razão, motivo ou circunstância eu estaria preocupado?!

A Aiho começou a rir, ela teve a audácia de rir da minha cara! Fiquei olhando sério para ela.

– Agora você aparenta estar mais agitado. Você tem certeza de que está bem, Accelerator?

– Sim! Eu estou melhor do que nunca!

– A cada cinco segundos você olha para o relógio, como se tivesse um compromisso importante. Está acontecendo algo que eu não estou sabendo?

– Não tem nada acontecendo! Por que vocês desconfiam tanto de mim?!

– Desconfiar do quê, Accelerator?

Naquele momento, eu percebi que falei mais besteira do que devia.

– N-n-n-nada, Aiho. Não há nada para desconfiar, está tudo bem, não estou agitado e muito menos preocupado!

– Respire fundo, Accelerator. Calme, eu apenas fiz uma pergunta. Seu estado emocional mudou rapidamente. Se estiver precisando de ajuda, conte comigo, sinto que sou como uma “segunda mãe” para você.

– H-h-h-hum... T-tá.

O celular da Aiho, que por sinal, estava encima da mesa, começou a tocar. Acabei levando um susto tão grande, que sem querer deixei (justamente) a faca cair no meu pé. Pelo menos eu (ainda) estava usando tênis.

– Alô? Last Order?

Naquele momento, minha respiração estava ficando cada vez mais rápida, e perdi o 0,1% de fome. Fiquei prestando atenção á tudo o quê a Aiho estava dizendo. Parecia que a Last Order havia esquecido alguma coisa, e estava precisando da “coisa”. Aiho desligou o telefone, e disse que iria até o quarto de Last Order para buscar uma bolsa que ela tinha esquecido quando saiu de casa. Aiho levantou-se imediatamente, e foi levar o prato até a cozinha. Quando ela disse que iria até o quarto de Order para buscar a bolsa, meu coração quase saiu pela boca. Eu precisava fazer alguma coisa, ou então, ela iria acabar vendo a bagunça de papeis (que eu mesmo fiz), as moedas estranhas e principalmente a “corda de fuga” de Last Order. Rapidamente me levantei, e disse que já estava indo para o quarto, e eu poderia pegar essa “tal bolsa” da Last Order.

Peguei a muleta, e fui subindo as escadas o mais rápido que pude. Quando entrei no quarto de Last Order, não avistei apenas uma, duas ou até cinco bolsas. Mas sim umas dez bolsas! Pergunto-me qual a necessidade de ter tantas bolsas?! De cara, fiquei confuso sobre qual seria a bolsa que a Last Order havia esquecido, mas depois vi uma que estava em cima da escrivaninha, (justamente) do lado da moeda riscada pela metade. Devia ser aquela. Antes mesmo de sair do quarto de Order, a Aiho já estava me esperando bem na porta do quarto. Entreguei a bolsa nas mãos dela, e fiquei esperando que ela saísse de lá.

– Este quarto de Last Order está uma bagunça! E o quê são esses pedaços de papel colorido espalhados pelo chão?

– E-eu acho melhor sairmos daqui. A pirralha não iria gostar de nos ver bisbilhotando as coisas dela.

– Talvez você tenha razão. Mas depois eu irei dar uma olhada nessa bagunça que está INCRÍVEL.

Fechei a porta do quarto de Last Order, e em seguida fui para o meu. A Aiho tinha acabado de sair, eu poderia voltar para o quarto da pirralha e colocar toda aquela papelada de volta na caixa. O problema, era que a maioria dos papéis eram pequenos, eu demoraria uma hora apenas para catar aquelas porcarias do chão. Resolvi começar logo o meu “trabalho” de catador de papéis.

Entrei no quarto de Last Order, e logo comecei a pegar aqueles papéis inúteis. Pra quê a pirralha queria aquelas porcarias?! Eram apenas papéis coloridos e mal cortados, acho que nem servia pra nada! Mas consegui manter a calma, e fui pegando de dois em dois para guardar na caixa. Aquela caixa era mais ou menos da altura de duas caixas de sapatos juntas, mas sua largura era de três caixas de sapato! Eu demoraria no mínimo meia hora para terminar de guardar aquelas porcarias, e o pior, era que eu não tinha guardado nem a metade da metade.

Enquanto eu estava guardado os papéis, notei que alguns deles estavam escritos alguns códigos, o quê me fazia lembrar a moeda. Em um dos papéis estava escrito: 00000, em outro havia: 8912, 9982, 10031, 10032, 10039, 10046, 10050, 10090 e entre outros. À medida que eu ia olhando os papéis, mais e mais números iam aparecendo de trás deles. Eu estava ficando curioso, e acho que aquilo não tinha nada haver com atividades escolares, pois os materiais da pirralha ficavam no colégio. Last Order estava me deixando mais curioso a cada momento. Primeiro a “corda de fuga”, depois aquelas moedas riscas, e agora esses números estranhos.

No momento em que eu estava procurando mais papéis enumerados, achei uma tabela com os mesmos números que estavam nos papéis. Todos cotiam um risco vermelho no meio, exceto cincos dos números, mas o número que mais me chamou a atenção foi: No_20001. Era o mesmo número que estava riscado nas moedas, e também eu ainda não tinha achado um papel com aquele número. A pirralha é esperta, ela está escondendo alguma coisa, e para não esquecer alguma coisa, anotou em códigos e os espalhou em uma caixa, cujo colocou atrás da porta do próprio quarto.

Depois de ter finalmente colocado todos aqueles papéis na caixa, saí depressa do quarto de Last Order, e voltei para o meu. Eram 14:27, e eu ainda não havia comido nada desde que voltei do Daihasei. Estava com preguiça de descer as malditas escadas para ir até a cozinha e comer alguma coisa. Todos que moram aqui devem descer e subir pelo menos umas cinquenta vezes por dia (bem, todos eu não sei, mas tenho certeza de que isso acontece comigo)!