Eu e o Acce continuávamos abraçados, mas acabei ficando um pouco sem graça pelo fato da Sayaka estar nos observando. Devo ter corado por alguns segundos, mas só por segundos! Não queria parecer a garotinha boba que precisava da ajuda do seu amado... Digo... Amigo, para tudo! Se Accel não tivesse chegado em questão de segundos, eu mesma teria feito aqueles estragos naqueles garotos. Mas confesso que gostei do que o Accel fez! Só me pergunto como ele sabia que eu estava “em perigo” e onde eu estava. Mas ás vezes é preciso ser a “garotinha boba” hehe.

– Accel!

– Tá bom, tá bom. Pra quê ficar impressionada? – Disse o Acce, sem jeito.

A Sayaka fingiu uma tosse de dois segundos e depois, ficou olhando para a esquerda com os braços atrás das costas. Talvez ela estivesse só um pouco intrigada com o que ela havia acabado de ver.

Me afastei um pouco do Acce, e logo olhei para a Sayaka.

– Sayaka, este é o Accel... – Eu disse para ela, para evitar ser uma mal-educada. – E, Accel, esta é a Sayaka...

– Accelerator. – Disse o Accel, com um tom de “estou te corrigindo, Last Order”.

Fiz uma careta meio óbvia pra ele, mas o Acce apenas olhou para os dois lados.

– Olá... – Disse a Sayaka, com um tom de voz baixo.

– Oi. – Respondeu o Accel, enquanto bocejava.

– Last, já está... Um pouco tarde... Irei voltar para meu dormitório e verificar se a Akemi já voltou.

– Tome cuidado, Sayaka. – Eu disse, preocupada.

– Mas, você...

– Tchau, te vejo amanhã no colégio. – Disse a Sayaka andando em frente.

A Sayaka pelo visto, não queria escutar o que eu tinha a dizer, mas tudo bem. Ela é uma garota muito complicada! Mas, durante esse tempo todo na sorveteria, fiquei pensando como ela reagiria se a Akemi dispensasse-a. Mas para falar a verdade, nunca vi a Akemi com algum garoto, ou falando de algum garoto, talvez elas duas se deem realmente bem...

Uma parte de mim queria voltar para casa com meu Accel, e a outra queria ir para meu querido dormitório em Tokiwadai, com a Sayaka. Talvez o Accel não seja exatamente meu... Mas ele será! Estou sendo muito possessiva... Isso é ruim! Deve ser resultado da convivência com Yue.

Eu e o Accel ficamos nos encarando por alguns segundos, até que percebi que os garotos estavam levantando devagar. O Accel virou-se para eles, e logo um dos garotos logo começou a gritar feito um desesperado.

– Não me machuque mais! Seu louco! – Disse o garoto correndo e deixando seus comparsas de lado.

O Accel rapidamente abaixou e posicionou a mão direita no chão, o que fez com que o os paralelepípedos levantassem um por um, e assim fazendo o garoto cair de cara no chão. Os demais levantaram lentamente e foram andando atrás do que havia sido atingido.

– Corram! – Disse o garoto da voz ridícula.

O Accel fez o mesmo processo, e os outros três também caíram de cara no chão.

– Isto não é nada comparado ao meu poder total.

Naquele momento, senti uma pontada de ciúmes por não ser nível cindo como o Accel. Mas algum dia, eu conseguirei!

O Acce saiu do beco, e começou a andar lentamente pela calçada. Corri para poder alcança-lo, e logo comecei a andar no mesmo ritmo que ele.

Eu estar totalmente curiosa para saber como ele havia me encontrado, mas fiquei com receio de perguntar. E o silêncio reinava novamente. Uma das coisas que mais detesto é ter que ficar do lado de alguém, sem ao menos falar uma palavra. Sim, estou sendo boba de novo, mas é sério! O Accel está me dando calafrios.

– Accel... – Eu disse, para quebrar o maldito silêncio. Talvez uma perguntinha não fosse ruim...

– O que é? – Disse o Accel, que continuava a olhar para frente.

– C-como você sabia onde eu estava.

– Confesso que encontrar você foi uma mera coincidência.

Será mesmo?

– Eu estava indo comprar um café, até que vejo você e uma outra guria dentro de um beco rodeada de caras. O-O que você estava fazendo lá?! – Disse o Accel um pouco corado.

Dava para perceber quando o Acce ficava daquele jeito, suas bochechas faziam questão de ficar avermelhadas, e sua pele tão branca então...

– Acce! Eu posso explicar! Eu estava saindo, mas não necessariamente “saindo com uma garota”, mas sim saindo com uma amiga! A-M-I-G-A.

Acho que acabei ficando um pouco paranoica depois que a Sayaka revelou seu “segredo”...

– Como é que é? – Disse o Accel, olhando diretamente para mim, e com uma expressão confusa no rosto.

– Não entenda mal... Mas é que... Ah, esqueça tudo o que eu disse! Vamos começar de novo.

– V-Você está realmente bem?!

– Melhor impossível!

O Accel continuou me olhando confunso.

– Bem, vou explicar: eu e a Sayaka estávamos na sorveteria, até que quando decidimos ir embora, os cinco garotos apareceram... E o resto você já sabe.

– O resto... – Disse o Accel com uma expressão furiosa no rosto.

Ficamos andando em silêncio pelas calçadas, até que eu percebi, que não estávamos indo praticamente a lugar nenhum.

Estava começando a escurecer, e logo o meu celular começou a tocar desesperadamente. Peguei o celular do bolso do casaco e olhei o número, notei que era da Kikyou. Atendi rapidamente.

– Last Order, onde você está? Já está ficando tarde para garotas como você ficar perambulando por aí. Até porque, se a Aiho chegar aqui e notar que você saiu à quase quatro horas atrás e ainda não voltou, vai querer sair pela cidade te procurando.

A Kikyou nunca foi do tipo “protetora”, apenas a Aiho tinha essas preocupações bobas. Sério, isso é muito chato! Eu tenho 16 anos! Posso me virar sozinha de vez em quando. Já no caso da Kikyou ela só ficaria preocupada comigo se eu ficasse dois dias foras de casa ou do colégio.

– Pode ficar tranquila, Kikyou. Estou com o Acce.

– Accelerator? Como assim?

– Nos encontramos por acaso...

– Entendo. E Você vai demorar a voltar?

– Não... J-já estamos no caminho de volta para casa.

– Vou tentar acreditar em você, Last Order. E mais uma vez: não demore.

– Prometo chegar em meia hora.

– Meia hora?!

– Digamos que não estamos exatamente “no caminho” de casa.

– Last Order, você está mentindo para mim?

Eu estou encrencada. A Kikyou já estava começando a descobrir meus “esquemas”, e depois dessa...

– Responda, Misaka.

Fiquei calada por uns segundos e olhando para o Accelerator. Ele pediu o celular, então eu entreguei para ele.

– Olha, Kikyou, estamos indo comprar um café, e logo estaremos de volta em casa. Isso não vai demorar nem meia hora. – Disse o Accelerator olhando para mim.

Ele finalizou a ligação, então me entregou o celular.

No momento em que eu e o Accel estávamos andando tranquilamente, três garotos também estavam andando juntos. O Acce pegou na minha mão esquerda, e corou um pouco. Continuamos andando em direção ao café.