Maldita Kikyou.

– Pronto pirralha... P-p-pode me soltar... – Eu disse em tom de voz baixo.

Ela me olhou com uma expressão melancólica, e apertou ainda mais o meu braço.

– Por onde vocês dois andaram? – Disse a Kikyou me olhando...

– Saímos. – Disse a pirralha.

– C-c-c-come é?! – Retruquei, olhando para a pirralha.

– Por que você está cheia de machucados, Last Order? – Disse a Kikyou com uma expressão de assustada no rosto.

– Eu caí da escada. – Disse a pirralha sorrindo.

– Tantos machucados por conta de uma queda?!

– Eu caí do primeiro degrau, foi a pior queda da minha vida.

– Hum. Tome cuidado na próxima vez.

– Certo...

A pirralha sorriu para mim, e logo foi subindo as escadas, e ainda não tinha soltado o meu braço!

– Vamos, Acce! – Disse a pirralha correndo.

– Esses dois... – Disse a Kikyou em tom baixo, mas consegui ouvir.

– E-e-espera... Pirralha!

Mas ela não esperou... Continuou subindo as escadas correndo. Quando chegamos no corredor dos quartos, a Last Order parou de correr, soltou o meu braço e entrou no quarto dela.

Eu estava exausto! Como se não bastasse seguir a pirralha, a Aiho me cobrou um refrigerante, e tive que andar de novo! Estou cansado dessa vida...

Entrei no meu quarto, mas não tranquei a porta, apenas fechei. Deitei na minha cama, e fiquei olhando para o teto. Fiquei pensando... A Last Order ainda não havia me dito a “verdade” por trás do código que estava na moeda. Ela tinha dito que era o “número da sorte” dela, mas é claro que não é! Por que alguém teria um “número da sorte” tão alto? Estranho...

Lembrei-me da planta que estava “me perseguindo”. Será que a pirralha estava colocando aquela maldita planta na porta do meu quarto? E a câmera...

Tirei rapidamente a câmera do meu bolso, e fiquei observando-a de todos os lados. Poderia ser da Kikyou... Ela me parece muito suspeita. Principalmente depois que a encontrei no jardim, pegando plantas de plástico! Tenho o pressentimento de que a Kikyou é a verdadeira dona daquela câmera...

Coloquei a câmera dentro de uma das gavetas que tinha na escrivaninha, e voltei para a cama. Adormeci, e acordei no dia seguinte!

Abri meus olhos devagar, e percebi que tinha “Alguém” em cima de mim. Era a pirralha!

– P-p-p-pirralha! Saia daí!

– Bom dia, Acce! – Disse a pirralha sorrindo.

Ela estava usando um vestido azul claro, que por sinal, não era longo...

– O-o-o-o quê e-e-está... Fazendo aqui?!

– A Aiho pediu para te acordar.

– Em pleno domingo?! O quê ela quer?!

– Não sei... – Disse a pirralha passando a mão em meu cabelo.

Comecei a suar de novo, e a tremer também!

– P-p-pare com isso!

– Mas... Os garotos gostam disso. Ou não?

Realmente, aquilo era bom...

– A-a-a-ah... N-n... P-p-pirralha, desça daí!

– Mas, Acce...

– M-m-mas o quê?! E como você estrou aqui?!

– Você esqueceu-se de trancar a porta. – Disse ela sorrindo.

Eu não acredito...

– P-p-pirralha... Saia daí. Se a Kikyou ou a Aiho te encontrar “desse jeito”...

– Não se preocupe, eu tranquei a ponta quando entrei.

– C-c-c-como é?! P-p-pode tratar de destrancar!

Ela sorriu e me deu um beijo no canto da boca. Me senti completamente envergonhado, e coloquei rapidamente o travesseiro em minha cara. A pirralha desceu de cima de mim, destrancou a porta e saiu. Por que ela fez aquilo?! Estava ficando doida...

Levantei depressa da cama, e saí do quarto o mais rápido que pude em direção ao banheiro. Quando eu havia saído do meu quarto, percebi que a pirralha estava sentada na escada, anotando alguma coisa, em um pequeno bloco de notas.

Tranquei a porta do banheiro e procurei uma toalha em um dos armários. Peguei uma das toalhas que estavam guardadas, e entrei no Box. Eu ainda estava morrendo de vergonha da pirralha, ela podia ter me acordado mais civilizadamente! Não iria dar certo ficar “evitando” ela, por causa da vergonha imensa que eu estava sentindo. A culpa é da Aiho! Qual o problema dela?! Querer me acordar cedo em pleno domingo? E mandar a pirralha me acordar!

Quando terminei de tomar banho, abri a porta do banheiro e percebi que a pirralha continuava no mesmo lugar, e ainda anotando naquele pequeno bloco de anotações.

Entrei rápido antes que ela “pulasse” em cima de mim para me abraçar. Tranquei a porta, e fiquei me apoiando nela. Eu ainda estava “tenso” com o quê tinha acontecido há quinze minutos atrás. Abri o armário e peguei uma de minhas camisas listradas e uma calça. Me vesti o mais rápido que pude, e saí do meu quarto correndo com apenas um pé calçado, e tentando calçar o outro. A pirralha notou que eu havia saído do quarto, levantou-se da escada e foi até onde eu estava.

– Acce! Seu cabelo está um pouco bagunçado. – Disse ela ficando na ponta do pé e “arrumando” meu cabelo.

Me apoiei na parede, e calcei o outro sapato. Desci as escadas rapidamente, e a pirralha estava andando atrás de mim. Quando cheguei na sala de jantar, a Aiho estava tomando café.

– Bom dia, Accelerator.

– Qual o motivo de ter me acordado?

– Você não lembra?

– De?

– Lembra que ontem durante a manhã você disse que estava entediado, então eu falei que te levaria ao prédio da Anti Skill comigo.

– Eu não acredito nisso... – Eu respondi com uma expressão tanto entediada, quanto com raiva.

Sentei em uma das cadeira, e logo a pirralha pegou em meu braço e sentou-se ao meu lado.

– Aiho, eu também quero ir! – Disse a pirralha.

A Aiho assentiu com a cabeça, e logo voltou a tomar seu café.

Eu não estava com muita fome, então comi pouco, comparado a Aiho! A pirralha disse que já tinha comido, então ficou se gurando meu braço e sorrindo para mim. A Kikyou entrou na sala, e a primeira coisa que ela reparou, foi na pirralha segurando meu braço. Ela sempre chega nas horas erradas!

Ela estava segurando uma PLANTA, mas era bem pequena. Colocou em cima da mesa, e sentou-se ao lado da Aiho. Ela ficou olhando para nós dois e sorrindo.

A pirralha pegou o mesmo bloco que notas que estava usando quando saí do banheiro, e começou a folear. Dei uma olhada rápida aquele bloco, e percebi que havia uns rabiscos estranhos, e em todos os rabiscos havia uma seta pequena apontando sempre para a direita. Era como um “passo-a-passo”... O quê ela pretendia fazer com aquilo?!