Narrador

No capítulo anterior, Lúcifer é morto por Camila. Winasaki e sua irmã batalham violentamente, até Winasaki citar algo que intriga Camila, o que a distrai. Aproveitando o momento, a irmã de Camila a assassina com a espada Destino, a espada de Sara, no peito. Agora, Winasaki irá governar o Acampamento Werning e acabará com a Legião das Bruxas.

Lysandre e Castiel são aprisionados em uma cela, enquanto Winasaki mata Sara na sala de matança, com uma faca de cozinha na garganta. Porém, neste momento, as servas de Winasaki chegam na sala, depois de jogarem o corpo de Camila e Lúcifer para fora do castelo. As servas estão feridas e não conseguem contar algo que encontraram fora do castelo, o que mudaria tudo, se elas chegassem há segundos atrás. Neste capítulo, você descobrirá o que é que as servas encontraram e o que aconteceu, após a morte da personagem principal. Quem Sara encontrará, no caminho para a luz?

POV’s Sara

Vi-me sentada na lagoa das sereias, no Acampamento Werning. Fora o primeiro lugar que conheci, depois de minha chegada, no mesmo dia. Olhei para o reflexo da água. Lá estava minha aparência antiga: cabelos castanhos e sem asas. E as mesmas roupas de quando cheguei ao acampamento pela primeira vez.

Olhei para o céu; estava uma linda noite e estrelada. A lua brilhava intensamente, como se quisesse chamar a atenção.

Levantei-me e fui para o centro do acampamento. Havia uma multidão em círculo. O que será que estavam vendo?

Vi alguns seres chorando, outros preocupados. Infelizmente, não consegui reconhecer ninguém. Exceto uma pessoa: Lown Werning, líder do Acampamento Werning. Ele estava aos prantos. Era o único que estava agachado, segurando a mão de alguém. E esse alguém era o centro da multidão.

Então, decidi aproximar-me. Pedi licença aos que estavam na minha frente, mas ninguém parecia ao menos me ver ou escutar. Mas o caminho foi aberto, estranhamente. Pude ver, no centro da multidão, uma garota que devia ter minha idade caída no chão, jazida. Nunca havia visto, mas eu a reconheci.

Yane estava caída no chão, gemendo, com vários ferimentos graves ao corpo. Ela se parecia comigo. Yane dizia alguma coisa, bem baixinho, e pude distinguir que era A Profecia.

Eu havia voltado ao tempo. Estava vendo o dia em que Yane recitara a tal profecia, que valeu a morte de muitos, para salvar o Acampamento. Yane não havia conseguido salvar e, sentindo a morte, recitou:

- “Uma escolhida. Sete ajudarão, dois trairão, três morrerão e quatro sobreviverão. No castelo a morte final, o Acampamento é salvo, afinal.” – Revirou os olhos e os fechou, lentamente. Em seu braço, a mesma marca que me haviam feito há dias atrás começou a brilhar, em uma luz dourada.

- Se protejam! – Lown gritou, afastando-se rapidamente de sua filha.

Não me mexi, mas fechei meus olhos, apenas.

Pouco tempo depois, os abri. Agora, tudo estava preto. Sem luz, sem cor viva, apenas o preto.

- Olá?! – disse, tornando minha voz apenas um eco.

- Sara... – ouvi.

- Quem me chamou?! – Não havia reconhecido a voz. Pudera, nunca ouvira.

- Sou eu... – a tal voz dizia, formando um eco – Yane.

- Onde... Onde você está?! – Girei, procurando-a.

- Apenas ouça minha voz, com calma. – E pausou – Vi toda a sua trajetória, desde sua chegada ao acampamento até sua morte.

- Então eu morri mesmo?

- Sim. Estou orgulhosa de você. Salvou o Acampamento Werning.

- O que custou minha vida e a de outros.

- Sim, sacrifícios são necessários, principalmente para aquilo que você mais ama.

Silêncio.

- Winasaki está morta?

- Winasaki morreu após a ‘explosão’ de sua marca do seu braço. Assim como aconteceu comigo.

Silêncio.

- Então... O que acontece agora?

- Você ainda não completou a minha profecia.

- Como assim?! Nós fizemos tudo o que havia recitado! “Uma escolhida. Sete ajudarão, dois trairão, três morrerão e quatro sobreviverão. No castelo a morte final, o Acampamento é salvo, afinal?” – Eu havia decorado a profecia - Não é isso?! Mesmo que é confusa a parte dos sobreviventes, já que apenas Lysandre e Castiel sobreviveram e... – Yane me interrompeu.

- Feche seus olhos. – Pediu, calmamente.

- Fechar meus olhos? Isso é realmente necessário?

- Sim, agora os feche e tente não falar muito.

A obedeci.

Desta vez, estava de volta à sala de matança, lugar de minha morte. Eu estava entre Winasaki e... bem, entre eu mesma, porém viva.

Winasaki estava sussurrando algo a meu ouvido. Ouvi novamente, como se “eu” presa e “eu” morta ouvissem a mesma coisa, com a mesma sonoridade. Mas os sentimentos não eram os mesmos. Enquanto presa, havia medo e mágoa. Enquanto morta, havia apenas raiva e tristeza.

E então, Winasaki sacou a faca e, novamente, enfiou-a em meu pescoço. Pude sentir a dor do momento. O sangue que saia de mim presa, escorria de meus lábios, morta, em menos quantidade.

E então, eu presa, fechei os olhos. Neste momento, as servas de Winasaki chegaram e, feridas, diziam:

- Caçadoras... Lúcifer... – Diziam, bufando.

- O quê?! – Winasaki começou a ficar preocupada e desesperada. - Caçadoras? Lúcifer? Mas o que aconteceu com vocês?!

- Wina... Winasaki – E uma das servas apontou para mim, presa.

- Saiam daqui! – Winasaki gritou, mas já era tarde.

Assim, a marca de meu braço explodiu, como a de Yane.

Logo, Winasaki e suas servas deterioraram-se e, da sala, apenas sobraram ruínas. As duas servas viraram pó, por serem vultos. Winasaki e Ambre, apenas seus corpos queimados, jazidos e com o rosto irreconhecível.

Vi, mais a diante, meu corpo ensanguentado, arrancado da circunferência e jazido no chão. Meu braço que havia a marca ficara intacto, enquanto o outro estava sujo, tanto de sangue, como de sujeira. Aproximei-me de meu corpo, e a garganta estava perfurada.

Sai da sala – se é que agora existia alguma – e passei pelas celas. Vi Lysandre e Castiel na última, então não foram atingidos pelo impacto. Eles não me viam, obviamente. Ambos estavam assustados. Percebi que as portas da cela estavam entreabertas, por causa do impacto da explosão, mas eles não haviam percebido.

Segui em frente; andei mais um pouco e descobri outras portas, que davam a outras salas. No final do corredor, a sala de Camila e de Winasaki, onde eu descobrira que Camila traíra a todos. Cheguei perto. A porta estava trancada. Olhei para o lado, e descobri outra porta. Curiosa, fui ver. A empurrei e abriu. Descobri um grande salão. Com lustres belíssimos, velas e inúmeras cadeiras, um local com ar vívido, diferentemente dos outros cômodos. Mas agora, eu era um mero espírito e não poderia desfrutar de tal beleza do lugar.

Depois de analisar o local, olhei para a saída, logo à frente. A luz do sol era mais forte, como se quisesse entrar no castelo. Estranhamente, tal luz tremeu e, curiosa, aproximei-me. Estendi minha mão para a tal luz. Senti um frio na barriga, – como se eu pudesse sentir algo, naquele momento – algo saiu de dentro da luz e atravessou meu espírito. Virei para trás. Quase não deu para ver quem era, mas sua capa era irreconhecível.

- Lúcifer! – gritei, em vão. Ele estava vivo? Ou estava morto?

Para tentar esclarecer minha dúvida, o segui.